LIDERANÇA, BEM-ESTAR NO TRABALHO E O DARK TRIAD: ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DE COLABORADORES BRASILEIROS

Autores/as

  • Márcia Figueredo D'Souza Universidade do Estado da Bahia
  • Ana Maria Roux Valentini Coelho César Universidade Presbiteriana Mackenzie

DOI:

https://doi.org/10.22561/cvr.v33i2.7191

Palabras clave:

Liderança

Resumen

O estudo objetiva a análise da influência dos traços de personalidade do Dark Triad em líderes sobre o bem-estar no trabalho de colaboradores. Para tanto, foi aplicado um survey com 268 colaboradores brasileiros. A estatística descritiva, o teste de hipóteses, as regressões múltipla e logística foram aplicadas. Os resultados evidenciaram que os colaboradores percebem seus líderes com traços narcisistas. Quanto ao bem-estar no trabalho, os colaboradores exibiram maior sentimento de realização no trabalho. As dimensões do bem-estar relativas aos afetivos positivos, negativos e de realização, mostraram-se diferentes na presença de líderes com traços maquiavélicos e psicopáticos. Os três traços associaram-se positivamente às emoções e aos humores negativos no ambiente laboral e negativamente aos afetos positivos e de realização no trabalho. Quanto mais fortes os traços maquiavélicos, maior a propensão para afetos negativos e menor propensão para afetos positivos e de realização. Os resultados oportunizam a reflexão sobre as ações de líderes com traços elevados da tríade sombria que interferem nos sentimentos e emoções positivas e impactam nas perspectivas de realização profissional dos colaboradores. Suscita o debate sobre os desdobramentos comportamentais de líderes ricos desses traços no ambiente laboral no período de crise pandêmica, haja vista o impacto direto na produtividade organizacional e saúde mental dos colaboradores. Ademais, implicam um olhar mais cuidadoso nos ambientes educacionais e programas de desenvolvimento de competências em liderança, com vistas a promover a empatia, busca de altruísmo e de valores de orientação para a vida, que considerem a valorização dos grupos e o bem-estar geral.

Biografía del autor/a

Márcia Figueredo D'Souza, Universidade do Estado da Bahia

Pós-Doutorado em Controladoria e Contabilidade FEA/USP. Doutora em Controladoria e Contabilidade FEA/USP. Professora da Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Ciências Humanas e Tecnologia, Camaçari, BA, Brasil.

Endereço: Rua Bicuíba, 1291, Apto. 1301, Patamares, CEP 41680-050, Salvador, Bahia

E-mail: marciafdsouza@yahoo.com.br

Tel: (71)98142-7175

https://orcid.org/0000-0002-3196-5396

Ana Maria Roux Valentini Coelho César , Universidade Presbiteriana Mackenzie

Pós-doutorado - Laboratory of Neuromodulation - Harvard Medical School. Doutorado em Administração pela FEA/USP. Professora do Programa de Pós-graduação em Controladoria e Finanças Empresariais -Doutorado profissional, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, SP, Brasil. 

Endereço: Rua Apinagés,1752, Apto. 401, Sumaré, CEP 01258-000, São Paulo, SP

E-mail: anamaria.cesar@mackenzie.br

Tel: (11) 99966-6562.

https://orcid.org/0000.0002.6882.0860

Citas

Agapito, P. R., Polizzi F, A., Siqueira, M., & Matias, M. (2015). Bem-estar no trabalho e percepção de sucesso na carreira como antecedentes de intenção de rotatividade. Revista de Administração Mackenzie, RAM, 16(6), 71-93. DOI: https://doi.org/10.1590/1678-69712015/administracao.v16n6p71-93

Albuquerque, A. S. &, Tróccoli, B. T. (2004). Desenvolvimento de uma escala de bem-estar subjetivo. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 20, 153-164. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-37722004000200008

Aghababaei, N., & Błachnio, A. (2015). Well-being and the Dark Triad. Personality and individual differences, 86, 365-368. DOI: https://doi.org/10.1016/j.paid.2015.06.043

Alves, R. S., Puppin, L., Nascimento, E. M., & Da Cunha, J. V. A. (2019). Maquiavelismo e sua relação com atividades contraproducentes nos estudantes de ciências contábeis. Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade (REPeC), 13(1), 89-109. DOI: 10.17524/repec.v13i1.2135.

Chatterjee, A., & Hambrick. D. C. (2007). It’s all about me: narcissistic chief executive officers and their effects on company strategy and performance. Administrative Science Quarterly, 52(3), 351-386. DOI: https://doi.org/10.2189/asqu.52.3.351

Christie, R., & Geis, F. L. (1970). Studies in machiavellianism. New York: Academic Press.

Couto, P. R., & Paschoal, T. (2012). Relação entre ações de qualidade de vida no trabalho e bem-estar laboral. Psicologia Argumento, 30(70), 585-593. DOI:10.7213/rpa.v30i70.20563.

