ANIMAIS SILVESTRES URBANOS: REFUGIADOS AMBIENTAIS E UMA NOVA ORDEM MULTIESPÉCIES

Autores

  • Eveline Baptistella Universidade do Estado de Mato Grosso

DOI:

https://doi.org/10.25113/farol.v11i30.7874

Palavras-chave:

Estudos críticos animais, estudos organizacionais, etnografia multiespecies

Resumo

O presente artigo reflete sobre a questão dos animais silvestres que estão se refugiando nos espaços urbanos e os desdobramentos que tal presença potencializa na organização das cidades. Inscrito na tradição dos Estudos Críticos Animais, este trabalho se baseia na interdisciplinaridade tanto em seu referencial teórico quando em sua metodologia. Trata-se de um estudo de caso cujas fontes de evidência contemplam dados obtidos dentro de um projeto maior de estudo das relações entre animais humanos e não humanos. O corpus inclui informações obtidas por meio da etnografia multiespecies realizada em contextos urbanos e na região do Pantanal Norte (MT); da análise de conteúdo de notícias veiculadas pela imprensa brasileira; e da etnografia on-line na rede social Instagram. As reflexões trazem a importância da inserção dos animais não humanos na esfera de consideração ética dos estudos organizacionais pela via do reconhecimento da importância da agência animal na organização dos espaços urbanos.

Referências

Almiron, Nuria & Cole, Matthew. (2016). The convergence of two critical approches. In Nurial Almiron, Matthew Cole, & Carrie P. Freeman (Eds.). Critical animal and media studies: communication for nonhuman animal advocacy (pp. 1-). New York: Routledge.

Arluke, Arnold, Sanders, Clinton, & Irvine, Leslie. (2022). Regarding animals. Philadelphia: Temple University Press.

Baptistella, Eveline (2021). (Ainda) precisamos falar sobre a ceva: os animais não humanos como trabalhadores no turismo do Pantanal. Revista Uruguaya de Antropología y Etnografía, VI(2), 139-150.

Baptistella, Eveline (2019). Animais e fronteiras: um estudo sobre as relações entre animais humanos e não humanos. Curitiba: Appris.

Baptistella, Eveline (2017). A representação dos animais na imprensa: uma proposta de reflexão ética. Revista Comunicação, Cultura e Sociedade, 5(2), 3-21.

Bardin, Laurence (2016). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.

Bekoff, Mark (2010). A vida emocional dos animais: alegria, tristeza e empatia nos animais: um estudo científico capaz de transformar a maneira como os vemos e tratamos. São Paulo: Cultrix.

Coelho, Maria C. & Rezende, Cláudia (2010). Antropologia das emoções. Rio de Janeiro: FGV.

Czarniawaska, Barbara (2008). Organizing: how to study it and how to write about it. Qualitative Research in Organizations and Management, 3(1), 4-20.

Duarte, Márcia & Alcadipani, Rafael (2016). Contribuições do organizar (organizing) para os Estudos Organizacionais. Organizações & Sociedade, 23(76), 57-72.

Edwards, Adrian (2015). Refugiado ou migrante? O ACNUR incentiva a usar o termo correto. Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). Recuperado em 30 novembro, 2022: https://www.acnur.org/portugues/2015/10/01/refugiado-ou-migrante-o-acnur-incentiva-a-usar-o-termo-correto/#:~:text=Dizemos%20'refugiados'%20quando%20nos%20referimos,outro-s%20aceitem%20fazer%20o%20mesmo.

DeMello, Margo (2012). Animals and society: an introduction to human-animal studies. New York: Columbia University Press.

Descola, Phillippe (1998). Estrutura ou sentimento: a relação com o animal na Amazônia. Mana, 4(1), 23-45.

Fantinel, Leticia (2020). O organizar multiespécie da cidade. In Luiz Alex S. Saraiva & Ana S. R. Ipiranga (Orgs.). História, práticas sociais e gestão das/nas cidades (pp. 297-344). Ituitaba: Barlavento.

Francione, Gary & Charlton, Anna (2015). Coma com consciência: uma análise sobre a moralidade do consumo de animais. São Paulo: Exempla.

Godfrey-Smith, Peter (2019). Outras mentes: o polvo e a origem da consciência. São Paulo: Todavia.

