DESAFIOS PERCEBIDOS POR ALUNOS SURDOS NO ENSINO DA DISCIPLINA DE CONTABILIDADE INTRODUTÓRIA NOS CURSOS DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO

Autores

  • Bianca Ribeiro Lages Santos Universidade Federal do Paraná - UFPR http://orcid.org/0000-0003-1782-0710
  • Flaviano Costa Universidade Federal do Paraná - UFPR

DOI:

https://doi.org/10.22561/cvr.v30i3.4803

Palavras-chave:

Ensino de Contabilidade Introdutória, Inclusão de alunos surdos, Teoria Histórico-cutural.

Resumo

Este estudo se propõe a investigar quais são os desafios percebidos pelos alunos surdos no ensino da disciplina de Contabilidade Introdutória nos cursos de Contabilidade e Administração. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que utilizou de entrevistas semiestruturadas com os dados examinados pela técnica de análise de conteúdo. Foi realizada entre março/2017 e março/2018, tendo como sujeitos alunos surdos. Está fundamentada na teoria histórico-cutural, nos pressupostos de Vigotsky (1989, 1991 e 1997). Como exemplos dos desafios identificados tem-se: [1] a barreira da linguagem; [2] a falta de conhecimento e de sensibilidade em relação à surdez; [3] a resistência com relação às adaptações possíveis de estratégias de ensino, de materiais e de utilização de recursos que facilitam a aprendizagem para alunos surdos; [4] a falta de sinais para representar os termos técnicos. Como contribuição traz sugestões para uma melhora no ensino de contabilidade nessa perspectiva da inclusão de surdos no ensino regular.

Biografia do Autor

Bianca Ribeiro Lages Santos, Universidade Federal do Paraná - UFPR

Mestre em Contabilidade pela Universidade Federal do Paraná. Professora do Instituto Federal do Piauí.

Flaviano Costa, Universidade Federal do Paraná - UFPR

Doutor em Controladoria e Contabilidade pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. Professor do Mestrado em Ciências Contábeis da Universidade Federal do Paraná.

Referências

Ansay, N. N. (2010). A inclusão de alunos surdos no ensino superior. Revista do Núcleo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares em Musicoterapia, v.1, p. 1-141.

Antunes, A. P.; Faria, C. P.; Rodrigues, S. E.; & Almeida, L. S. (2013). Inclusão no Ensino Superior: Percepções de professores em uma universidade portuguesa. Psicologia em Pesquisa, v. 7, n. 2, p. 140-150.

Beyer, H. O. (2005). Por que Lev Vygotski quando se propõe uma educação inclusiva? Revista Educação Especial, n. 26, p. 75-81.

Bolsanello, M. A.; & Ross, P. R. (2017). Educação especial e avaliação de aprendizagem na escola regular. Ed. da UFPR (Universidade Federal do Paraná). Curitiba, 2005. Disponível em: <http://www.cinfop.ufpr.br/pdf/colecao_1/educ_ esp_7.pdf>. Acesso em: 21 de jul. 2017.

Brasil. (2004). Decreto nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis nº 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que trata sobre a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. 2004. Disponível em:< http://www.planalto .gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5296.htm>. Acesso em: 21 de jul. 2016.

Brasil. (2004). Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução nº 10 de 16 de dezembro de 2004. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Ciências Contábeis. 2004. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rces10_04.pdf>. Acesso em: 21 de jul. 2017.

Brasil. (2005). Resolução nº 4 de 13 de julho de 2005. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Administração. 2005. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rces004_05.pdf>. Acesso em: 21 de jul. 2017.

Brasil. (2009). Resolução nº 4 de 02 de outubro de 2009. Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. 2009. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_09.pdf>. Acesso em: 21 de jul. 2017.

Brasil. (2015). Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da União. 2015. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm>. Acesso em: 21 de jul. 2017.

