OTIMIZANDO A ALOCAÇÃO DE CAPITAL: ANÁLISE DO SETOR BANCÁRIO POR MEIO DO MODELO RAROC
DOI:
https://doi.org/10.22561/cvr.v35i2.8080Palavras-chave:
Finanças, Retorno Ajustado ao Risco, RAROC, Valor em Risco, Capital EconômicoResumo
Os Acordos de Basileia têm exigido, de forma crescente, que as instituições financeiras aloquem mais capital e de maior qualidade para cobrir perdas inesperadas. Como resultado, a decisão de alocar capital em um produto em detrimento de outro representa um trade-off significativo para os gestores, ressaltando a necessidade de ferramentas robustas de tomada de decisão que incorporem o risco para maximizar os retornos. Este artigo propõe uma abordagem empírica para servir como um modelo interno de cálculo de capital econômico, utilizando a metodologia RAROC (Retorno Ajustado ao Risco sobre o Capital) para analisar seu impacto na rentabilidade da carteira de crédito de um banco, segmentada por produto de crédito. Além disso, compara esses resultados com aqueles obtidos a partir de modelos regulatórios padronizados de capital. O conjunto de dados utilizado nesta análise, fornecido por uma instituição financeira, cobre seus dois principais produtos de negócio — empréstimos consignados e empréstimos de capital de giro — no período de janeiro de 2011 a junho de 2019. Para o modelo interno, empregamos modelos de Valor em Risco (VaR) com Simulações de Monte Carlo. Os resultados mostram que os empréstimos consignados superam os empréstimos de capital de giro em termos de RAROC, independentemente de ser utilizado capital regulatório ou econômico, tornando-os uma opção mais atraente para investimento de capital. Além disso, a adoção dos modelos internos propostos aumentaria significativamente o RAROC dos empréstimos consignados, passando de 5,76% para 38,37% em junho de 2019, melhorando assim a otimização do capital. Em conclusão, os testes gerais indicam que os modelos propostos tiveram um bom desempenho e poderiam ser empregados de forma eficaz pelas instituições financeiras, oferecendo insights inovadores que contribuem substancialmente para a gestão estratégica focada em riscos.
Referências
Abd-Elfattah, A. M. (2011). Goodness of fit test for the generalized Rayleigh distribution with unknown parameters. Journal of Statistical Computation and Simulation, 81(3), 357-366. DOI: https://doi.org/10.1080/00949650903348155
Allen, L., Boudoukh, J., & Saunders, A. (2009). Understanding market, credit, and operational risk: the value at risk approach. John Wiley & Sons.
Assis, J.S. (2017). Análise do RAROC utilizando modelo Dupont dos Bancos Privados listados na BM&FBovespa de 2010 a 2015. Master Degree Dissertation. Pontifica Universidade Católica de São Paulo PUC-SP, São Paulo.
BACEN – Central Bank of Brazil (Banco Central do Brasil). (2018). Concorrência no Sistema Financeiro. Brasília, 2018. https://www.bcb.gov.br/pec/depep/spread/REB_2018.pdf
Bastos; N.T. (2000). Rentabilidade Ajustada ao Risco das Operações Bancárias de Crédito (RAROC). Revista de Tecnologia de Crédito, 7-20.
BCBS – Basel Committee on Banking Supervision. (2014). A brief history of the Basel Committee. Bank for International Settlements. http://www.spaeth.ru/HS20152016/artikel_14.pdf
______. (2005). An Explanatory Note on the Basel II IRB Risk Weight Functions. Bank for International Settlements, 2005.
Bessis, J. (2011). Risk management in banking. John Wiley & Sons.
Brito, G. A. S., & Neto, A. A. (2008). Modelo de risco para carteiras de créditos corporativos. Revista de Administração-RAUSP, 43(3), 263-274. DOI: https://doi.org/10.1590/S0080-21072008000300005
Brugnera, A.; Gientorski, L.C. (1998). Resultado Operacional da Atividade Bancária: uma abordagem gerencial. V Congresso Brasileiro de Gestão Estratégica de Custos, Fortaleza.
Carollo, J.R. (2008). Conhecendo e aplicando o RAROC à política de crédito. Revista Tecnologia de Crédito, Serasa Experian, 66.
Carvalho, J. A., Pereira, J. V., & Dantas, J. A. (2018). As instituições financeiras brasileiras usam a PCLD para gerenciamento de capital?. Enfoque: Reflexão Contábil, 37(2), 127-140. DOI: https://doi.org/10.4025/enfoque.v37i2.34077
Castro Junior, S.C. (2011). Variações da metodologia de RAROC e sua utilização para cálculo do EVA: Aplicação feita em bancos brasileiros. Master Degree Dissertation. FEA-USP, Ribeirão Preto.
Ding, X., Feng, Y., & Liang, G. (2018). Research on Performance Evaluation of Listed Companies in China Based on Factor Analysis and Cluster Analysis. Advances in Social Science, Education and Humanities Research, 220, 172–176.
Dowd, K. (1998). Beyond value at risk: the new science of risk management (Vol. 96). John Wiley & Sons Limited.
