JÉSSICA, JOHNATAN E A BRANQUITUDE NA ANTROPOLOGIA: FICÇÕES SOBRE O REPOSICIONAMENTO DAS RELAÇÕES RACIAIS NA PÓS-GRADUAÇÃO

Autores

  • Tiago Heliodoro Nascimento PPGAn/UFMG

DOI:

https://doi.org/10.25113/farol.v9i24.6491

Palavras-chave:

Ações Afirmativas, Branquitude, Relações Raciais, Antropologia, Arqueologia

Resumo

O que aconteceria se o enegrecimento do ensino superior encontrasse resistência entre os saberes mais acostumados à diversidade, exatamente entre os que a tomam como um valor? A partir de situações ficcionais, vividas por um estudante ficcional, em um ambiente ficcional, através desse artigo realizarei um exercício de escrita que nos permita imaginar os problemas que decorrem desse tipo de cenário, analisando suas consequências para a abertura em curso do ensino superior brasileiro. Abordarei essas possibilidades por meio das experiências do jovem Johnatan, um homem negro que cursara graduação, mestrado e doutorado em uma universidade pública brasileira durante a eclosão dos debates sobre a implementação de cotas na pós-graduação. Jéssica e Johnatan são estudantes de antropologia e será diante da história e dos conceitos dessa disciplina que elas viverão dilemas que espero contribuam para o aperfeiçoamento das políticas de ação afirmativa no Brasil.

Referências

Almeida, Silvio L. (2019). Racismo Estrutural. São Paulo: Pólen.

Alves, Luciana (2010). Significados de ser branco: a brancura no corpo e para além dele. Dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Alves, Lidiane C. (2019). Reivindicando o território epistêmico: mulheres negras, indígenas e quilombolas interpelando a antropologia. Revista Humanidades e Inovação, 6(16), 83-95.

Aníbal Quijano. (2005). Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In Edgardo Lander (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas Latino Americanas (pp. 107-129). Buenos Aires: CLACSO.

Barbosa, Marília (2020). Por que Decotelli foi massacrado por mentir, mas Salles e Witzel não?. Catraca Livre. 30 de junho. 2020. Cidadania. Recuperado em 18 agosto, 2020 de: https://catracalivre.com.br/cidadania/por-que-decotelli-foi-massacrado-por-mentir-mas-salles-e-witzel-nao/.

Hooks, Bell (2019). Anseios: raça, gênero e políticas culturais. São Paulo: Elefante.

Bento, Maria A. S. (2014a). Branqueamento e branquitude no Brasil. In Iracy Carone, Maria A. S. Bento (Orgs.). Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil (pp. 25-60). Petrópolis: Vozes.

Bento, Maria A. S. (2014b). Branquitude: o lado oculto do discurso sobre o negro. In Iracy Carone, Maria A. S. Bento (Orgs.). Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil (pp. 147-162). Petrópolis: Vozes.

Bermudez, Ana C. (2020a). Quem são os ministros de Bolsonaro que mentiram ou erraram no currículo. Uol. São Paulo, 26 de junho. 2020. Notícias. Recuperado em 18 agosto, 2020 de: https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/06/28/quem-sao-os-ministros-de-bolsonaro-que-mentiram-ou-erraram-no-curriculo.htm.

Bermudez, Ana C. (2020b). Decotelli: "Brancos trabalham com imperfeições em currículo sem incomodar". Uol. 1 de julho de 2020. Educação. Recuperado em 18 agosto, 2020 de: https://educacao.uol.com.br/noticias/2020/07/01/decotelli-brancos-trabalham-com-imperfeicoes-em-curriculo-sem-incomodar.htm.

Bourdieu, Pierre (1989). O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

Cardoso, Lourenço (2014). A branquitude acrítica revisitada e a branquidade. Revista da ABPN, 6(13), p. 88-106.

Cardoso, Lourenço (2008). O branco “invisível”: um estudo sobre a emergência da branquitude nas pesquisas sobre as relações raciais no Brasil (Período: 1957 - 2007). Dissertação de mestrado, Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal.

Carneiro, A. Sueli (2005). A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. Tese de doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Castro-Gomez, Santiago (2005). Ciências sociais, violência epistêmica e o problema da “invenção do outro”. In Edgardo Lander (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas Latino Americanas (pp. 80-87). Buenos Aires: CLACSO.

Carvalho, José J. (2006). O Confinamento racial do mundo acadêmico brasileiro. Revista USP, 68, 88-103.

Carvalho, José J. (2001). O olhar etnográfico e a voz subalterna. Horizontes Antropológicos, 15, 107-147.

