O “TRABALHO” DE PROFESSORAS READAPTADAS: DA DOCÊNCIA AO TRABALHO MORTO DA READAPTAÇÃO
DOI:
https://doi.org/10.25113/farol.v7i18.5497Palavras-chave:
Readaptação Profissional. Trabalho Docente. Clínica Psicodinâmica do Trabalho.Resumo
A pesquisa procurou compreender o trabalho vivo de professoras readaptadas da rede pública de ensino do Distrito Federal, fundamentada na abordagem teórico-metodológica da clínica psicodinâmica do trabalho. Foram realizadas 22 sessões. As professoras ressaltaram a importância da relação com os alunos. A violência no contexto escolar, o excesso de exigências, a falta de condições de trabalho e de reconhecimento são aspectos que geram frustração em relação à educação. O adoecimento, que lhes gerou a condição de readaptação, foi vivenciado com muitas perdas, inclusive em relação aos relacionamentos profissionais e com os alunos. O trabalho na readaptação foi mortificado pela imposição de realização de tarefas sem sentido, pelo excesso de prescrições ou pela total falta delas e pelas relações profissionais excludentes e até violentas. A clínica do trabalho surge como possibilidade de trazer à tona as falaciosas promessas da readaptação e a necessidade de repensar o modelo vigente adoecedor e excludente.
Referências
Amaral, Graziele A. & Mendes, Ana M. (2017). Readaptação profissional de professores como uma promessa que não se cumpre: uma análise da produção científica brasileira. Educação em Revista, 18(2), 105-119.
Antunes, Sandra M. P. S. N. (2014). Readaptação docente: trajetória profissional e identidade. Dissertação de Mestrado, Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, SP, Brasil.
Aquino, Júlio G. (1998). A violência escolar e a crise de autoridade docente. Cadernos Cedes, 19(47), 07-19.
Arbex, Ana P. S., Souza, Kátia R., & Mendonça, André L. O. (2013). Trabalho docente, readaptação e saúde: a experiência dos professores de uma universidade pública. Physis: Revista de Saúde Coletiva, 23(1), 263-284.
Arendt, Hannah (2011). Entre o passado e o futuro (7a ed). São Paulo: Perspectiva.
Bardin, Laurence (2011). Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70.
Barreto, Margarida & Heloani, Roberto (2015). Violência, saúde e trabalho: a intolerância e o assédio moral nas relações laborais. Serviço Social & Sociedade, 123, 544-561.
Bastos, Gustavo G., Faustino, Gabriela G., Almeida, Ludmila T. R., & Romão, Lucília M. S. (2010). A voz dos sujeitos-readaptados em discurso: o lugar do bibliotecário. Ponto de Acesso, 4(2), 76-94.
Batista, Joseli M. (2008). Afastamento por licença-saúde, readaptação funcional e suas implicações no gerenciamento de enfermagem. Dissertação de mestrado, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP, Brasil.
Batista, Joseli M., Juliani, Carmem M. C. M., & Ayres, Jairo A. (2010). O processo de readaptação funcional e suas implicações no gerenciamento em enfermagem. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 18(1), 87-93.
Dejours, Christophe (2013). A sublimação, entre sofrimento e prazer no trabalho. Revista Portuguesa de Psicanálise, 33(2), 9-28.
Dejours, Christophe (2012) Trabalho vivo – trabalho e emancipação – tomo ii. Brasília: Paralelo 15.
Dejours, Christophe (2011a). Addendum: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho. In Selma Lancman & Laerte Sznelwar (Orgs.). Christophe Dejours: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho (pp. 57-123). Rio de Janeiro: Fiocruz.
Dejours, Christophe (2011b). Análise psicodinâmica das situações de trabalho e sociologia da linguagem. In Selma Lancman & Laerte Sznelwar (Orgs.). Christophe Dejours: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho (pp. 287-339). Rio de Janeiro: Fiocruz.
Dejours, Christophe (2011c). Entre sofrimento e reapropriação: o sentido do trabalho. In S Selma Lancman & Laerte Sznelwar (Orgs.). Christophe Dejours: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho (pp. 433-448). Rio de Janeiro: Fiocruz.
