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  • Chamada de Trabalhos - TRABALHO, CARREIRA E FAMÍLIA EM PERSPECTIVA INTERSECCIONAL

    2023-11-14

    Chamada de Trabalhos


    TRABALHO, CARREIRA E FAMÍLIA EM PERSPECTIVA INTERSECCIONAL


    Editoras Especiais

    Aline Mendonça Fraga (Universidade Federal do Paraná, Brasil)
    Cláudia Sirangelo Eccel Alvim (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil)
    Josiane Silva de Oliveira (Universidade Estadual de Maringá e Universidade Federal de Goiás, Brasil)

     

    O trabalho tem cor? Uma carreira tem gênero? Uma família é uma organização nuclear? Há indícios de que as profissões e as carreiras individual e coletivamente tendem a reproduzir desigualdades, produzir identidades, reforçar estereótipos, sexismos ou, ainda, servirem como forma de (re)afirmar a sexualidade. Ainda, espaços de trabalho, campos de atuação e trajetórias profissionais são marcados por cor, linguagem e representam hierarquias sociais próprias. De tal modo, trabalho, carreira e profissão, do local ao global, são campos históricos, dinâmicos e em processo de mudanças. Organizações, ocupações e trajetórias dos mais variados tipos são arranjos plurais, falam e silenciam pelo individual e pelo coletivo. Sendo assim, é preciso compreender como interseccionalmente categorias sociais se articulam sociohistoricamente na formação de campos de trabalho, de profissões e trajetórias de carreiras que constituem sujeitos sociais.

    Além disso, é preciso considerar que as tessituras destas relações entre trabalho e carreira são constituídas a partir das dinâmicas institucionais da sociedade, como as famílias. No Brasil, por exemplo, historicamente o mercado de trabalho forjou-se baseado em um processo de escravismo da população negra pela população branca, cuja dinâmica tinha em seu cerne o não reconhecimento de negras e negros a partir de sua condição humana, mas como peças laborais. Com efeito, era renegado pela população branca o reconhecimento a esse grupo social o campo de possibilidades de constituição afetiva a partir de laços familiares (Gonzalez, 2020; Schucman, 2018; Davis, 2016). Isso justificava, portanto, a transação econômica destas pessoas como mercadorias sem qualquer tipo de vínculo afetivo e/ou parentesco com outras existências humanas, sendo peças individuais do mercado de trabalho. Nesse sentido, como pensar as relações entre trabalho e carreira em sociedades às quais seu processo organizativo tem como base constituinte o rompimento familiar como sendo um pressuposto fundante de sua dinâmica laboral, a partir de conflitos raciais?

    Esse processo, que marca o capitalismo de forma global, nos leva a reflexão sobre como historicamente discussões sobre trabalho, carreira e família têm silenciado debates estruturais da sociedade e, mais especificamente, produções teóricas realizadas fora da lógica do pensamento hegemônico da branquitude ocidental (Bento, 2022). Isso se torna necessário, especialmente, em países marcados pelo escravismo racializado como base de constituição das relações de trabalho, visto que nestas sociedades são os rompimentos de vínculos familiares que marcam a construção do mercado de trabalho.

    No Brasil, cabe destacar, aproximadamente 48% das famílias estão sob responsabilidade de mulheres. Esse percentual aumenta para 55,5% quando se referem a mulheres negras, sendo 56% sem cônjuge (IPEA, 2022). Deste modo, é possível compreender a necessidade de considerarmos as articulações entre trabalho, carreira e família a partir de uma abordagem que possibilite compreender as especificidades de sociedades moldadas pelo escravismo racializado, como a brasileira, o que pode ser observado em relação às epistemologias feministas negras.

    No Brasil, as discussões sobre o campo das epistemologias feministas negras formado por intelectuais como Beatriz Nascimento, Lélia Gonzalez, Luiza Bairros, Conceição Evaristo, Sueli Carneiro e Megg Oliveira se articulam com a produção realizada por intelectuais estadunidenses, como Patrícia Hill Collins, Angela Davis, Audre Lorde, bell hooks, por exemplo. A construção deste campo epistemológico, ainda pouco reconhecido na área das Ciências Sociais Aplicadas no Brasil, enfaticamente dos Estudos Organizacionais, possibilita reconhecer como, historicamente, estas intelectuais têm produzido cientificamente um repertório analítico sobre mecanismos de opressões que negam o direito à existência de milhões de pessoas no mundo em favorecimento a manutenção de um sistema social de privilégios a poucos (Braga & Izaú, 2021). Por isso, é necessário que quem vivencia essas opressões seja reconhecida existencialmente em sua plenitude, o que inclui seus lugares como produtoras de conhecimentos científicos.

    Na luta política feminista, o feminismo negro contribui ao desenvolver uma abordagem analítica interseccional das opressões e privilégios em diferentes contextos sociohistóricos destacando como categorias sociais se articulam a partir de singularidades locais na constituição de relações de dominação e opressão. É isso que Lélia Gonzales destacou em sua trajetória científica e intelectual ao analisar os conflitos raciais que estruturam e organizam as relações de trabalho no Brasil, como Patrícia Hill Collins e Angela Davis, em diferentes campos epistemológicos, também o fazem no contexto estadunidense. Construir um debate sobre trabalho, carreira e família a partir dos pressupostos epistemológicos e metodológicos interseccionais se torna um desafio de sofisticação analítica para os Estudos Organizacionais na medida em que sua adoção pode romper com o epistemicídio (Nascimento, 2016) do pensamento não branco nas análises organizacionais, com o supremacismo branco na construção epistemológica desse campo, assim como do reconhecimento de produções científicas que, mais do que em diáspora, possui em sua essência uma construção coletiva que transcende limites e fronteiras territoriais. As lutas de rompimento com opressões estruturais são mais do que categorias analíticas para o feminismo negro intrseccional, pois são projetos de construção social, o que pressupõe os modos de produção científica.

    E é a partir destas discussões que se pretende estimular debates interseccionais sobre trabalho, carreira e família nos Estudos Organizacionais, que reconheçam as opressões estruturais como fundamentos de articulação destes fenômenos sociais. Desta forma, este dossiê temático espera estimular a produção de estudos teóricos e empíricos que abordem trabalho, carreira e família de forma interdisciplinar e em perspectiva interseccional. Gênero, sexualidade, cor, raça, etnia, corpo, classe social, idade, nacionalidade e regionalidade produzem diferenças que fazem a diferença nas relações de trabalho, a partir de movimentos de inserção, inclusão e exclusão. Assim, são caminhos a explorar, mas que não se limitam a:

    - Como relações de trabalho, trabalhos e carreiras são marcadas por hierarquias de gênero, raça, etnia, classe e sexualidade?
    - Como trabalhos e carreiras são engendrados por hierarquias familiares?
    - Como diferentes arranjos familiares impactam as relações de trabalho e carreiras?
    - Como os privilégios laborais e de carreiras são atravessados por hierarquias familiares?
    - Como os privilégios laborais e de carreiras são imbricados pela herança escravista racializada?
    - Como trabalho e carreira são emaranhados por privilégios/vantagens raciais?
    - Como profissões/carreiras são constituídas por hierarquias de gênero, raça, etnia, classe e sexualidade?
    - Como os campos de trabalho se transformam ao longo do tempo criando novos espaços de inclusão e de exclusão?
    - Como profissões/carreiras são ocupadas por pessoas que rompem com padrões estabelecidos e hegemônicos nas relações de trabalho?
    - Como trabalhar metodologicamente trabalho, carreira e família de modo interseccional?

    Referências

    Bento, C. (2022). O pacto da branquitude. São Paulo: Companhia das Letras.

    Braga, A. F. & Izaú, V. R. (2021). Da revolta da vacina ao povo sem vacina contra a covid-19: reflexões sobre pandemia, raça e exclusão social. Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, 8(21), 12-21.

    Carneiro, S. (2003). Enegrecer o feminismo: a situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero. In Ashoka Empreendedores Sociais e Takano Cidadania (Orgs.). Racismos contemporâneos (49-58). Rio de Janeiro: Takano.

    Davis, A. (2016). Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo.

    Gonzales, L. (2020). Por um feminismo afro-latino-americano. Rio de Janeiro: Zahar.

    Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas – IPEA. Retrato das desigualdades de gênero e raça. Recuperado em 19 dezembro, 2022 de: Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça - Ipea.

    Nascimento, A. N. (2016). O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Perspectiva.

    Schucman, L. V. (2018). Família inter-raciais: tensões entre cor e amor. Salvador: UFBA.


    Modalidades de contribuição

    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade aceita contribuições na forma de Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas (de livros, filmes, exposições, performances artísticas), Registros fotográficos e Vídeos. Os idiomas aceitos nas contribuições são português, inglês e espanhol, desde que estejam de acordo com a política editorial e as diretrizes para os autores. Para ter acesso às orientações gerais, acesse: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/about/submissions.


    Submissão

    Qualquer que seja a modalidade de contribuição (Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas, Registros fotográficos ou Vídeos), es autores devem obrigatoriamente informar o editor, no item “Comentários para o editor”, que estão submetendo especificamente para o dossiê temático “Trabalho, carreira e família em perspectiva interseccional”. Para submeter contribuições, acesse: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/index.


    Prazo

    As contribuições para o dossiê temático “Trabalho, carreira e família em perspectiva interseccional” se encerram impreterivelmente no dia 27 de novembro de 2023 (segunda-feira).


    Informações adicionais

    No caso de quaisquer dúvidas sobre este dossiê temático, as editoras especiais devem ser contactadas: Aline Mendonça Fraga (alinemf.adm@gmail.com), Cláudia Sirangelo Eccel Alvim (claudia.eccel@ufrgs.br) ou Josiane Silva de Oliveira (oliveira.josianesilva@gmail.com). No caso de dúvidas sobre o periódico em si, o contato deve ser feito com a secretaria editorial (farol@face.ufmg.br).

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  • DOSSIÊS TEMÁTICOS SELECIONADOS - VII Chamada Pública

    2023-02-02

    Prezados Colegas da Comunidade de Estudos Organizacionais,

    A editoria de Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade comunica com satisfação que, das submissões de propostas à “VII Chamada Pública de Dossiês Temáticos” selecionou uma proposta que atendeu, de forma excepcional, aos critérios de avaliação divulgados quanto à pluralidade, crítica, reflexividade e inovação. O dossiê temático selecionado foi:

     

    TRABALHO, CARREIRA E FAMÍLIA EM PERSPECTIVA INTERSECCIONAL

    Editoras Especiais

     

    Aline Mendonça Fraga (Universidade Federal do Paraná)

    Cláudia Sirangelo Eccel Alvim (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)

    Josiane Silva de Oliveira (Universidade Estadual de Maringá)

     

    Data limite para apresentação de contribuições: 27 de novembro de 2023 (segunda-feira).

     

    Este dossiê temático contará com chamadas de trabalho específicas, bem como avaliadores e procedimentos próprios, cabendo às editoras especiais a promoção, o gerenciamento e a viabilização da publicação do seu número especial. Agradecemos à comunidade pelo grande interesse demonstrado e desejamos boa sorte aos editores especiais.

     

    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva, Dr.
    Editor-chefe
    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade
    https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol

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  • VII Chamada Pública - PROPOSTAS DE DOSSIÊS TEMÁTICOS

    2022-12-01

    VII Chamada Pública
    PROPOSTAS DE DOSSIÊS TEMÁTICOS


    Apresentação

    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade é o periódico científico do Núcleo de Estudos Organizacionais e Sociedade da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (NEOS/FACE/UFMG) que busca fomentar, propagar e contribuir para os Estudos Organizacionais em uma ótica não-funcionalista. Nesse sentido, constitui um espaço interdisciplinar, aberto para que se possa discutir e propor temáticas, abordagens críticas e inovadoras e objetos não ortodoxos nos estudos organizacionais. A ideia é que, a partir de uma perspectiva plural dos pontos de vista ontológico, epistemológico, teórico e metodológico, e não pautada pelo gerencialismo, seja possível propor, discutir, criticar e teorizar para a compreensão da complexa dinâmica da sociedade e suas interfaces com as organizações.

    Nesta mensagem fazemos a sétima chamada pública de propostas de dossiês temáticos, com o intuito de abrigar ideias da comunidade de Estudos Organizacionais, para o que convidamos todas as pessoas interessadas, de acordo com os seguintes parâmetros:

    - a temática do dossiê temático deve obrigatoriamente versar sobre uma perspectiva plural e não pautada pelo gerencialismo, sendo particularmente bem-vindas abordagens críticas, reflexivas e inovadoras e sobre objetos não ortodoxos nos Estudos Organizacionais;
    - deve haver pelo menos dois e não mais do que três editores especiais;
    - es editores especiais necessariamente devem ser doutores;
    - es editores especiais devem ter vinculação a pelo menos duas instituições diferentes;
    - é altamente recomendável que pelo menos uma das pessoas candidatas a editores especiais seja vinculada a uma universidade fora do Brasil;
    - cada editor especial pode estar vinculado a, no máximo, uma proposta de dossiê temático;
    - a proposta deve conter cerca de 3.000 palavras, apresentando teoricamente a temática, seu desenvolvimento e possibilidades no campo dos estudos organizacionais, o potencial de publicação de um dossiê temático, e as possíveis linhas de contribuição, bem como os nomes propostos des editores especiais e suas instituições de vinculação.

    Prazo

    As propostas deverão ser encaminhadas impreterivelmente até 20 de dezembro de 2022 (terça-feira) exclusivamente por e-mail com o assunto “Proposta de dossiê temático” para farol@face.ufmg.br.

    Julgamento

    As propostas serão julgadas considerando a qualidade editorial no que tange à pluralidade, crítica, reflexividade e inovação, bem como quanto ao potencial de publicação em um dossiê temático.

