TRANSAÇÃO COM PARTE RELACIONADA COMO INSTRUMENTO DE FRAUDES CORPORATIVAS EM BANCOS BRASILEIROS
DOI:
https://doi.org/10.22561/cvr.v32i3.6831Palavras-chave:
Transação com parte relacionada, Fraude corporativa, Propping, TunnelingResumo
Transações com partes relacionadas são transações que auditores, acionistas e acadêmicos temem que sejam utilizadas de maneira destoante do seu propósito econômico. A literatura considera transação com parte relacionada como uma proxy para a oportunidade de se cometer uma fraude. A fraude corporativa pode ser mais bem compreendida e analisada pelo triângulo de Cressey (1953). Este artigo tem por objetivo verificar se transações com partes relacionadas impactam na probabilidade de ocorrência de fraudes corporativas em instituições bancárias brasileiras de capital aberto. Para verificar a probabilidade da ocorrência de fraude foi estimada regressão logística com efeitos aleatórios, com dados de 24 bancos brasileiros de capital aberto, no período de 2010 ao segundo trimestre de 2019. Como principal resultado, verifica-se que transações com partes relacionadas aumentam a probabilidade de ocorrência de fraude corporativa, e o tipo de transação que se mostrou significante foi o propping. Conclui-se que transações passivas (propping) podem se dar de diversas maneiras ou motivos, mas não se deve considerar que todas as transações sejam realizadas para propósitos fraudulentos. O resultado do trabalho dá uma indicação de haver um aumento da probabilidade na ocorrência de fraude nas empresas estudadas. As preocupações dos auditores são válidas e o estudo contribui para pesquisas sobre a importância e o impacto das partes relacionadas nas entidades.
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