BIOPODER E RESISTÊNCIA NA ORGANIZAÇÃO DA COPA DO MUNDO FIFA 2014

Autores

  • André Luiz Maranhão de Souza Leão Universidade Federal de Pernambuco
  • Sérgio Luiz Elias de Araújo Universidade Federal de Sergipe
  • Bruno Rafael Torres Ferreira Universidade Federal de Pernambuco
  • Bruno Melo Moura Universidade Federal de Pernambuco

DOI:

https://doi.org/10.25113/farol.v7i19.5215

Palavras-chave:

Copa do Mundo; Produção Imaterial; Biopoder; Resistência; Análise de Discurso Foucaultiana.

Resumo

A Copa do Mundo 2014 foi ancorada na promessa de benefícios para o Brasil, em que FIFA e governo brasileiro demonstraram esforços direcionados à obtenção de aceitação popular. Assim, o estudo teve por objetivo analisar como a produção imaterial da Copa do Mundo 2014 pode ser caracterizada a partir dos discursos de seus organizadores e da sociedade brasileira. A pesquisa foi realizada por meio de uma Análise de Discurso Foucaultiana a partir de um arquivo representativo das duas posições discursivas investigadas, tendo na teoria política de Michael Hardt e Antonio Negri sua lente teórica. Os achados apontam para duas formações discursivas, referentes à promessa de que a Copa é boa para o Brasil e ao entendimento de que ela saiu muito custosa para o país. A conclusão do estudo é de que a Copa do Mundo 2014 pode ser caracterizada pelo exercício de e resistência ao biopoder.

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Publicado

2020-11-19

Edição

Seção

Artigos