ANÁLISE DA NARRATIVA DE COMPLIANCE COMO ELEMENTO LEGITIMADOR NO RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS MOÇAMBICANAS
DOI:
https://doi.org/10.22561/cvr.v35i1.7894Keywords:
Narrativa de Compliance, Legitimidade Moral, Instituições Bancárias, MoçambiqueAbstract
Esta pesquisa foi realizada com o objetivo de analisar a utilização da narrativa de compliance como elemento de legitimação moral no relatório da administração das instituições bancárias Moçambicanas. Para o alcance do objetivo proposto recorreu-se à abordagem qualitativa por meio da análise de relatórios administrativos de onze instituições bancárias de Moçambique do ano de 2019. As categorias de análise foram criadas mediante uma relação entre as formas de legitimidade moral de Suchman (1995) e os pilares de compliance descritos por Assi (2018). Os achados da pesquisa demonstraram que as instituições bancárias de Moçambique se valem da narrativa de compliance para ganhar, manter e recuperar a legitimidade moral. As estratégias de análise de riscos, treinamento e comunicação e suporte da alta administração foram as mais utilizadas para a legitimidade organizacional das instituições bancárias de Moçambique, ao passo que as estratégias de auditoria e monitoramento e investigações internas foram as menos evidenciadas. Assim, concluiu-se que os gestores das instituições bancárias reforçam a imagem positiva da organização para seus interlocutores utilizando, em maior proporção, estratégias de manutenção e ganho de legitimidade moral.
References
Absa Bank Moçambique (ABSA) - Relatório e Contas 2019. Disponível em: https://www.absa.co.mz/. Acessado aos 10 de julho de 2020.
African Banking Corporation. (BancABC) - Relatório e Contas 2019. Disponível em http://www.africanbankingcorp.com. Acessado aos 10 de julho de 2020.
Aldrich, H. E.; Fiol, C. M (1994). Fools rush in?: The institutional context of industry creation. Academy of Management Review, 19(4), 645-670. https://doi.org/10.5465/amr.1994.9412190214
Alfazema, A.J (2019). Reestruturação do sistema financeiro e seu impacto na concessão do crédito bancário às pequenas e médias empresas em Moçambique (2000 -2017). Tese (Doutorado em Estudos Estratégicos Internacionais). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 202.
Assi, M (2017). Governança, riscos e Compliance: mudando a conduta nos negócios. São Paulo: Saint Paul Editora.
Assi, M. (2018) Compliance como implementar: São Paulo: Trevisan Editora.
Banco Big Moçambique - Relatório e Contas 2019. Disponível em http://bancobig.co.mz. Acessado aos 10 de julho de 2020.
Banco Central de Moçambique – Decreto n.º 66/2014 de 29 de outubro. Regula a lei de branqueamento de capitais. Disponível em http://www.bancmoc.mz. Acesso em 10 de setembro de 2019.
Banco Central de Moçambique –Aviso n º 02/GBM/2018. Apresenta o código de conduta das instituições de crédito e sociedades financeiras. Disponível em http://www.bancmoc.mz. Acesso em 10 de setembro de 2019.
Banco Comercial e de Investimentos (BCI). - Relatório e Contas 2019. Disponível em http://www.bci.co.mz. Acessado aos 10 de julho de 2020.
Banco Internacional de Moçambique (BIM) – Relatório e Contas 2019. Disponível em https://inst.millenniumbim.co.mz. Acesso em 10 de julho de 2020.
Banco Moçambicano de Apoio aos Investimentos (BANCO MAIS) - Relatório e Contas 2019. Disponível em http:// www.bancomais.co.mz. Acessado aos 10 de julho de 2020.
Banco Nacional de Investimento (BNI) - Relatório e Contas 2019. Disponível em http:// www.bni.co.mz. Acessado aos 10 de julho de 2020.
Banco Único - Relatório e Contas 2019. Disponível em http://www.bancounico.co.mz/. Acessado aos 10 de julho de 2020.
