RELAÇÕES DESUMANAS: REFLEXÕES SOBRE “HUMANISMO” E CONTROLE NA RELAÇÃO INDIVÍDUO-ORGANIZAÇÃO

Autores

  • Guilherme Lima Moura Universidade Federal de Pernambuco

DOI:

https://doi.org/10.25113/farol.v3i6.2550

Palavras-chave:

Humanismo, Controle, Relação indivíduo-organização

Resumo

Este ensaio discute a racionalidade que embasa o que se tem freqüentemente chamado na teoria organizacional, e entre gestores, de “Humanismo”. Para tal, expõe algumas definições relevantes sobre a questão do controle organizacional, destacando sua dimensão “super-ocultada” pelos processos de mediação psicológica na relação das grandes empresas com seus funcionários. A discussão segue, com a descrição da concepção de Alberto Guerreiro Ramos sobre razão substantiva, contraposta à razão instrumental, esta o padrão de ação da sociedade regida pelo mercado. A partir daí, o texto desenvolve argumentos que apontam para a inexistência de humanismo na relação indivíduo-organização. O artigo termina por concluir que é conceitualmente impróprio falar-se em “Humanismo Organizacional”, uma vez que as idéias que tal expressão sugere não se originam numa “teoria do homem” e numa racionalidade substantiva, mas numa lógica instrumental e numa estratégia de controle dos chamados “recursos humanos”.

Biografia do Autor

Guilherme Lima Moura, Universidade Federal de Pernambuco

Doutor em Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco. Professor Adjunto da Universidade Federal de Pernambuco.

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Publicado

2016-03-30

Edição

Seção

Ensaios