O DISCURSO GERENCIALISTA E A CONSTRUÇÃO DE IDEAIS ESTÉTICOS FEMININOS E MASCULINOS

Autores

  • Juliana Cristina Teixeira Universidade Federal de São João Del Rey
  • Denis Alves Perdigão Universidade Federal de Juiz de Fora
  • Alexandre de Pádua Carrieri Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.25113/farol.v3i7.2679

Palavras-chave:

Estética, feminilidades, masculinidades, gerencialismo, discursos.

Resumo

A estética se relaciona ao conhecimento sensível, às percepções, sensações ou juízo estético, sendo esse último sentido o especificamente adotado neste artigo. Falamos da expressão estética do trabalho representado pelo sujeito trabalhador. Questionamos o que torna esse sujeito “sensual” para um discurso gerencialista no que se refere à estética ligada à aparência e ao comportamento. Nossa questão é: qual é a estética idealizada nos discursos gerencialistas? Como referencial teórico, trazemos uma discussão crítica a respeito dos discursos gerencialistas e a construção da imagem de sucesso; e sobre a construção social de feminilidades e masculinidades. Por meio de uma pesquisa qualitativa e do método de Análise do Discurso, analisamos o discurso gerencialista de uma empresa do setor automobilístico e observamos que os corpos dos sujeitos são disciplinados como corpos profissionais por meio da construção de ideais estéticos associados à imagem gerencialista do profissional de sucesso; e a feminilidades e masculinidades hegemônicas.

Biografia do Autor

Juliana Cristina Teixeira, Universidade Federal de São João Del Rey

Doutoranda em Administração pelo Centro de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Minas Gerais - CEPEAD/UFMG. Professora do Departamento de Ciências Administrativas e Contábeis da Universidade Federal de São João del-Rei. Pesquisadora do Núcleo de Estudos Organizacionais e Sociedade - NEOS. 

Denis Alves Perdigão, Universidade Federal de Juiz de Fora

Doutorando em Administração pelo Centro de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Minas Gerais - CEPEAD/UFMG. Professor do Departamento de Administração da Universidade Federal de Juiz de Fora, campus Governador Valadares. Pesquisador do Núcleo de Estudos Organizacionais e Sociedade - NEOS.

Alexandre de Pádua Carrieri, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutor em Administração pelo Centro de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Minas Gerais - CEPEAD/UFMG. Professor Titular da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais - FACE/UFMG. Coordenador do Núcleo de Estudos Organizacionais e Sociedade - NEOS.

Referências

BRUNI, A.; GHERARDI, S.; POGGIO, B. Gender and entrepreneurship.[s.n.] London: Routledge, 2005. apud MURGIA, A.; POGGIO, B. Challenging hegemonic masculinities. Organization, v. 16, n. 3, p. 407-423, 2009.

CARRIERI, A. P. O fim do “mundo Telemig”: a transformação das significações culturais em uma empresa de telecomunicações. 2011. 326 p. Tese de Doutorado em Administração, Centro de Pós-Graduação e Pesquisas em Administração da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2001.

CARRIERI, A. P. et. al. e outros. Gender and word: representations of femininities and masculinities in the view of women Brazilian executives. BAR-Brazilian Administration Review, v. 10, n. 3, p. 281-303, Jul. / Sept. 2013.

______.Masculinidades contemporâneas. 2008. Projeto de pesquisa na área de Ciências Sociais Aplicadas para Edital do CNPq, Centro de Pesquisas e Pós-Graduação em Administração, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008.

______. Um estudo da seleção de pessoal, dos currículos e das revistas de negócios: as propriedades estéticas da mercadoria-trabalho. 2011. Relatório técnico-científico de pesquisa na área de Ciências Sociais Aplicadas financiada pelo CNPq, Centro de Pesquisas e Pós-Graduação em Administração, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011.

CONNELL, R.W. Masculinities and globalization. Men and masculinities, v.1, n1, July, 1998.