Bardin, L. (2010). Análise de conteúdo (4ª ed.). Edições 70. Lisboa.
Bardin, L (2016). Análise de conteúdo. Edições 70, São Paulo.
Belal, A & Owen, D (2015). The rise and fall of stand-alone social reporting in a multinational subsidiary in Bangladesh: a case study, Accounting, Auditing and Accountability Journal, 28(7), 1160-1192, https://doi.org/10.1108/AAAJ-08-2013-1443.
Beuren, I. M.; Gubiani, C.A. & Soares A. (2013) Estratégias de legitimidade de Suchman evidenciadas nos relatórios da administração de empresas públicas do setor elétrico. Revista de Administração Pública, 47(4), 849-875, https://doi.org/10.1590/S0034-76122013000400003 .
Bitektine, A. (2011) Towards a theory of social judgements of organizations: The case of legitimacy, reputation and status, Academy of Management Review, 36(1), 151-179. https://doi.org/10.5465/amr.2009.0382
Campbell, d. J.; Craven, B. & Shrives, P. (2003) Voluntary social reporting in three FTSE sectors: a comment on perception and legitimacy. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 16(4), 558 – 581, https://doi.org/10.1108/09513570310492308.
Candeloro, A. P &. Rizzo, M. B. M.; Pinho, V. (2012) Compliance 360º: riscos, estratégias, conflitos e vaidades no mundo corporativo. São Paulo: Trevisan Editora Universitária.
Candeloro, A. P.& Rizzo M. B. M. de; Pinho, V. (2015) Compliance 360: riscos, estratégias, conflitos e vaidades no mundo corporativo. 2. ed. revista e atualizada. São Paulo: Editora da Autora Maria Balbona Martins de Rizzo.
Cavalcante, R. B., Calixto, P., & Pinheiro, M. M. K. (2014) Análise de conteúdo: considerações gerais, relações com a pergunta de pesquisa, possibilidades e limitações do método. Informação & Sociedade: Estudos, 24(1), 13-18, https://www.researchgate.net/profile/Ricaro-Cavalcante/publication
Chen, J. C. & Roberts, R. W. (2010) Toward a more coherent understanding of the organization society relationship: A theoretical consideration for social and environmental accounting research, Journal of Business Ethics, 97, 651-665, https://doi.org/10.1007/s10551-010-0531-0 .
Chua, F., & Rahman, A. (2011) Examining the legitimacy of the current ‘authorized representative’ licensing model, Financial Planning Research Journal,.98, 307-329, https://www.researchgate.net/profile/Angelique-Mcinnes-3.
Claasen, C. & Roloff, J.(2012) The link between responsability and legitimacy: the case of the beers in Namibia. Journal of Business Ethics, 107(3), 379-398, https://doi.org/10.1007/s10551-011-1045-0.
Clayton. N. (2013) Entendendo os desafios de Compliance no Brasil: um olhar estrangeiro sobre a evolução do Compliance anticorrupção em um país emergente. Temas de anticorrupção e Compliance, 149-166, Rio de Janeiro.
Deegan, C. & Rankin, M.(1996). Do Australian companies report environmental news objectively? An analysis of environmental disclosures by firms prosecuted successfully by the environmental protection authority. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 9(2), 50-67, https://doi.org/10.1108/09513579610116358 .
Deegan, C. (2002) Introduction: the legitimising effect of social and environmental disclosures – a theoretical foundation. Accounting, Auditing and Accountability Journal, 15(3) 282-311, https://doi.org/10.1108/09513570210435852.
Deephouse, D. L., Bundy, J., Tost, L. P. & Suchman, M. C (2017). Organizational Legitimacy: Six Key Questions. The SAGE handbook of organizational institutionalism, 4(2), 27-54.