    Resultados

    Os resultados serão divulgados até o dia 1º de fevereiro de 2023 (quarta-feira).

    Prazo de publicação

    Este edital prevê a aprovação de um dossiê temático, a ser publicado em 2024. A depender da qualidade das propostas, pode haver mais de um dossiê temático selecionado, a critério da editoria.

    Informações adicionais

    - Todo processo editorial do dossiê temático aprovado será operacionalizado por meio do Open Journal Systems, a cujo acesso es editores especiais terão quando forem credenciades pela editoria.
    - Es editores especiais ficarão encarregados de apresentar uma lista específica de pareceristas ad hoc com doutorado concluído (ou em curso), que atuarão no dossiê temático proposto. Posteriormente, eles serão incorporados ao corpo de pareceristas regulares ad hoc de Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade.
    - Informações adicionais podem ser obtidas diretamente com a editoria da revista: saraiva@face.ufmg.br.


    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva, Dr.
    Editor-chefe
    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade
    https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/index

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  • Chamada de trabalhos - Ficções e Outras Narrativas de Emergência

    2022-12-01

    Chamada de Trabalhos

    Ficções e Outras Narrativas de Emergência

    Editores Especiais

    Alexandre de Pádua Carrieri (UFMG, Brasil)
    Pablo Gobira (UEMG, Brasil)
    Eloisio Moulin de Souza (UFES, Brasil)

     

    Foi ainda na década de 1930 que Walter Benjamin (1936/1994) apontou o que a narrativa perdia diante das transformações do mundo moderno. A perda permitia não apenas o vislumbre do fim da experiência, mas fomentava a pervasividade do narrar no cotidiano de uma maneira crucial. Crucial, mas superficial. Esse empobrecimento da vida, fruto do empobrecimento da experiência, conforme Benjamin, difundiu as propriedades exclusivas da narrativa a todas as superfícies da existência planetária. A dimensão ficcional é uma dessas propriedades que passou a fazer parte de uma sociedade estética que pode ser lida enquanto arte em todos os seus setores (Lipovetsky & Serroy, 2015).

    Por outro lado, o escritor argentino Jorge Luis Borges (1999) expande os valores da ficção quando publica o seu livro Ficções (em 1944), trazendo um modo de narrar que é impactado por essa mudança da qual tratou Walter Benjamin. A relação que trazemos aqui não se dá como relação entre Benjamin e Borges, mas busca apresentar uma base para esta convocatória à comunidade acadêmica interessada em ficções e outras narrativas emergentes presentes em contextos organizacionais diversos.

    Silviano Santiago (1989), importante escritor e crítico literário brasileiro, reflete sobre os acontecimentos do século XX e diante da configuração contemporânea da sociedade desenvolve a noção de “narrador pós-moderno”. Segundo o autor, o narrador pós-moderno constitui uma narrativa que decorre “da observação de uma vivência alheia a ele, visto que a ação que narra não foi tecida na substância viva da sua existência.” Seja qual for o modo de narrar que restou, é fato a sua presença no contexto organizacional, sendo viável a narrativa a partir de múltiplos vieses.

    Assim, esta é uma chamada de artigos para um dossiê que pretende apresentar a diversidade ficcional possível (e até impossível!) nas organizações. Ao mesmo tempo, imaginamos que revelaremos as emergências narrativas na sociedade como um todo, mas que trazem configurações próprias no contexto organizacional.

    O mito é uma das possíveis formas de manifestação da diversidade ficcional nos estudos organizacionais. Mito é uma “narrativa construída com a intenção de falsear uma dada realidade” (Gomes, 2005, p. 57), fazendo circular e funcionar ideologias, ideias e conceitos como se fossem verdadeiros, atribuindo-lhes legitimidade acadêmica. Por exemplo, Bridgman, Cummings e Ballard (2019) demonstram que a pirâmide de Maslow é um mito presente em várias escolas de administração até os dias de hoje mundo afora. Os autores evidenciam os motivos pelos quais o trabalho de Maslow carece de legitimidade e, por isso, não foi aceito pela psicologia, mas abraçado como verdade pela administração e transformado em um modelo piramidal hierárquico de necessidades humanas, tornando-se uma das narrativas mais populares do campo administrativo.

    Knight e Tsoukas (2018) evidenciam como a noção de pós-verdade pode ser objeto de análise e ser aplicada nos estudos organizacionais, demonstrando como a linguagem de negócios é utilizada pelos agentes políticos para intervirem diretamente na realidade do mundo através da união casual de forças com o intuito de produzir mobilização social em torno de suas ideias, mesmo que não sejam verdadeiras. Para tanto, analisam como as ações comunicativas relacionadas aos negócios são utilizadas por Trump para criar fatos alternativos e pós-verdades, bem como suas implicações para as escolas de gestão, demonstrando como a pós-verdade impacta na criação de realidades alternativas através do uso de comunicação multimodal e informacional.

    Diante disso, são tópicos desejáveis (mas não exclusivos) desta chamada:

    - os mitos nas organizações;
    - as narrativas emergentes e as organizações;
    - as ficções literárias organizacionais;
    - as ficções não literárias nas organizações;
    - pós-verdades e narrativas organizacionais;
    - as narrativas interespécies nas organizações;
    - as narrativas digitais nas organizações;
    - as narrativas ficcionais da interação humano-máquina e máquina-máquina nas organizações;
    - as narrativas interativas coletivas/compartilhadas/colaborativas organizacionais;
    - narrativas lúdicas nas organizações (jogos, jogos digitais, gamificações e outras ludicidades);
    - outros tópicos interessantes envolvendo ficções e narrativas...

    Finalizamos esta chamada fazendo um convite para visitar a exposição digital “Pós-verdade: fragmentos de fatos à revelia”, do artista Raphael Ferreira, uma exposição com a curadoria de Pablo Gobira. A exposição pode ser visitada gratuitamente em 2D ou 3D a partir do link: https://distopica.com.br/pos-verdade/

    Aguardamos a submissão do seu artigo!

    Referências

    Benjamin, Walter (1994). O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In Walter Benjamin. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura (pp. 197-221). São Paulo: Brasiliense.

    Borges, Jorge Luis (1999). Ficções. São Paulo: Globo.

    Bridgamn, Todd, Cummings, Stephen, & Ballard, John (2019). Who built Maslow’s pyramid? A history of the creation of management studies’ most famous symbol and its implications for management education. Academy of Management Learning & Education, 18(1), 81-89.

    Gomes, Nilma L. (2005). Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil: uma breve discussão. In Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, Educação anti-racistas: caminhos abertos pela lei federal nº 10.639/03 (pp. 39-62). Brasília: Ministério da Educação.

    Knight, Eric & Tsoukas, Haridimos (2019). When fiction trumps truth: what ‘post-truth’ and ‘alternative facts’ mean for management studies. Organization Studies, 40(2), 183-197.

    Lipovetsky, Gilles & Serroy, Jean (2015). A estetização do mundo: viver na era do capitalismo artista. São Paulo: Companhia das Letras.

    Santiago, Silviano (1989). O narrador pós-moderno. In Silviano Santiago. Nas malhas da letra (pp. 38-52). São Paulo: Companhia das Letras.

    Modalidades de contribuição

    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade aceita contribuições na forma de Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas (de livros, filmes, exposições, performances artísticas), Registros fotográficos e Vídeos. Os idiomas aceitos nas contribuições são português, inglês e espanhol, desde que estejam de acordo com a política editorial e as diretrizes para os autores. Para ter acesso às orientações gerais, acesse: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/about/submissions.

    Submissão

    Qualquer que seja a modalidade de contribuição (Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas, Registros fotográficos ou Vídeos), es autores devem informar o editor, no item “Comentários para o editor”, que estão submetendo especificamente para o dossiê temático “Ficções e Outras Narrativas de Emergência”. Para submeter contribuições, acesse: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/index.

    Prazo

    As contribuições para o dossiê temático “Ficções e Outras Narrativas de Emergência” se encerram impreterivelmente no dia 27 de fevereiro de 2023 (segunda-feira).

    Informações adicionais

    No caso de quaisquer dúvidas sobre este número especial, os editores especiais devem ser contactados: Alexandre de Pádua Carrieri (alexandre@face.ufmg.br) , Pablo Gobira (pablo.gobira@uemg.br) ou Eloisio Moulin de Souza (eloisiomoulin@gmail.com). No caso de dúvidas sobre o periódico em si, o contato deve ser feito com a secretaria editorial (farol@face.ufmg.br).

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  • Chamada de Trabalhos - Estudos Econômicos das Organizações

    2022-02-07

    O amplo campo dos estudos organizacionais congrega diferentes tipos de análise organizacional. Um desses tipos, ancorado nos desenvolvimentos da economia das organizações, desfruta de audiência nacional e internacional por sua ênfase na estruturação e funcionamento das organizações, sobretudo implicadas em relações competitivas. Seria mesmo possível dizer que essa análise ocupa a posição central como mainstream nos estudos econômicos das organizações. Entretanto, a relação entre “economia” e “organizações” é bem mais ampla do que comportam as teorias mais frequentadas e suas questões orientadoras, a exemplo, seguindo Barney & Hesterly (1996), da teoria dos custos de transação (por que existem organizações?), da teoria da agência (como as organizações devem ser administradas?), da teoria da gestão estratégica (por que algumas organizações superam outras?) e da teoria da cooperação organizacional (como as organizações podem cooperar?). Ao fundo, encontra-se com frequência uma espécie de admissão (ontológica) da natureza jurídica das organizações (cf. Lawson, 2019, p. 85-124) e a operacionalização performática como critério científico, como aludem as questões orientadoras acima.

    Direta ou indiretamente, tais teorias possuem ascendências à chamada escola neoclássica a qual recebeu historicamente considerável escrutínio a respeito de suas limitações fundamentais, para citar algumas, em termos de irrealismo de seus modelos principais, de ausência do reconhecimento das contradições sociais, de tributos pagos por sua aderência ao positivismo/neopositivismo e de capitulação diante dos interesses econômicos. Esse escrutínio adveio de fontes diferentes ao longo dos últimos cem anos, pelo menos, e podemos indicar sumariamente algumas delas.
    A crítica da economia política (na figura geral de uma assim chamada “economia marxista”) nunca deixou de insistir nas contraditoriedades e relações classistas do processo de acumulação do capital como eixo básico da análise das empresas e do Estado. A partir disso, podemos delimitar uma economia política das organizações interessada nesse tipo de análise e em seus desdobramentos (Clegg & Dunkerley, 1980, Türk, 1999, Marens, 2009, Vidal, Adler & Delbridge, 2015, Guedes & Paço Cunha, 2021), incluindo a análise organizacional a partir da observação dos vínculos estruturais entre organizações, economia e política nas figuras da administração política (Cristaldo, 2021) e da economia política do poder (Faria, 2017).

    A economia institucional, pelos menos desde Veblen e Commons, teve parte de seu arranque histórico na crítica ao irrealismo da escola neoclássica, cujos modelos estáticos não eram capazes de refletir a dinâmica econômica ou o papel regulador das instituições. Isso abriu um veio de desenvolvimento ao institucionalismo em diferentes ramificações e com amplas repercussões nos estudos organizacionais (Tolbert & Zucker, 1996, Machado-da-Silva & Gonçalves, 1999, Scott, 2014, Rossoni, 2016).

    A sociologia econômica, não sem conexões com as tendências anteriores, promoveu certo alargamento da economia considerada mainstream a partir da “aplicação de esquemas de referência, variáveis e modelos explanatórios da sociologia ao complexo de atividades as quais estão implicadas com a produção, distribuição, trocas e consumo de produtos e serviços escassos” (Smelser & Swedberg, 2005, p. 3). As limitações reconhecidas do agente maximizador de resultados que permeia a escola neoclássica encontraram na sociologia econômica a atenção sobre outros modos de racionalidade que matrizam a vida social e permeiam, portanto, a dinâmica das organizações. Essa sociologia econômica obteve igualmente considerável profusão no país (Moreira & Goia, 2017, Santos, Serafim & Pinheiro, 2020).

    Essas indicações são apenas sumárias e não esgotam outras fontes de criticismo nem discorrem abrangentemente sobre os seus desdobramentos subsequentes. Mas todas elas apontam para pelo menos duas questões fundamentais. A primeira, já aludida, é que a escola neoclássica é consideravelmente estreita para as ambições científicas que se encontram na relação entre “economia” e “organizações”. Assim também são aquelas teorias no campo da economia das organizações, cuja ascendência remonta à escola neoclássica. A segunda questão fundamental está no reconhecimento do fator econômico como uma espécie de base racional explicativa para o fenômeno organizacional. Não é um privilégio da economia marxista esse reconhecimento, permeando, de uma forma ou de outra, as demais tendências aludidas. E isso se agrava em razão das condições hodiernas sob edição das recorrentes crises econômicas que estão no cerne das inflexões societais correntes que fomentam desigualdades sociais e simultaneamente ideologias reacionárias, além das ameaças climáticas decorrentes do atual padrão produtivo global, genericamente denominado capitalismo, sem adversário à altura até o momento.

    O objetivo da presente chamada especial é precisamente o de promover outros tipos de análise organizacional que, igualmente fundamentados em base econômica e macrogerencial, estabelecem parâmetros reflexivo-críticos das organizações e das teorias mais visitadas no campo, fomentando diferentes estudos econômicos das organizações. Por isso, a presente chamada tem por linhas temáticas as abordagens teórico-empíricas e seus debates:

    - Economia política das organizações
    - Economia institucional
    - Sociologia econômica
    - Debates internos e entre tais abordagens teórico-empíricas
    - Avaliação crítica das teorias hegemônicas de ascensão neoclássica

    Cada uma dessas linhas pode ser desdobrada em diferentes temáticas específicas. São bem-vindos preferencialmente trabalhos teóricos de aprofundamento das abordagens, de seus problemas e de debates críticos entre tais abordagens. Trabalhos empíricos também são recomendados desde que sirvam à problematização de tais abordagens e não apenas para operacionalização conceitual delas.

