Introduction
Abstract
Gabriela Moulin
Diretora-presidente do BMDG Cultural
Certamente, não é possível começar esta apresentação sem dizer em que momento da história estamos. Este texto é escrito em meio à crise sanitária planetária em função da pandemia do Convid-19. No Brasil e no mundo estamos de quarentena, ansiosos por entendimento e por vislumbrar o que futuro nos aguarda.
Localizar precisamente esse tempo nos deixa datados, correndo o risco de nos afastarmos do detalhamento dos conteúdos e discussões que seguem neste número especial da Revista Nova Economia. Por outro lado, porém, é fundamental datar para que, no tempo adiante em que voltaremos a consultar esta publicação, não nos esqueçamos do quão foi, é e permanecerá sendo importante a discussão sobre cultura e desenvolvimento.
A parceria entre o BDMG Cultural e a Revista Nova Economia permitiu que os artigos aqui publicados levantassem questões estruturantes e desafiadoras que envolvem dois processos fundamentais da vida: cultura e desenvolvimento. Temos um conjunto polivalente de artigos, escritos por estudiosos e pensadores da área econômica, que perpassam as teorias econômicas, em especial as contribuições de Celso Furtado; as questões que envolvem a cadeia produtiva do setor cultural; a monetização das dinâmicas culturais periféricas; a aglomeração de atividades do setor em diferentes ambientes urbanos; o impacto e os reverses das políticas públicas para o setor; entre outros.
Para aqueles cuja atividade acadêmica ou profissional está vinculada à cultura é enriquecedor olhar com novas lentes para temas já há muito explorados no em nosso campo. Novos olhares que revelam interfaces profundas e indissociáveis entre os dois processos temas.
Neste momento, retomamos a necessidade crucial de reafirmação da cultura no mercado, na economia, na produção de conhecimento e na vida simbólica da humanidade, tornando-se elemento-chave para construção da cidadania, da inclusão social e das dinâmicas de criação e intervenção no mundo.
O século 21 apresentou-nos uma outra geopolítica da produção e do consumo cultural, trazendo novos dados, possibilidades e desafios para o binômio desenvolvimento/cultura. A emersão de novos territórios culturais periféricos, as complexas relações entre globalização e expressões locais, os fluxos informacionais e tudo que daí decorre são fatores decisivos na vida pública e serão essenciais na invenção de novos paradigmas.
A cultura e a arte expandem nosso conhecimento sobre o mundo e não há como pensar em desenvolvimento sem elas. E agora se torna ainda mais urgente pensar qual desenvolvimento queremos?
O isolamento social em todo o mundo gerou novos fluxos: as águas correm mais limpas e o ar apresenta índices decrescentes de poluição, por outro lado as redes digitais foram inundadas de apresentações artísticas e culturais, evidenciando (ou melhor, escancarando) questões de sobrevivência do humano: natureza, arte, ciência, solidariedade. E precisamos um projeto de desenvolvimento que leve tudo isso em conta.
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