A PRODUÇÃO DO CIBERESPAÇO E O TURISMO
REFLEXOS DO IDEÁRIO NEOLIBERAL A PARTIR DE UMA ANÁLISE DE MEMES DO INSTAGRAM
DOI:
https://doi.org/10.29149/mtr.v9i1.8241Palavras-chave:
Memes de Turismo, Ciberespaço, Neoliberalismo, Subjetividade, Trabalho.Resumo
Considerando a crescente relevância do ciberespaço e das práticas sociais na internet, o propósito deste estudo é examinar memes no Instagram relacionados à temática de trabalho e viagem, destacando a maneira como contribuem para a produção do ciberespaço e sua capacidade de refletir uma subjetividade neoliberal emergente. Para isso, realizou-se uma pesquisa bibliográfica e análise de conteúdo com 65 memes do Instagram, com base em discussões socioespaciais, que resultaram em 6 categorias temáticas atribuídas: Crítica Social / Empresarial; Desejo de viajar; Escassez financeira; Insatisfação e/ ou sofrimento no trabalho; Satisfação e/ ou conformação no trabalho e Viagem e escapismo do cotidiano. Dentre os principais achados, destacaram-se a importância dos memes dentro do cenário de influências culturais, formação de identidades e participação política, além da pertinência de se considerar esse tipo de linguagem em suas expressões sobre o turismo e articulação com os estudos acerca da produção do espaço para aprofundamento das reflexões a respeito dos efeitos de uma racionalidade neoliberal. Além disso, por meio dos memes, destacaram-se relatos de sofrimento nas relações de trabalho, romantização das viagens perante a insatisfação com o cotidiano, frustrações com a falta de recursos financeiros, hostilidades no ambiente de trabalho, além de desafios no avanço dessas reflexões perante a obscuridade das lógicas algorítmicas das redes. Como resultado central, identificou-se que o estudo de memes na expressão de imaginários turísticos dentro das categorias analisadas configura um ponto de partida importante para a realização de futuras investigações sobre este tema.
Referências
Albuquerque, M. C. B., de Almeida Barros, A. E., & Ferreira, L. V. F. (2022). Uso das Capacidades Dinâmicas–Análise da Presença Online das Agências de Turismo Receptivo. Revista Turismo em Análise, 33(2), 308-327. https://doi.org/10.11606/issn.1984-4867.v33i2p308-327
Antoun, H. (2015). Para uma Internet política das subjetivações. Revista Eco Pós, 18(2). https://doi.org/10.29146/eco-pos.v18i2.2278
Antoun, H. (2016). Conversação, Mediação e Transformação na cultura da Rede. Logos, 23(2). https://doi.org/10.12957/logos.2016.27516
Antoun, H., & MALINI, F. (2013). A internet e a rua: ciberativismo e mobilização nas redes sociais. Porto Alegre: Sulina.
Bardin, L. (2006). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.
Bentes, I. (2015). Mídia-Multidão: estéticas da comunicação e biopolíticas. Rio de Janeiro: Mauad X.
Blackmore, S. J. (2000). The Meme Machine (2nd ed., vol. 25 of Popular science). Oxford, UK: OUP Oxford. ISBN 019286212X, 9780192862129.
Bruno, F. (2006). Dispositivos de vigilância no ciberespaço: duplos digitais e identidades simuladas. Revista Fronteiras, 8(2), 152-159.
Bruno, F. G., Bentes, A. C. F., & Faltay, P. (2019). Economia psíquica dos algoritmos e laboratório de plataforma: mercado, ciência e modulação do comportamento. Revista Famecos, 26(3), e33095-e33095. https://doi.org/10.15448/1980-3729.2019.3.33095
Buckingham, D. (2007). Crescer na era das mídias eletrônicas. São Paulo: Edições Loyola.
Castells, M. (2005). A sociedade em rede (Vol. 1, No. 6). São Paulo: Paz e terra.
Chen, C. (2012). The creation and meaning of internet memes in 4chan: Popular internet culture in the age of online digital reproduction. Habitus, 3, 6–19.
