ENQUANTO TODOS DORMEM: UM ESTUDO SOBRE O TRABALHO NOTURNO NA INDÚSTRIA

Autores

  • Marília Veríssimo Veronese UNISINOS
  • Julice Salvagni UFRGS

DOI:

https://doi.org/10.25113/farol.v11i32.7887

Palavras-chave:

Trabalho noturno, Psicodinâmida do Trabalho, Teoria da Ideologia, Sofrimento Psicossocial

Resumo

Este artigo analisa o trabalho noturno, enfocando algumas dimensões psicossociais da experiência do trabalhador que nele atua. Os principais articuladores teóricos da análise são a Teoria da Ideologia e a Psicodinâmica do Trabalho. A partir de uma pesquisa empírica realizada com trabalhadores da indústria, submetidos a jornadas fixas de trabalho noturno, das 22 às 06h, com folga rotativa, reflete-se sobre as dificuldades associadas a esse regime de trabalho e possíveis soluções para minimizá-las, utilizando perspectiva crítica e reflexiva e propondo ao final três dimensões centrais: a filosófico-epistemológica, a ética e a da práxis.

Biografia do Autor

Marília Veríssimo Veronese, UNISINOS

Tem graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1991), mestrado em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1999) e doutorado em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2004). Realizou estágio sanduíche na Universidade de Havana em 2001 sob orientação do prof. Miguel Roca e no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra em 2003, sob orientação de Boaventura de Sousa Santos. Atualmente é professor Titular I do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), sendo pesquisadora associada do grupo de pesquisa em Economia Solidária e Cooperativa (ECOSOL). 

Julice Salvagni, UFRGS

Professora Adjunto no Departamento de Ciências Administrativas, na área de Estudos Organizacionais, e no Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Doutora em Sociologia (UFRGS/CAPES - 2012). Mestre em Ciências Sociais (Unisinos- 2011), Especialista em Gestão Empreendedora (Ftec- 2009) e Psicóloga (Unisinos- 2007). 

Referências

Alves, Giovanni (2015). Trabalho e subjetividade: o espírito do toyotismo na era do capitalismo manipulatório. São Paulo: Boitempo.

Antunes, Ricardo (2015a). Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo.

Antunes, Ricardo (2015b). O caracol e sua concha: ensaios sobre a nova morfologia do trabalho. São Paulo: Boitempo.

Antunes, Ricardo (2013). A nova morfologia do trabalho. Revista Jurídica Centro Universitário UniSEB, 3(3), 93-102.

Antunes, Ricardo (2008). Desenhando a nova morfologia do trabalho: As múltiplas formas de degradação do trabalho. Revista Crítica de Ciências Sociais, 83, 19-34.

Bardin, Laurence (2008). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.

Boff, Jamila, Gonçalves, Júlia, & Martins, Lara B. (2021). Trabalho noturno e suporte organizacional: entrevistas com trabalhadores de uma indústria gráfica. Revista de Psicologia da IMED, 13(1), 105-123.

Carvalho, Anna C. O. & Lessí, Inês F. P. (2018): Reforma trabalhista no Brasil: avançando para o passado. Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana. Recuperado em 24 agosto 2024, de: https://www.eumed.net/rev/oel/2018/08/reforma-trabalhista-brasil.html.

Coelho, Martina P. , Pinto, Olaine O., Mota, Maria C., & Crispim, Cibele A. (2014). Nutritional damages and disturbances in the sleep pattern of nursing workers/Prejuicios nutricionales y alteraciones en los patrones de sueño de los trabajadores de Enfermería. Revista Brasileira de Enfermagem, 67(5), 832-842.

Costa, Wesley R., Belo, Raquel P., Sales, Mayara S., Sales, Igor C., Rodrigues, Pollyana, N. V. (2018). Trabalho noturno: seus efeitos na saúde dos trabalhadores da área de saúde na cidade de Parnaíba-PI. Revista Perspectivas Online: Humanas Sociais & Aplicadas, 8(21), 37-50.

