É A MESMA MENINA? HOMONORMATIVIDADE NOS VÍDEOS DE LÉSBICAS FUTCH NO TIKTOK

Autores

  • Joana Ziller UFMG
  • Dayane do Carmo Barretos UFMG
  • Leíner Hokí
  • Kellen do Carmo Xavier UFMG

DOI:

https://doi.org/10.25113/farol.v9i26.6769

Palavras-chave:

homonormatividade, TikTok, plataforma, lésbicas, futch

Resumo

A ampliação da circulação de vídeos no TikTok de lésbicas jovens, brancas, magras, sem deficiência, maquiadas, que mesclam as categorias femme e butch (futch) sem nunca se contrapor mais fortemente às normas de gênero deu origem a este artigo, que tem como operadores as diretrizes inscritas na lógica algorítmica, usada para reafirmar a heteronorma; a homonormatividade e a inclusão pelo consumo, que a compõe. Defendemos que a junção da mediação algorítmica estabelecida pelo TikTok a um padrão homonormativo de lesbianidade resulta em uma padronização dos corpos que se dão a ver. Tal arranjo atua sobre a partilha do sensível, contribuindo para que uma menor diversidade de corpos sejam percebidos como possibilidades entre mulheres lésbicas.

Biografia do Autor

Dayane do Carmo Barretos, UFMG

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFMG (Belo Horizonte, Brasil), integra o Grupo de Estudos em Lesbianidades (GEL) do NucCon/UFMG. 

Leíner Hokí

Mestre em Artes Visuais pela UFMG (Belo Horizonte, Brasil), integra o Grupo de Estudos em Lesbianidades (GEL) do NucCon/UFMG.

Kellen do Carmo Xavier, UFMG

Integrante do Núcleo de Pesquisa em Conexões Intermidiáticas (NucCon) e, como parte dele, do Grupo de Estudos sobre Lesbianidades (GEL), Bolsista CAPES. Mestra em Comunicação Midiática pelo POSCOM/UFSM e Bacharel em Comunicação Social com ênfase em Publicidade e Propaganda pela UFRGS.

Referências

Beauvoir, Simone (1949). O segundo sexo. Rio de janeiro: Nova Fronteira.

Bitencourt, Elias C. (2019). Smartbodies: corpo, tecnologias vestíveis e performatividade algorítmica. Tese de doutorado, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brasil.

Butler, Judith (2003). Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Case, Sue-Ellen (1988-89). Towards a butch-femme aesthetic. Discourse, 11(1), 55-73.

Cho, Junghoo, Roy, Sourashis, & Adams, Robert E. (2005). Page quality: In search of an unbiased web ranking. Proceedings of ACM SIGMOD international conference on management of data, New York, NY, United States.

Ciampaglia, Giovanni L., Nematzadeh, Azadeh, Menczer, Filippo, Flammini, Alessandro (2018). How algorithmic popularity bias hinders or promotes quality. Scientific Reports, 8(15951).

D’Andréa, Carlos (2020). Pesquisando plataformas online: conceitos e métodos. Salvador: EDUFBA.

Drucker, Peter (2017). A normalidade gay e a transformação queer. Cadernos Cemarx, (10).

Duggan, Lisa (2002). The new homonormative: the sexual politics of neoliberalism. In Russ Castronovo & Dana D. Nelson. Materializing democracy: toward a revitalized cultural politics (pp. 175-194). Durham: Duke University Press.

Foucault, Michel (2014). História da sexualidade: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal.

Foucault, Michel (1993). Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal.

Gillespie, Tarlton. (2018). A relevância dos algoritmos. Parágrafo, 6(1), 95-121.

Gillespie, Tarlton (2010). The politics of “platforms.” New Media and Society, 12(3), 347-364.

Grohmann, Rafael. (2020). Plataformização do trabalho: entre a dataficação, a financeirização e a racionalidade neoliberal. Revista Eptic, 22(1).