D’Souza, M. F. (2016). Manobras financeiras e o Dark Triad: o despertar do lado sombrio na gestão. (Tese de Doutorado). Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

D’Souza, M. F., & de Lima, G. A. S. F. (2021). Narcissism, risk and uncertainties: analysis in the light of prospect and fuzzy-trace theories. RAUSP Management Journal, 56(1), 129-147. DOI: 10.1108/RAUSP-10-2019-0226

D’Souza, M. F., Lima, G. A. S. F. D., Jones, D. N., & Carre, J. R. (2019). Eu ganho, a empresa ganha ou ganhamos juntos?: traços moderados do dark triad e a maximização de lucros. Revista de Contabilidade & Finanças, 30(79), 123-138. DOI: https://doi.org/10.1590/1808-057x201806020

Daniels, K. (2000). Measures of five aspects of affective well-being at work. Human Relations, 53(2), 275-294. DOI: 10.1177/0018726700532005

Fávero, L. P. L., Belfiore, P. P., Silva, F. L., & Chan, B. L. (2009). Análise de dados: modelagem multivariada para tomada de decisões. Rio de Janeiro: Campus Elsevier.

Góis, A. D., Lima, G. A. S. F. D., & De Luca, M. M. M. (2020). Everyday sadism in the business area. RAUSP Management Journal, 55(3), 393-408. DOI: https://doi.org/10.1108/RAUSP-03-2019-0048

Gomide, S., Jr., Silvestrin, L. H. B., & Oliveira, Á. F. (2015). Bem-estar no trabalho: O impacto das satisfações com os suportes organizacionais e o papel mediador da resiliência no trabalho. Revista Psicologia Organizações e Trabalho, 15(1), 19–29. DOI: 10.17652/rpot/2015.1.349

Gouveia, V. V., Monteiro, R. P., Gouveia, R. S. V., Athayde, R. A. A., & Cavalcanti, T. M. (2016). Avaliando o lado sombrio da personalidade: evidências psicométricas do Dark Triad Dirty Dozen. Revista Interamericana de Psicología/Interamerican Journal of Psychology, 50(3), 420-432.

Gujarati, D. N., & Porter, D. C. (2011). Econometria básica. 5a ed. Rio de Janeiro: Campus Elsevier.

Hair, J. F Jr., Black, W. C., Babin, B.J., Anderson, R.E., & Tatham, R. L. (2009). Análise multivariada de dados. Porto Alegre: Bookman.

Hambrick, D. C. (2007). Upper echelons theory: an update. Academy of Management Review, 32(2), 334-343. DOI: https://doi.org/10.2307/20159303

Hare, R. D. (1985). Comparison of procedures for the assessment of psychopathy. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 53(1), 7-16. DOI: https://doi.org/10.1037/0022-006X.53.1.7

Johnson, E. N., Kuhn, J. R., Jr., Apostolou, B., & Hassell, J. M. (2013). Auditor perceptions of client narcissism as a fraud attitude risk factor. Auditing: A Journal of Theory & Practice, 32(1), 203-219. DOI: 10.2308/ajpt-50329

Jonason, P. K., Slomski, S., & Partyka, J. (2012). The dark triad at work: how toxic employees get their way. Personality and Individual Differences, 52(3), 449-453. DOI: https://doi.org/10.1016/j.paid.2011.11.008

Jonason, P. K., & Webster, G. D. (2010). The dirty dozen: a concise measure of the dark triad. Psychological assessment, 22(2), 420. DOI: https://doi.org/10.1037/a0019265

Jones, D. N., & Paulhus, D. L. (2014). Introducing the short dark triad (SD3): a brief measure of dark personality traits. Assessment, 21(1), 28-41. DOI: https://doi.org/10.1177/1073191113514105

Lakey, C. E., Rose, P., Campbell, W. K., & Goodie, A. S. (2008). Probing the link between narcissism and gambling: the mediating role of judgment and decision-making biases. Journal of Behavioral Decision Making, 21(2), 113-137. DOI: https://doi.org/10.1002/bdm.582

Mathieu, C., Neumann, C. S., Hare, R. D., & Babiak, P. (2014). A dark side of leadership: Corporate psychopathy and its influence on employee well-being and job satisfaction. Personality and Individual Differences, 59, 83-88. DOI: https://doi.org/10.1016/j.paid.2013.11.010

Murphy, P. R. (2012). Attitude, machiavellianism and the rationalization of misreporting. Accounting, Organizations and Society, 37(4), 242-259. DOI: https://doi.org/10.1016/j.aos.2012.04.002

O’Boyle, E. H., Jr., Forsyth, D. R., Banks, G. C., & McDaniel, M. A. (2012). A meta-analysis of the dark triad and work behavior: a social exchange perspective. Journal of Applied Psychology, 97(3), 557-579. DOI: https://doi.org/10.1037/a0025679

Palmer, J. C., Komarraju, M., Carter, M. Z., & Karau, S. J. (2017). Angel on one shoulder: can perceived organizational support moderate the relationship between the Dark Triad traits and counterproductive work behavior?. Personality and Individual Differences, 110, 31-37. DOI: https://doi.org/10.1016/j.paid.2017.01.018

Paschoal, T., & Tamayo, A. (2008). Construção e validação da escala de bem-estar no trabalho. Avaliação psicológica, 7(1), 11-22.