Dejours, Christophe. (2022). Trabalho vivo, v. 2: Trabalho e emancipação. São Paulo: Blücher.

Dejours, Christophe (2012). Psicodinâmica do trabalho e teoria da sedução. Psicologia em Estudo, 17(3), 363-371.

Dejours, Christophe (2010). Um suicídio no trabalho é uma mensagem brutal. Recuperado em 12 julho, 2014 de: https://www.publico.pt/2010/02/01/sociedade/noticia/um-suicidio-no-trabalho-e-uma-mensagem-brutal-1420732.

Dejours, Christophe (1999). A banalização da injustiça social. Rio de Janeiro: FGV.

Dejours, Christophe (1997). O fator humano. Rio de Janeiro: FGV.

Dejours, Christophe (1992). A loucura do trabalho: estudo da psicopatologia do trabalho. São Paulo: Cortez.

Dejours, Christophe, Abdouchecheli, Elisabeth, & Jayet, Christian (1994). Psicodinâmica do trabalho: contribuições da escola dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. São Paulo: Atlas.

Ferretti, Marcelo G. & Moreira, Luiz E. Vasconcelos. (2022). Em defesa da consideração do corpo erógeno nos Estudos Organizacionais. Revista de Administração de Empresas, 62(4), e2021-0094.

Figaro, Roseli (2008). O mundo do trabalho e as organizações: abordagens discursivas de diferentes significados. Organicom, 5(9), 90-100.

Gaulejac, Vicent (2005). Gestão como doença social: ideologia, poder gerencialista e fragmentação social. Aparecida: Ideias e Letras.

Guareschi, Pedrinho A. (2003). Pressupostos metafísicos e epistemológicos na pesquisa. Psicologia: Reflexão e Crítica, 16(2), 245-255.

Guareschi, Pedrinho A. (1998). Ideologia. In Maria G. C. Jacques, G.C., Marlene N. Strey, Nara M. G. Bernardes, Pedrinho A. Guareschi, Sérgio A. Carlos, & Tânia M. G. Fonseca (Orgs). Psicologia social contemporânea (pp. 89-103). Petrópolis: Vozes.

Guareschi, Pedrinho A. (1996). A ideologia: um terreno minado. Psicologia & Sociedade, 2(8), 82-94.

Guareschi, Pedrinho A., Roso, Adriane, & Amon, Denise (2016). A atualidade das teorias críticas e a revitalização da categoria analítica “ideologia” na Psicologia Social. Psicologia & Sociedade, 28(3), 552-561.

Hall, Stuart (2000). A identidade cultural na pós-modernidade (4a ed). Rio de Janeiro: DP&A.

Lin, Xiaoti, Chen, Weiyu, Wei, Fengqin, Ying, Mingang, Wei, Weidong, & Xie, Ziaoming (2015). Night-shift work increases morbidity of breast cancer and all-cause mortality: a meta-analysis of 16 prospective cohort studies. Sleep Medicine, 16(11), 1381-1387.

Martins, Rúdi (2023). Influência do trabalho noturno e por turnos na saúde psicossocial dos trabalhadores: o caso dos operadores de lavaria de uma empresa da indústria extrativa. Dissertação de mestrado, Instituto Politécnico de Beja, Beja, Portugal.

Misoczky, Maria C. & Amantino-de-Andrade, Jackeline (2005). Uma crítica à crítica domesticada nos estudos organizacionais. Revista de Administração Contemporânea, 9(1), 193-210.

Moreno, Cláudia R. C., Fischer, Frida M., & Rotenberg, Lúcia (2003). A saúde do trabalhador na sociedade 24 horas. São Paulo em Perspectiva, 17(1), 34-46.

Morgan, David (1988). Focus groups as qualitative research. London: Sage.

Onuma, Fernanda M. S., Zwick, Elisa & Brito, Mozar. (2015). Ideologia gerencialista, poder e gestão de pessoas na administração pública e privada: uma interpretação sob a ótica da análise crítica do discurso. Revista de Ciências da Administração, 17(42), 106-120.