Eugênio, T. (2010) Avanço na divulgação de informação social e ambiental pelas empresas e a teoria da legitimidade. Revista Universo Contábil, 6(1), 102-118. https://doi:10.4270/ruc.2010106
Fank, O. L. & Bauren, I. M. (2010) Evidenciação das estratégias de legitimidade da tipologia de Suchman (1995) nos relatórios da administração da Petrobras. Revista de Contabilidade e Organizações, 4(10), 25-47, http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=235217196003.
Farias, L.G.Q.; Andrade, J.C.S., Gomes, S.M.S. (2017) Estratégias de legitimidade de suchman evidenciadas pelas empresas brasileiras destinatárias do pedido do carbon disclosur e Project. Revista de Administração da Universidade Federal de Santa Maria, 10(5), 854-86, https://doi.org/10.5902/1983465912677.
Ferreira, A. J. D. R. A. (2021). Crise da dívida pública em Moçambique: análise das causas e propostas de solução. Dissertação (Mestrado em Economia e Políticas Pública). ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa, Lisboa. 60..
First Capital Bank, (FCB). - Relatório e Contas 2019. Disponível em http://firstcapitalbank.co.mz. Acessado aos 10 de julho de 2020.
Gray, R.; Kouhy, R. & Lavers, S. (1995). Corporate social and environmental reporting: a review of the literature and a longitudinal study of UK disclosure. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 8(2), 47 – 77, https://doi.org/10.1108/09513579510146996.
Guthrie, J. & Parker, L. D (1989). Corporate Social Reporting: A Rebuttal of Legitimacy Theory. Accounting and Business Research, 19(76), 343-352, https://doi.org/10.1080/00014788.1989.9728863 .
Johnson, J. & Holub, M. J. (2003) Questioning organizational legitimacy: The case of U.S. expatriates, Journal of Business Ethics, 47, 269-293, https://doi.org/10.1023/A:1026257229939.
Kraemer, M. E. P. & Tinoco, J. E. P. (2004) Contabilidade e gestão ambiental. São Paulo: Atlas.
Kuruppu S., Milne M. & Tilt C.(2019) Gaining, maintaining and repairing organizational legitimacy: when to report and when not to report. Accounting, Auditing and Accountability Journal, 32(7), 2062-2087, https://doi.org/10.1108/AAAJ-03-2013-1282.
Lomboy, C. K (2018). Manual de Compliance. 1. ed. São Paulo: Via ética.
Machado, D. P. & Ott, E. (2015) Estratégias de legitimação social empregadas na evidenciação ambiental: um estudo à luz da teoria da legitimidade. Revista Universo Contábil, 11(1), 136-156, https://doi:10.4270/ruc.2015107.
Maleiane, A (2014). Bancas e finanças: o essencial sobre o sistema financeiro: Maputo.
Manzi, M. (2018) Compliance no Brasil: Consolidação e Perspectivas. São Paulo: Saint Paul,
Maurer, J. G. (1971) Readings in organizational theory: Open system approaches. New York: Random House.
Mcinnes, A. & Ahmed, A. (2016) Institutional pressures and ethical reckoning by business corporations, Journal of Business Ethics, 64-90, https://doi.org/10.1007/s10551-010-0551-9.
Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da união (CGU) (2015. Programa de integridade: diretrizes para empresas privadas. Brasília: CGU.
Moza Banco - Relatório e Contas 2019. Disponível em http://www.mozabanco.co.mz. Acessado aos 10 de julho de 2020.
O'donovan, G. (2002). Environmental disclosures in the annual report: Extending the applicability and predictive power of legitimacy theory. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 15(3), 344-371, https://doi.org/10.1108/09513570210435870 .
Oliver, C. (1991) Strategic responses to institutional processes. Academy of management review, 16(1), 145-179, https://doi.org/10.5465/amr.1991.4279002
Patten, D. M. (1992) Intra –industry Environmental Disclosures in Response to the Alaskan Oil Spill: A Note on Legitimacy Theory. Accounting, Organization and Society, 15(5), 471-475, https://doi.org/10.1016/0361-3682(92)90042-Q .
