Tecnologias desterritorializadas e confiança: NFT’s e blockchain como sinalizadores para a mutação do turismo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29149/mtr.v8i2.7334

Palavras-chave:

tecnologias desterritorializadas, blockchain, NFT’s, confiança, mutação do turismo.

Resumo

O texto traz relato de pesquisa, que tem como temática a abordagem da interface Tecnologia, Confiança e Turismo, com objeto de estudo Non-fungible Token (NFT’s) e a terceirização da confiança, como sinalizadores para a mutação do turismo. O estudo foi realizado através da observação das discussões realizadas no canal da comunidade CriptoArteBr, disponível na plataforma Discord, e com a observação da participação de membros da comunidade em duas lives no canal Homeostasis Lab, no Youtube, e em um episódio do podcast Braincast. O objetivo geral deste estudo é entender como a terceirização da confiança, realizada pela adoção dos NFT’s, por artistas digitais contemporâneos brasileiros, pode sinalizar reflexões para a mutação do turismo. Assim, os objetivos específicos são: a) discutir diferentes conceitos de confiança; b) apresentar o que são os NFT’s e como eles terceirizam a confiança; c) identificar sinalizadores para a mutação do turismo, presentes no processo de terceirização da confiança, realizado pelos artistas brasileiros digitais contemporâneos, através da observação das discussões realizadas na comunidade CriptoArteBr. Como referencial teórico, este estudo tem como referência autores como Luhmann (2000, 2017) e Terres e Santos (2010, 2011, 2013, 2015), para discutir confiança. Utilizamos a visão de ecossistemas turístico-comunicacionais-subjetivos de Baptista (2020), para falar de turismo. E, por fim, para contextualizarmos os NFT’s utilizamos a dissertação de Chevet (2018) e a pesquisa de O’Dwyer (2020), entre outros autores. A estratégia metodológica adotada para esta pesquisa é a Cartografia de Saberes de Baptista (2014), que explora simultaneamente quatro diferentes trilhas, sendo elas: a trilha dos saberes pessoais; a trilha dos saberes teóricos; a trilha da usina de produção, que conta com aproximações investigativas; e por último, a trilha da dimensão intuitiva da pesquisa. Como resultados, constatou-se que os Non-fungible Tokens (NFT’s), por meio da tecnologia blockchain, podem terceirizar, ainda que não em sua totalidade, o princípio de confiança para tecnologia. Também podemos perceber que alguns dos principais tópicos discutidos pela comunidade CriptoArteBr se relacionem com questões vigentes no turismo que precisam ser reverberadas, pois elas alicerçam um novo momento da sociedade, que visa mudanças significativas em todos os segmentos.

Referências

Akerlof, G. A., & Shiller, R. J. (2009). O espírito animal: como a psicologia humana impulsiona a economia e a sua importância para o capitalismo global. Campus.

Alves, S. (5 mar. 2021). Kings of Leon lança álbum com tokens NFT. B9. Recuperado de https://www.b9.com.br/140052/kings-of-leon-lanca-album-com-tokens-nft/.

Anders, P. (2003). Ciberespaço antrópico: definição do espaço eletrônico a partir das leis fundamentais. Arte e vida no século XXI: tecnologia, ciência e criatividade. São Paulo: UNESP.

Baptista, M. L. C. (2020). “Amar la trama más que el desenlace!”: Reflexões sobre as proposições Trama Ecossistêmica da Ciência, Cartografia dos Saberes e Matrizes Rizomáticas, na pesquisa em Turismo. Revista de Turismo Contemporâneo, 8(1), 41-64. DOI: https://doi.org/10.21680/2357-8211.2020v8n1ID18989.

Baptista, M. L. C. (2014). Cartografia de saberes na pesquisa em Turismo: proposições metodológicas para uma Ciência em Mutação. Rosa dos Ventos, 6(3), 342-355. Recuperado de https://www.redalyc.org/pdf/4735/473547041003.pdf.

Braincast. (25 maio 2021). NFT’s: como o blockchain colocou os memes à venda [Podcast]. Spotify. https://open.spotify.com/episode/76CHm82v3Ur6i4VFNoJjnx?si=rUAN40SzQRqrlQVmDAzo7g

BrazilLAB & Fundação Brava (2019). Como o Brasil pode fomentar um ecossistema de profissionais digitais?. Recuperado de https://profissionaisdigitais.brazillab.org.br/.

Chevet, S. (2018). Blockchain Technology and Non-Fungible Tokens: Reshaping value chains in creative industries. Dissertação, Escola de Altos Estudos Comerciais de Paris, Paris, França. Recuperado de https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3212662.

Coelho, M. H. P., & Sakowski, P. A. S. (2014). Perfil da mão de obra do turismo no Brasil nas atividades características do turismo e em ocupações. Ipea. Recuperado de https://www.ipea.gov.br/extrator/arquivos/td_1938.pdf.

Gusson, C. (12 out. 2020). Blockchain pode ajudar a resgatar a confiança do cidadão, diz BNDES. Cointelegraph Brasil. Recuperado de https://cointelegraph.com.br/news/blockchain-can-help-rescue-citizens-trust-says-bndes.

Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (2018) Relatório blockchain para aplicações de interesse público. Recuperado de https://somos.itsrio.org/relatorio-blockchain-para-interesse-publico.