Paula, Ana P. P. , Maranhão, Carolina M. S. A., Barreto, Raquel O., & Klechen, Cleiton F. (2010). A tradição e a autonomia dos estudos organizacionais críticos no Brasil. Revista de Administração de Empresas, 50(1), 10-23.

Pellizari, Kelly & Carvalho Neto, Antonio (2019). O fator econômico e as relações de força e poder no discurso gerencialista. Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, 6(15), 292-324.

Pimenta, Adriano & Assunção, Ada Á. (2015). Night work and hypertension among professionals nursing of Belo Horizonte city. Ciência, Cuidado e Saúde, 14(3), 1211-1219.

Ramin, Cody, Devore, Elizabeth E., Wang, Weike, Pierre-Paul, Jeffrey, Wegrzyn, Lani R., & Schernhammer, Eva S. (2015). Night shift work at specific age ranges and chronic disease risk factors. Journal of Occupational and Environmental Medicine, 72(2), 100-107.

Rotenberg, Lúcia, Portela, Luciana F., Marcondes, Willer B., Moreno, Cláudia, & Nascimento, Cristiano P. (2001). Gender and night work: sleep, daily life, and the experience of night shift workers. Cadernos de Saúde Pública, 17(3), 639-649.

Ribeiro, Herval & Lacaz, Francisco (1994). De que adoecem e morrem os trabalhadores. São Paulo: DIESAT.

Rutenfranz, Joseph, Fischer, Frieda, & Knauth, Peter. (1989). Trabalho em turnos e noturno. São Paulo: Hucitec.

Santos, Andréia A. & Costa, Otávia R. S. (2016). Quality of life at work of the nursing professionals who work on the night shift in a teaching hospital in the south of Minas Gerais. Revista Ciências em Saúde, 6(1), 43-51.

Santos, Daniel, Meira, Alberto T. B., Freitas, Alex S., Albano, João P. A., Mendonça, Helder K. G., Rezende, Daniel A., Carlo, Shélibi C., & Barnabé, Anderson S. (2022). Influência do sono na qualidade da dieta de trabalhadores da área da saúde do período noturno: uma revisão bibliográfica. Research, Society and Development, 11(13), e503111335655.

Silva, Emerson C. G., Chaffin, Rogério A., Silva Neto, Valdo C., & Siqueira Júnior, César L. (2014). Impactos gerados pelo trabalho em turnos. Perspectivas OnLine, 4(13), 265-86.

Silva, Rosângela M., Beck, Carmen L. C., Magnago, Tânia S. B. S., Carmagnani, Maria I. S., Tavares, Juliana P., & Prestes, Francine C. (2011). Trabalho noturno e a repercussão na saúde dos enfermeiros. Escola Anna Nery, 15(2), 270-276.

Sousa, Maria T. O., Poty, Nalma A. R. C., Morais, Fernanda F., Poty, Josefa A. C., Cunha, Barbara J., Faray, Carina S., Bezerra, Cristiane V., Caminha, Jéssica M., Santos, Shelma F., & Santana, Marta S. (2022). Trabalho noturno e as repercussões na saúde dos trabalhadores de enfermagem. Revista Eletrônica Acervo Saúde, 15(11), e11219.

Souza-Lobo, Elizabeth (1991). A classe operária tem dois sexos. São Paulo: Brasiliense.

Souza, Yeda S. (1998). Organizações, Processos de Mudança e Desafios para a Psicologia Organizacional. In Yeda S. & Maria L. T. Nunes (Orgs.). Família, organizações e aprendizagem – ensaios temáticos em psicologia (pp. 169-194). Porto Alegre: PUCRS.

Thompson, John B. (2002). Ideologia e cultura moderna – teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis: Vozes.

Tragtenberg, Maurício (1974). Burocracia e ideologia. São Paulo: Ática.

Downloads

Publicado

2024-11-20

Edição

Seção

Artigos