    Referências

    Barney, Jay B. & Hesterly, William (1996). Organizational economics: Understanding the relationship between organizations and economic analysis. In Stewart R. Clegg, Cynthia Hardy, & Nord, Walter R. (Eds.). The SAGE handbook of organization studies (pp. 111-148). London: SAGE.

    Clegg, Stewart & Dunkerley, David (1980). Organization, class and control. London: Routledge & Kegan Paul.

    Cristaldo, Rômulo C. (2021). Gestão do desenvolvimento e administração política. Revista Internacional de Investigación en Ciencias Sociales, 17(1), 143-157.

    Faria, José H. (2017). Poder, controle e gestão. Curitiba: Juruá.

    Lawson, Tony (2019). The nature of social reality: issues in social ontology. Routledge: New York.

    Machado-da-Silva, Clóvis & Gonçalves, Sandro A. (1999). Nota técnica: a teoria institucional. In Stewart R. Clegg, Cynthia Hardy, & Nord, Walter R. (Orgs.). Handbook de estudos organizacionais (pp. 218-225). São Paulo: Atlas.

    Marens, Richard (2009). It's not just for communists any more: marxian political economy and organizational theory. In Paul Adler (Ed.). The Oxford handbook of sociology and organization studies (pp. 92-117). Oxford: Oxford University Press.

    Moreira, Gustavo H., & Goia, Marisol R. (2017). A nova sociologia econômica em pesquisas de administração no Brasil. Revista Brasileira de Pesquisas de Marketing, Opinião e Mídia, 10(3), 375-388.

    Guedes, Leandro T. & Paço Cunha, Elcemir (2021). Financiamento do capital fixo (1970-2012): dissolvendo o paradoxo aparente entre financeirização e autofinanciamento em contexto de queda da taxa de lucro. Revista Brasileira de Estudos Organizacionais, 8(1), 16-54.

    Rossoni, Luciano (2016). O que é legitimidade organizacional? Organizações & Sociedade, 23(76), 110-129.

    Santos, Laís S., Serafim, Maurício C., & Pinheiro, Daniel M. (2020). Desafios à compreensão do comércio justo como modelo econômico viável: um olhar a partir da sociologia econômica para os estudos organizacionais. Reuna, 25(1), 73-89.

    Scott, W. Richard (2014). Institutions and organizations: ideias, interests, and identities (4th ed). London: Sage.

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    Tolbert, Pamela S. & Zucker, Lynne G. (1996) The Institutionalization of institutional theory. In Stewart R. Clegg, Cynthia Hardy, & Nord, Walter R. (Eds.). The SAGE handbook of organization studies (pp. 175-190). London: SAGE.

    Türk, Klaus (1999). The critique of the political economy of organization. International Journal of Political Economy, 29(3), 6-32.

    Vidal, Matt, Adler, Paul, & Delbridge, Rick (2015). When organization studies turns to societal problems: the contribution of marxist grand theory. Organization Studies, 36(4), 405-422.


    Modalidades de contribuição

    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade aceita contribuições na forma de Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas (de livros, filmes, exposições, performances artísticas), Registros fotográficos e Vídeos. Os idiomas aceitos nas contribuições são português, inglês e espanhol, desde que estejam de acordo com a política editorial e as diretrizes para os autores. Para ter acesso às orientações gerais, acesse: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/about/submissions.

    Submissão

    Qualquer que seja a modalidade de contribuição (Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas, Registros fotográficos ou Vídeos), es autores devem informar o editor, no item “Comentários para o editor”, que estão submetendo especificamente para o dossiê temático “Estudos Econômicos das Organizações”. Para submeter contribuições, acesse: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/index.

    Prazo

    As contribuições para o dossiê temático “Estudos Econômicos das Organizações” se encerram impreterivelmente no dia 5 de dezembro de 2022 (segunda-feira).

    Informações adicionais

    No caso de quaisquer dúvidas sobre este número especial, os editores especiais devem ser contactados: Rômulo Carvalho Cristaldo (romulocristaldo@gmail.com) ou Elcemir Paço Cunha (paco.cunha@facc.ufjf.br). No caso de dúvidas sobre o periódico em si, o contato deve ser feito com a secretaria editorial (farol@face.ufmg.br).

    Saiba mais sobre Chamada de Trabalhos - Estudos Econômicos das Organizações
  • Chamada de Trabalhos – Animais e Organizações

    2022-02-01

    Chamada de Trabalhos

    Animais e Organizações

    Editores especiais

    Tiago Franca Barreto (UPE)
    Leticia Dias Fantinel (UFES)
    Bárbara Eduarda Nóbrega Bastos (UFPE)

     

    Apresentamos a presente proposta como uma iniciativa pioneira no Brasil e que vem a somar-se a esforços que vêm sendo desenvolvidos apenas recentemente no campo dos Estudos Organizacionais, que vêm se concentrando há menos de uma década. No exterior, é possível mapear, em 2014, a criação do subtema “Animais e Organizações” no LAEMOS (Conference on Latin American and European Organization Studies); os mesmos editores organizaram uma edição especial do periódico Organization, em maio de 2016; da mesma forma, em 2016, destacamos o tema central da conferência SCOS (Standing Conference on Organizational Symbolism), intitulada “The Animal” e, em 2017, com o tema “Carne”. Ainda, relacionada ao SCOS de 2016, foi publicada uma edição especial no periódico Culture and Organization, em 2018. Em 2019, uma edição especial chamada “Organizing Animals” foi publicada na revista Gender, Work and Organization e no mesmo ano o VI CBEO (Congresso Brasileiro de Estudos Organizacionais) teve um Grupo de Trabalho “Animais e Organizações”. Todos esses são exemplos de esforços realizados por coletivos de pesquisa em diferentes países que sinalizam a importância de discutirmos relações organizadas interespécies, com especial atenção aos animais não-humanos, foco especial desta proposta.

    Nesse contexto, diversas críticas aos estudos sobre gestão e organizações são compartilhadas: nosso campo vem sistematicamente silenciando e negando o animal não-humano, excluindo-o da teoria organizacional (Labatut, Munro & Desmond, 2016) e/ou reduzindo-o a categorias correspondentes a coisas ou outros, invisibilizando relações de exploração e dominação (sayers; hamilton; sang, 2019). Em um contexto de crescente demanda das organizações sobre os animais não humanos (Hannah & Robertson, 2017), estes últimos parecem interessar à prática organizacional apenas na condição de objetos passivos e obedientes à domesticação – caso contrário serão sumariamente removidos ou descartados por gestores humanos (Sage et al., 2016).

    Há, contudo, um movimento recente que, mais que simplesmente evidenciar que animais estão presentes em práticas organizativas, preocupa-se em contestar abordagens que problematizam o fenômeno organizativo a partir unicamente da perspectiva dos humanos que o constituem (Fantinel, 2020; Pina e Cunha, Rego & Munro, 2018; Sayers, 2015). Reconhece-se, por exemplo, as limitações da dicotomia ontológica humano/não-humano, convencionalmente adotada em diferentes pesquisas, que designa a outros animais um problemático status de "intermediário" tanto em nossos estudos quanto na prática organizacional (Doré & Michalon, 2017). Ainda, problematizam-se perspectivas dualistas que marcam entendimentos sobre organizações e o que se convenciona entender como natureza (que oscila, nessa cosmovisão herdeira da modernidade ocidental, entre uma homogênea fonte de recursos e um pano de fundo a ser abstratamente preservado). Animais não-humanos, nessa posição constantemente intermediária, penderiam ora para a organização, quando domesticados e úteis; e ora para a natureza, quando selvagens e indóceis. Tal visão vem se mostrando insuficiente para captar imbricações e emaranhamentos, de forma que são fundamentais questionamentos e debates dessas categorias enquanto entidades pré-existentes, automotivadas e de existência independentes.

    Por isso, salientamos que essa proposta de chamada busca articular agendas de pesquisa alinhadas a projetos não apenas epistêmicos, mas também éticos e políticos, de forma engajada a pensar formas de viver e existir para além do antropocentrismo que muitas vezes marca a produção de saberes e fazeres organizacionais, especialmente no contexto em que vivemos, caracterizado por emergências planetárias, catástrofes ambientais e climáticas, extinções e pandemias. Enquanto proponentes, alinhamo-nos à sensibilidade propugnada por Haraway (2008) na busca por ultrapassar uma compreensão representacional ou instrumental de que animais não humanos seriam “bons para pensar” ou “bons para comer”, mas sim como “bons para conviver (living with)”. Em nossas diferentes espécies, somos constituintes do mundo material, em emaranhados processos que imbricam nossas existências; e nesses emaranhados imbricam-se também práticas e formas organizativas.

    Assim, nos interessa, com a organização da chamada, abrir espaços e articular redes de pesquisadoras e pesquisadores que se dediquem a problematizar tais relações e que possam contribuir com o campo dos Estudos Organizacionais, especialmente em contexto brasileiro. Nossa proposta coloca-se como aberta a epistemologias não funcionalistas (para isso, o foco direciona-se a trabalhos críticos, interpretativos etc.) que abordem o animal não-humano em relação com formas, práticas e/ou estruturas organizativas a partir de diferentes possibilidades de abordagens, que podem vir de teorias reconhecidas da perspectiva animalista (por exemplo Adams, 1990; Joy, 2012; Regan, 2001; Singer, 2009), mas que podem passar por outros campos teóricos, como o Dark Side das organizações (Barreto et al., 2017), Teoria Ator-Rede (Doré & Michalon, 2017), pelo debate pós-humanista (Knight & Sang, 2019) ou ontologias recíprocas (Haraway, 2011). A proposta é, igualmente, mantermos abertura para abordagens ontológicas diversas sobre o que é o fenômeno organizativo, incluindo também perspectivas processuais sobre o organizar.

    Nossa proposta, nesse sentido, é que a submissão de trabalhos seja aberta a uma variedade de tópicos e temas, incluindo (mas não restringindo) os seguintes:

    - Ética animal, direito dos animais, exploração e extinção animal;
    - Emergência de novas moralidades acerca de animais não-humanos em sociedades humanas e seus impactos nas organizações;
    - Questões filosóficas e ideológicas sobre o consumo de animais;
    - Vegetarianismo, veganismo, dietas “limpas” e alimentos crus, os mercados e a mercantilização dessas práticas;
    - Industrialização da produção animal: tecnologias do capitalismo, globalização e animais;
    - O Dark side da indústria de exploração animal: corrupção, crimes corporativos, fraudes, ocultações e distorções da realidade sobre o tratamento de animais;
    - Escândalos na indústria de alimentos (por exemplo, vaca louca, carne de cavalo, Operação Carne Fraca) e alternativas agrícolas/alimentares;
    - Animais e tecnologias: experimentação animal, produção de cobaias e testes alternativos;
    - Impactos sociais e ambientais da produção de animais para consumo humano;
    - Organizações de direitos animais, movimentos sociais e interseccionalidade: as ligações entre o movimento dos direitos dos animais e outras organizações emancipatórias;
    - Relações entre exploração animal e precariedade do trabalho humano na indústria animal;
    - Trabalho sujo, trabalhadores em matadouros e frigoríficos: efeitos físicos e psicológicos sobre os trabalhadores dessas indústrias;
    - Análise de novas e clássicas metáforas organizacionais como homem tipo bovino (homem ideal), capital (cabeça de gado), tubarões do mercado, etc.;
    - A influência dos consumidores e da sociedade na indústria pecuária: consumo consciente, boicote, ação direta, influência de mudanças na legislação;
    - Crises sanitárias, políticas públicas de biossegurança, respostas organizadas a zoonoses, epidemias e pandemias zoonóticas;
    - Construções sociais, históricas e culturais de determinados animais como pragas, relações organizadas com animais ditos vetores e reservatórios de doenças;
    - Indústria pet, novos mercados, profissões e ocupações emergentes relacionadas a animais ditos de estimação;
    - O trabalho animal e o animal como força de trabalho em contextos urbanos e rurais;
    - Gestão de populações animais em ambiente urbano e silvestre, gestão de santuários e áreas de conservação e preservação ambiental;
    - Relações organizadas com o animal espetáculo para entretenimento humano: circos, zoológicos, exposições agropecuárias, esportes, aquários, vaquejadas, rodeios;
    - Relações de gênero e o animal: produção de masculinidades e feminilidades na organização da alimentação, consumo de carne e substâncias animais, na proteção animal, na caça, etc.;
    - Organizações e extinções animais no antropoceno: catástrofes, desastres.
    - Críticas ao antropocentrismo, excepcionalismo humano e ao dualismo humanidade/animalidade na teoria organizacional;
    - Epistemologias e metodologias que permitam problematizar relações organizadas com animais não-humanos para além da condição de objeto.
    … e assim por diante.

    Enquanto revestida por aspectos históricos, instrumentais, éticos, culturais, materiais e simbólicos, que permeiam e estão inseridos em formas e processos organizativos, a relação humano-animal evidencia sua importância enquanto campo e lócus de investigação nos Estudos Organizacionais. Seja no âmbito do trabalho humano-animal, dos novos mercados, relações, profissões e ocupações produzidos em torno das relações com animais não humanos, da relação com corpos animais vivos e mortos na esfera da produção, manejo e consumo, da instrumentalização desses corpos como objetos de experimentação laboratorial ou espetacularização, da chamada gestão de populações animais, entre outras possibilidades.

