AS HISTÓRIAS E O COTIDIANO DAS ORGANIZAÇÕES: UMA POSSIBILIDADE DE DAR VOZ ÀQUELES QUE O DISCURSO HEGEMÔNICO CALA

Autores

  • Josiane Barbosa Gouvêa Universidade Estadual de Maringá - UEM
  • Rocío del Pilar López Cabana Universidade Estadual de Maringá - UEM
  • Elisa Yoshie Ichikawa Universidade Estadual de Maringá - UEM

DOI:

https://doi.org/10.25113/farol.v5i12.3668

Palavras-chave:

História, cotidiano, discursos hegemônicos, estudos organizacionais

Resumo

Neste ensaio teórico procuramos identificar como os sujeitos do cotidiano deixam suas marcas nele, vivendo e construindo histórias que, via de regra, são omitidas nos estudos administrativos. Percebemos que os estudos da administração, em sua maioria, levam em conta os conceitos defendidos pela perspectiva hegemônica, na qual se privilegia a visão de uma organização com identidade e cultura únicas, disseminadas igualmente entre todos os trabalhadores. No entanto, a área de estudos organizacionais nos apresenta novas possibilidades de pesquisa  a partir das quais se pode identificar a riqueza escondida nas vozes que são caladas pelas organizações, as vozes dos homens ordinários. Assim a história é transformada e dividida em histórias que do presente olham para o passado e criam significados que enriquecem sobremaneira a forma como percebemos os ambientes nos quais estamos inseridos.

Referências

Alcadipani, R. & Tureta, C. (2009). Teoria ator-rede e análise organizacional: contribuições e possibilidades de pesquisa no Brasil. Organizações & Sociedade, 16(51), 647-664.

Alves, R. S. & Ericeira, R. C. S. (2017). Histórias de vida: experiências e reflexões de pesquisa com idosos de Volta Redonda. Ayvu, Revista de Psicologia, 3(2), 141-157.

Barros, A. & Carrieri, A. P. (2015). O cotidiano e a história: construindo novos olhares na administração. Revista de Administração de Empresas, 55(2), 151-161.

Bloch, M. (2001). Apologia da história ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

Bosi, E. (2003). Tempo vivo da memória. São Paulo, Ateliê.

Bosi, E. (1994). Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Companhia das letras.

Booth, C. & Rowlinson, M. (2006). Management and organizational history: prospects. Management & Organizational History, 1(1), 5-30.

Bretas, P. F. F. & Carrieri, A. P. (2017). Uma breve reflexão sobre epistemologias, teorias e métodos da prática social da resistência. Revista Espacios, 38(27), 6-18.

Burke, P. (1992). Abertura: a Nova História, seu passado e seu futuro. In: P. Burke. A escrita da história: novas perspectivas (pp. Xx-xx). São Paulo: UNESP.

Carrieri, A. P. (2012). A gestão ordinária. Tese de professor titular, Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil.

Carrieri, A. P., Leite-da-Silva, A. R., & Junquilho, G. S. (2008). O fazer estratégia na gestão como prática social: articulações entre representações sociais, estratégicas e táticas cotidianas nas organizações. Anais do Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, XXXI.

Carrieri, A. P., Perdigão, D. A., & Aguiar, A. R. C. (2014). A gestão ordinária dos pequenos negócios: outro olhar sobre a gestão em estudos organizacionais. Revista de Administração, 49(4), 698-713.

Carrieri, A. P., Saraiva, L. A. S., Lima, G. C. O., & Maranhão, C. M. S. A. (2008). Estratégias subversivas de sobrevivência na “feira hippie” de Belo Horizonte. Gestão.Org, 6(2), 174-192.

Certeau, M. (2000). A invenção do cotidiano: artes de fazer (13a ed.). Petrópolis: Vozes.

Certeau, M. (1995). A cultura no plural. Campinas: Papirus.

Certeau, M., Giard, L., & Mayol, P. (1998). A invenção do cotidiano 2: morar, cozinhar. Petrópolis: Vozes.

Clegg, S. R. & Hardy, C. (1998). Introdução: organização e estudos organizacionais. In: S. R. Clegg, C. Hardy, & W. Nord (Orgs.). Handbook de estudos organizacionais: modelos de análise e novas questões em estudos organizacionais (pp. 29-58). São Paulo: Atlas.

Costa, A. S. M., Barros, D. F., & Martins, P. E. M. (2010). Perspectiva histórica em administração: novos objetos, novos problemas, novas abordagens. Revista de Administração de Empresas, 50(3), 288-299.

Costa, A. S. M. & Saraiva, L. A. S. (2011). Memória e formalização social do passado nas organizações. Revista de Administração Pública, 45(6), 1761-1780.

Curado, I. (2001). Pesquisa historiográfica em administração: uma proposta metodológica. Anais do Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, Campinas, SP, Brasil, XXV.

