UM OLHAR FEMINISTA SOBRE O PERFIL DAS PESQUISADORAS DA UFBA BOLSISTAS DE PRODUTIVIDADE EM PESQUISA DO CNPQ
DOI:
https://doi.org/10.25113/farol.v9i24.6492Palavras-chave:
Ciência & Tecnologia, Gênero e ciências, Mulheres nas ciências, Bolsistas de produtividade em pesquisaResumo
À luz de uma perspectiva feminista, o artigo traça e analisa o perfil de pesquisadoras bolsistas de produtividade em pesquisa da UFBA. Assim, toma como fonte de pesquisa as informações extraídas do sítio do CNPq, em 2018, após os resultados da Chamada CNPq Nº 12/2017, e os respectivos currículos Lattes dessas cientistas. Para tanto, além da relação quantitativa entre homens e mulheres, o trabalho procura analisar o cruzamento de dados como: os diversos níveis de bolsa, o ano de conclusão do doutorado, a idade, os vínculos com a instituição e a participação no corpo docente de diversos programas de pós-graduação na UFBA. O cotejamento dos dados da pesquisa mostrou que, no universo investigado, as pesquisadoras contempladas com a bolsa PQ perfazem um total de 79 bolsistas( 38,5%), e, desse contingente, a grande maiorias dessas mulheres recebe, sobretudo, as bolsas com os mais baixos níveis - de remuneração, o que faz com que ocorra uma sub-representação ínfima de apenas duas bolsistas PQ-1A e nenhuma Pesquisadora Sênior (SR). Esses dados tornam-se ainda mais surpreendentes quando confrontados com um achado de extrema importância: 73 das 79 bolsistas não são pesquisadoras em início de carreira, visto que concluíram o doutorado há mais de 10 anos, tendo a maioria (56%) concluído entre 11-20 anos. Para completar este enigma, temos um dado importante que requer o uso das potentes “lentes de gênero” no seu desvendamento: mais de - um terço das bolsistas encontram-se aposentadas, atuando heterogeneamente em diferentes áreas do conhecimento e nos mais diversos programas de pós-graduação.
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