As grandes cidades atraem ou repulsam?

Arquitetura hostil no espaço público de um atrativo turístico de São Paulo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29149/mtr.v10i1.8732

Palavras-chave:

Arquitetura hostil; turismo; hospitalidade; espaço público; políticas públicas.

Resumo

Arquitetura hostil é uma estratégia de desenho urbano utilizada no espaço público para impedir a permanência de determinados grupos sociais e se apresenta por meio de dispositivos físicos instalados nas muretas dos jardins, junto às entradas de edifícios ou através do mobiliário urbano. O espaço público é um lugar de uso coletivo, de livre acesso e essencial para o turismo. É nele que o turista circula e tem suas primeiras impressões sobre a cidade. Parte-se do pressuposto que a implementação de dispositivos da arquitetura hostil no espaço público pode afetar o bem-estar de todos, inclusive dos turistas. Em se tratando de um espaço que está sob a jurisdição do poder público, seria possível pensar em formas de se proibir este tipo de implantação? Este artigo tem como objetivo investigar a presença de tipologias da arquitetura hostil no espaço público de grandes cidades e explorar políticas públicas que proíbam sua implantação. Tem-se como recorte espacial a Avenida Paulista - um dos atrativos turísticos paulistanos mais famosos por onde passam diariamente cerca de 1,5 milhão de pessoas. Trata-se de uma pesquisa exploratória-descritiva. Os resultados apontam que a criatividade do brasileiro se faz presente nas tipologias da arquitetura hostil e impedem a permanência de qualquer tipo de pessoa no espaço público, independentemente de sua origem. Ademais, a sensação de bem-estar e acolhimento que antes era percebida na avenida, por conta do livre acesso entre os recuos frontais dos lotes e as calçadas, se perdeu com a instalação de grades e muros de vidro.

Biografia do Autor

Valeria Ferraz Severini, Universidade Anhembi Morumbi

Doutora em Arquitetura e Urbanismo na área de Planejamento Urbano e Regional pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) desde 2013, tendo como áreas de estudo: hospitalidade urbana, turismo, planejamento urbano, desenho urbano e políticas públicas. Pós-doutora em Turismo pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP) desde 2019. Arquiteta e Urbanista formada pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP/SP) desde 1997. Mestre em Arquitetura e Urbanismo em 2008 pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN/Natal). Obteve o título de licenciada em 2003 pelo Centro Universitário de Belas Artes. Trabalhou em empresas públicas como a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Meio Ambiente (FUPAM), onde oferece ampla experiência na área de urbanismo, transporte e mobilidade urbana. Entre os anos de 2011 e 2013, trabalhou no Urbanismo de São Paulo, onde auxiliou na elaboração de estudos urbanos como a Operação Urbana Bairros do Tamanduateí (OUC-BT). Lecionou durante seis anos na graduação em Arquitetura e Urbanismo no Centro Educacional Anhanguera e no Centro Universitário FIAM-FAAM, além de ministrar cursos de pós-graduação na Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e na FAAP São José dos Campos. Atualmente é professora do curso de pós-graduação em Hotelaria e do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Anhembi Morumbi.
Valéria de Souza Ferraz (nome de solteira) Valéria Ferraz Severini (nome de casada).

Gabriela Parreira Nunes, Universidade Anhembi Morumbi

Arquiteta e Urbanista formada pela Universidade Anhembi Morumbi.  http://lattes.cnpq.br/8224638224120859

 

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Publicado

2025-05-05

Como Citar

Ferraz Severini, V., & Parreira Nunes, G. (2025). As grandes cidades atraem ou repulsam? Arquitetura hostil no espaço público de um atrativo turístico de São Paulo. Marketing & Tourism Review, 10(1). https://doi.org/10.29149/mtr.v10i1.8732