    Entendemos, portanto, que o tema tem grande relevância para nosso campo; ainda, a possibilidade de publicação de um dossiê temático sobre o assunto contribuirá muito para o campo no sentido de articular pesquisadores e pesquisadoras que se dedicam a tais debates, e mais uma vez reforçará a Farol como periódico de vanguarda na discussão e visibilização de temáticas e abordagens inovadoras e não-hegemônicas nos Estudos Organizacionais.

    Referências

    Adams, Carol J. (1990). The sexual politics of meat: a feminist-vegetarian critical theory. New York: Bloomsburry Revelations.

    Barreto, Tiago F., Bacelar, Denise F., Lima, Maria H. C. C. A., Feitosa, Marcos, G. G., & Lorêto, Myrna S. S. (2017). “Soltem os beagles”: desvelando o dark side das organizações a partir da perspectiva da ética animal. Revista Brasileira de Estudos Organizacionais, 4(1), 279-319.

    Doré, Antoine & Michalon, Jérôme (2017). What makes human–animal relations ‘organizational’? The de-scription of anthrozootechnical agencements. Organization, 24(6), 761-780.

    Fantinel, Leticia D. (2020). O organizar multiespécie da cidade. In Luiz Alex S. Saraiva & Ana Silvia R. Ipiranga (Orgs.). História, práticas sociais e gestão das/nas cidades (pp. 297-344). Ituiutaba: Barlavento.

    Hannah, David R. & Robertson, Kirsten (2016). Human-animal work: a massive, understudied domain of human activity. Journal of Management Inquiry, 26(1), 116-118.

    Haraway, Donna J. (2011). A partilha do sofrimento: relações instrumentais entre animais de laboratório e sua gente. Horizontes Antropológicos, 17(35), 27-64.

    Haraway, Donna J. (2008). When species meet. Minneapolis: University of Minnesota Press.

    Joy, Melanie (2012). Why we love dogs, eat pigs and wear cows: an introduction to carnism, the belief system that enables us to eat some animals and not others. Newark: Audible.

    Knight, Charles & Sang, Kate (2019). ‘At home, he’s a pet, at work he’s a colleague and my right arm’: police dogs and the emerging posthumanist agenda. Culture and Organization, 355-371.

    Labatut, Julie, Munro, Iain, & Desmond, John (2016). Animals and organizations. Organization, 23(3), 315-329.
    Pina e Cunha, Miguel, Rego, António, & Munro, Iain (2018). Dogs in organizations. Human Relations, 72(4), 778-800.

    Regan, Tom (2001). Defending animal rights. Illinois: University of Illinois Press.

    Sage, Daniel, Justesen, Lise, Dainty, Andrew, Kjell Tryggestad, & Jan Mouritsen (2016). Organizing space and time through relational human–animal boundary work: Exclusion, invitation and disturbance. Organization, 23(3), 434-450.

    Sayers, Janet G. (2015). A report to an academy: on carnophallogocentrism, pigs and meat-writing. Organization, 23(3), 370-386.

    Sayers, Janet, Hamilton, Lindsay, Sang, Kate (2019). Organizing animals: species, gender and power at work. Gender, Work & Organization, 26(3), 239-245.

    Singer, Peter (2009). Animal liberation: the definitive classic of the animal movement. New York: Harper Collins.

    Modalidades de Contribuição

    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade aceita contribuições na forma de Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas (de livros, filmes, exposições, performances artísticas), Registros fotográficos e Vídeos. Os idiomas aceitos nas contribuições são português, inglês e espanhol, desde que estejam de acordo com a política editorial e as diretrizes para os autores. Para ter acesso às orientações gerais, acesse: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/about/submissions.

    Submissão

    Qualquer que seja a modalidade de contribuição (Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas, Registros fotográficos ou Vídeos), es autores devem informar o editor, no item “Comentários para o editor”, que estão submetendo especificamente para o dossiê temático “Animais e organizações”. Para submeter contribuições, acesse: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/index.

    Prazo

    As contribuições para o dossiê temático “Animais e organizações” se encerram impreterivelmente no dia 14 de novembro de 2022 (segunda-feira).

    Informações adicionais

    No caso de quaisquer dúvidas sobre este número especial, es editores especiais devem ser contactades: Tiago Franca Barreto (tiagoefebarreto@gmail.com), Leticia Dias Fantinel (leticiafantinel@gmail.com), ou Bárbara Eduarda Nóbrega Bastos (barbarabastos@outlook.com). No caso de dúvidas sobre o periódico em si, o contato deve ser feito com a secretaria editorial (farol@face.ufmg.br).

     

     

     

     

     


    Convocatoria de ponencias

    Dossier temático “Animales y organizaciones”


    Editores especiales

    Tiago Franca Barreto (UPE, Brasil)
    Leticia Dias Fantinel (UFES, Brasil)
    Bárbara Eduarda Nóbrega Bastos (UFPE, Brasil)

     

    Presentamos la presente propuesta como una iniciativa pionera en Brasil y como una adición a los esfuerzos que sólo recientemente se han desarrollado en el campo de los Estudios Organizacionales, que se han concentrado durante menos de una década. En el extranjero, es posible mapear, en 2014, la creación del subtema "Animales y Organizaciones" en LAEMOS (Conferencia de Estudios Latinoamericanos y Europeos de Organización); los mismos editores organizaron un número especial de la revista Organization, en mayo de 2016; asimismo, en 2016, destacamos el tema central de la conferencia SCOS (Standing Conference on Organizational Symbolism), titulado "El Animal" y, en 2017, con el tema "Carne". Además, en relación con el SCOS de 2016, se publicó un número especial en la revista Culture and Organization en 2018. En 2019, se publicó un número especial llamado "Organizar a los animales" en la revista Género, Trabajo y Organización y en el mismo año el VI CBEO (Congreso Brasileño de Estudios Organizacionales) tuvo un Grupo de Trabajo "Animales y Organizaciones". Todos estos son ejemplos de esfuerzos realizados por grupos de investigación en diferentes países que señalan la importancia de discutir las relaciones organizadas entre especies, con especial atención a los animales no humanos, foco especial de esta propuesta.

    En este contexto, se comparten varias críticas a los estudios sobre gestión y organizaciones: nuestro campo ha estado silenciando y negando sistemáticamente al animal no humano, excluyéndolo de la teoría organizacional (Labatut, Munro & Desmond, 2016) y/o reduciéndolo a categorías correspondientes a cosas u otros, invisibilizando las relaciones de explotación y dominación (sayers; hamilton; sang, 2019). En un contexto de crecientes exigencias de las organizaciones a los animales no humanos (Hannah y Robertson, 2017), estos últimos parecen interesar a la práctica organizativa solo en la condición de objetos pasivos y obedientes a la domesticación -de lo contrario, serán eliminados sumariamente o descartados por los gestores humanos (Sage et al., 2016).

    Existe, sin embargo, un movimiento reciente que, más que evidenciar que los animales están presentes en las prácticas organizacionales, se ocupa de impugnar los enfoques que problematizan el fenómeno organizacional desde la sola perspectiva de los humanos que lo constituyen (Fantinel, 2020; Pina e Cunha, Rego & Munro, 2018; Sayers, 2015). Se reconocen las limitaciones de la dicotomía ontológica humano/no humano, convencionalmente adoptada en diferentes estudios de investigación, que asigna a otros animales un estatus problemático de "intermediario" tanto en nuestros estudios como en la práctica organizacional (Doré & Michalon, 2017). Además, problematizamos las perspectivas dualistas que marcan los entendimientos sobre las organizaciones y lo que convencionalmente se entiende como naturaleza (que oscila, en esta cosmovisión heredada de la modernidad occidental, entre una fuente homogénea de recursos y un fondo que hay que preservar abstractamente). Los animales no humanos, en esta posición intermedia constante, tienden a veces hacia la organización, cuando están domesticados y son útiles; otras, hacia la naturaleza, cuando son salvajes e ingobernables. Este punto de vista ha demostrado ser insuficiente para captar las imbricaciones y los enredos, por lo que es fundamental cuestionar y debatir estas categorías como entidades preexistentes, auto motivadas y de existencia independiente.

    Por lo tanto, destacamos que la propuesta de esta convocatoria busca articular agendas de investigación alineadas con proyectos no sólo epistémicos, sino también éticos y políticos, de manera que se comprometan a pensar formas de vivir y existir más allá del antropocentrismo que suele marcar la producción de conocimiento y las prácticas organizativas, especialmente en el contexto en el que vivimos, caracterizado por emergencias planetarias, desastres ambientales y climáticos, extinciones y pandemias. Como proponentes, nos alineamos con la sensibilidad propuesta por Haraway (2008) en la búsqueda de superar una comprensión representacional o instrumental de los animales no humanos como "buenos para pensar" o "buenos para comer", sino como "buenos para vivir con". En nuestras diferentes especies, somos constituyentes del mundo material, en procesos enmarañados que imbrican nuestras existencias; y en estos enmarañamientos se imbrican también las prácticas y las formas organizativas.

    Así, nos interesa, con la organización de la convocatoria, abrir espacios y articular redes de investigadores que se dediquen a problematizar dichas relaciones y que puedan contribuir al campo de los Estudios Organizacionales, especialmente en el contexto brasileño. Nuestra propuesta se sitúa como abierta a epistemologías no funcionalistas (para ello, el enfoque se dirige a trabajos críticos, interpretativos, etc.) que aborden al animal no humano en relación con las formas, prácticas y/o estructuras organizativas desde diferentes posibilidades de abordaje, que pueden provenir de teorías reconocidas desde la perspectiva animalista (por ejemplo, Adams, 1990; Joy, 2012; Regan, 2001; Singer, 2009), pero que pueden pasar por otros campos teóricos, como el Lado Oscuro de las organizaciones (Barreto et al, 2017), la teoría del actor-red (Doré y Michalon, 2017), el debate posthumanista (Knight y Sang, 2019) o las ontologías recíprocas (Haraway, 2011). La propuesta es, igualmente, que nos mantengamos abiertos a diversos enfoques ontológicos sobre lo que es el fenómeno organizativo, incluyendo también perspectivas procedimentales sobre la organización.

    Nuestra propuesta, en este sentido, es que la presentación de trabajos esté abierta a una variedad de temas y asuntos, incluyendo (pero sin restringir) los siguientes:

    - Ética animal, derecho animal, explotación y extinción de animales;
    - Surgimiento de nuevas moralidades sobre los animales no humanos en las sociedades humanas y su impacto en las organizaciones;
    - Cuestiones filosóficas e ideológicas sobre el consumo de animales;
    - El vegetarianismo, el veganismo, las dietas "limpias" y los alimentos crudos, los mercados y la mercantilización de estas prácticas;
    - Industrialización de la producción animal: tecnologías del capitalismo, globalización y animales;
    - El lado oscuro de la industria de la explotación animal: corrupción, delitos empresariales, fraude, ocultación y distorsión de la realidad sobre el trato a los animales;
    - Escándalos de la industria alimentaria (por ejemplo, las vacas locas, la carne de caballo, la Operación Carne Débil) y alternativas agrícolas/alimentarias;
    - Animales y tecnologías: experimentación animal, producción de cobayas y pruebas alternativas;
    - Impacto social y medioambiental de la producción animal para el consumo humano;
    - Organizaciones por los derechos de los animales, movimientos sociales e interseccionalidad: los vínculos entre el movimiento por los derechos de los animales y otras organizaciones emancipadoras;
    - Relaciones entre la explotación animal y la precariedad del trabajo humano en la industria animal;
    - El trabajo sucio, los trabajadores de los mataderos y las plantas de envasado de carne: efectos físicos y psicológicos en los trabajadores de estas industrias;
    - Análisis de metáforas organizativas nuevas y clásicas como el hombre tipo bovino (hombre ideal), el capital (cabeza de ganado), los tiburones del mercado, etc;
    - La influencia de los consumidores y la sociedad en la industria ganadera: consumo consciente, boicot, acción directa, influencia de los cambios en la legislación;
    - Crisis sanitarias, políticas públicas de bioseguridad, respuestas organizadas a las zoonosis, epidemias zoonóticas y pandemias;
    - Construcciones sociales, históricas y culturales de ciertos animales como plagas, relaciones organizadas con animales llamados vectores y reservorios de enfermedades;
    - Industria de los animales de compañía, nuevos mercados, profesiones y ocupaciones emergentes relacionadas con los animales de compañía;
    - El trabajo animal y el animal como fuerza de trabajo en contextos urbanos y rurales;
    - Gestión de poblaciones animales en entornos urbanos y silvestres, gestión de santuarios y áreas de conservación y preservación del medio ambiente;
    - Relaciones organizadas con el espectáculo animal para el entretenimiento humano: circos, zoológicos, exposiciones agrícolas, deportes, acuarios, vaqueros, rodeos;
    - Relaciones de género y el animal: producción de masculinidad y feminidad en la organización de la alimentación, el consumo de carne y sustancias animales, la protección de los animales, la caza etc.;
    - Organizaciones animales y extinciones en el Antropoceno: catástrofes, desastres.
    - Crítica al antropocentrismo, al excepcionalismo humano y al dualismo humanidad/animidad en la teoría organizativa;
    - Epistemologías y metodologías que permiten problematizar las relaciones organizadas con los animales no humanos más allá de la condición de objeto.
    ... y así sucesivamente.

    Revestida de aspectos históricos, instrumentales, éticos, culturales, materiales y simbólicos, que impregnan y se insertan en las formas y procesos organizativos, la relación hombre-animal destaca su importancia como campo y locus de investigación en los Estudios Organizativos. Ya sea en el ámbito del trabajo humano-animal, de los nuevos mercados, relaciones, profesiones y ocupaciones que se producen en torno a las relaciones con los animales no humanos, de la relación con los cuerpos animales vivos y muertos en la esfera de la producción, la gestión y el consumo, de la instrumentalización de estos cuerpos como objetos de experimentación laboratorial o de espectacularización, de la llamada gestión de las poblaciones animales, entre otras posibilidades.

