ASSÉDIO SEXUAL NO CONTEXTO ACADÊMICO DA ADMINISTRAÇÃO: O QUE OS LÁBIOS NÃO DIZEM, O CORAÇÃO NÃO SENTE?

Autores/as

  • Juliana Cristina Teixeira Universidade Federal de São João del-Rei
  • Adriana da Silva Vinholi Rampazo Universidade Estadual de Londrina

Palabras clave:

Assédio Sexual, Gênero, Relações de Poder, Academia, Administração

Resumen

A objetificação histórica das mulheres na sociedade naturalizou os seus corpos como objeto de satisfação dos desejos masculinos. Neste contexto em que a hierarquia social baseada no gênero é criada e reforçada, será prudente pensar em uma academia isenta desta violência? Afinal, falamos de uma academia que, queiramos ou não, reproduz as relações históricas androcêntricas que colocam a mulher como um ser subalterno e inferior aos homens. É com este pensamento que temos como principal objetivo neste estudo analisar os elementos discursivos originados a partir da temática de assédio sexual no âmbito específico da academia brasileira em Administração. Para isso, trouxemos as narrativas de duas mulheres docentes e pesquisadoras que possuem uma trajetória acadêmica no campo de estudos da Administração que foram analisadas por meio da abordagem teórico-metodológica da Análise do Discurso de Linha Francesa. Os resultados ratificam a dificuldade de discutir o assunto neste campo acadêmico.

Biografía del autor/a

Juliana Cristina Teixeira, Universidade Federal de São João del-Rei

Doutora em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professora do DECAC/Universidade Federal de São João del-Rei. Pesquisadora do NEOS - Núcleo de Estudos Organizacionais e Sociedade/UFMG.

Adriana da Silva Vinholi Rampazo, Universidade Estadual de Londrina

Professora na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e professora colaboradora no Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Estadual de Londrina (PPGA/UEL). Doutora em Administração pela FEA-USP e Mestre em Administração pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). 

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Publicado

2017-12-27

Número

Sección

Artigos