VOANDO SOB O RADAR: MECANISMOS DE CONTROLE DO TRABALHO EM UMA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA NACIONAL
DOI:
https://doi.org/10.25113/farol.v6i16.4852Palavras-chave:
instituição financeira, controle do trabalho, competitividade, capitalismoResumo
Novas formas de controle do trabalho cada vez mais sutis e imperceptíveis têm sido institucionalizadas no âmbito da organização do trabalho contemporâneo. Este artigo explora a presença de tais mecanismos em uma instituição financeira visando entender seus efeitos sobre os trabalhadores. Para tanto foi conduzido um estudo de caso, que por meio da Teoria da Economia Política do Poder, pesquisa documental, observação direta e aplicação de questionários junto a 47 analistas desta instituição identificou e analisou tais mecanismos, evidenciando como resultados a coexistência de práticas explícitas e sutis de controle do trabalho, operacionalizadas por meio de tecnologias, avaliação de resultados, sistema de recompensa/reconhecimento e flexibilidade. Assim, percebe-se que cada vez mais os trabalhadores se encontram sujeitos a mecanismos de controle físico, normativo, finalístico e simbólico-imaginário, evidenciando a necessidade de aprofundar a compreensão sobre os novos mecanismos de controle capazes de passar despercebidos pelo radar dos mesmos.
Referências
Antunes, Ricardo (2010). Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo.
Antunes, Ricardo & Praun, Luci (2015). A sociedade dos adoecimentos no trabalho. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, 123, 407-27.
Bauman, Zigmunt (2001). Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Zahar.
Boltanski, Luc & Chiapello, Ève (2009). O novo espírito do capitalismo. São Paulo: Martins Fontes.
Brulon, Vanessa & Peci, Alketa (2017). A unidade de polícia pacificadora e a organização da favela: poder e controle organizacionais no espaço social. Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, 4(10), 823-869.
Cardoso, Monique F. (2010). Vigilância eletrônica no trabalho bancário: do controle consentido ao totalitarismo corporativo. Dissertação – Mestrado em Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil.
Cardoso, Monique F., & Sousa Neto, Manoel V. (2011). Panoptismo organizacional: reflexões sobre a inserção tecnológica e as alterações nos mecanismos de controle nas organizações contemporâneas. Revista Administração em Diálogo, 13(1), 64-82.
Carvalho, Cristina A. P. (1999). El control organizativo en las organizaciones no gubernamentales: un estudio de la realidad española. Revista de Administração Contemporânea, 3(3), 37-50.
Castells, Manuel (1999). A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra.
Central Única dos Trabalhadores – CUT (2014). Bancários estão entre as categorias que mais adoecem no país. Disponível em: https://www.cut.org.br/noticias/bancarios-estao-entre-as-categorias-que-mais-adoecem-no-pais-48ac. Acesso em 13 ago 2018.
Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro – CONTRAF (2018). Bancos fecharam 2.846 postos de trabalho no primeiro semestre de 2018. Disponível em: http://contrafcut.org.br/noticias/bancos-fecharam-2-846-postos-de-trabalho-no-primeiro-semestre-de-2018-9cd1. Acesso em 13 ago 2018.
Chesnais, François (1999). A mundialização financeira: gênese, custos e riscos. São Paulo: Xamã.
Cugini, Paolo (2008). Identidade, afetividade e as mudanças relacionais na modernidade líquida na Teoria de Zygmunt Bauman. Dialógos possíveis, 7(1), 159-178.
Dejours, Christophe, & Bègue, Florence (2010). Suicídio e trabalho: o que fazer?. Brasília: Paralelo 15.
Douglas, Mary (1998). Como as instituições pensam. São Paulo: EDUSP.
Enriquez, Eugéne (2001). Instituições, poder e desconhecimento. In: Araújo, J.N. & Carreteiro, T. C. Cenários sociais e abordagem clínica. São Paulo: Escuta.
Faria, José H. (2003). Economia política do poder: os fundamentos da teoria crítica nos estudos organizacionais. Caderno da Escola de Negócios da Unibrasil, 1(1), 13-48.
Faria, José H. (2004a). Economia política do poder: Fundamentos (vol. 1). Curitiva: Juruá.
Faria, José H. (2004b). Economia política do poder: as práticas de controle nas organizações (vol. 3). Curitiba: Juruá.
Faria, José H. (2014). Economia Política do Poder em Estudos Organizacionais. Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, 1(1), 58-102.
Foucault, Michel (1987). Vigiar e Punir. Trad. Raquel Ramalhete. 27ª. Ed. Petrópolis: Vozes.
Foucault, Michel (2010). The Government of Self and Others: Lectures at the Collège de France, 1982–1983. Graham Burchell (trans.). New York: Palgrave Macmillan.
Fragoso, Tiago O. (2011). Modernidade líquida e liberdade consumidora: o pensamento crítico de Zygmunt Bauman. Perspectivas Sociais, 1(1), 109-124.
Grisci, Carmem L. I., & Bessi, Vânia G. (2004). Modos de trabalhar e de ser na reestruturação bancária. Sociologias, 6(12), 160-200.
Guimarães, Magali C. (2006). Controle no trabalho: uma reflexão sobre antigas e novas formas de controle e suas conseqüências sobre os trabalhadores. Revista de Gestão, 13(1), 1-10.
Han, Byung-Chul (2017a) Sociedade do cansaço. 2ª Edição ampliada – Petrópolis-RJ: Vozes.