    Entendemos, por lo tanto, que el tema tiene gran relevancia para nuestro campo; además, la posibilidad de publicar un dossier temático sobre el tema contribuirá mucho al campo en el sentido de articular investigadores dedicados a tales debates, y una vez más reforzará a Farol como revista de vanguardia en la discusión y visibilidad de temas y enfoques innovadores y no hegemónicos en los Estudios Organizacionales.

    Referências

    Adams, Carol J. (1990). The sexual politics of meat: a feminist-vegetarian critical theory. New York: Bloomsburry Revelations.

    Barreto, Tiago F., Bacelar, Denise F., Lima, Maria H. C. C. A., Feitosa, Marcos, G. G., & Lorêto, Myrna S. S. (2017). “Soltem os beagles”: desvelando o dark side das organizações a partir da perspectiva da ética animal. Revista Brasileira de Estudos Organizacionais, 4(1), 279-319.

    Doré, Antoine & Michalon, Jérôme (2017). What makes human–animal relations ‘organizational’? The de-scription of anthrozootechnical agencements. Organization, 24(6), 761-780.

    Fantinel, Leticia D. (2020). O organizar multiespécie da cidade. In Luiz Alex S. Saraiva & Ana Silvia R. Ipiranga (Orgs.). História, práticas sociais e gestão das/nas cidades (pp. 297-344). Ituiutaba: Barlavento.

    Hannah, David R. & Robertson, Kirsten (2016). Human-animal work: a massive, understudied domain of human activity. Journal of Management Inquiry, 26(1), 116-118.

    Haraway, Donna J. (2011). A partilha do sofrimento: relações instrumentais entre animais de laboratório e sua gente. Horizontes Antropológicos, 17(35), 27-64.

    Haraway, Donna J. (2008). When species meet. Minneapolis: University of Minnesota Press.

    Joy, Melanie (2012). Why we love dogs, eat pigs and wear cows: an introduction to carnism, the belief system that enables us to eat some animals and not others. Newark: Audible.

    Knight, Charles & Sang, Kate (2019). ‘At home, he’s a pet, at work he’s a colleague and my right arm’: police dogs and the emerging posthumanist agenda. Culture and Organization, 355-371.

    Labatut, Julie, Munro, Iain, & Desmond, John (2016). Animals and organizations. Organization, 23(3), 315-329.

    Pina e Cunha, Miguel, Rego, António, & Munro, Iain (2018). Dogs in organizations. Human Relations, 72(4), 778-800.

    Regan, Tom (2001). Defending animal rights. Illinois: University of Illinois Press.

    Sage, Daniel, Justesen, Lise, Dainty, Andrew, Kjell Tryggestad, & Jan Mouritsen (2016). Organizing space and time through relational human–animal boundary work: Exclusion, invitation and disturbance. Organization, 23(3), 434-450.

    Sayers, Janet G. (2015). A report to an academy: on carnophallogocentrism, pigs and meat-writing. Organization, 23(3), 370-386.

    Sayers, Janet, Hamilton, Lindsay, Sang, Kate (2019). Organizing animals: species, gender and power at work. Gender, Work & Organization, 26(3), 239-245.

    Singer, Peter (2009). Animal liberation: the definitive classic of the animal movement. New York: Harper Collins.


    Modalidades de contribución

    Farol - Revista de Estudios Organizacionales y Sociedad acepta contribuciones en forma de Portadas, Artículos, Ensayos, Debates, Provocaciones, Entrevistas, Declaraciones, Reseñas (de libros, películas, exposiciones, espectáculos artísticos), Registros fotográficos y de vídeo. Los idiomas aceptados en las contribuciones son el portugués, el inglés y el español, siempre que estén de acuerdo con la política editorial y las directrices para los autores. Para ver las directrices generales, acceda a: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/about/submissions.

    Presentación

    Cualquiera que sea el tipo de contribución (Portadas, Artículos, Ensayos, Debates, Provocaciones, Entrevistas, Testimonios, Reseñas, Fotografías o Vídeos), los autores deben informar al editor, en el punto "Comentarios al editor", que se presentan específicamente para el dossier temático "Animales y Organizaciones". Para enviar contribuciones, diríjase a: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/index.

    Fecha límite

    La fecha límite para las contribuciones al número temático "Animales y organizaciones" es el 14 de noviembre de 2022 (lunes).

    Más información

    Para cualquier pregunta relacionada con este número especial, puede ponerse en contacto con los editores especiales: Tiago Franca Barreto (tiagoefebarreto@gmail.com), Leticia Dias Fantinel (leticiafantinel@gmail.com), o Bárbara Eduarda Nóbrega Bastos (barbarabastos@outlook.com). En caso de preguntas sobre la propia revista, póngase en contacto con la oficina editorial (farol@face.ufmg.br).

     

     

     

     

    Call for papers

    Thematic dossier “Animals and Organizations”

    Special Editors

    Tiago Franca Barreto (UPE, Brazil)
    Leticia Dias Fantinel (UFES, Brazil)
    Bárbara Eduarda Nóbrega Bastos (UFPE, Brazil)


    We present the present proposal as a pioneering initiative in Brazil, which adds to efforts that have only recently been developed in the field of Organizational Studies, which have been concentrated for less than a decade. Abroad, it is possible to map, in 2014, the creation of the subtheme "Animals and Organizations" in LAEMOS (Conference on Latin American and European Organization Studies); the same editors organized a special issue of the journal Organization, in May 2016; likewise, in 2016, we highlight the central theme of the SCOS (Standing Conference on Organizational Symbolism) conference, entitled "The Animal" and, in 2017, with the theme "Meat". Also, related to the 2016 SCOS, a special issue was published in the journal Culture and Organization in 2018. In 2019, a special issue called "Organizing Animals" was published in the journal Gender, Work and Organization and in the same year the VI CBEO (Brazilian Congress of Organizational Studies) had a Working Group "Animals and Organizations". All these are examples of efforts made by research groups in different countries that signal the importance of discussing inter-species organized relationships, with special attention to non-human animals, the special focus of this proposal.

    In this context, several criticisms of studies on management and organizations are shared: our field has been systematically silencing and denying the nonhuman animal, excluding it from organizational theory (Labatut, Munro & Desmond, 2016) and/or reducing it to categories corresponding to things or others, invisibilizing relations of exploitation and domination (sayers; hamilton; sang, 2019). In a context of increasing demands by organizations on nonhuman animals (Hannah & Robertson, 2017), the latter seem to be of interest to organizational practice only in the condition of passive and obedient objects to domestication - otherwise they will be summarily removed or discarded by human managers (Sage et al., 2016).
    There is, however, a recent movement that, more than simply evidencing that animals are present in organizational practices, is concerned with contesting approaches that problematize the organizational phenomenon from the sole perspective of the humans that constitute it (Fantinel, 2020; Pina e Cunha, Rego & Munro, 2018; Sayers, 2015). One recognizes, for example, the limitations of the ontological human/non-human dichotomy, conventionally adopted in different researches, which assigns to other animals a problematic "intermediary" status both in our studies and in organizational practice (Doré & Michalon, 2017). Furthermore, we problematize dualistic perspectives that mark understandings about organizations and what is conventionally understood as nature (which oscillates, in this cosmovision inherited from Western modernity, between a homogeneous source of resources and a background to be abstractly preserved). Non-human animals, in this constantly intermediate position, would tend towards organization when domesticated and useful, and towards nature when wild and unmanageable. Such a vision has proven to be insufficient to capture imbrications and entanglements, so that it is fundamental to question and debate these categories as pre-existent, self-motivated, and independently existing entities.

    Therefore, we emphasize that this call proposal seeks to articulate research agendas aligned with projects that are not only epistemic, but also ethical and political, in a way engaged in thinking ways of living and existing beyond the anthropocentrism that often marks the production of knowledge and organizational practices, especially in the context in which we live, characterized by planetary emergencies, environmental and climatic disasters, extinctions and pandemics. As proponents, we align ourselves to the sensibility propounded by Haraway (2008) in the search to overcome a representational or instrumental understanding that non-human animals would be "good for thinking" or "good for eating", but rather as "good for living with". In our different species, we are constituents of the material world, in entangled processes that imbricate our existences; and in these entanglements practices and organizational forms are also imbricated.

    Thus, we are interested, with the organization of the call, in opening spaces and articulating networks of researchers dedicated to problematize such relations and that may contribute to the field of Organizational Studies, especially in the Brazilian context. Our proposal places itself as open to non-functionalist epistemologies (for this, the focus is directed to critical, interpretative works, etc.) that address the non-human animal in relation to organizational forms, practices and/or structures from different possibilities of approaches, which can come from recognized theories from the animalist perspective (e.g. Adams, 1990; Joy, 2012; Regan, 2001; Singer, 2009), but that can pass through other theoretical fields, such as the Dark Side of organizations (Barreto et al, 2017), Actor-Network Theory (Doré & Michalon, 2017), the post-humanist debate (Knight & Sang, 2019) or reciprocal ontologies (Haraway, 2011). The proposal is, likewise, that we remain open to diverse ontological approaches to what the organizational phenomenon is, also including procedural perspectives on organizing.

    Our proposal, in this sense, is that paper submissions will be open to a variety of topics and themes, including (but not restricting) the following

    - Animal ethics, animal law, animal exploitation and extinction;
    - Emergence of new moralities about non-human animals in human societies and their impacts on organizations;
    - Philosophical and ideological issues about animal consumption;
    - Vegetarianism, veganism, "clean" diets and raw foods, the markets and the commodification of these practices;
    - Industrialization of animal production: technologies of capitalism, globalization and animals;
    - The Dark side of the animal exploitation industry: corruption, corporate crimes, fraud, concealment, and distortions of reality about the treatment of animals;
    - Food industry scandals (e.g., mad cow, horse meat, Operation Weak Meat) and agricultural/food alternatives;
    - Animals and technologies: animal experimentation, guinea pig production and alternative testing;
    - Social and environmental impacts of animal production for human consumption;
    - Animal rights organizations, social movements and intersectionality: the links between the animal rights movement and other emancipatory organizations;
    - Relations between animal exploitation and human labor precarity in the animal industry;
    - Dirty work, workers in slaughterhouses and meatpacking plants: physical and psychological effects on workers in these industries;
    - Analysis of new and classic organizational metaphors such as bovine type man (ideal man), capital (cattle head), market sharks, etc.;
    - The influence of consumers and society on the livestock industry: conscious consumption, boycott, direct action, influence of changes in legislation;
    - Sanitary crises, public biosecurity policies, organized responses to zoonoses, zoonotic epidemics and pandemics;
    - Social, historical and cultural constructions of certain animals as pests, organized relations with animals called vectors and reservoirs of disease;
    - Pet industry, new markets, emerging professions and occupations related to pet animals;
    - Animal labor and the animal as a labor force in urban and rural contexts;
    - Management of animal populations in urban and wild environments, management of sanctuaries and environmental conservation and preservation areas;
    - Organized relations with the animal show for human entertainment: circuses, zoos, agricultural exhibitions, sports, aquariums, cowboys, rodeos;
    - Gender relations and the animal: production of masculinities and femininities in the organization of food, consumption of meat and animal substances, animal protection, hunting, etc.;
    - Animal organizations and extinctions in the Anthropocene: catastrophes, disasters.
    - Critiques of anthropocentrism, human exceptionalism and the dualism humanity/animality in organizational theory;
    - Epistemologies and methodologies that allow problematizing organized relations with non-human animals beyond the condition of object.
    ... and so on.

    While coated by historical, instrumental, ethical, cultural, material and symbolic aspects, which permeate and are inserted in organizational forms and processes, the human-animal relationship highlights its importance as a field and locus of investigation in Organizational Studies. Be it in the scope of human-animal work, of the new markets, relations, professions and occupations produced around the relations with non-human animals, of the relation with living and dead animal bodies in the sphere of production, management and consumption, of the instrumentalization of these bodies as objects of laboratory experimentation or spectacularization, of the so-called management of animal populations, among other possibilities.

    We understand, therefore, that the theme has great relevance for our field; furthermore, the possibility of publishing a thematic dossier on the subject will contribute a lot to the field in the sense of articulating researchers dedicated to such debates, and once again will reinforce Farol as a vanguard journal in the discussion and visibility of innovative and non-hegemonic themes and approaches in Organizational Studies.

    References

    Adams, Carol J. (1990). The sexual politics of meat: a feminist-vegetarian critical theory. New York: Bloomsburry Revelations.

    Barreto, Tiago F., Bacelar, Denise F., Lima, Maria H. C. C. A., Feitosa, Marcos, G. G., & Lorêto, Myrna S. S. (2017). “Soltem os beagles”: desvelando o dark side das organizações a partir da perspectiva da ética animal. Revista Brasileira de Estudos Organizacionais, 4(1), 279-319.

    Doré, Antoine & Michalon, Jérôme (2017). What makes human–animal relations ‘organizational’? The de-scription of anthrozootechnical agencements. Organization, 24(6), 761-780.

    Fantinel, Leticia D. (2020). O organizar multiespécie da cidade. In Luiz Alex S. Saraiva & Ana Silvia R. Ipiranga (Orgs.). História, práticas sociais e gestão das/nas cidades (pp. 297-344). Ituiutaba: Barlavento.

    Hannah, David R. & Robertson, Kirsten (2016). Human-animal work: a massive, understudied domain of human activity. Journal of Management Inquiry, 26(1), 116-118.