Brasil, Portal. (2012). Matrículas de pessoas com deficiência em universidades cresceram 933% em dez anos. Portal Brasil. 2012. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/educacao/2012/10/ensino-superior-do-brasil-tem recorde-de-matriculas-nos-ultimos-anos>. Acesso em: 20 de mar. 2017.

Capovilla, F. C. (2000). Filosofias educacionais em relação ao surdo: do oralismo à comunicação total ao bilinguismo. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 6, n. 1, p. 99-116.

Cawthon, S. W. (2001). Teaching Strategies in Inclusive Classrooms With Deaf Students. Journal of Deaf Studies and Deaf Education, v. 6, n. 3, p. 212-225.

Coelho, C. U. F. (2007). Reflexões sobre o ensino de Contabilidade: Aspectos culturais e metodológicos. Boletim Técnico do Senac, v. 33, n. 1, p. 62-75.

Cruz, J. I. G. & Dias, T. R. S. (2009). Trajetória Escolar do Surdo no Ensino Superior: Condições e Possibilidades. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 15, n. 1, p. 65-80.

Dallan, M. S. S.; & Mascia, M. A. (2010). A escrita de Libras (SIGNWRITING): Um olhar para o desenvolvimento linguístico do aluno surdo e para a formação do professor de línguas. In: III Congresso Latino-Americano de Formação de Professores de Línguas. Universidade de Taubaté, São Paulo, Brasil.

Daniels, H. (2016). Vygotsky and pedagogy. Routledge.

Daroque, S. C. & Padilha, A. M. L. (2015). Reflexões acerca de alunos surdos no Ensino Superior. In: Bagarollo, M. F. & França, D. M. V. R. (Orgs.). Surdez, escola e sociedade: reflexões sobre Fonoaudiologia e Educação. Rio de Janeiro: Wak Editora.

Dorziat, A. (1999). Sugestões docentes para melhorar o ensino de surdos. Cadernos de Pesquisa, (108), 183-198.

Duarte, E. R.; Rafael, C. B. S.; Filgueiras, J. F.; Neves, C. M.; & Ferreira, M. E. C. (2013). Estudo de caso sobre a inclusão de alunos com deficiência no Ensino Superior. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 19, n. 2, p. 289-300.

Farias, M. R. S. (2012). Desenvolvimento científico da contabilidade: uma análise baseada na epistemologia realista da ciência. 2012 (Doctoral dissertation, Tese (Doutorado) - Curso de Ciências Contábeis, Departamento de Contabilidade e Atuária da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo).

Fernandes, S. (2008). Educação Bilíngue para Surdos: o contexto brasileiro. In: I Seminário sobre Inclusão no Ensino Superior: trajetória do estudante surdo, UEL.

Fernandes, S. (2011). Educação de surdos. Curitiba: IBPEX.

Garcia, R. M. C. (2011). Política nacional de educação especial nos anos 2000: a formação de professores e a hegemonia do modelo Especializado. In: Baptista, C.R.; Caiado, K. R. M.; & Jesus, D.M. Professores e Educação Especial: formação em foco. Porto Alegre: Mediação, p. 65-78.

Gil, A. C. (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo. Editora Atlas.

Goldfeld, M. (2002). A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sociointeracionista. 2. Ed. São Paulo. Plexus Editora.

Gonçalves, H. B. & Festa, P. S. V. (2013). Metodologia do Professor no Ensino de Alunos Surdos. Revista Eletrônica do Curso de Pedagogia das Faculdades OPET, dezembro.

Hammami, S.; Saeed, F.; Mathkour, H. & Arafah, M. A. (2019). Continuous improvement of deaf student learning outcomes based on an adaptive learning system and an Academic Advisor Agent. Computers in Human Behavior, v. 92, p. 536-546.

Hofer, E. (2004). Ensino de Contabilidade introdutória nos cursos de Ciências Contábeis das universidades estaduais do Paraná: um estudo exploratório. Dissertação (Mestrado em Controladoria e Contabilidade Estratégica). UNIFECAP, São Paulo.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. (2010). Censo Demográfico 2010. Características Gerais da População, Religião e Pessoas com Deficiência. Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/ noticias/imprensa/ppts/00000009352506122012255229285110.pdf>. Acesso em: 21 de mai. 2017.