Cruz, R. D. C. A. D. (2003). Introdução à geografia do turismo. São Paulo: Editora Roca.
Dardot, P., & Laval, C. (2017). A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo Editorial.
Dawkins, R. (1976). The selfish gene. New York, Oxford University Press.
Dynel, M. (2016). “I has seen image macros!” Advice animals memes as visual-verbal jokes. International Journal of Communication, 10, 29. Recuperado de https://ijoc.org/index.php/ijoc/article/view/4101
Foucalt, M. (1996). Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Edições Graal.
Foucault, M. (1999). As palavras e as coisas. São Paulo: Martins.
Foucault, M. (2008). A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária.
Fratucci, A. C. (2000). Os lugares turísticos: territórios do fenômeno turístico. GEOgraphia, 2(4), 121-133. https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2000.v2i4.a13390
Fratucci, A. C. (2014). Turismo e território: relações e complexidades. Caderno Virtual de Turismo, 14(1), 87-96. ISSN 1677 6976
Freire-Medeiros, B., & Lages, M. P. (2020). A virada das mobilidades: fluxos, fixos e fricções. Revista Crítica de Ciências Sociais, 123, 121-142. https://doi.org/10.4000/rccs.11193
Freire-Medeiros, B., Telles, V. D. S., & Allis, T. (2018). Apresentação: Por uma teoria social on the move. Tempo Social, 30, 1-16. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2018.142654
Gastal, S. (2005). Turismo, imagens e imaginários. São Paulo: Aleph, 147-160.
Gibson, W. (2019). Neuromancer (1984). In C. Greer, Crime and Media: A Reader (pp. 86-94). London: Routledge.
Haesbaert, R. (2004). O mito da desterritorialização: do" fim dos territórios" à multiterritorialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
Han, B. C. (2015). Sociedade do cansaço. São Paulo: Editora Vozes Limitada.
Harvey, D. (2005). A produção capitalista do espaço. São Paulo: Annablume.
Hine, C. (2011). Etnografía virtual. Catalunya: Editorial uoc.
Instituto Locomotiva (2022). O abismo digital no Brasil. Como a desigualdade de acesso à internet a infraestrutura inadequada e a educação deficitária limitam nossas opções para o futuro. Pricewaterhouse and Coopers (PwC), Instituto Locomotiva. Recuperado de https://www.pwc.com.br/pt/estudos/preocupacoes-ceos/mais-temas/2022/O_Abismo_Digital.pdf
Internetlab, C. R. (2017). Violências contra mulher na internet: diagnóstico, soluções e desafios. Contribuição conjunta do Brasil para a relatora especial da ONU sobre violência contra a mulher. Recuperado de https://www.internetlab.org.br/wp-content/uploads/2017/11/Relatorio_ViolenciaGenero_ONU.pdf
Lefebvre, H. (1981). Critique de la vie quotidienne: Tome 3, De la modernité au modernisme, Pour une métaphilosophie du quotidien. Paris, L'Arche.
Lemos, A. (2008). Mídia locativa e territórios informacionais. Estéticas tecnológicas. São Paulo, SP: Educ.
Lévy, P. (2007). Cibercultura. São Paulo: Editora 34.
Lippold, W., & Faustino, D. (2022). Colonialismo digital, racismo e acumulação primitiva de dados. Germinal: marxismo e educação em debate, 14(2), 56-78.
Marra, G. A., & dos Santos, B. R. (2015). Repercussões das Redes Sociais na Subjetividade de usuários: uma revisão crítica da literatura. Temas em Psicologia, 23(4), 913-927. http://dx.doi.org/10.9788/TP2015.4-09
Mbembe, A. (2018). Crítica da Razão Negra. São Paulo: Editora N-1.