Homeostasis Lab. (26 abr. 2021). Reflexões sobre blockchain, NFT e arte digital [Video]. Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=Ua0UL_q7YhU&t=860s

Homeostasis Lab. (29 abr. 2021). Desmistificando NFT [Video]. Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=EDoaRwlXbDA&t=4916s

Luhmann, N. (2000). Familiarity, confidence, trust: Problems and alternatives. Trust: Making and breaking cooperative relations, 6(1), 94-107. Recuperado de http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.23.8075&rep=rep1&type=pdf.

Luhmann, N. (2017). Trust and power. Cambrigde, Polity Press.

Mattei, S. E. (14 abr. 2021). Should You Worry About the Environmental Impact of Your NFTs?. ARTNews. Recuperado de https://www.artnews.com/art-news/news/nft-carbon-environmental-impact-1234589742/.

McAllister, D. J. (1995). Affect-and cognition-based trust as foundations for interpersonal cooperation in organizations. Academy of management journal, 38(1), 24-59. DOI: https://doi.org/10.5465/256727.

Menotti, G., & Velázquez, F. (26 mar. 2021) Shangri-lá ou Serra Pelada? A estética política dos NFTs. Revista Zum. Recuperado dehttps://revistazum.com.br/radar/estetica-politica-dos-nfts/.

Minayo, M. C. S. (2001). Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. Petrópolis, Vozes.

Moesch, M., & Beni, M. C. (2016). Do discurso sobre a ciência do turismo para a ciência do turismo. Seminário da Anptur, 11. Recuperado de http://www3.eca.usp.br/sites/default/files/form/biblioteca/acervo/producao-academica/002740362.pdf.

Mofokeng, N., & Fatima, T. (2018). Future tourism trends: Utilizing non-fungible tokens to aid wildlife conservation. African Journal of Hospitality, Tourism and Leisure, 7(4), 1-20. Recuperado de https://www.ajhtl.com/uploads/7/1/6/3/7163688/article_21_vol_7_4__2018.pdf.

O’Dwyer, R. (2020). Limited edition: Producing artificial scarcity for digital art on the blockchain and its implications for the cultural industries. Convergence, 26(4), 874-894. DOI: https://doi.org/10.1177/1354856518795097.

O'Neill, O. (2002). A question of trust: The BBC Reith Lectures 2002. Cambridge University Press.

Autor1 (2021). Confiança e tecnologias digitais: uma discussão sobre as ações do Ministério do Turismo brasileiro na pandemia de COVID-19. Dissertação, Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, Brasil.

Autor1; & Autor2 (2020a). Confiança como dispositivo para a retomada do turismo pós-COVID-19. In: XVII Seminário da ANPTUR - Impacto da pesquisa e da pós-graduação em turismo e hospitalidade na sociedade, Brasil.

Autor1; & Autor2 (2020b). Smart destinations e tecnologias comunicacionais digitais: informação como princípio básico para a retomada do turismo no brasil em meio à crise do novo coronavírus. In: XI Postgraduate Conference ESGHT-ISCAL 2020 | Management, Hospitality and Tourism (p. 52-52), Algarve, Portugal.

Autor1; & Autor2 (2021a). Confiança como dispositivo para a retomada do turismo pós-COVID-19. Cenário: Revista Interdisciplinar Em Turismo E Território, 9(1), 120–134.

Autor1; & Autor2 (2021b). Uberización y confianza en las relaciones como retos y potencialidades del turismo. In V. P. C. Borges & J. R. R. Soares (Eds.), Turismo y desarrollo: Contextos diversos. Editora Thomson Reuters Aranzadi.

Pierre, L. (2010). Cibercultura. São Paulo, Editora 34.

Pinterest (2020). Pinterest 100 | The Top Pinterest Trends for 2020. Recuperado de https://www.pinterest100.com/en-us/

Terres, M. S., & Santos, C. P. (2010). Confianças cognitiva, afetiva e comportamental em trocas business-to-consumer. Revista de Administração FACES Journal, 9(3). DOI: https://doi.org/10.21714/1984-6975FACES2010V9N3ART199.

Terres, M. S., & dos Santos, C. P. (2011). Exame da confiança interpessoal baseada no afeto. REGE-Revista de Gestão, 18(3), 427-449. DOI: https://doi.org/10.5700/rege434.

Terres, M. S., & Santos, C. P. (2013). Desenvolvimento de uma escala para mensuração das confianças cognitiva, afetiva e comportamental e verificação de seus impactos na lealdade. Revista Brasileira de Marketing, 12(1), 122-148. DOI: https://www.redalyc.org/pdf/4717/471747475006.pdf.

Terres, M. S., & Santos, C. P. (2015). O papel moderador das consequências na relação entre confiança e seus antecedentes e consequentes. REGE-Revista de Gestão, 22(2), 257-273. DOI: https://doi.org/10.5700/rege562.

Publicado

2022-12-30

Como Citar

Picinini, R., & Baptista, M. L. C. . (2022). Tecnologias desterritorializadas e confiança: NFT’s e blockchain como sinalizadores para a mutação do turismo. Marketing & Tourism Review, 8(2). https://doi.org/10.29149/mtr.v8i2.7334

Edição

Seção

Artigos