Jambor, E.; & Elliott, M. (2005). Self-esteem and Coping Strategies among Deaf Students. Journal of Deaf Studies and Deaf Education, v. 10, n. 1, p. 63-81.

Lacerda, C. B. F. (2006). A inclusão escolar de alunos surdos: o que dizem alunos, professores e intérpretes sobre esta experiência. Cad. Cedes, v. 26, n. 69, p. 163-184.

Lacerda, C. B. F; Albres, N. A.; & Drago, S. L. S. (2013). Política para uma educação bilíngue e inclusiva a alunos surdos no município de São Paulo. Educ. Pesqui., v. 39, n. 1, p. 65-80, jan./mar.

Lang, H. G. (2002). Higher Education for Deaf Students: Research Priorities in the New Millennium. Journal of Deaf Studies and Deaf Education, v. 7, n. 14, p. 267-280.

Lantolf, J. P.; & Poehner, M. E. (2014). Sociocultural theory and the pedagogical imperative in education: Vygotskian práxis and the research/practice divide. Routledge.

Martins, G. A.; & Theóphilo, C. R. (2007). Metodologia da Investigação Cientifica. São Paulo: Atlas.

Marschark, M.; Morrison, A.; Lukomski, J.; Borgna, G.; & Convertino, C. (2013). Are deaf students visual learners? Learning and Individual Differences, v. 25, p. 156, 162.

Marschark, M; Shaver, D. M.; Nagle, K. M.; & Newman, L. A. (2015). Predicting the academic achievement of deaf and hard-of-hearing students from individual, household, communication, and educational factors. Exceptional children, v. 81, n. 3, p. 350-369.

Mazzioni, S. (2013). As estratégias utilizadas no processo de ensino-aprendizagem: concepções de alunos e professores de ciências contábeis. Revista Eletrônica de Administração e Turismo-ReAT, v. 2, n. 1, p. 93-109.

Minick, N. (1987). The development of Vygotsky’s thought: An introduction In: The collected Works of LS Vygotsky. Springer, Boston, MA, p. 17-36.

Ministério da Educação e Cultura – MEC. (2006). Saberes e práticas da inclusão: desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos surdos, [2, ed] / coordenação geral SEESP/MEC, - Brasília, 2006. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf /const_escolasinclusivas.pdf>. Acesso em: 27 de jul. 2017.

Ministério da Educação e Cultura – MEC. (2010). Resumo Técnico Censo da Educação Superior de 2009. Brasília, 2010. Disponível em: <http://download.inep. gov.br/download/superior/censo/2009/resumo_tecnico_2009.pdf>.

Acesso em: 27 de jul. 2017.

Ministério da Educação e Cultura – MEC. (2016). Censo da Educação Superior 2015. Brasília, 2016. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_ superior/censo_superior/apresentacao/2015/Apresentacao_Censo_Superior_2015.pdf>. Acesso em: 27 de jul. 2017.

Ministério da Educação e Cultura – MEC. (2019). Resumo Técnico Censo da Educação Superior de 2017. Brasília, 2019. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/censo_superior/resumo_tecnico/resumo_tecnico_censo_da_educacao_superior_2017.pdf>. Acesso em: 27 de jan. 2020.

Moriña, A.; Cortés-Vega, M. D.; & Molina, V. M. (2015). What if we could imagine the ideal faculty? Proposals for improvement by university students with disabilities. Teaching and Teacher Education, v. 52, p. 91-98, 2015. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0742051X15300081. Acesso em: 29 de mar. 2017.

Pacheco, R. V.; & Costas, F. A. T. (2006). O processo de inclusão de acadêmicos com necessidades educacionais especiais na Universidade Federal de Santa Maria. Revista Educação Especial, n. 27, p. 151-169.