    Haraway, Donna J. (2011). A partilha do sofrimento: relações instrumentais entre animais de laboratório e sua gente. Horizontes Antropológicos, 17(35), 27-64.

    Haraway, Donna J. (2008). When species meet. Minneapolis: University of Minnesota Press.

    Joy, Melanie (2012). Why we love dogs, eat pigs and wear cows: an introduction to carnism, the belief system that enables us to eat some animals and not others. Newark: Audible.

    Knight, Charles & Sang, Kate (2019). ‘At home, he’s a pet, at work he’s a colleague and my right arm’: police dogs and the emerging posthumanist agenda. Culture and Organization, 355-371.

    Labatut, Julie, Munro, Iain, & Desmond, John (2016). Animals and organizations. Organization, 23(3), 315-329.

    Pina e Cunha, Miguel, Rego, António, & Munro, Iain (2018). Dogs in organizations. Human Relations, 72(4), 778-800.

    Regan, Tom (2001). Defending animal rights. Illinois: University of Illinois Press.

    Sage, Daniel, Justesen, Lise, Dainty, Andrew, Kjell Tryggestad, & Jan Mouritsen (2016). Organizing space and time through relational human–animal boundary work: Exclusion, invitation and disturbance. Organization, 23(3), 434-450.

    Sayers, Janet G. (2015). A report to an academy: on carnophallogocentrism, pigs and meat-writing. Organization, 23(3), 370-386.

    Sayers, Janet, Hamilton, Lindsay, Sang, Kate (2019). Organizing animals: species, gender and power at work. Gender, Work & Organization, 26(3), 239-245.

    Singer, Peter (2009). Animal liberation: the definitive classic of the animal movement. New York: Harper Collins.

    Modalities of Contribution

    Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade accepts contributions in the form of Covers, Articles, Essays, Debates, Provocations, Interviews, Testimonials, Reviews (of books, films, exhibitions, artistic performances), Photographic and Video records. The languages accepted in the contributions are Portuguese, English and Spanish, as long as they are in accordance with the editorial policy and guidelines for authors. To access the general guidelines, go to: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/about/submissions.

    Submission

    Whatever the type of contribution (Covers, Articles, Essays, Debates, Provocations, Interviews, Testimonials, Reviews, Photographs or Videos), authors should inform the editor, in the item "Comments to editor", that they are submitting specifically for the thematic issue "Animals and Organizations". To submit contributions, go to: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/index.

    Deadline

    The deadline for contributions to the "Animals and Organizations" thematic issue is November 14, 2022 (Monday).

    Further information

    If you have any questions about this special issue, please contact the special editors: Tiago Franca Barreto (tiagoefebarreto@gmail.com), Leticia Dias Fantinel (leticiafantinel@gmail.com), or Bárbara Eduarda Nóbrega Bastos (barbarabastos@outlook.com). For questions about the journal itself, contact the editorial office (farol@face.ufmg.br).

    Saiba mais sobre Chamada de Trabalhos – Animais e Organizações
  • Dossiês Temáticos Selecionados - Sexta Chamada Pública de Dossiês Temáticos

    2022-01-05

    Prezados Colegas da Comunidade de Estudos Organizacionais,

    A editoria de Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade comunica com satisfação que, das submissões de propostas à “Sexta Chamada Pública de Dossiês Temáticos” selecionou três propostas que atenderam, de forma excepcional, aos critérios de avaliação divulgados quanto à pluralidade, crítica, reflexividade e inovação. Os dossiês temáticos selecionados foram:

    ANIMAIS E ORGANIZAÇÕES

    Editores Especiais

    Tiago Franca Barreto (Universidade de Pernambuco, Brasil)
    Leticia Dias Fantinel (Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil)
    Bárbara Eduarda Nóbrega Bastos (Universidade Federal de Pernambuco, Brasil)

    Data limite para apresentação de contribuições: 14 de novembro de 2022 (segunda-feira).

    ESTUDOS ECONÔMICOS DAS ORGANIZAÇÕES

    Editores Especiais

    Rômulo Carvalho Cristaldo (Universidade Federal da Grande Dourados, Brasil)
    Elcemir Paço Cunha (Universidade Federal de Juiz de Fora, Brasil)

    Data limite para apresentação de contribuições: 5 de dezembro de 2022 (segunda-feira).

    FICÇÕES E OUTRAS NARRATIVAS DE EMERGÊNCIA

    Editores especiais

    Alexandre de Pádua Carrieri (Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil)
    Pablo Gobira (Universidade do Estado de Minas Gerais, Brasil)
    Eloisio Moulin de Souza (Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil)

    Data limite para apresentação de contribuições: 27 de fevereiro de 2023 (segunda-feira).


    Estes dossiês temáticos contarão chamadas de trabalho específicas, bem como avaliadores e procedimentos próprios, cabendo às editorias especiais a promoção, o gerenciamento e a viabilização da publicação do seu número especial. Agradecemos à comunidade pelo grande interesse demonstrado e desejamos boa sorte aos editores especiais.

    Atenciosamente,

    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva, Dr.
    Editor-chefe
    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade
    https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol

    Saiba mais sobre Dossiês Temáticos Selecionados - Sexta Chamada Pública de Dossiês Temáticos
  • SEXTA CHAMADA PÚBLICA DE PROPOSTAS DE DOSSIÊS TEMÁTICOS

    2021-09-09

    SEXTA CHAMADA PÚBLICA DE PROPOSTAS DE DOSSIÊS TEMÁTICOS



    Apresentação

    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade é o periódico científico do Núcleo de Estudos Organizacionais e Sociedade da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (NEOS/FACE/UFMG) que busca fomentar, propagar e contribuir para os Estudos Organizacionais em uma ótica não-funcionalista. Nesse sentido, constitui um espaço interdisciplinar, aberto para que se possa discutir e propor temáticas, abordagens críticas e inovadoras e objetos não ortodoxos nos estudos organizacionais. A ideia é que, a partir de uma perspectiva plural dos pontos de vista ontológico, epistemológico, teórico e metodológico, e não pautada pelo gerencialismo, seja possível propor, discutir, criticar e teorizar para a compreensão da complexa dinâmica da sociedade e suas interfaces com as organizações. Nesta mensagem fazemos a sexta chamada pública de propostas de dossiês temáticos, com o intuito de abrigar ideias da comunidade de Estudos Organizacionais, para o que convidamos todes es interessades, de acordo com os seguintes parâmetros:

    - a temática do dossiê temático deve obrigatoriamente versar sobre uma perspectiva plural e não pautada pelo gerencialismo, sendo particularmente bem-vindas abordagens críticas, reflexivas e inovadoras e sobre objetos não ortodoxos nos Estudos Organizacionais;
    - deve haver pelo menos dois e não mais do que três editores especiais, necessariamente doutores e vinculades a pelo menos duas instituições diferentes;
    - cada editore especial pode estar vinculade a, no máximo, uma proposta de dossiê temático;
    - a proposta deve conter cerca de 3.000 palavras, apresentando teoricamente a temática, seu desenvolvimento e possibilidades no campo dos estudos organizacionais, o potencial de publicação de um dossiê temático, e as possíveis linhas de contribuição, bem como os nomes propostos des editores especiais e suas instituições de vinculação.

    Prazo

    As propostas deverão ser encaminhadas impreterivelmente até 8 de novembro de 2021 (segunda-feira) exclusivamente por e-mail com o assunto “Proposta de dossiê temático” para farol@face.ufmg.br.

    Julgamento

    As propostas serão julgadas considerando a qualidade editorial no que tange à pluralidade, crítica, reflexividade e inovação, bem como quanto ao potencial de publicação em um dossiê temático.

    Resultados

    Os resultados serão divulgados até o dia 3 de janeiro de 2022 (segunda-feira).

    Prazo de publicação

    Este edital prevê a aprovação de um dossiê temático, a ser publicado em 2023. A depender da qualidade das propostas, pode haver mais de um dossiê temático selecionado, a critério da editoria.

    Informações adicionais

    - Todo processo editorial do dossiê temático aprovado será operacionalizado por meio do Open Journal Systems, a cujo acesso es editores especiais terão quando forem credenciades pela editoria.
    - Es editores especiais ficarão encarregados de apresentar uma lista específica de pareceristas ad hoc com doutorado concluído (ou em curso), que atuarão no dossiê temático proposto. Posteriormente, eles serão incorporados ao corpo de pareceristas regulares ad hoc de Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade.
    - Informações adicionais podem ser obtidas diretamente com a editoria da revista: saraiva@face.ufmg.br.


    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva, Dr.
    Editor-chefe
    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade

    Saiba mais sobre SEXTA CHAMADA PÚBLICA DE PROPOSTAS DE DOSSIÊS TEMÁTICOS
  • Extensão de prazo - Dossiê "Mundo do trabalho no século XXI: novos e velhos desafios?"

    2021-05-04

    Informamos que a chamada de trabalhos para o dossiê temático "Mundo do trabalho no século XXI: novos e velhos desafios?", sob coordenação dos editores especiais Elizardo Scarpati Costa (FURG) e Pablo Emanuel Romero Almada (UNESP) teve o prazo estendido até 30 de junho de 2021.

    Saiba mais sobre Extensão de prazo - Dossiê "Mundo do trabalho no século XXI: novos e velhos desafios?"
  • Chamada de trabalhos - Dossiê "Mundo do trabalho no século XXI: novos e velhos desafios?”

    2021-01-04

    CHAMADA DE TRABALHOS

    Dossiê Temático

    Mundo do trabalho no século XXI: novos e velhos desafios?


    Editores Especiais

    Elizardo Scarpati Costa (FURG)
    Pablo Emanuel Romero Almada (UNESP)


    O mundo do trabalho, em geral, e as relações laborais que nele se constroem e reconstroem, são cada vez mais marcados pela presença de formas de trabalho precárias. Desse modo, se durante os anos 1980 se problematizou a questão do fim do trabalho e durante os anos 1990 e 2000 se reafirmou as capacidades estruturais do trabalho mesmo que afetadas pelo neoliberalismo e a globalização, o panorama do Século XXI aponta para desestruturações mais profundas e demarcadas pelas flexibilizações de direitos, por jornadas de trabalho maiores, por intensificação do uso da força de trabalho, pela redução e incerteza salarial, dentre vários aspectos. Essas mutações reforçaram a necessidade de revisões analíticas e o surgimento de novas abordagens, com o intuito de responder às complexas vicissitudes do “mundo do trabalho”.

    Se a passagem do capitalismo industrial para o financeiro ocasionou novas relações de produção, alterando até mesmo como se produz, a compressão do “espaço-tempo”, mercados mundiais se consolidaram, trazendo um novo mundo capitalista. Desenvolveu-se um novo modo de viver, com um impacto inegável sobre a cultura das diferentes populações. Novas tecnologias surgiram, algumas delas assentes na inteligência artificial (AI), que sustentam essas modificações criando outras questões no mundo do trabalho: novas formas de empregos, novos produtos, outras formas de sociabilidades, inovações nas formas de exploração. Essas são as dimensões imbricadas nos processos de globalização e que, na faceta neoliberal, adquirem uma forma perversa, atacando o trabalho, a subjetividade dos trabalhadores e impondo ideologias de consumo dessubjetivantes. Se é verdade que as pesquisas sociológicas sobre o trabalho, tendencialmente têm apontado para o surgimento de formas precárias de trabalho a nível global, também é verídico que seus efeitos estão mitigando ou encobrindo situações reais de trabalho penalizadoras para a classe-que-vive-do-trabalho (Antunes, 1999). Essa análise contradiz, grosso modo, as retóricas de modernização depositadas nas eventuais virtudes da flexibilidade laboral, via reformas laborais nacionais.

    A constatação da existência de empregos precários no mundo do trabalho, tendo como tipologia o modelo de emprego flexível – de caráter temporário, parcial, instável, com poucos direitos e mal renumerado – pode ser um exemplo de emprego “digital”, o qual não se restringe ao setor de tecnologias, mas é verificável em todos os segmentos das economias contemporâneas. Por outro lado, reconhecemos que o termo “precariedade” está condicionado pelo modo como cada país distingue entre emprego precário e não precário, distinção que é variável consoante os ordenamentos jurídicos nacionais.

    Porém do ponto de vista sociológico, a precariedade está frequentemente associada às experiências subjetivas e aos processos de desfiliação social, sobretudo, quando pensamos no sujeito que circula entre empregos inseguros e mal pagos e que não disfruta de segurança no trabalho. Ainda que nem todas as formas de trabalho possam ser vistas como precárias, há uma ambivalência em torno da flexibilidade, do salário e das condições de vida propiciadas, que muitas vezes podem tratar de modo fatalista ou consequente essas mudanças (Costa & Costa, 2018). Por exemplo, o emprego flexível pode significar a opção por um certo modo de vida, pode estar associado a um trabalho altamente qualificado ou a processos de aprendizagem contínua, ou ainda, ao reforço da capacidade negocial dos indivíduos com a entidade empregadora.

    A fragmentação dos processos de trabalho, tomados à luz das transformações conjunturais, apresentam fundamentos estruturantes da subjetividade, além de novas práticas que passam a ser incorporadas pelas estruturas sociais (Véras de Oliveira, Ramalho & Rosenfield, 2019). Considerando que tal relação não é meramente direta e automática, a historicidade (interna e externa das estruturas) realizam um efeito interrelacional, mantendo um descompasso entre as estruturas e as práticas sociais, campo fecundo para o surgimento de concepções teóricas plurais sobre as relações laborais. Aliado a esse caráter, as crises do capitalismo possibilitam novas configurações do trabalho como consequências das tensões entre economia e política, campos que aparentemente se autonomizam das esferas produtivas, impondo racionalidades próprias, mas que desconsideram as relações subjetivas dos trabalhadores no interior do processo produtivo. Efetivar uma perspectiva de pluralidade epistemológica não significa apenas refazer uma síntese das transformações históricas do trabalho, mas sim reconstruir os pontos de apoio e de conexão entre a totalidade do capitalismo (produção, consumo e reprodução), as particularidades desses processos em termos histórico-sociais e as singularidades como efeitos combinados entre o controle, a ideologia e as práticas resultantes (Costa & Almada, 2018).