Cerione, Clara (2020). Os ministros de Bolsonaro que mentiram no currículo. Exame. 22 de maio. 2020. Brasil. Recuperado em 18 agosto, 2020 de: https://exame.com/brasil/os-ministros-do-governo-bolsonaro-que-mentiram-no-curriculo/.

Chico Anysio no futebol: comentarista, caricatura Coalhada e polêmica do goleiro negro. Uol. 23 de março. 2012. Uol Esporte. Recuperado em 23 agosto, 2020 de: https://uolesportevetv.blogosfera.uol.com.br/2012/03/23/chico-anysio-no-futebol-comentarista-caricatura-coalhada-e-polemica-do-goleiro-negro/.

Clifford, James (1998). Sobre a autoridade etnográfica. In José R. S. Gonçalves (Org.). A experiência etnográfica: antropologia e a literatura no século XX (pp. 17-62). Rio de Janeiro: UFRJ.

Cruz, Felipe S. M. (2017). Indígenas Antropólogos e o Espetáculo da Alteridade. Revista de estudos e pesquisas sobre as américas, vol.11 nº 2, 93-108.

Decotelli diz a interlocutores que caiu por mistura de 'racismo e antibolsonarismo'. Época. 6 de julho. 2020. Brasil. Recuperado em 18 agosto, 2020 de: https://epoca.globo.com/brasil/decotelli-diz-interlocutores-que-caiu-por-mistura-de-racismo-antibolsonarismo-1-24518103.

Dussel, Enrique (2005). Europa, modernidade e eurocentrismo. In Edgardo Lander (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas Latino Americanas (pp. 24-32). Buenos Aires: CLACSO.

Evaristo, Conceição (2014). Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas.

Fanon, Frantz (2008). Pele negra, máscaras brancas. Salvador: UFBA.

Feres Junior, João, Campos, Luiz A., Daflon, Verônica T., & Venturini, Anna C. (2018). Ações afirmativas: conceito, história e debates. Rio de Janeiro: EdUERJ.

Fischer, Michael (2018). Da antropologia interpretativa à antropologia crítica. Anuário Antropológico, 8(1), 55-72.

Foucault, Michel (2001). Microfísica do poder. Rio de janeiro: Graal.

Geertz, Clifford (2008). A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LCT.

Gonzaga, Yone M. (2011). Trabalhadores e trabalhadoras técnico-administrativos em educação na UFMG: relações raciais e a invisibilidade ativamente produzida. Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil.

Hall, Stuart (2003). Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: UFMG; Brasília: Representação da UNESCO no Brasil.

Haraway, Donna (2009). Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, 5, 7-41.

Jesus, Camila M. (2017). A persistência do privilégio da brancura: notas sobre os desafios na construção da luta antirracista. In Tânia M. P. Muller & Lourenço Cardoso (Orgs.). Branquitude: estudos sobre identidade branca no Brasil. (pp. 69-89) Curitiba: Appris.

Jesus, Rodrigo E. (2011). Ações Afirmativas, educação e relações raciais: conservação, atualização ou reinvenção do Brasil? Tese de doutorado, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil.

Lander, Edgardo (2005). Ciências sociais: saberes coloniais e eurocêntricos In Edgardo Lander (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas Latino Americanas (pp. 8-23). Buenos Aires: CLACSO.

Lima, Ari (2001). A legitimação do intelectual negro no meio acadêmico: negação de inferioridade, confronto ou assimilação intelectual? Afro-Ásia, 25-26, 281-312.

Lopes, Joyce S. (2016). Lugar de branca/o e a/o “branca/o fora do lugar”: representações sobre a branquitude e suas possibilidades de antirracismo entre negra/os e branca/os do/no Movimento Negro em Salvador-BA. Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, Brasil.

Maia, Suzana (2017). A branquitude das classes médias: discurso moral e segregação social. In Tânia M. P. Muller & Lourenço Cardoso (Orgs.). Branquitude: estudos sobre identidade branca no Brasil. (pp. 107-123) Curitiba: Appris.

Manifesto: Cento e treze cidadãos anti-racistas contra as leis raciais (2008). Época. Recuperado em 29 setembro, 2020 de: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDR83466-6014,00.html.

Mena, Fernanda (2020). Tratamento distinto dado a Decotelli é visto como racismo estrutural. 6 de julho. 2020. Cotidiano. Recuperado em 18 agosto, 2020 de: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/07/tratamento-distinto-dado-a-decotelli-e-visto-como-racismo-estrutural.shtml.

Mendonça, Renata (2020). 70 anos de Maracanazo: 'Mataram Barbosa em vida', diz Djamila Ribeiro. Uol. São Paulo, 16 de julho. Dibradoras. Recuperado em 23 agosto, 2020 de: https://dibradoras.blogosfera.uol.com.br/2020/07/16/70-anos-de-maracanazo-mataram-barbosa-em-vida-diz-djamila-ribeiro/.