Dejours, Christophe (2005). O fator humano (5a ed). Rio de Janeiro: FGV.
Dejours, Christophe (2004) Trabalho, subjetividade e ação. Produção, 14(3), 27-34.
Dejours, Christophe & Bègue, Florence (2010). Suicídio e trabalho – o que fazer? Brasília: Paralelo 15.
Duarte, Fernanda S. (2014). Dispositivos para escuta clínica do sofrimento no trabalho: entre a clínica da cooperação e das patologias. Dissertação de mestrado, Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil.
Duarte, Fernanda S. & Mendes, Ana M. (2013). Cuerpo docente: análisis psicodinámico del trabajo de professores reubicados de Brasilia, Brasil. Praxis Revista de Psicología, 23, 115-131.
Ferrari, Ilka F. & Araújo, Renato S. (2005). Mal-estar do professor frente à violência do aluno (2005). Revista Mal-estar e Subjetividade, 5(2), 261-280.
Ferreira, João B. (2016). Quantos anos de solidão? Violência, assédio moral e paralisia das formas de vida no trabalho. In Bruno Farah (Org.). Assédio moral e organizacional: novas modulações do sofrimento psíquico nas empresas contemporâneas (pp. 127-135). São Paulo: LTr.
Gaviraghi, Daniela, De Antoni, Clarisa, Amazarray, Mayte R., & Schaefer, Luziana S. (2016). Medicalização, uso de substâncias e contexto de trabalho. Psicologia, Organizações e Trabalho, 16(1), 61-72.
Gerlin, Meri N. M. (2006). Fiando textos e contextos: a narrativa tece o trabalho de professoras em bibliotecas escolares. Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES, Brasil.
Gernet, Isabelle & Dejours, Christophe (2011). Avaliação do trabalho e reconhecimento. In Pedro F. Bendassoli & Lys A. P. Soboll (Orgs.) Clínicas do trabalho (pp. 61-70). São Paulo: Atlas.
Gomes, Danila R. G. & Próchno, Caio C. S. C. (2015). O corpo-doente, o hospital e a psicanálise: desdobramentos contemporâneos? Revista Saúde & Sociedade, 24(3), 780-791.
Hamraoui, Éric (2014). Trabalho vivo, subjetividade e cooperação: aspectos filosóficos e institucionais. Cadernos de Psicologia Social e do Trabalho, 17(n.spe.1), 43-54.
Lei n. 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das funções públicas federais. Brasília, DF. Recuperado em 27, outubro, 2016 de: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8112compilado.htm.
Levandoski, Gustavo, Ogg, Fabiano, & Cardoso, Fernando L. (2011). Violência contra professores de Educação Física no ensino público do Estado do Paraná. Motriz, 17(3), 374-383.
Macaia, Amanda A. S. & Fischer, Frida M. (2015). Retorno ao trabalho de professores após afastamento por transtornos mentais. Saúde e Sociedade, 24(3), 841-852.
Medeiros, Adriane M., Barreto, Sandhi M., & Assunção, Ada A. (2006). Professores afastados da docência por disfonia: o caso de Belo Horizonte. Cadernos de Saúde Coletiva, 14(4), 615-624.
Medeiros, Rosana C. F. (2010). Para uma ecologia (mais) humana do professor readaptado. Dissertação de mestrado, Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil.
Mendes, Ana M. (2007a). Da psicodinâmica à psicopatologia do trabalho. In Ana M. Mendes (Org.). Psicodinâmica do trabalho: teoria, método e pesquisas (pp. 29-48). São Paulo: Casa do Psicólogo.
Mendes, Ana M. (2007b). Novas formas de organização do trabalho, ação dos trabalhadores e patologias sociais. In Ana M. Mendes (Org.). Psicodinâmica do trabalho: teoria, método e pesquisas (pp. 49-61). São Paulo: Casa do Psicólogo.
Mendes, Ana M. (2014). Escuta analítica do sofrimento e o saber-fazer do clínico do trabalho. In Ana M. Mendes, Rosangela D. Moraes, & Álvaro R. C. Merlo (Orgs.). Trabalho & Sofrimento: práticas clínicas e políticas (pp. 65-80). Curitiba: Juruá.