    Em termos ideológicos, as políticas de produção, ou seja, “as lutas travadas dentro da arena de produção sobre as relações na e da produção e regulamentadas por aparelhos de produção” (Burawoy, 1990), caminharam, a partir do toyotismo, no sentido de implementar um novo processo de reestruturação das empresas com novas relações laborais, o que demarca o modo de ser do trabalho na atualidade, ou seja, sua morfologia, pauta-se na crescente degradação e, a partir do espaço da produção, o capital amplia o controle e a flexibilização das relações laborais, consoante à transnacionalização de empresas e à financeirização dos lucros.

    A partir disso percebemos, portanto, novos padrões de regulação do trabalho; relações laborais (condições de trabalho e gestão do emprego); processos de subcontratação; reformas trabalhistas; estudos comparativos; informalidade do trabalho; relações de desigualdade de classe, de gênero e de raça nos mercados; trabalho industrial e do campo; emprego digital; estudos etnográficos e de trajetórias dos trabalhadores. O objetivo é explorar essa nova possibilidade epistemológica criada pelas mudanças no mundo do trabalho, dando prioridade para pesquisas que através de experiências de campo estão orientadas nos marcos de uma proposta mais interdisciplinar na fronteira das ciências sociais, mas sem renegar um papel secundário para a Sociologia do trabalho. Priorizar trabalhos que apresentem pesquisas de campo (etnográficas, trajetórias e analíticas), não quer dizer que estes não tragam uma forte discussão teórica, uma vez que para se entender essa nova questão é importante uma forte reflexão no pensamento sociológico, percorrendo diversos autores e tradições. Nesse sentido, mediante a Pandemia da COVID-19, também podemos questionar como que relações de flexibilização e precarização podem ser aprofundadas e combinadas com dimensões já existentes dos processos estruturais em curso, para o desmantelamento da sociedade do trabalho, em torno de processos neoliberais de redução do Estado e dos direitos sociais, em voga nas economias capitalistas atuais. Essa é uma dimensão nova, a qual merece ser estudada devido aos impactos que serão gestados, a curto, médio e longo prazo, o que implica não apenas em novas configurações do mundo do trabalho, mas também, em novos enfoques sociológicos, algo cabível nas concepções de pluralidade epistemológica que temos trabalhado ao longo dos últimos anos.

    A seleção de artigos para o dossiê permite com que novas percepções sobre o trabalho dialoguem em torno de uma abertura científica em seus pressupostos teóricos, empíricos e metodológicos (Costa & Almada, 2018), visando captar artigos científicos, que sejam orientados no sentido da efetiva compreensão inovadora da realidade laboral.

    Concebemos ser fundamental que esse espaço possa ser transversal para estudos que relacionem a Pandemia da Covid-19 com o mundo do trabalho e o incentivo de práticas de trabalho remoto, os impactos da pandemia no mercado de trabalho (do Brasil e do Mundo) e as políticas sociais de incentivo ao emprego e de combate ao desemprego. Concebemos que, na esteira das transformações sociais e de aprofundamento das condições de precariedade do trabalho, as pesquisas e os debates acerca das condições de trabalho e as novas disposições dos processos produtivos e arranjos laborais são preocupações gerais que já vem sendo abordadas por estes pesquisadores, em artigos de revistas internacionais (Costa & Almada, 2018; Costa & Costa, 2018) nas organizações da Mesa Redonda 48 – Mundo do Trabalho e Pluralidade Epistemológica: Teoria e Práticas, realizada no 19º Congresso Brasileiro de Sociologia (SBS - 2019) e no Simpósio de Pesquisa Pós-Graduada – SPG 31 – Mundo do Trabalho e Pluralidade Epistemológica, prevista para o 44º Encontro Nacional da ANPOCS (2020).

    Em nossa proposta, acolheremos artigos propostos por pesquisadores que sigam os seguintes eixos temáticos: os novos padrões de regulação do trabalho; relações laborais (condições de trabalho e gestão do trabalho); processos de subcontratação (terceirização); reformas (ou contrarreformas) trabalhistas no Brasil e no mundo; estudos comparativos com ênfase nas relações laborais; informalidade do trabalho; fórmulas análogas de trabalho assalariado; relações de desigualdade de classe, de gênero e de raça no trabalho; o advento da indústria 4.0; o trabalho nas redes informacionais e de tecnologia da informação; novas formas de controle do trabalho, o trabalho por meio de aplicativos e redes sociais, a pandemia da Covid-19 e as condições laborais atuais.  

    Referências

    Antunes, Ricardo (1999). Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo.

    Burawoy, Michael (1990). The politics of production: factory regimes under capitalism and socialism. London: Verso.

    Costa, Elizardo S. & Almada, Pablo (2018). Mundo do trabalho e pluralidade epistemológica: uma contribuição para o estudo da precariedade. Sociologia: Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, XXXV, 161-179.

    Costa, Elizardo S. & Costa, Hermes A. (2018). Precariousness and call centre work: operators’ perceptions in Portugal and Brazil. European Journal of Industrial Relations, 24(3) 243–259.

    Véras de Oliveira, Roberto, Ramalho, José R., & Rosenfield, Cinara (2019). A sociologia do trabalho e suas interfaces: trajetória e tendências atuais. Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais, 90, 1-28.


    Modalidades de contribuição

    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade aceita contribuições na forma de Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas (de livros, filmes, exposições, performances artísticas), Registros fotográficos e Vídeos. Os idiomas aceitos nas contribuições são português, inglês e espanhol, desde que estejam de acordo com a política editorial e as diretrizes para os autores. Para ter acesso às orientações gerais, acesse: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/about/submissions.

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    Prazo

    As contribuições para o dossiê temático “Mundo do trabalho no século XXI: novos e velhos desafios?” se encerram impreterivelmente no dia 3 de maio de 2021 (segunda-feira).


    Informações adicionais

    No caso de quaisquer dúvidas sobre este número especial, os editores especiais devem ser contactados: Elizardo Scarpati Costa (eliscarpati@hotmail.com) ou Pablo Emanuel Romero Almada (pabloera@gmail.com). No caso de dúvidas sobre o periódico em si, o contato deve ser feito com a secretaria editorial (farol@face.ufmg.br).
     

    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva, Dr.
    Editor-chefe
    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade
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  • CHAMADA DE TRABALHOS - Dossiê Temático "CORPORALIDADES E DIVERSIDADE DE GÊNERO/SEXUALIDADE: A GESTÃO ÉTICO-POLÍTICA ENTRE INSTITUIÇÕES, IDEOLOGIAS E SUBJETIVIDADES"

    2020-10-29

    CHAMADA DE TRABALHOS

    Dossiê Temático

    CORPORALIDADES E DIVERSIDADE DE GÊNERO/SEXUALIDADE: A GESTÃO ÉTICO-POLÍTICA ENTRE INSTITUIÇÕES, IDEOLOGIAS E SUBJETIVIDADES


    Editores Especiais

    Rafaela Vasconcelos Freitas (PPGPSI/UFRGS)
    Bárbara Gonçalves Mendes (NUH/UFMG)
    Marco Aurélio Máximo Prado (FAFICH/UFMG)

     

    A proposta deste dossiê é agregar colaborações que articulem estudos e reflexões sobre as experiências das diversidades corporais e identidades LGBT+ nos debates políticos contemporâneos, sobre gestão da vida social, das instituições, das ideologias e das subjetividades. Seu intuito principal é visibilizar produções científicas que tomem a diversidade corporal, de gênero e sexualidade como experiências políticas, sociais e subjetivas, interseccionadas pelos vários marcadores sociais no âmbito dos gerenciamentos governamentais, institucionais e ideológicos. Duas chaves conceituais são importantes acerca da noção de gestão da vida, seja em uma perspectiva biopolítica da governamentalidade da vida social/individual, seja em uma visão da administração do risco das dinâmicas entre sujeitos e coletividades e do cálculo subjetivo a partir dos marcadores sociais da diferença.

    Atualmente vivenciamos um processo de avanços teórico-metodológicos acerca das amplas questões no campo da diversidade corporal, gênero e sexualidades. No entanto, estamos frente a um modelo contemporâneo de gestão ético-política, que embora com algum rastro histórico, organiza a vida social, política, institucional e subjetiva, além de indicar novos rumos sociais e políticos para o planeta. Tematizar essa contemporaneidade sobre esses campos nos parece fundamental em um momento em que as formas institucionais de poder político tem administrado essas questões como o epicentro de políticas divisionistas, reacionárias e conservadoras não só no Brasil mas com características transfronteiriças. Evidenciando de forma bastante nítida, como esses três articuladores compõe um campo de disputa política central na organização dos poderes.

    Tanto gênero quanto sexualidade e corpo entram como grandes temas no âmbito político, institucional e ideológico. São dinâmicas de extrema importância, que muitas vezes se entrelaçam. E, na medida em que são entendidas como estruturantes, pode acontecer uma centralização no sujeito de lógicas e práticas mais amplas. Isso diminui a possibilidade de percepção das relações de poder que atuam como fluxo na lógica social de uma forma mais ampla e acaba condensando nos indivíduos toda a noção de gestão da diversidade.

    O entendimento do aspecto processual e de diálogo entre essas “instâncias” favorece a explicitação do diálogo entre os âmbitos macro - política, ideologia, instituições - e microssociais - sujeitos e suas relações-, justamente pela gestão. Afinal, gêneros, sexualidades e corpos são construídos no e pelo discurso, sendo o sujeito, também discursivo. Todos esses elementos, bem como o próprio sujeito, são processuais, constituído no seu fazer e nos seus atos. Não há uma noção prévia de quem faz, é um constante vir a ser, sem uma origem ou fim e aberto às ressignificações contínuas (Butler, 2003).

    Assim não há uma substância ou essência que determine a priori o sujeito, nem em relação ao gênero, nem sexualidade. Entretanto, cabe ressaltar que esse fazer é constantemente mediado por normas: “norma, ensina-nos Foucault, está inscrita entre as ‘artes de julgar’, ela é um princípio de comparação” (Louro, 2008, p. 22). Portanto, os atos são reiterados dentro de um marco regulatório rígido, preditor e cujos enquadramentos ou rupturas têm efeitos.

    Há, assim, uma dinâmica de entrelaçamento do gênero, da sexualidade e das corporalidades como “estruturantes” das relações e instituições: a gestão ético-política da diversidade e as suas formas de exclusão e abjeção das diferenças. Para tratar dessa dinâmica fundamental nos parece retomar a noção de discurso, tendo em vista que a discursividade é que forja tais entrelaçamentos e os próprios sujeitos em meio às relações de poder. São os discursos “que preparam as arenas nas quais os agenciamentos dos sujeitos (e os próprios sujeitos) tomam forma” (Marques & Prado, 2018, p. 96). Por meio dessas práticas discursivas e enunciados diversos e limitados, as condições de existência são construídas. Assim, a noção de gerir ético-politicamente a diversidade criando ordem por meio da exclusão, por formas de condução de condutas, ou seja, governamentalidade.

    Foucault utiliza o termo ‘governamentalidade’ para referir-se ao objeto de estudo das maneiras de governar. (...) [Duas noções de governamentalidade que se relacionam à lógica de conduzir condutas, ou governo:] 1) O conjunto construído pelas instituições procedimentos, análises e reflexões, cálculos e táticas que permitem exercer essa forma de exercício do poder que tem, por objetivo principal, a população; por forma central, a economia política; e, por instrumento técnico essencial, os dispositivos de segurança. 2)A tendência, a linha de força que, por um lado, no Ocidente, conduziu à preeminência deste tipo de poder que é o governo sobre todos os outros: a soberania, a disciplina e que, por outro, permitiu o desenvolvimento de toda uma série de saberes (Castro, 2016, pp. 190-200).

    Por meio dessa governamentalidade, e do próprio governo, que subjetiva os indivíduos coexistem a política e a polícia, da qual emergem as instituições e o Estado. Essas técnicas e estratégias (política) e arte de governo (polícia) organizam formas consensuais de condução da vida, zelando por ela, que acaba sendo o campo de ação (Foucault, 2011; 2006). Pensando a gestão, há um infinidade possível de formas materiais de lidar com as administrações das diferenças entre os sujeitos, que se apresenta como um problema para a biopolítica. Um dos elementos que aparenta fundamentar tais construções é a necessidade de tornar essas diferenças “elementos positivos”. Essa possibilidade remete ao entendimento foucaultiano de polícia, tendo em vista que ela zelaria pelo bem-estar dos sujeitos que governa (Marques & Prado, 2018). Inclusive, nesse caso, abrindo mão de outros sujeitos, não contemplados nas possibilidades de condutas pré-editadas. E, ainda que contemple a noção de polícia como forma de governo, ou seja, a positivação dessa diferença ignorando a trama social que a perpassa, ignora completamente a noção de política, tão cara aos estudos de gênero e sexualidade, que partem da ideia de conflito e da explicitação das assimetrias sociais.