Mignolo, Walter D. (2005). A colonialidade de cabo a rabo: o hemisfério ocidental no horizonte conceitual da modernidade. In Edgardo Lander (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas Latino Americanas (pp. 33-49). Buenos Aires: CLACSO.

Nascimento, Abdias (1980). O quilombismo: documentos de uma militância pan-africanista. Petrópolis: Vozes.

Nascimento, Tiago H. (2019). O direito em disputa: uma etnografia na casa de Afonso Pena. Belo Horizonte: Letramento.

Neves, Marcello & Costa, Giulia (2020). Copa de 50: setenta anos após Barbosa, goleiros negros são minoria na elite do futebol brasileiro. O Globo. Rio de Janeiro, 16 de julho. Esportes. Recuperado em 23 agosto, 2020 de: https://oglobo.globo.com/esportes/copa-de-1950-setenta-anos-apos-barbosa-goleiros-negros-sao-minoria-na-elite-do-futebol-brasileiro-24534011.

Pereira, Luena N. N. (2020). Alteridade e raça entre África e Brasil: branquidade e descentramentos nas ciências sociais brasileiras. Revista de Antropologia, 63(2), 1-14.

Piza, Edith (2014). Porta de vidro: entrada para a branquitude. In Iracy Carone & Maria A. S. Bento (Orgs.). Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil (pp. 59-90). Petrópolis: Vozes.

Racionais MC’s (1990). Racistas otários. In Osé A. G. Linck. Holocausto urbano (s.p.). São Paulo: Lumen Juris.

Rabinow, Paul (1999). Antropologia da razão: ensaios de Paul Rabinow. Rio de Janeiro: Relume Dumará.

Redação do GE (2020). Ubuntu Esporte Clube: filósofo Silvio de Almeida debate o racismo estrutural no futebol. Futebol. Recuperado em 16 agosto, 2020 de: https://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/ubuntu-esporte-clube-filosofo-silvio-de-almeida-debate-o-racismo-estrutural-no-futebol.ghtml.

Rodrigues, Vera R. (2020). Live – Aula Inaugural: "Eles combinaram de nos matar, mas nós combinamos de não morrer”. Recuperado em 5 setembro, 2020 de: https://www.youtube.com/watch?v=S9qyK87XFaI&feature=youtu.be&ab_channel=FaculdadedeCi%C3%AAnciasSociaisUFG.

Santos, Antônio B. (2015). Colonização, quilombos, modos e significações. Brasília: INCTI/UnB.

Senra, Ricardo (2020). Decotelli diz a interlocutores que caiu por mistura de 'racismo e antibolsonarismo'. BBC Brasil. 6 de julho. 2020. Recuperado em 18 agosto, 2020 de: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53312912.

Silva, Priscila E. (2017). O conceito de branquitude: reflexões para o campo de estudo. In Tânia M. P. Muller & Lourenço Cardoso (Orgs.). Branquitude: estudos sobre identidade branca no Brasil. (pp. 19-32) Curitiba: Appris.

Schucman, Lia V. (2020). Qual o lugar do branco na luta antirracista? | Lia Vainer Schucman | TEDxFloripa. YouTube. 3 de abril. Recuperado em 8 agosto, 2020 de: https://www.youtube.com/watch?v=q6tSIHzpFTc&t=951s&ab_channel=TEDxTalks.

Spivak, Gayatri (2010). Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: UFMG.

Spivak, Gayatri (1994). Quem reinvindica a alteridade? In Heloisa B. Holanda, (Org.) Tendências e Impasses: o feminismo como crítica da cultura (pp. 187-205). Rio de Janeiro: Rocco.

Strathern, Marilyn (2013). Fora de contexto: as ficções persuasivas da antropologia. São Paulo: Terceiro Nome.

Sztutman, Renato (Ed.). (2017). Dossiê: ações afirmativas nos programas de pós-graduação em antropologia social. Revista de Antropologia, 60(1), 9-15.

Vieira, Kauê (2020). Carlos Decotelli: os erros do quase ministro negro que não podia errar. Hypeness. Julho de 2020. Precisamos falar sobre. Recuperado em 18 agosto, 2020 de: https://www.hypeness.com.br/2020/07/carlos-decotelli-os-erros-do-quase-ministro-negro-que-nao-podia-errar/.

Wagner, Roy (2010). A invenção da cultura. São Paulo: Cosac Naify.

Downloads

Publicado

2022-11-25

Edição

Seção

Fórum "Estudos de ciência, tecnologia e sociedade numa perspectiva feminista"