NEM TRABALHADORAS, NEM PROSTITUTAS: ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS DE SIGNIFICAÇÃO DAS RELAÇÕES ENTRE AS SUGAR BABIES E OS SUGAR DADDIES

Autores

  • Caroline Rodrigues Silva Universidade Federal do Espirito Santos
  • Juliana Cristina Teixeira UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO
  • Eloisio Moulin de Souza UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO
  • Chiara Gomes Constanzi UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

DOI:

https://doi.org/10.25113/farol.v8i23.5697

Palavras-chave:

Sugar Baby. Sugar Daddy. Prostituição. Trabalho do Sexo. Meu Patrocínio.

Resumo

O presente artigo objetiva analisar o processo de ressignificação de atividade ligada ao sexo, associado à estereotipia negativa da prostituição, a partir das personagens discursivas da Sugar Baby e do Sugar Daddy. Sugar Babies são meninas que se propõem a relacionamentos de trocas acordadas previamente com homens, que são chamados de Sugar Daddies. A pesquisa é qualitativa e descritiva, e envolveu a realização de entrevista com uma estudante universitária que atua como Sugar Baby; pesquisas documentais envolvendo discursos contidos no site de relacionamento Meu Patrocínio, e reportagem televisiva a respeito da atividade. Foi utilizada a abordagem teórico-metodológica da Análise Francesa do Discurso. Os resultados evidenciam que há estratégias discursivas utilizadas pela organização Meu Patrocínio que, por meio de uma relação capitalista, organiza o estabelecimento de contato entre homens que querem investir dinheiro em relações com mulheres, significadas como Babies, numa relação de práticas paternais e potencialmente sexuais, íntimas e afetivas.

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Publicado

2022-10-31

Edição

Seção

Dossiê "Trabalho sexual no Brasil: direitos, políticas e práticas"