Pellegrino, C. & Lodhia, S. (2012) Climate change accounting and the Australian mining industry: Exploring links between corporate disclosure and the generation of legitimacy, Journal of Cleaner Production, 36, 68-82, https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2012.02.022.
Schütze, F. (2014). Análise Sociológica e Linguística de Narrativas. Civitas, Porto Alegre,14(2), 11-52, https://doi.org/10.15448/1984-7289.2014.2.17117 .
Scott, W. R. (1991) Unpacking institutional arguments. The new institutionalism in organizational analysis: Chicago: University of Chicago Press.
Sibille, D., & Serpa, A. (2016) Os pilares do programa de compliance: Uma breve discussão. Lec–Legal Ethics Compliance. São Paulo.
Société Générale Moçambique (SGM) - Relatório e Contas 2019. Disponível em http://www.societegenerale.co.mz. Acessado aos 10 de julho de 2020.
Standard Bank - Relatório e Contas 2019. Disponível em http://www.standardbank.co.mz. Acessado aos 10 de julho de 2020.
Suchman, M (1995). Managing legitimacy: strategic and institutional approaches. Academy of Management Review. 20(3), 571-610, https://doi.org/10.5465/amr.1995.9508080331.
Transparency International, Corruption Perception Index 2018. Disponível em < https://www.transparency.org/news/feature/corruption_perceptions_index_2018/>. Acesso em: 18 Set. 2019.
United Bank for Africa Moçambique - Relatório e Contas 2019. Disponível em https://www.ubamozambique.com. Acessado aos 10 de julho de 2020.
Vieira, J. B. & Barreto, R. T. S. (2019), Governança, gestão de riscos e integridade. Brasília.
Voltarelli, F. R. & Zanchet, A. (2017) Divulgação de informações sociais e ambientais pela Itaipu Binacional: um estudo sob a ótica da teoria da legitimidade. Revista de Contabilidade da UFBA, 11(3), 4-30.
Wartick, S. L.& Cochran, P. L. (1985) The Evolution of the Corporate Social Performance Model. Academy of Management Review, 10(4), 758–769, https://doi.org/10.5465/amr.1985.4279099.
Wood, D. J. (1991); Corporate social performance revisited. Academy of Management Review,16, 691–718, https://doi.org/10.5465/amr.1991.4279616.
Yeung, K. (2009) Presentational management and the pursuit of regulatory legitimacy: A comparative study of competition and consumer agencies in the United Kingdom and Australia, Public Administration, 87, 274-294, https://doi.org/10.1111/j.1467-9299.2008.01747.x.
Zucker, L. G. (1987), Institutional Theories of Organization. Annual Review of Sociology, 13, 443–464, 1987, https://doi.org/10.1146/annurev.so.13.080187.002303.
Helleiner, E. (2011). Understanding the 2007–2008 global financial crisis: Lessons for scholars of international political economy. Annual review of political science, 14, 67-87.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
A submissão do texto para avaliação implica no compromisso de que o material não seja submetido a um outro periódico nacional ou internacional e autoriza, caso aprovado, a sua publicação.
Os artigos publicados são de responsabilidade dos autores não traduzindo, necessariamente, a opinião da revista. A reprodução dos artigos, total ou parcial, pode ser feita desde que citada esta fonte.
Considerando que o(s) autor(es) do texto concorda(m) com a sua publicação, caso o mesmo seja aprovado pela revista, sem que disso lhe seja devido qualquer remuneração, reembolso ou compensação de qualquer natureza, a Revista Contabilidade Vista & Revista através do Departamento de Ciências Contábeis da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais, detém todos os direitos autorais dos textos publicados, conforme a legislação brasileira vigente.
Os direitos autorais para artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. Em virtude de aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais e não-comerciais. A revista permitirá o uso dos trabalhos publicados para fins não-comerciais, incluindo direito de enviar o trabalho para bases de dados de acesso público.