EMPREENDEDORISMO, TEMA E VARIAÇÕES: AGÊNCIA EMPREENDEDORA E FORMA MERCADORIA

Autores

  • Fabio Bittencourt Meira Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Daniel S. Lacerda Montpellier Business School

DOI:

https://doi.org/10.25113/farol.v11i32.7988

Palavras-chave:

Empreendedorismo, Agência, Mercadoria, Trabalho, Joseph Schumpeter

Resumo

Hoje, o empreendedorismo parece capaz de referenciar toda e qualquer ação humana intencional. Esta é uma construção teórica-ideológica originada de uma interpretação sui generis da obra de Joseph Schumpeter, em que a proposição de uma ‘teoria geral do empreendedorismo’ é convertida em uma ‘teoria do empreendedorismo em geral’. Este ensaio problematiza esta construção, a partir de uma análise dos textos do próprio Schumpeter. Denominamos ‘agência empreendedora’ à manobra teórica que produz a convergência entre a forma da ação econômica imbricada ao mercado e o trabalho humano em geral, cujo resultado é uma abstração que remete à transitividade de um equivalente geral. Esta operação estabelece uma equivalência entre as formas do agir humano intencional e da mercadoria. A circulação do empreendedorismo em incontáveis variações é sustentada por uma operação ideológica que o subsumi à forma mercadoria.

Biografia do Autor

Fabio Bittencourt Meira, Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutor em Administração pela EAESP/FGV, Professor Adjunto da EA-UFRGS, pesquisa na área de Estudos Organizacionais com interesse em organizações e formas de gestão alternativas, autogestão e economia solidária, ética e responsabilidade social empresarial, ideologia gerencial.

Daniel S. Lacerda, Montpellier Business School

Professor Associado na Montpellier Business School. Temas de pesquisa: Teoria Organizacional, Espaço e Organizações, Gestão Internacional do Desenvolvimento, Economia Informal, Estudos Criticos em Administração, Análise Crítica do Discurso.

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2024-11-20

Edição

Seção

Artigos