Guillaumin, Colette (1994). “Enquanto tivermos mulheres para nos darem filhos”: a respeito da raça e do sexo. Estudos Feministas, 2(n.spe), 228-233.

Halberstam, Jack (1998). Female Masculinity. Durham: Duke University Press.

Johnson, Mykel (1992). Butchy femme. In Joan Nestle. The persistent desire: a femme-butch reader (pp. 395-398). Boston: Alyson Publications.

Keller, Jessalynn (2019). “Oh, she’s a Tumblr feminist”: exploring the platform vernacular of girls’ social media feminisms. Social Media and Society, 5(3), 1-11.

Kennedy, Elizabeth L. & Davis, Madeline D. (1994). Boots of leather, slippers of gold: the history of a lesbian community. New York: Penguin Books.

Lauretis, Theresa (1994). As tecnologias do gênero. In Heloísa B. Hollanda. (Org.). Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura (pp. 206-242). Rio de Janeiro: Rocco.

Levitt, Heidi M. & Horne, Sharon G. (2002) Explorations of lesbian-queer genders. Journal of Lesbian Studies, 6(2), 25-39.

Morgan, Taralee (2017). Lesbian Lingo: slang terminology in English and Spanish spoken by lesbian communities in the United States. Master’s Thesis, DePaul University, Chicago, United States.

Paiva, Antonio C. S. & Veras, Elias F. (2016). Sobre "peineta" e "cuero": entrevista com Oscar Guasch. Estudos Feministas, 24(1), 183-198.

Preciado, Paul B. (2018). Testo Junkie: sexo, drogas e biopolítica na era farmacopornográfica. São Paulo: n-1 edições.

Preciado, Paul B. (2014). Manifesto contrassexual: práticas subversivas de identidade sexual. São Paulo: n-1 edições.

Raewyn, Connel & Pearse, Rebecca (2015). Gênero: uma perspectiva global. São Paulo: nVersos.

Rajanala, Susruthi, Maymone, Mayra B. C., & Vashi, Neelam. A. (2018). Selfies-living in the era of filtered photographs. JAMA Facial Plastic Surgery, 20(6), 443-444.

Rancière, Jacques (2009). A partilha do sensível: estética e política. São Paulo: Editora 34.

Rice, Shauna M., Graber, Emmy, & Kourosh, Arianne S. (2020). A pandemic of dysmorphia: “zooming” into the perception of our appearance. Facial Plastic Surgery and Aesthetic Medicine, 22(6), 401-402.

Rich, Adrienne (2019). Heterossexualidade compulsória e existência lésbica (1980). In Adrienne Rich. Heterossexualidade compulsória e existência lésbica & outros ensaios (pp. 25-108). Rio de Janeiro: A Bolha.

Rubin, Gayle S. (2011). Deviations. Durham: Duke University Press.

Třebický, Vít, Fialová, Jitka, Kleisner, Karel, & Havlíček, Jan. (2016). Focal length affects depicted shape and perception of facial images. Plos One, 11(2), 1-14.

Van Dijck, José (2013). The culture of connectivity: a critical history of social media. New York: Oxford University Press.

Ward, Britanny, Ward, Max, Fried, Ohad, & Paskhover, Boris (2018). Nasal distortion in short-Distance photographs: The selfie effect. JAMA Facial Plastic Surgery, 20(4), 333-335.

Wolf, Naomi (2018). O mito da beleza: como as imagens de beleza são usadas contra as mulheres. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos.

Ziller, Joana & Barretos, Dayane (2020) Lésbicas também transam: disputas sobre a visibilidade das lesbianidades no Instagram. Anais do Encontro Anual da Compós, Campo Grande, MS, Brasil, XXIX.

Zulli, Diana & Zulli, David J. (2020). Extending the internet meme: conceptualizing technological mimesis and imitation publics on the TikTok platform. New Media and Society, 24(8), 1872-1890.

Downloads

Publicado

2023-04-18

Edição

Seção

Dossiê "Corporalidades e diversidade de gênero/sexualidade"