Peleias, I. R.; Silva, G. P.; Segreti, J. B.; & Chirotto, A. R. (2007). Evolução do ensino da contabilidade no Brasil: uma análise histórica. Revista Contabilidade & Finanças-USP, v. 18, p. 19-32.

Pereira, O. R. (2013). Alunos surdos, Intérpretes de libras e professores: Atores em contato na universidade. Cadernos de Educação, v. 12, n. 24, p. 73-96.

Pieczkowski, T. M. Z. (2012). Inclusão no Ensino Superior: Barreiras Relatadas pelos Estudantes com Deficiência. Apresentado na IX ANPED Sul. Anais... Caxias do Sul, 2012. Disponível em: <http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/ 9anpedsul/paper/viewFile/100/678>. Acesso em: 20 de mar. 2017.

Poehner, M. E.; & Infante, P. (2017). Mediated development: A Vygotskian approach to transforming second language learner abilities. TESOL Quarterly, 51.2: 332-257.

Rego, T. C. (2013). Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petropólis, RJ. Editora Vozes Limitada.

Rodrigues, A. T. (2014). Entrevista concedida ao Jornal do Comércio in: Engster, A. O futuro do técnico em contabilidade em xeque. Jornal do Comercio. Porto Alegre. Disponível em: <http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=162852>. Acesso em: 20 de mar. 2017.

Sá, A. L. (1997). História Geral e das Doutrinas da Contabilidade. Editora Atlas: São Paulo.

Sales, A. C. M.; & Lacerda, C. B. F. (2015). Reflexões sobre o papel e a prática de intérpretes de língua de sinais no ensino fundamental. In: BARAGOLLO, M. F.; FANÇA, D. M. V. R. (Org.). Surdez, Escola e Sociedade: reflexões sobre Fonoaudiologia e Educação. Rio de Janeiro: Walk Editora.

Sládek, P.; Bednárová, R.; & Miléra, T. (2011). On some aspect of teaching hearing-handicapped students in standard courses. Procedia-Social and Behavioral Sciences, v. 12, p. 145-149.

Spencer, L. J.; Marschark, M.; Machmer, E.; Durkin, A.; Borgna, G.; & Convertino, C. (2018). Communication skills of deaf and hard-of-hearing college students: objective measures and self-assessment. Journal of Communication Disorders, v. 75, p. 13-24.

Vermeulen, J. A.; Denessen, E.; & Knoors, H. (2012). Mainstream teachers about including deaf or hard of hearing students. Teaching and Teacher Education, v. 28, p. 174, 181.

Vygotsky, L. S. (1989). Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes.

Vygotsky, L. S. (1991). A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes.

Vygotsky, L. S. (1997). Obras Escogidas Tomo V. Fundamentos de defectología. Madrid: Visor Dis.

Witt, D.; Alias, N.; Ibrahim, Z.; Shing, N. K.; & Mohd-Rashid, S. M. (2015). Design of a learning module for the deaf in a higher education institution using padlet. Procedia – Social and Behavioral Sciences, v. 176, p. 220-226.

Zanluca, J. C.; & Zanluca, J. D. S. (2006). História da contabilidade. Compilação: Equipe Portal de Contabilidade, 2006. Disponível em: <http://www.portalde contabilidade.com.br/tematicas/historia.htm>. Acesso em: 21 de jul de 2017.

Downloads

Publicado

2020-02-28

Como Citar

RIBEIRO LAGES SANTOS, B.; COSTA, F. DESAFIOS PERCEBIDOS POR ALUNOS SURDOS NO ENSINO DA DISCIPLINA DE CONTABILIDADE INTRODUTÓRIA NOS CURSOS DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO. Contabilidade Vista & Revista, [S. l.], v. 30, n. 3, p. 18–45, 2020. DOI: 10.22561/cvr.v30i3.4803. Disponível em: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/contabilidadevistaerevista/article/view/4803. Acesso em: 22 dez. 2024.