Mbembe, A. (2016). Necropolítica. Arte & ensaios, 2(32), 122-151. https://doi.org/10.60001/ae.n32.p122%20-%20151
Milner, R. M. (2013). Pop polyvocality: Internet memes, public participation, and the Occupy Wall Street movement. International journal of communication, 7(34). Recuperado de https://ijoc.org/index.php/ijoc/article/view/1949/1015
Miltner, K. M. (2014). “There’s no place for lulz on LOLCats”: The role of genre, gender, and group identity in the interpretation and enjoyment of an Internet meme. First Monday, 19(8). https://doi.org/10.5210/fm.v19i8.5391
Prasad, B. D. (2008). Content analysis. Research methods for social work, 5, 1-20. https://doi.org/10.13140/RG.2.1.1748.1448
Recuero, R. (2012). O capital social em rede: Como as redes sociais na Internet estão gerando novas formas de capital social. Contemporânea Revista de Comunicação e Cultura, 10(3), 597-617. https://doi.org/10.9771/contemporanea.v10i3.6295
Ribeiro, L. N., & Heinen, L. R. (2023). Para uma crítica feminista ao neoliberalismo: a socialização do trabalho doméstico. Revista Brasileira de Sociologia do Direito, 10(1), 52-79. https://doi.org/10.21910/rbsd.v10i1.558
Rowe, J. (2015). “I’ve Fallen and I Can’t Get Up,” a Basic Primer for Caregivers to Understand Falls in Persons With Dementia, Alzheimer’s Disease, and Cognitive Impairment. Home Health Care Management & Practice, 27(3), 126-134. https://doi.org/10.1177/1084822314559833
Safatle, V., Silva, N., Jr., & Dunker, C. (2020). Neoliberalismo como gestão do sofrimento psíquico. São Paulo: Autêntica.
Santos, M. (2002). A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção (Vol. 1). São Paulo: Edusp.
Santos, M. (2022). Por uma geografia nova: da crítica da geografia a uma geografia crítica (Vol. 2). São Paulo: Edusp.
Shifman, L. (2014). The cultural logic of photo-based meme genres. Journal of visual culture, 13(3), 340-358. https://doi.org/10.1177/1470412914546
Silva, T. (2020). Racismo Algorítmico em Plataformas Digitais: microagressões e discriminação em código. Comunidades, algoritmos e ativismos digitais: olhares afrodiaspóricos, 121-135.
Soares, R. A. M. D. C., Albuquerque, T. V. D., Mendes-Filho, L., & Alexandre, M. L. (2022). Revisão sistemática da produção científica brasileira sobre turismo e tecnologia da informação e comunicação (TIC). Revista Brasileira de Pesquisa Em Turismo, 16, e-2629. https://doi.org/10.7784/rbtur.v16.2629
Souza, J., Mendes Filho, L., & Marques Júnior, S. (2022). Marketing de conteúdo digital como influenciador no processo de planejamento de viagens: Uma análise a partir do Technology Acceptance Model estendido. Marketing & Tourism Review, 8(2). https://doi.org/10.29149/mtr.v8i2.7357
Urry, J., & Sheller, M. (2006). The new mobilities paradigm. Environment and Planning A, 38(2), 207-226.
Urry, J., & Larsen, J. (2022). O olhar do turista 3.0. Edições Sesc SP.
Werneck, A. (2019). Política e ridicularização: uma sociologia pragmática da “graça” da crítica em cartazes das “Jornadas de Junho”. Interseções. Revista de Estudos Interdisciplinares, 21(21-3). https://doi.org/10.12957/irei.2019.47254
Werneck, A. (2020). Graça em tempos de desgraça? A jocosidade como operador da crítica nos memes na pandemia. DILEMAS: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, 1-16.
Williams, A. (2020). Black memes matter:# LivingWhileBlack with Becky and Karen. Social Media+ Society, 6(4). https://doi.org/10.1177/20563051209810
Yoon, I. (2016). Why is it not just a joke? Analysis of Internet memes associated with racism and hidden ideology of colorblindness. Journal of Cultural Research in Art Education, 33(1).
Zuboff, S. (2023). The age of surveillance capitalism. In Social Theory Re-Wired (pp. 203-213). Routledge.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Nilma Silva Rezende dos Santos
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista, sem ônus para a mesma, o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores assumem exclusiva responsabilidade pelas suas opiniões emitidas nos trabalhos publicados nesta revista
