NECROPOLÍTICA E SEGURANÇA PÚBLICA EM PERNAMBUCO DURANTE A PANDEMIA

Autores

  • Raissa Lustosa Coelho Ramos Universidade Federal de Pernambuco
  • Amanda Lins Cavalcanti Galindo Universidade do Estado da Bahia - UNEB

DOI:

https://doi.org/10.25113/farol.v9i25.6573

Palavras-chave:

Atuação policial, Controle social, COVID-19, Pernambuco, Sistema Carcerário

Resumo

Diante da pandemia de COVID-19, e considerando tendências à securitização dos problemas sociais pelo Estado brasileiro, torna-se mister estudar a atuação das forças policiais estatais durante este período. Isto porque a segurança pública é amplamente difundida enquanto problema social, e cada vez mais os veículos de comunicação moldam o imaginário público, fazendo com que grande parte das pessoas considere o crime e a figura do criminoso como inimigo maior a ser combatido pelo Estado; este imaginário, em última instância, acaba legitimando sistemas de controle que têm maior projeção em cenários atípicos, como é o caso da pandemia. Assim, este artigo intentou analisar dados sobre atuação policial e sistema carcerário em 2020, com foco em Pernambuco, estado com marcante herança colonial e escravocrata. Nos dados, pode-se destacar que as taxas de homicídio aumentaram durante o primeiro semestre de 2020, apesar da queda nas incidências de outros tipos de crime.

Biografia do Autor

Raissa Lustosa Coelho Ramos, Universidade Federal de Pernambuco

Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco. Advogada do Grupo Além das Grades.

Amanda Lins Cavalcanti Galindo, Universidade do Estado da Bahia - UNEB

Graduanda em Direito pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB.

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Publicado

2022-12-19

Edição

Seção

Dossiê "Desigualdade, direitos sociais e rearranjos institucionais"