Del Priori, M. (1997). História do cotidiano e vida privada. In: C. F. & R. Vainfas (Orgs). Domínios da história: ensaios de teoria e metodologia (pp. 376-398). Rio de Janeiro: Elsevier.

Fairclough, N. (2001). Discurso e mudança social. Brasília: UnB.

Gabriel, Y. (2004). Narratives, stories and texts. In: D. Grant, C. Hardy, C. Oswick, & L. Putnam (Eds). The sage handbook of organizational discourse (pp. 61-77). London: SAGE.

Giard, L. (1998). Apresentação. In: Certeau, M. A invenção do cotidiano: artes de fazer (pp. 9-31). Petrópolis: Vozes.

Gomes, A. F. & Santana, W. G. P. (2010). A história oral na análise organizacional: a possível e promissora conversa entre a história e a administração. Cadernos EBAPE. BR, 8(1), 1-18.

Grant, D., Hardy, C., Oswick, C., & Putnam, L. Introduction: organizational discourse: exploring the field. In: D. Grant, C. Hardy, C. Oswick, & L. Putnam (Eds). The sage handbook of organizational discourse (pp. 1-36). London: SAGE.

Guarinello, N. L. (2004). História científica, história contemporânea e história cotidiana. Revista Brasileira de História, 24(48), 13-38.

Heller, A. (1985). O cotidiano e a história. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Junquilho, G. S., Almeida, R. A. & Silva, A. R. L. (2012). As “artes do fazer” gestão na escola pública: uma proposta de estudo. Cadernos EBAPE.BR, 10(2), 329-356.

Kenski, V. M. (1997). Sobre o conceito de memória. In: I. C. Fazenda (Org.). A pesquisa e as transformações do conhecimento. Campinas: Papirus.

Lang, A. B. S. G. (1996). História oral: muitas dúvidas, poucas certezas e uma proposta. In: J. C. B. Meihy (Org). (Re)introduzindo história oral no Brasil (pp. 33-47). São Paulo: Xamã.

Lefebvre, H. (1991). A vida cotidiana no mundo moderno. São Paulo: Atica.

Lefebvre, H. (1978). De lo rural a lo urbano. Barcelona: Península.

Leite, R. P. (2010). A inversão do cotidiano: práticas sociais e rupturas na vida urbana contemporânea. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 53(3), 737-756.

Lukács, G. (2013). A relação sujeito-objeto na estética. Artefilosofia, 14, 1-29.

Lukács, G. (2012). Para uma ontologia do ser social I. São Paulo: Boitempo.

Lukács, G. (2010). Prolegômenos para uma ontologia do ser social. São Paulo: Boitempo.

Machado, E. A. (2010). História do tempo presente: um desafio possível. Revista Eletrônica Boletim do Tempo Presente, 5(6), s.p.

Napolitano, V. & Pratten, D. (2007). Michel de Certeau: ethnography and the challenge of plurality. Social Anthropology/Anthropologie Sociale, 15, 1-12.

Netto, J. P. (2012). Para a crítica da vida cotidiana. In: J. P. Netto & M. C. Brant de Carvalho. Cotidiano: conhecimento e crítica (pp. Xxx-xxx). São Paulo: Cortez.

Orellana, R. C. (2012). Michel de Certeau: história e ficção. Princípios – Revista de Filosofia, 19(31), 5-27.

Penna, R. S. (2005). Fontes orais e historiografia: avanços e perspectivas. Porto Alegre: EDIPUCRS.

Pollak, M. (1989). Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos, 2(3), 3-15.

Roberts, J. (2006). Philosophizing the everyday: revolutionary praxis and the fate of cultural. London: Pluto Press.

Santos, M. (2004). Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. São Pauto: Record.

Souza, E. M. & Costa, A. M. (2013). Usos e significados do conhecimento histórico em estudos organizacionais: uma (re)leitura do taylorismo sob a perspectiva do poder disciplinar. Cadernos EBAPE.BR, 11(1), 1-15.

Üsdikem, B. & Kieser, A. (2004). Introduction: history in organisation studies. Business History, 46(3), 321-330.

Vieira, M. M. F. & Caldas, M. P. (2006). Teoria crítica e pós-modernismo: principais alternativas à hegemonia funcionalista. Revista de Administração de Empresas, 46(1), 59-68.

Wanderley, S., Barros, A., Costa, A. M., & Carrieri, A. P. (2016). Caminhos e percursos da História em Administração: um chamado à reflexão sobre o tempo e a construção do presente. Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, 3(8), 801-820.

Xavier, W. S., Barros, A. N., Cruz R. C., & Carrieri, A. P. (2012). O imaginário dos mascates e caixeiros-viajantes de Minas Gerais na formação do lugar, do não lugar e do entrelugar. Revista de Administração, 47(1), 38-50.

Downloads

Publicado

2018-05-21

Edição

Seção

Ensaios