RELIGIÃO E CONSUMO: ASPECTOS CONCEITUAIS, LIMITES E POSSIBILIDADES
DOI:
https://doi.org/10.25113/farol.v2i4.2518Palavras-chave:
Religião, Consumo, Consumo do simbólico, Artigos religiosos, Bourdieu.Resumo
Embora haja uma rica tradição sociológica que tem por objeto temáticas relacionadas ao universo religioso, ainda são incipientes os esforços que buscam relacionar os fenômenos de natureza organizacional e a religiãoem si. Emoutro extremo, há uma vigorosa busca, por parte dos pesquisadores, no sentido de melhor compreender a dinâmica cultural relacionada ao universo do consumo, especialmente no que tange a sua dimensão simbólica. É objeto deste trabalho teórico, portanto, melhor compreender a natureza particular do comportamento de consumo do simbólico presente na mercantilização de artigos religiosos. Partindo do modelo de transferência de sentido proposto por McCracken (1986), o artigo aponta seus limites, em grande parte derivados da natureza específica deste tipo de negócio, e propõe um modelo, inspirado nos trabalhos de Pierre Bourdieu, que seja melhor adaptável ao consumo de artigos religiosos.
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