AMOR E DIREITOS NAS ECONOMIAS SEXUAIS EM FORTALEZA
DOI:
https://doi.org/10.25113/farol.v8i23.5719Palavras-chave:
Moralidade, Sexualidade, RadicalidadeResumo
Neste artigo analiso os usos das linguagens do amor e dos direitos nas ações missionárias de enfrentamento a “crimes sexuais” realizadas nos locais dedicados a encontros transnacionais na Praia de Iracema, em Fortaleza. Baseada na etnografia, argumento que, no contexto das economias sexuais transnacionais, o amor é a linguagem privilegiada para articular demandas por reconhecimento e para descrever as relações afetivo-sexuais transnacionais. Em ambas as esferas, os discursos sobre sexualidade ficam eclipsados, junto ao debate sobre os direitos sexuais. A linguagem do amor missionária articula gênero, sexualidade e conjugalidade o que tem como efeito a impossibilidade do reconhecimento moral de prostitutas como sujeitos éticos. Observo que os limites ao reconhecimento de sujeitos éticos relacionados à linguagem do amor transbordam, porém, os discursos missionários, sendo partilhados também por alguns movimentos feministas quando estes não reconhecem legitimidade à experiência da sexualidade nos trânsitos entre as esferas pública e privada.
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