Resumo
INTRODUÇÃO: A hanseníase é uma doença que carrega forte estigma social, além de ter grande relevância epidemiológica. Durante décadas o doente era internado compulsoriamente em colônias o que resultou no surgimento de comunidades em seus entornos. São áreas importantes do ponto de vista epidemiológico e histórico por terem uma alta prevalência da doença e por terem pessoas que viveram as consequências do isolamento e do estigma. OBJETIVO: avaliar o conhecimento e os sentimentos sobre a hanseníase entre os estudantes a partir da análise de banco de dados, resultado de atividade de educação em saúde e prevenção da hanseníase, realizada em escolas da rede públicas em uma região de ex-colônia de hanseníase em Betim/MG. METODOLOGIA: Para análise dos dados utilizou-se estatística descritiva e os resultados foram discutidos a partir da literatura sobre o tema e da psicanálise. RESULTADOS: O banco era formado por 325 questionários respondidos por estudantes com idade entre 10 e 19 anos. A análise dos dados revelaram certo desconhecimento em relação a doença e associação a sentimentos de indiferença e angústia/medo. Observou-se que o menor conhecimento em relação a doença se relacionou com sentimentos de indiferença e o maior conhecimento a angústia/medo e altruísmo. CONCLUSÃO: Preocupa que mais de 30% dos estudantes que moram em uma área de ex-colônia nunca tenham ouvido falar sobre a doença, pois ela faz parte da história do lugar ou do próprio indivíduo. Isto sugere um silêncio que pode ser causa e consequência do estigma social que dificultam o controle da doença. Dessa forma, é necessário investir em educação em saúde sobre a hanseníase nas áreas de ex-colônias como medida de vigilância epidemiológica e combate ao estigma social e o preconceito.