“NINGUÉM PODIA SEPULTAR OS MORTOS”: COVID-19 E SUAS IMPLICAÇÕES PARA OS CIRCUITOS FUNERÁRIOS BRASILEIROS
DOI:
https://doi.org/10.25113/farol.v9i25.6543Palavras-chave:
circuitos funerários, Covid-19, morte, condições de trabalhoResumo
Nesta pesquisa, por considerarmos que a morte não se resume a um fenômeno fisiológico e orgânico, mas que envolve uma série de crenças, emoções e atividades que são notadamente sociais (Hertz, 1960), buscamos compreender como se organiza o complexo funerário brasileiro e quais são os principais efeitos e implicações da pandemia da Covid-19 nas condições de trabalho dos profissionais dessa categoria. Questões como sobrecarga de trabalho, riscos ocupacionais e exposição à doença são evidenciadas a fim de nos aproximarmos das implicações propiciadas pela crise sanitária atual a partir da perspectiva daqueles que trabalham diretamente nesse ramo. Como metodologia de pesquisa, utilizamos entrevistas semiestruturadas com os profissionais da área bem como um levantamento bibliográfico e documental. Percorremos os caminhos das novas configurações que estão sendo compostas e negociadas entre os diferentes segmentos do setor e notamos que há, principalmente, uma falta de consenso na identificação da condição de vulnerabilidade desses trabalhadores.
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