Mendes, Ana M., & Araújo, Luciane K. R. (2012). Clínica psicodinâmica do trabalho: o sujeito em ação. Curitiba: Juruá.
Mendes, Ana M, Araújo, Luciane K. R., & Merlo, Álvaro R. C. (2011). Prática clínica em psicodinâmica do trabalho: experiências brasileiras. In Pedro F. Bendassoli & Lys A. P. Soboll (Orgs.). Clínicas do trabalho (pp. 169-187). São Paulo: Atlas.
Mendes, Ana M., Takaki, Katsume, & Gama, Laene P. (2016). Do sujeito invocado ao sujeito invocante: a violência no trabalho como recusa do desamparo. In Bruno Farah (Org.). Assédio moral e organizacional: novas modulações do sofrimento psíquico nas empresas contemporâneas (pp. 151-160). São Paulo: LTr.
Merlo, Álvaro R. C., Jacques, Maria G. C., & Hoefel, Maria G. L. (2001). Trabalho de grupo com portadores de Ler/Dort. Psicologia: Reflexão e Crítica, 14(1), 253-258.
Moser, Iris R. F. (2012). A crise da autoridade na educação: o discurso e a imagem docente reformulada. Dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Nunes, Bernadete O. (2000). O sentido do trabalho para merendeiras e serventes em situação de readaptação nas escolas públicas do Rio de Janeiro. Dissertação de mestrado, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Ogeda, Thaís A. & Lima, Suzana C. C. (2016). A vivência subjetiva dos servidores readaptados do município de rio das ostras. Trabalho En(Cena), 1(2), 176-186.
Pezzuol, Maria L. M. (2008) Identidade e trabalho docente: a situação do professor readaptado em escolas público do estado de São Paulo. Dissertação de mestrado, Universidade Braz Cubas, Mogi das Cruzes, SP, Brasil.
Pigatto, Naime (2010). A docência e a violência estudantil no contexto atual. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, 18(67), 303-324.
Ristum, Marilena (2010). Violência na escola, da escola e contra a escola. In Simone G. Assis, P. Constantino & Joviana Q. Avanci (Orgs.). Impactos da violência na escola: um diálogo com professores (pp. 65-93). Rio de Janeiro: Fiocruz.
Rossi, Elisabeth Z. (2008). Reabilitação e reinserção no trabalho de bancários portadores de LER/DORT: análise psicodinâmica. Tese de doutorado, Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil.
Sawaia, Bader (2011). O sofrimento ético-político como categoria de análise da dialética exclusão/inclusão. In Bader Sawaia (Org.). As artimanhas da exclusão: análise psicossocial da desigualdade social (pp. 99-119). Petrópolis: Vozes.
Schlindwein, Vanderléia L. D. C. (2013). Histórias de vida marcadas por humilhação, assédio moral e adoecimento no trabalho. Psicologia & Sociedade, 25(2), 430-439.
Sindicato dos Professores do Distrito Federal (2015). Informativo do Sindicato dos Professores no DF, Folha do Professor, Ano XIX, nº 190, novembro de 2015. Recuperado em 22, agosto, 2017 de: http://www.sinprodf.org.br/folha-do-professor/.
Vieira, Rosemary C. (2013). Readaptação funcional de professores no serviço público: a organização como determinante de conflitos intersubjetivos e dramas pessoais. Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Graziele Alves Amaral
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Assume-se que em qualquer das modalidades de contribuições aceitas pela Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, ao submeter um trabalho, o(s) autor(es) se reconhece(m) como detentor(es) do direito autoral sobre ele e autoriza(m) seu livre uso pelos leitores, podendo ser, além de lido, baixado, copiado, distribuído, adaptado e impresso, desde que seja atribuído o devido crédito pela criação original. Em caso de aprovação do trabalho para publicação, os direitos autorais (inclusive os direitos de tradução) são exclusivamente do(s) autor(es).
Os autores devem concordar com os seguintes termos relativos aos Direitos Autorais:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).