FAIRCLOUGH, N. Discurso e mudança social. 1. ed. Brasília: UNB, 2001. 316 p.

FARIA, A. A. M. Aspectos de um discurso empresarial. In: CARRIERI et al. (Org). Análise do discurso em estudos organizacionais. 1. ed. Curitiba: Juruá, 2009. p. 45-52.

FIORIN, J. L. Linguagem e ideologia. 8. ed. São Paulo: Ática, 2005.87 p.

FOTAKI, M. No woman is like a man (in academia): the masculine symbolic order and the unwanted female body. Organization Studies, v. 34, n. 9, p. 1251-1275, 2013.

FOUCAULT, M. A ordem do discurso. Aula inaugural no College de France, pronunciada em 2 de Dezembro de 1970. Tradução de Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Edições Loyola, 2004.


FOUCAULT, M. História da Sexualidade 1: a vontade de saber. 4. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1985.3 v.


HANSEN, L. L. Rethinking the industrial relations tradition from a gender perspective. Employee Relations, v. 24, n. 2, 2002.

HAUG, W. F. Crítica da estética da mercadoria.[s.n.] São Paulo: Unesp, 1997. 210 p.

IPIRANGA, A. S. R. et. al. e outros. A experiência estética em uma organização gastronômica. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 37, 2013, Rio de Janeiro. Anais. Rio de Janeiro: ANPAD, 2013.

ITUASSU, C. T. O sentido do sucesso: uma construção social made in USA. 2012. 290 p. Tese de Doutorado em Administração, Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2012.

______.; TONELLI, M. J. Notas sobre o conceito de sucesso: sentidos e possíveis (re) significações. RAM - Revista de Administração Mackenzie, v. 13, n. 6, p. 197-224, 2012.

KIMMEL, M.S. A produção simultânea de masculinidades hegemônicas e subalternas. Horizontes Antropológicos, v. 4, n. 9, out. 1998.

KNIGHTS, D.; McCABE, D. ‘A different world’: shifting masculinities in the transition to call centres. Organization, v. 8, n. 4, p. 619-645, 2001.

MAINGUENEAU, D. Termos-chave da análise do discurso.[s.n.] Belo Horizonte: UFMG, 2000.

MARTIN, J. The organization of exclusion: institutionalization of sex inequality, gendered faculty jobs and gendered knowledge in organizational theory and research. Organization, v.1, n.2, p. 401-431, 1994.

MARTIN, P. Y. ‘Mobilizing masculinities’: women’s experiences of men at. Organization, v. 8, n. 4, p. 587-618, 2001.

MATOS, A. A.; LOPES, M. F. Corpo e gênero: uma análise da revista TRIP Para Mulher. Estudos Feministas, v. 16, n. 1, p. 61-76, jan. / abr. 2008.

MEDEIROS, C. R. O.; BORGES, J. F.; MIRANDA, R. Estereótipos de gênero e carreira executiva na literatura gerencialista. GESTÃO.Org – Revista Eletrônica de Gestão Organizacional, v. 8, n. 1, p. 81-97, 2010.

MILLIOZI, G. Twin-Set: peça “tem-que-ter”. Vila Mulher, Terra, 2011? Disponível em: http://vilamulher.terra.com.br/twinset-peca-temqueter-14-1-32-1524.html. Acesso em 06.10.2013.

MORGADO, A. P. D.; TONELLI, M. J. O desaparecimento simbólico da mulher: questionando o conceito de diversidade a partir de pesquisa com gestoras intermediárias. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO 37, 2013, Rio de Janeiro. Anais. Rio de Janeiro: ANPAD, 2013.

MURGIA, A.; POGGIO, B. Challenging hegemonic masculinities. Organization, v. 16, n. 3, p. 407-423, 2009.

MURPHY, J. The rise of global managers. In: DAR, S.; COOKE, B. (Org). The new development management. London: ZED books, 2008.

