VALUE RELEVANCE DAS PROVISÕES E PASSIVOS CONTINGENTES NAS COMPANHIAS BRASILEIRAS
DOI:
https://doi.org/10.22561/cvr.v35i3.8124Palavras-chave:
Provisões, Passivos Contingentes, Relevância, CPC 25Resumo
A pesquisa analisou o value relevance do reconhecimento de provisões e divulgação de passivos contingentes de caráter possível nas companhias brasileiras, de modo a se verificar se a distinta forma de divulgação impactaria no preço de mercado da companhia. Os dados foram extraídos, principalmente, das Demonstrações Financeiras Padronizadas das companhias listadas no Índice Brasil 100 da B3 (IBrX 100), no período 2010 a 2020, o que resultou em um total de 927 observações. A análise dos dados em painel foi feita por meio de regressões Ordinary Least Squares (OLS) e Generalized Least Squares (GLS), baseando-se no modelo de relevância de Ohlson (1995) adaptado por Collins et al. (1997). Dentre os resultados, está a de que as provisões apresentam uma relação significativa – e negativa – com o valor de mercado das companhias de capital aberto brasileiras. Verificou-se que o reconhecimento de uma unidade de provisão tende a refletir negativamente no preço de mercado da ação, em um montante de aproximadamente quatro unidades. Este achado pode estar relacionado ao baixo conservadorismo das companhias brasileiras sob o ponto de vista contábil, à constante reclassificação das obrigações de caráter contingente e à incerteza quanto à magnitude do desembolso futuro, fatos que sensibilizam a percepção do usuário quanto à potencial subavaliação no reconhecimento das provisões. Já os coeficientes dos passivos contingentes não se apresentaram estatisticamente significantes, o que indica diferença de percepção entre provisões e passivos contingentes, pelos usuários, por conta destes últimos estarem submetidos a padrões menos elevados de auditoria.
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