CIDADANIA EM FOGO

Autores

  • Rui Roberto Ramos Lancaster University

DOI:

https://doi.org/10.25113/farol.v1i2.2638

Palavras-chave:

Comércio informal, Desenvolvimento, Mobilidade, Cidadania, Protesto.

Resumo

Por entre fumo preto de pneus queimados, vislumbro uma caixa de som ambulante que, em coro com a multidão, debita: “Eu to bolado mano, hoje eu to que tô. Eu peço paz pros camelôs”… oiço gritos de ordem: “ão ão ão ambulante não é ladrão”… e de repente, lembro-me das palavras de um fiscal de rua há poucas semanas: “precisamos limpar as ruas para assegurar a mobilidade dos cidadãos”.

O comercio de rua em Recife vê-se, cheira-se, ouve-se, prova-se … vive-se. No entanto, a sua problematização é caracterizada por visões de modernidade assentes em valores de segurança, ordem e desenvolvimento que acabam posicionando esta peça basilar do tecido social urbano como um entrave ao progresso moderno. Informalidade passa a caracterizar um problema que consequentemente restringe a solução para o seu oposto - a formalidade.

No dia 11 de Setembro de 2014 esta visão foi questionada quando um grupo de vendedores ambulantes paralisou uma avenida movimentada de Recife. Ali, mesmo que só por um instante, a necessidade de “limpar as ruas” sentiu o seu oposto, e a “mobilidade dos cidadãos”,  imóvel ficou, dando espaço às expectativas de mobilidade social que, num acto de cidadania extrema, os ‘não-cidadãos’ fizeram ouvir.

Biografia do Autor

Rui Roberto Ramos, Lancaster University

Doutorando no HighWire Doctoral Program da Lancaster University.

Downloads

Publicado

2014-09-27

Edição

Seção

Capa