NICHOLSON, L. Interpretando o gênero. Estudos Feministas, v. 8, n. 2, p. 9-41, 2000.

OLIVEIRA, P. P. A construção social da masculinidade. 1. ed. Belo Horizonte: UFMG; Rio de Janeiro: IUPERJ, 2004. 347 p.

ONUMA, F. M. S.; ZWICK, E.; BRITO, M. J. Ideologia gerencialista, poder e gestão de pessoas na administração pública e privada: uma interpretação sob a ótica da análise crítica do discurso. Revista de Ciências da Administração, v. 17, n. 42, p. 106-120, 2015.


PAÇO-CUNHA, E. As propriedades estéticas do trabalho como emanação de sua relação com o capital. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 35, 2011, Rio de Janeiro. Anais. Rio de Janeiro: ANPAD, 2011.

______. Notas preliminares sobre as propriedades estéticas da mercadoria trabalho. In: ENCONTRO DE GESTÃO DE PESSOAS E RELAÇÕES DE TRABALHO, 2, 2009, Curitiba. Anais. Rio de Janeiro: ANPAD, 2009.

PISCITELLI, A. “Pioneiros”: masculinidades em narrativas sobre fundadores de grupos empresariais brasileiros. In: SCHPUN, M. (Org.). Masculinidades. São Paulo: Boitempo, 2004.

PLATÃO. Diálogos: a república. 2. ed. Belém: UFPA, 1988.416 p.

RODRIGUES, C. Diferença sexual, direitos e identidade: um debate a partir do pensamento da desconstrução. Cadernos Pagu, v. 34, p. 209-233, jan.-jun. 2010.

SARAIVA, L. A. S. Mercantilização da cultura e dinâmica simbólica local: a indústria cultural em Itabira, Minas Gerais. 2009. 333 p. Tese de Doutorado em Administração, Centro de Pesquisas e Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Minas, Belo Horizonte, 2009.

SCOTT, J. W. Igualdade versus diferença: os usos da teoria pós-estruturalista. Debate Feminista, São Paulo: Cia Melhoramentos, 1999. p. 203-222.

SOUZA, E. M. et. al. e outros. Contribuições de Foucault e os estudos organizacionais sobre poder. Organizações & Sociedade, v. 13, n. 36, p. 13-25, 2006.

______.; CARRIERI, A. P. A Analítica Queer e seu rompimento com a concepção binária de gênero. RAM – Revista de Administração Mackenzie, v. 11, p. 46-70, 2010.

______; GARCIA, A. Um diálogo entre Foucault e o marxismo: caminhos e descaminhos. Aulas, n. 3, p. 1-32, dez. 2006 / mar. 2007.

STRATI, A. Aesthetic understanding of organizational life. Academy of Management Review, v. 17, n. 3, p. 568-581, 1992.

TONON, L.; GRISCI, C. L. I. Gestão gerencialista e estilos de vida de executivo. Revista de Administração Mackenzie, v. 16, n. 1, p. 15-39, 2015.


TRETHEWEY, A. Disciplined bodies: women’s embodied identities at work. Organization Studies, v. 20, n. 3, p. 423-450, 1999.

VAN DIJK, T. A. Discourse as interaction in society. In: VAN DIJK, T. A. (Ed). Discourse as social interaction. London: Sage, 1997. p. 1-37.

WOOD JR., T.; PAULA, A. P. P. Pop-management: a literatura popular de gestão no Brasil. 2002. Relatório final de projeto de pesquisa, Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2002a.

______; ______. Pop-management: contos de paixão, lucro e poder. Organizações & Sociedade, v. 9, n. 24, mai./ago. 2002ab.

______; ______. Pop-management: pesquisa sobre as revistas populares de gestão no Brasil. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 27, 2002, Salvador. Anais. Salvador: ANPAD, 2002bc.

Downloads

Publicado

2016-09-06

Edição

Seção

Artigos