PROTEGER OU CRIMINALIZAR? AS AMBIGUIDADES DO PROJETO DE LEI 377/2011 E SEUS IMPACTOS NOS DIREITOS DAS TRABALHADORAS SEXUAIS

Autores

  • Carolina Bonomi IFCH/Unicamp
  • Vanessa Lima Saúde Coletiva FioCruz/RJ

DOI:

https://doi.org/10.25113/farol.v8i23.5693

Palavras-chave:

PL 377/2011, Prostituição, Estado, Criminalização, Direitos humanos

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar o projeto de lei nº 377/2011, que visa tipificar o crime de contratação de serviço sexual e penalizar quem aceita a oferta de prestação de serviço de natureza sexual sabendo que o serviço está sujeito à remuneração. Nosso intuito é demonstrar as ambiguidades do tratamento dado pelo Brasil para o tema em que, ao mesmo tempo em que a prostituição foi inserida na Classificação Brasileira de Ocupação e o trabalho sexual não seja considerado crime, há uma nítida tentativa desse projeto de colocar explicitamente a prostituição como crime tornando fato imputável o ato de contratar serviço sexual. Tal política, a nosso ver, contribuirá significativamente para o aprofundamento do estigma e da vulnerabilidade das trabalhadoras sexuais, aumentando os casos de violação de direitos humanos.

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Publicado

2022-10-31

Edição

Seção

Dossiê "Trabalho sexual no Brasil: direitos, políticas e práticas"