“KIT GAY” E OS PROBLEMAS DA “PÓS-VERDADE”: PERSEGUINDO RESPOSTAS CRÍTICAS

Autores

  • João Gabriel Maracci Universidade Federal de Minas Gerais
  • Paula Sandrine Machado Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.25113/farol.v9i26.6722

Palavras-chave:

Kit gay, Pós-verdade, Gênero, Política, Tecnologia

Resumo

 O artigo aborda a polêmica do “kit gay” a partir de um mapeamento de controvérsias realizado em publicações virtuais entre os anos de 2011 e 2018. Tem como foco a resposta crítica que tal significante recebeu em disputas políticas, nas quais foi referido como apelido pejorativo do programa Escola sem Homofobia, em um movimento frequentemente associado a falácias, mentiras ou à chamada “pós-verdade”. Argumentamos que tal estratégia reduz a complexidade da controvérsia, baseando-se em um ideal estabilizado para a verdade, que já aparece superada pelo uso do prefixo “pós”. Desse modo, com base nos Estudos da Ciência e Tecnologia, propomos uma outra abordagem para o “kit gay", não o considerando, previamente, uma mentira, mas sim perseguindo a rede performativa através da qual ele adquire graus de veridicção na esfera pública brasileira, efetivando-se como fato da política, em um movimento que chamamos coordenação.

Biografia do Autor

João Gabriel Maracci, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia (ênfase: Psicologia Social) da UFMG.

Paula Sandrine Machado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

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Publicado

2023-04-18

Edição

Seção

Dossiê "Corporalidades e diversidade de gênero/sexualidade"