O QUE HÁ POR TRÁS DO DISCURSO DA HARMONIA RACIAL NO PAÍS DA MISCIGENAÇÃO?
Palavras-chave:
raça, racismo, práticas sociais, estudos organizacionais.Resumo
Através de uma abordagem teórica, o presente ensaio tem por objetivo apresentar aspectos relativos à construção do ser negro, no contexto social e organizacional, em uma sociedade na qual se criou a imagem da harmonia racial e do não preconceito. Foi possível apreender, a partir do estudo proposto, que antes de ser cunhada biologicamente, a ideia de inferioridade do negro já estava devidamente articulada no contexto discursivo e materializada através de práticas sociais, mantidas até hoje em grande parte de nossa sociedade. Porém, no Brasil, há uma particularidade em relação a outros países do mundo, uma vez que se estabeleceu aqui o mito da democracia racial, apresentando-nos como um ambiente livre de preconceito. Logo, as práticas discriminatórias tornaram-se veladas e negadas, tanto nas relações sociais dos sujeitos quanto no contexto das organizações. Apresentar esta discussão à área de estudos organizacionais e da Administração é uma das contribuições fundamentais desta pesquisa, tendo em vista que ainda silenciamos, neste campo, acerca de questões que envolvem as relações raciais nas organizações. Há, portanto, um longo caminho a ser percorrido em busca de igualdade e respeito às diferenças.
Referências
Bauman, Z. (2001). Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar.
Brandão, H. H. N. (2002). Introdução à analise do discurso. Campinas: Unicamp.
Carneiro, S. (2011). Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. São Paulo: Selo Negro.
Carrieri, A. P., Silva, A. R. L., & Junquilho, G. S. (2008). O fazer estratégia na gestão como prática social: articulações entre representações sociais, estratégias e táticas cotidianas nas organizações. Anais do Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, XXXII.
Conceição, E. B. (2009). A negação da raça nos estudos organizacionais. Anais do Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, São Paulo, SP, Brasil, XXXIII.
Costa, S. G. & Ferreira, C. S. (2006). Diversidade e minorias nos estudos organizacionais brasileiros: presença e lacunas na última década. Anais do Encontro de Estudos Organizacionais, Porto Alegre, RS, Brasil, IV.
Fairclough, N. (2001). Discurso e mudança social. Brasília: UnB.
Fanon, F. (2008). Pele negra, máscaras brancas. Salvador: UFBA.
Fernandes, F. (1978). A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Ática.
Foucault, M. (1979). Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal.
Foucault, M. (2013). A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária.
Hall, S. (2001). A identidade cultural na pós-modernidade (5a ed.). Rio de Janeiro, DP&A.
Hardy, C. & Phillips, N. (2004). Discourse and power (pp. 299-316). In: D. Grant, C. Hardy, C. Oswick, & L. Putnan (Eds.). The SAGE Handbook of organizational discourse. London: SAGE.
Hofbauer, A. (2006). Uma história de branqueamento ou o negro em questão. São Paulo: UNESP.
Lane, S. T. M. (2012). Linguagem, pensamento e representações sociais. In: S. T. Lane & W. Codo, W. (Orgs.). Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense.
Lauwe, P. H. C. (1983). Oppression, subversion and self-expression in daily life.International Social Science Journal. XXXV(2), 353-365.
Linstead, S. (1999). An introduction to the textuality of organizations studies. Cultures, Organizations and Societies, 5(1), 1-10.
Mumby, D. K. (2004). Discourse, Power and ideology: unpacking the critical approach (pp. 237-258). In: D. Grant, C. Hardy, C. Oswick, & L. Putnan (Eds.). The SAGE Handbook of organizational discourse. London: SAGE.
Munanga, K. (2005/2006). Algumas considerações sobre raça ação afirmativa e identidade negra no Brasil: fundamentos antropológicos. Revista USP, 68, 46-57.
Nascimento, M. C. R., Oliveira, J. S., Teixeira, J. C., & Carrieri, A. P. (2015). Com que cor eu vou pro shopping que você me convidou? Revista de Administração Contemporânea, 19(ed. spe.), 245-268.
Nogueira, O. (2006). Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem, sugestão de um quadro de referência para a interpretação do material sobre relações raciais no Brasil. Tempo Social – Revista de Sociologia da USP, 19(1), 287-308.
Oliveira, E. (2006). Mulher negra. Professora universitária: Trajetória, conflitos e identidade. Brasília: Líber Livro.
Rosa, A. R. (2014). Relações raciais e estudos organizacionais no Brasil. Revista de Administração Contemporânea, 18(3), 240-260.
Sansone, L. (2003). Negritude sem etnicidade: o local e o global nas relações raciais e na produção cultural negra do Brasil. Salvador: UFBA/Pallas.
Santos, G. A. (2002). A invenção do ser negro: um percurso das ideias que naturalizaram a inferioridade dos negros. São Paulo: Educ/Fapesp; Rio de Janeiro: Pallas.
Saraiva, L. A. S. & Irigaray, H. A. R. (2009). Políticas de diversidade nas organizações: uma questão de discurso? Revista de Administração de Empresas, 49(3), 337-348.
Schwarcz, L. M. (1993). O espetáculo das raças. Cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras.
Schucman, L. V. (2012). Entre o “encardido”, o “branco” e o “branquíssimo”: Raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana. Tese de doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Silva, F. C. O. (2009). A construção social de identidades étnico-raciais: uma análise discursiva do racismo no Brasil. Tese de doutorado, Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil.
Souza, N. S. (1983). Tornar-se negro. Rio de Janeiro: Graal.
Teixeira, J. C., Nascimento, M. C. R., & Carrieri, A. P. (2014). De Xica da Silva a funcionário da cozinha do RU: manifestações discursivas de sexismo e racismo nas universidades brasileiras. Anais do Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, XXXVIII.
Teixeira, J. C. (2015). As artes e práticas cotidianas de viver, cuidar, resistir e fazer das empregadas domésticas. Tese de doutorado, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.
UNESCO. Recuperado em 10 março, 2017, de http://www.achegas.net/numero/nove/decla_racas_09.htm.
Vieira, R. M. (2015). Racismo à moda da casa. GV Executivo, 14(1), 62.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Assume-se que em qualquer das modalidades de contribuições aceitas pela Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, ao submeter um trabalho, o(s) autor(es) se reconhece(m) como detentor(es) do direito autoral sobre ele e autoriza(m) seu livre uso pelos leitores, podendo ser, além de lido, baixado, copiado, distribuído, adaptado e impresso, desde que seja atribuído o devido crédito pela criação original. Em caso de aprovação do trabalho para publicação, os direitos autorais (inclusive os direitos de tradução) são exclusivamente do(s) autor(es).
Os autores devem concordar com os seguintes termos relativos aos Direitos Autorais:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).