Enomoto, N. S. (2002). Uma contribuição à gestão do risco de crédito baseado no modelo Raroc-retorno ajustado ao risco de capital (Doctoral dissertation).
Fernandes, F. D. S. (2013). Testes de ajuste a distribuições estatísticas e métodos para estimação dos parâmetros em análises de fiabilidade (Doctoral dissertation, Instituto Superior de Engenharia de Lisboa).
Gilli, M., & Këllezi, E. (2006). An application of extreme value theory for measuring financial risk. Computational Economics, 27, 207-228. DOI: https://doi.org/10.1007/s10614-006-9025-7
Jarrow, R. A., & Turnbull, S. M. (2000). The intersection of market and credit risk. Journal of Banking & Finance, 24(1-2), 271-299.
Jorion, P. (2007). Financial Risk Manager Handbook (Vol. 406). John Wiley & Sons.
______. (2007). Value at risk: the new benchmark for managing financial risk. The McGraw-Hill Companies, Inc.
Kececioglu, D. (2002). Reliability and life testing handbook (Vol. 2). DEStech Publications, Inc.
Klaassen, P.; Van Eeghen, I. (2015). Analyzing Bank Performance - Linking ROE, ROA and RAROC: U.S. commercial banks 1992-2014. The Journal of Financial Perspectives, 3, 2.
Kong, J.; Li, J.; Ye, M. (2017). An Empirical Analysis of Loans Pricing of Commercial Banks for SMEs Bases on RAROC Model. Advances in Social Science, Education and Humanities Research, 101:1273–1277.
Kraus, C. (2013). EVA/RAROC vs. MCEV earnings: A unification approach. The Geneva Papers on Risk and Insurance-Issues and Practice, pp. 38, 113–136.
Lima, F.G.; Castro Junior, S.C.; Pimenta Junior, T.; Gaio, L.E. (2014). Performance of the different RAROC models and their relation with the creation of economic value: A study of the largest banks operating in Brazil. Contaduria y Administracion, 59:87–104.
Lopez, J. A., & Saidenberg, M. R. (2000). Evaluating credit risk models. Journal of Banking & Finance, 24(1-2), 151-165.
Magnou, G. (2018). Modelling Credit Risk: The Loss Distribution of a Loan Portfolio. COMPENDIUM, 5(12), 77–90.
Marinho, D. M., & de Castro, M. A. F. (2018). Análise Comparativa da Alavancagem do Setor Incorporador e o Acordo d Basileia III No Brasil (No.lares_2018_paper_101-marinho-castro). Latin American Real Estate Society (LARES).
Marshall, C. (2001). Measuring and Managing Operational Risk in Financial Institutions. Singapore: John Wiley, 2001.
Oppong, S. O., Asamoah, D., & Oppong, E. O. (2016, May). Value at risk: historical simulation or Monte Carlo simulation. In International Conference on Management, Communication and Technology (ICMCT), 4(1).
Prokopczuk, M., Rachev, S. T., Schindlmayr, G., & Trück, S. (2007). Quantifying risk in the electricity business: A RAROC-based approach. Energy Economics, 29(5), 1033-1049.
RFB – Brazilian Internal Revenue Service. (2019). Tributos Federais administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. http://receita.economia.gov.br/acesso-rapido/tributos/
Saunders, A. (2000). Administração de instituições financeiras. trad. Antônio Zorato Sanvicente. São Paulo: Atlas.
Securato, J. R. (2002). Crédito: análise e avaliação do risco-pessoas físicas e jurídicas. São Paulo: Saint Paul.
Smithson, C., & Hayt, G. (2001). Optimizing the allocation of capital. RMA Journal, pp. 67–7.
Stoughton, N. M., & Zechner, J. (2007). Optimal capital allocation using RAROC™ and EVA®. Journal of Financial Intermediation, 16(3), 312–342.
Zaik, E., Walter, J., Retting, G., & James, C. (1996). RAROC at Bank of America: from theory to practice. Journal of Applied Corporate Finance, 9(2), 83–93. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1745-6622.1996.tb00117.x
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A submissão do texto para avaliação implica no compromisso de que o material não seja submetido a um outro periódico nacional ou internacional e autoriza, caso aprovado, a sua publicação.
Os artigos publicados são de responsabilidade dos autores não traduzindo, necessariamente, a opinião da revista. A reprodução dos artigos, total ou parcial, pode ser feita desde que citada esta fonte.
Considerando que o(s) autor(es) do texto concorda(m) com a sua publicação, caso o mesmo seja aprovado pela revista, sem que disso lhe seja devido qualquer remuneração, reembolso ou compensação de qualquer natureza, a Revista Contabilidade Vista & Revista através do Departamento de Ciências Contábeis da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais, detém todos os direitos autorais dos textos publicados, conforme a legislação brasileira vigente.
Os direitos autorais para artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. Em virtude de aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais e não-comerciais. A revista permitirá o uso dos trabalhos publicados para fins não-comerciais, incluindo direito de enviar o trabalho para bases de dados de acesso público.