Han, Byung-Chul (2017b). Sociedade da transparência. Petrópolis-RJ: Vozes.
Larangeira, Sônia M. G. (1997). Reestruturação produtiva no setor bancário: a realidade dos anos 90. Educação e sociedade, 18(61), 110-138.
Lênin, Vladimir I. (2002). O imperialismo, fase superior do capitalismo. São Paulo: Centauro.
Linhares, Antônio R. P., & Siqueira, Marcus V. S. (2014). Vivências depressivas e relações de trabalho: uma análise sob a ótica da Psicodinâmica do Trabalho e da Sociologia Clínica. Cadernos EBAPE. BR, 12(3), 719-740.
Linhart, Danièle (2007). A desmedida do capital. São Paulo: Boitempo.
Martins, Fernando R. (2013). Controle: perspectivas de análise na teoria das organizações. Cadernos EBAPE. BR, 11(3), 475-490.
Marx, Karl (9996) Da manufatura à fábrica automática. In: Gorz, A. (Org.). Crítica da divisão do trabalho. 3 ed. São Paulo: Martins Fontes.
Matos, Raquel D. (2005). Controle e sofrimento no trabalho: estudo de caso em uma Organizaçăo de Transporte Coletivo de Curitiba e Regiăo Metropolitana. Dissertação – Mestrado em Administração, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil.
Monaco, Felipe F., & Mello, Adriana F. M. (2007). A Gestão da Qualidade Total e a reestruturação industrial e produtiva: um breve resgate histórico. Race: Revista de Administração, Contabilidade e Economia, 6(1), 7-26.
Moura, Guilherme L. (2016). Relações desumanas: reflexões sobre “humanismo” e controle na relação indivíduo-organização. Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, 3(6), 163-205.
Nascimento, Rejane P., Damasceno, Lígia, & Neves, Diana R. (2016). Between reward and suffering: the bank workers' view of the flexibility discourse. Revista de Administração Mackenzie, 17(4), 15-38.
Oliveira, Janaína & Anselmo, Joyce (2011). A flexibilização do trabalho na sociedade contemporânea. Revista Espaço de Diálogo e Desconexão, 3(2), 1-5.
Olivier, Marilene, Perez, Cristiani S., & Behr, Simone C. F. (2011). Trabalhadores afastados por transtornos mentais e de comportamento: o retorno ao ambiente de trabalho e suas consequências na vida laboral e pessoal de alguns bancários. Revista de Administração Contemporânea, 15(6), 993-1015.
Petarli, Glenda B., Zandonade, Eliana, Salaroli, Luciane B., & Bissoli, Nazaré S. (2015). Estresse ocupacional e fatores associados em trabalhadores bancários, Vitória–ES, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 20, 3925-3934.
Previtali, Fabiane S, & Fagian, Cilson C. (2014). Organização e controle do trabalho no capitalismo contemporâneo: a relevância de Braverman. Cadernos EBAPE. BR, 12(4), 756-769.
Rampazo, Adriana V. (2015). O management e o projeto de controle do mundo. Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, 2(4), 591-641.
Rocha, Sandra R. (2007). Depressão relacionada aos distúrbios osteomusculares no trabalho bancário. In Ana M. Mendes (Org.), Psicodinâmica do trabalho: teoria, método e pesquisas (pp. 205-230). São Paulo: Casa do Psicólogo.
Saltorato, Patrícia & Benatti, Glauco (2017). The performative organizational act under the SHV management ideology. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, v.19, n.64, p. 263-288, Abril.
Saltorato, Patrícia & Benatti, Glauco (2018). Reinventando o management: da construção social do shareholder value à emergência do CEO celebridade. Gestão & Produção, v.25, n.2, p.251-268.
Santos Júnior, Adalberto V., Mendes, Ana M., & Araujo, Luciane K. R. (2009). Experiência em clínica do trabalho com bancários adoecidos por LER/DORT. Psicologia Ciência e Profissão, 29(3), 614-625.
Sato, Leny (2003). Saúde e controle no trabalho: feições de um antigo problema. In M. G. Jacques, & W. Codo (Orgs.). Saúde mental e trabalho: leituras (pp. 31-49). Petrópolis: Vozes.
Segnini, Liliana R. P. (1999). Reestruturação nos bancos no Brasil: desemprego, subcontratação e intensificação do trabalho. Educação & Sociedade, 20(67), 183-209.
Sennett, Richard (2009). A corrosão do caráter: as consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo (14ª ed.). Rio de Janeiro: Record.
Sigahi, Tiago F. A. C. & Saltorato, Patrícia (2018). Sociedade líquida-reticular e a emergência da universidade operacional em um contexto de capitalismo acadêmico. Educação & Sociedade (no prelo).
Silva, Juliana L., & Navarro, Vera L. (2012). Organização do trabalho e saúde de trabalhadores bancários. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 20(2), 226-234.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Assume-se que em qualquer das modalidades de contribuições aceitas pela Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, ao submeter um trabalho, o(s) autor(es) se reconhece(m) como detentor(es) do direito autoral sobre ele e autoriza(m) seu livre uso pelos leitores, podendo ser, além de lido, baixado, copiado, distribuído, adaptado e impresso, desde que seja atribuído o devido crédito pela criação original. Em caso de aprovação do trabalho para publicação, os direitos autorais (inclusive os direitos de tradução) são exclusivamente do(s) autor(es).
Os autores devem concordar com os seguintes termos relativos aos Direitos Autorais:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
