A ROUPA NOVA DO REI: ECONOMIA VERDE ENTRE INOVAÇÃO E CONSERVAÇÃO – UMA LEITURA CRÍTICA A PARTIR DE KARL POLANYI

Autores

  • Daniele Eckert Matzembacher Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Fabio Bittencourt Meira Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.25113/farol.v7i18.4104

Palavras-chave:

economia verde, sustentabilidade, reciprocidade, mercantilização, Karl Polanyi.

Resumo

No contexto da crise de 2008, a Economia Verde (EV) é promovida e incentivada por organismos internacionais das Nações Unidas como caminho para o desenvolvimento sustentável. Além de impulsionar o crescimento econômico, a EV possibilitaria reduzir a pobreza e garantir a preservação dos recursos naturais. Este ensaio inspira-se em Karl Polanyi para elaborar uma crítica a este discurso. A sociedade de mercado reproduz-se pela subsunção do humano e da natureza à autorregulação econômica, que é, por definição, antagônica à vida. Sob a égide do mercado, homem e natureza vivem o limiar de sua supressão. Sustentabilidade social e ambiental depende de uma reorientação econômica em direção à subsistência orquestrada pelos princípios da reciprocidade, redistribuição e troca de mercado. Ora, o padrão mercantil é não apenas mantido intacto, como francamente incentivado pela EV.

Biografia do Autor

Daniele Eckert Matzembacher, Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Mestre e Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Administração da  Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGA/UFRGS).

Fabio Bittencourt Meira, Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutor em Administração pela EAESP/FGV. Professor do Programa de Pós-Graduação em Administração da  Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGA/UFRGS). Pesquisador do Núcleo de Estudos em Gestão Alternativa (NEGA/UFRGS) e do Núcleo de Pesquisa em Ética e Gestão Social (NUPEGS PUC-Minas).

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Publicado

2020-07-28

Edição

Seção

Ensaios