Paschoal, T., Álvaro J. L., & Porto J. B. (2015) The moderating effect of personal values in the relationship between working conditions and wellbeing. Revista de Psicología Social, 30(1), 89-121. DOI: 10.1080/02134748.2014.987505

Paulhus, D. L., & Williams, K. (2002). The dark triad of personality: narcissism, machiavellianism, and psychopathy. Journal of Research in Personality, 36(6), 556-563. DOI: https://doi.org/10.1016/S0092-6566(02)00505-6

Raskin, R., & Hall, C. S. (1979). A narcissistic personality inventory. Psychological Reports, 45, 590. DOI: 10.2466/pr0.1979.45.2.590

Ryan, R. M., & Deci, E. L. (2001). On happiness and human potentials: A review of research on hedonic and eudaimonic well-being. Annual Review of Psychology, 52(1), 141-166. DOI: 10.1146/annurev.psych.52.1.141

Sant'anna, L. L., Paschoal, T., & Gosendo, E. E. M. (2012). Bem-estar no trabalho: relações com estilos de liderança e suporte para ascensão, promoção e salários. Revista de Administração Contemporânea, 16(5), 744-764. DOI: https://doi.org/10.1590/S1415-65552012000500007

Santos, G. B. (2013). Bem-estar e condições de trabalho de professores do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco. (Dissertação de Mestrado). Programa de Pós-Graduação Integrado em Saúde Coletiva, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil.

Shafer, W. E. (2015). Ethical climate, social responsibility, and earnings management. Journal of Business Ethics, 126(1), 43-60. DOI: https://doi.org/10.1007/s10551-013-1989-3

Silva, A., Cunha, P. R., & D’Souza, M. F. (2020, julho). Influência do Dark Triad de executivos no gerenciamento de resultados. Anais do USP Internacional Conference in Accounting, São Paulo, SP, Brasil, 20. https://congressousp.fipecafi.org/anais/20UspInternational/ArtigosDownload/2441.pdf.

Siqueira, M. M. M., & Padovam, V. A. R. (2008). Bases teóricas de bem-estar subjetivo, bem-estar psicológico e bem-estar no trabalho. Psicologia: teoria e pesquisa, 24(2), 201-209. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-37722008000200010

Spain, S. M., Harms, P., & LeBreton, J. M. (2014). The dark side of personality at work. Journal of Organizational Behavior, 35, 41-60. DOI: https://doi.org/10.1002/job.1894

Triberti, S., Durosini, I., & Pravettoni, G. (2021). Social distancing is the right thing to do: Dark Triad behavioral correlates in the COVID-19 quarantine. Personality and Individual Differences, 170, 110453. DOI: https://doi.org/10.1016/j.paid.2020.110453

Van Horn, J. E., Taris, T. W., Schaufeli, W. B., & Schreurs, P. J. (2004). The structure of occupational well‐being: A study among dutch teachers. Journal of occupational and Organizational Psychology, 77(3), 365-375. DOI: https://doi.org/10.1348/0963179041752718

Vilarinho, K. P. B., Paschoal, T., & Demo, G. (2021). Teletrabalho na atualidade: quais são os impactos no desempenho profissional, bem-estar e contexto de trabalho? Revista do Serviço Público, 72(01), 133-162. DOI: 10.21874/rsp.v72i01.4938.

Volmer, J., Koch, I. K., & Göritz, A. S. (2016). The bright and dark sides of leaders' dark triad traits: Effects on subordinates' career success and well-being. Personality and Individual Differences, 101, 413-418. DOI: https://doi.org/10.1016/j.paid.2016.06.046

Ying, L., & Cohen, A. (2018). Dark triad personalities and counterproductive work behaviors among physicians in China. The International journal of health planning and management, 33(4), e985-e998. DOI: 10.1002/hpm.2577

Wooldridge, J. M. (2002), Econometric analysis of cross section and panel data. Cambridge: The MIT Press.

Publicado

2022-09-13

Cómo citar

FIGUEREDO D’SOUZA, M. .; ROUX VALENTINI COELHO CÉSAR , A. M. . LIDERANÇA, BEM-ESTAR NO TRABALHO E O DARK TRIAD: ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DE COLABORADORES BRASILEIROS. Contabilidade Vista & Revista, [S. l.], v. 33, n. 2, p. 209–231, 2022. DOI: 10.22561/cvr.v33i2.7191. Disponível em: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/contabilidadevistaerevista/article/view/7191. Acesso em: 20 dic. 2024.