Guerra, Sidney (2021). As mudanças climáticas como catástrofe global e o refugiado ambiental. Revista Estudos Institucionais, 7(2), 537-559.

Haraway, Donna (2008). When species meet. Minneapolis: University of Minnesota Press.

Hare, Brian & Woods, Vanessa (2020). Survival of the friendliest. New York, Random house.

Hecker, Susanne, Haklay, Muki, Bowser, Anne, Makuch, Zen, Vogel, Johannes, & Bonn, Aletta (Eds.). (2018). Citizen science: innovation in open science, society and policy. London: UCL Press.

Hine, Christine (2005). Virtual methods and the sociology of cyber-social-scientific knowledge. In Christine Hine (Ed.). Virtual methods. Issues in social research on the internet (pp. 1-16). London: Bloomsbury Publishing.

Instituto Umanita Unisinos. (2012). Declaração de Cambridge sobre a Consciência de Animais Humanos e Não Humanos. Recuperado em 12 julho, 2023 de: http://www.ihu.unisinos.br/172-noti¬cias/noticias-2012/511936-declaracao-de-cambridge-sobre-a-consciencia-em-ani¬mais-humanos-e-nao-humanos.

Ingold, Tim (1994). Humanity and animality. In Tim Ingold (Ed.). Companion encyclopedia of anthropology (pp. 14-32). London: Routledge.

Joy, Melanie (2014). Porque amamos cachorros, comemos porcos e vestimos vacas: uma introdução ao carnismo: o sistema de crenças que nos faz comer alguns animais e outros não. São Paulo: Cultrix.

Kirksey, Eben & Helmreich, Stefan (2010). The emergence of multispecies ethnography. Cultural Anthropology, 25(4), 545-576.

Kozinets, Robert (2014). Netnografia: realizando pesquisa etnográfica online. Porto Alegre: Penso.

Latour, Bruno (2005). Reassembling the social: an introduction to actor-network theory. New York: Oxford University Press.

Latour, Bruno (2001). Jamais formos modernos: ensaio de antropologia simétrica. São Paulo: 34.

Latour, Bruno (1996). On interobjectivity. Mind, Culture, and Activity, 3(4), 228-245.

Law, John (2002). Objects, spaces and others. Theory, Culture & Society, 19(5-6), 91–105.

Leach, Edmund (1983). Antropologia. São Paulo: Ática.

Lotman, Iuri (1996). La semiosfera I: semiotica de la cultura y del texto. Madrid: Ediciones Cátedra.

Mendes, Fabiana. (2021). Jacaré é flagrado no pátio de vistoria do Detran; veja vídeo. Olhar Direto. Recuperado em 20 novembro, 2022 de: https://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?id=488482&noticia=jacare-e-flagrado-no-patio-de-vistoria-do-detran-veja-video&edicao=1.

Menezes, Penélope (2023). Mãe ursa é morta a tiros no Itália; caso gera críticas de ativistas. O Povo. Recuperado em 01 setembro, 2023 de: https://www.opovo.com.br/noticias/mundo/2023/09/01/mae-ursa-e-morta-a-tiros-na-italia-caso-gera-criticas-de-ativistas.html.

Merskin, Debra (2018). Seing species: re-presentations of animals in media & popular culture. New York: Peter Lang Publishing.

Pires, Marco (2012) Não é mais possível dizer que não sabíamos, diz Philip Low. Veja On-line, São Paulo. Recuperado em 20 julho, 2022 de: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/nao-e-mais-possivel-dizer-que-nao-sabiamos-diz-philip-low.

Süssekind, Felipe (2018). Sobre a vida multiespécies. Revista do Instituto de Estudos Brasileiro, 69(1), 159-178.

Traquina, Nelson (2013). Teorias do Jornalismo. A tribo jornalística – uma comunidade interpretativa transnacional. Florianópolis: Insular.

Travancas, Isabel (2011). Fazendo etnografia no mundo da comunicação. In Jorge Duarte, & Antonio Barros (Orgs.). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação (pp. 98-109). São Paulo: Atlas.

Waldau, Paul (2013). Animal studies: an introduction. New York: Oxford University Press.

Wilson, Edward O. (2009). A criação: como salvar a vida na Terra. São Paulo: Companhia das Letras.

Yin, Robert (2015). Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman.

Downloads

Publicado

2024-04-08

Edição

Seção

Dossiê "Animais e Organizações"