    Isso, porque, a dita gestão contemporânea da diferença, apesar de parecer buscar pela inclusão de tais “sujeitos diferentes”, o fazem em uma perspectiva “pedagogizante” de inclusão, que se dá de forma perversa para a manutenção da consensualidade, submetendo-os, inclusive, às noções majoritárias dentro desse campo: cisheteronormatividade - que dita gênero, sexualidades e corpos possíveis. Ainda que alguns modos de leitura e apreensão do campo social façam o suposto contraponto da resistência, tomam como norte a noção de “empoderamento”. E, cabe lembrar, tal concepção também prioriza uma lógica individual que centra no sujeito uma identidade ligeiramente fixa e pronta: afinal gêneros, sexualidades e corporeidades também se constituem como tecnologias de governo.

    Independentemente se pela positivação ou resistência, a forma como se molda a gestão (padronizada), o modo de pensar e organizar os sujeitos passa por categorizá-los. A dinâmica administrativa coleta dados relacionados a vida das pessoas inseridas nas instituições. Entretanto, para algumas delas, essa classificação administrativa cria problemas, por não serem contempladas no enquadre pronto. Alguns exemplos dessa ordem construída pela exclusão se dá no caso das categorizações relacionadas ao gênero, que não contemplam travestis e transexuais, como também em algumas categorizações de raça que sustentando uma dinâmica racista que hierarquiza os sujeitos, dificulta ou inviabiliza o reconhecimento como negros. E ainda que permita esse reconhecimento, ele será fruto de negociações com caracterizações e efeitos negativos.

    Além de uma dificuldade de criar dados, as categorias se tornam mais um “vetor de violência” e são centradas algumas esferas principais (Spade, 2015): na distribuição de oportunidades, nos documentos de identificação, no acesso a determinadas instalações - separadas por gênero, hierarquias ou até mesmo espacialmente forjadas para excluir algumas pessoas - e, procedimentos relacionados à saúde. O gênero, a sexualidade e as corporeidades passam por tais categorizações tendo em vista a importância da cishtereonorma nas lógicas sociais de controle e vigilância. Assim, a dinâmica de governo pode, em alguns casos, ser extremamente danosa para as experiências dos sujeitos, cabendo o questionamento sobre até que ponto a gestão estratégica cria bem-estar , como previsto na lógica do biopoder. Até que ponto as possibilidades de ser são contempladas nessa lógica divisionista, conservadora e excludente de gerir a vida? Limitar o entendimento da identidade a uma substância, pré-moldada e fixa, oculta a dimensão processual, de identificação e subjetivação que passam por um constante fazer relacional. Além disso, a categorização aparentemente de modo a organizar a trama social oculta as regras e códigos a partir dos quais os corpos podem aparecer (Rancière, 2009).

    Para Foucault (1989) o corpo é uma realidade biopolítica, que produz sentido e constrói subjetividades. Butler (2003) sugere que a fronteira e a superfície dos corpos são politicamente construídas mediante os tabus de uma matriz heterossexual, que instauram e naturalizam certos limites, posturas e formas de troca apropriadas. Nos interessa os modos de politizar o corpo, de incorporar a política, compreender o corpo em sua discursividade, sua capacidade de articular discursos e práticas (Gomes, 2017; Carmo, 2018).

    As maiores corporalidades representadas por corpos inchados e estufados, tanto nas representações médicas quanto em manifestações, ditas humorísticas, afirmam o pânico moral do ganho de peso. A previsão de falhas na manutenção do corpo magro e a consequente perda da atratividade estética são reinterpretadas como falhas na noção de saúde (Lupton, 2000) e rebaixamento nas hierarquias do gênero. A suposição de maus hábitos que resultam em um corpo gordo seria o resultado moral e material do fracasso na gestão de si. Discursos gordofóbicos se valem justamente de supostas avaliações de risco para se constituírem enquanto "cuidado", disseminando a pressuposição de um corpo em desgoverno, fatalmente relacionado a patologias, e que, numa economia do pensar e fazer, não resulta em maiores investimentos em saúde além do genérico imperativo: emagreça! O que nos leva a ponderar, que a generalização dessa recomendação sem uma análise complexa dos objetivos, contextos e dos métodos, conjuga punições morais com economia de investimentos.

    É interessante destacar que neste debate o fomento de mudanças comportamentais individuais tem baixo custo e não confronta, a indústria das dietas, nem a ineficiência estatal em oferecer equipamentos e tecnologias em saúde que atendam diferentes corporalidades de forma equânime. Para Tesser (2017, p. 7), no que se refere à diversidade estética e corporal, “fatores de risco estão sendo manejados na prática clínica como se fossem doenças em geral, doenças crônicas. A produzida confusão entre o que seria pré-patogênico, as próprias doenças e a culpabilização de alguns sujeitos por seu adoecimento, abrem caminhos para o escrutínio social, iatrogenias e aumento da mortalidade.

    Os discursos que estabelecem as dimensões corporais possíveis se conectam às regulações sobre os gêneros e as sexualidades,

    [...]os ritos de passagem que governam os vários orifícios corporais pressupõem uma construção heterossexual da troca das posições e das possibilidades eróticas marcadas pelo gênero. A desregulação dessas trocas rompe, consequentemente, as próprias fronteiras que determinam o que deve ser um corpo (Butler, 2003. p. 190).

    As regulações sobre o corpo em sua estética e formato, são também a manutenção das performatividades de gênero binárias e do exercício das sexualidades heteronormativas. Estabelecendo fronteiras entre o corpos úteis e os que devem receber intervenções frente a suas supostas falhas. Deste modo, algumas performatividades lésbicas e gordas, por exemplo, são interpretadas como uma forma de resistir, de desprogramação do desejo heterossexual, traduzidas como “sabotaje sexual” e “hackeo del cuerpo” (Castillo, 2014.p. 77-78).

    Analisar os processos de gestão de risco é colocar em pauta também a dinâmica dos afetos, as diferenças e dinâmicas macro e microssociais. Se em um âmbito ideologias promovem a desinformação e o ódio e atuam na mobilização do sentir e fazer, produzindo negação e negligência. A busca por certa autonomia sobre o corpo e suas dimensões; a necessidade de cuidar de familiares e da comunidade; o direito ao exercício da vida sexual e amorosa, entram na equação de que vida é possível nesse momento, e para estes corpos.

    Dialogando com a noção de norma, cabe pensar que a lógica de gestão, ao se forjar com base em normas sociais, explicitam de forma hegemônica e supostamente consensual as possibilidades de vida. As normas sociais sustentam todo um processo de controle (auto e heterodirigido), previsto pela governamentalidade e pela biopolítica na sua racionalidade própria. Assim, o bem-estar desejado nas formas de governo é direcionado por meio de técnicas, táticas e estratégias e voltado para certos indivíduos e grupos, que se enquadram em tais noções normativas. A norma dialoga, assim com a gestão numa configuração que constrói lógicas e ordens (“lógicas-sem-lógica”) aparentemente abertas à diversidade, mas contemplando o sujeitos que escapam ao “possível” previsto por meio da exterioridade constitutiva (Butler, 2006). Dito de outro modo, aquilo que não se pode ser. E assim, a noção de política que anteriormente fora mencionada como apagada se faz fundamental, numa necessidade de ruptura com essa lógica que se esconde sob os moldes de uma suposta igualdade, explicitando o litígio já posto, ainda que seja para uma nova reconfiguração normativa mais inclusiva e não consensuada (Rancière, 2009; Marques & Prado, 2018): o consenso seria a morte da política na medida em que não é possível condensar de forma equivalente demandas sociais tão diversas.

    Esse campo da gestão ético-política das diferenças, por meio do gênero, sexualidade e corporalidade são expandidas no contexto da pandemia. No Brasil, parece indicar uma suposta polarização entre economia versus saúde, que evidencia a articulação entre as biopolíticas e a administração do risco. No debate sobre as formas mais eficazes de prevenção e contenção do vírus, categorias como “prioridades”, “grupo de risco” e “serviços essenciais” (Prado & Junqueira, 2020) habitam os discursos cotidianos e os planejamentos institucionais. É interessante se atentar para seus usos, uma vez que a nomeação de algo como “essencial” extrapola o âmbito material, se configurando também como uma designação política, que coloca em debate o cuidado e a proteção de diferentes contingentes populacionais (Breslow, 2020, jun 9). Debater os contornos do que significa promover e preservar a vida hoje, significa também, resistir e se opor a esta gestão, que transforma e confunde os serviços ditos essenciais com a precariedade de determinados segmentos sociais. Uma parte significativa da população, parece o suprimento descartável para que o processo de acumulação e concentração continue operando, como observa Safatle (2020), em sua elaboração sobre o Estado Suicidário.

    Como observado por Daniele Lorenzini (2020, p. 5) é importante compreendermos a biopolítica, como política de vulnerabilidade diferencial, que depende estruturalmente do estabelecimento de hierarquias no valor das vidas, produzindo e multiplicando a vulnerabilidade como meio de governar pessoas. E mais do que uma oposição entre vida e morte, ela organiza o entremeio entre os polos. O que é radicalizado nas dinâmicas raciais e de classe no país, que obrigam a gestão do risco individual ser articulada com as de sobrevivência de sua comunidade. A exposição diferencial à morte faz com que orientações gerais como o confinamento e o uso de máscaras revele vieses de classe, uma vez que pode significar aumento das chances do extermínio policial ou mesmo a miséria e a fome.

    Mundialmente compartilha-se um momento de perda e retrocessos no debate democrático e no acesso a direitos. Ignorando o que se aprendeu em outros períodos de crise sanitária, atualizando as categorias de grupo de risco, e também desmontando políticas de assistência social. Há uma ampliação de discursos conservadores que reforçam concepções tradicionais de gênero, ataques aos feminismos, ao aborto e a diversidade sexual. Corpo, gênero e as sexualidades se mostram analisadores importantes para pensarmos as diferentes dimensões da biopolítica.

    Diante do exposto, neste dossiê temático, busca-se visibilizar publicações que articulem as esferas do corpo, gênero e da sexualidade, com as políticas e as Instituições. Acreditamos que os textos compilados nos permitirão observar relações de poder, autoridade e norma nas diferentes formas de gerir as hierarquias institucionais e cotidianas. Analisando não somente a condição de sujeitos não-heterossexuais ou não-cisgêneros, mas as formas de gestão e reprodução normativas, que atuam como forças disciplinadoras e organizadoras da vida cotidiana, das identidades e do trabalho. Visibilizando também debates sobre diferentes formas de solidariedade e ativismo frente às precariedades.

    Os trabalhos propostos devem estar relacionados a pelo menos uma das seguintes linhas de contribuição: análises sobre as interfaces entre as instituições, sujeitos e as dinâmicas sociais na sociedade contemporânea (raciais, étnicas, estéticas, de gênero e sexualidades); debates sobre as diferentes políticas e práticas institucionais e a gestão das diferenças; discussões sobre os processos de normalização das políticas governamentais; diversos processos de mobilização e subjetivação política frente às principais demandas reivindicatórias; reflexões sobre a gestão ético-política frente a atual pandemia de COVID-19; trabalhos que foquem a gestão dos riscos nas sociedades atuais pensando a interseccionalidade das relações entre corpo, sexo e gênero e por fim as lógicas de administração considerando os marcadores sociais da diferença e as lógicas de governamentalidade. Ainda são bem-vindos trabalhos que analisem os discursos reacionários e conservadores com relação à diversidade de gênero, sexo e corporalidades como um campo de tensão da gestão ético-política das sociedades contemporâneas.

    Referências

    Butler, Judith (2006). Deshacer el género. Barcelona: Paidós.

    Butler, Judith (2003). Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de janeiro: Civilização Brasileira.

    Breslow, Jacob (2020). A transfobia não essencial na política do desastre na pandemia. Sexuality Policy Watch. Recuperado em 9, junho 2020 de: https://sxpolitics.org/ptbr/a-transfobia-nao-essencial-na-politica-do-desastre-da-pandemia/10682

    Carmo, Íris N. (2018). O perigo das dobras: iconografias e corporalidades no feminismo contemporâneo. Sociologia & Antropologia, 8(1), 193-222.

    Castilho, Constanzx (2014). La cerda punk: ensayos desde un feminismo gordo, lésbiko, anticapitalista y antiespecista. Valparaiso: Trio Editorial.

    Castro, Edgardo (2016). Vocabulário de Foucault. Belo Horizonte: Autêntica.

    Foucault, Michel (2011). História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal.

    Foucault, Michel (2006). A “governamentalidade” In Manoel B. Motta (Org.). Ditos e escritos IV: estratégia, poder-saber (pp. 281-305). Rio de Janeiro: Forense Universitária.

    Gomes, Carla C. (2017). Corpo e emoção no protesto feminista: a Marcha das Vadias do Rio de Janeiro. Sexualidad, Salud y Sociedad, 25, 231-255.

    Lorenzini, Daniele (2020). Biopolítica em tempos de coronavírus. Instituto Humanitas Unisinos. Recuperado em 14, abril, 2020 de: http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/598029-biopolitica-nostempos-do-coronavirus-artigo-de-danielelorenzini

    Louro, Guacira L. (2008). Gênero e sexualidade: pedagogias contemporâneas. Pro-Posições, 19(2), 17-23.

    Lupton, Deborah (2000). Corpos, prazeres e práticas do eu. Educação & Realidade, 25(2), 15-48.

    Marques, Angela C. S. & Prado, Marco A. M. (2018). Diálogos e dissidências – Michel Foucault e Jacques Rancière. Curitiba: Appris.

    Rancière, Jacques (2009). A partilha do sensível – estética e política. São Paulo: Editora 34.

    Safatle, Vladimir (2020). Bem vindo ao estado suicidário. Recuperado em 20, julho 2020 de: https://n-1edicoes.org/004

    Spade, Dean (2015). Normal life – administrative violence ,critical trans politics,and the limits of law. Durham: Duke University Press.

    Tesser, Charles D. (2017). Por que é importante a prevenção quaternária na prevenção? Revista de Saúde Pública, 51(116), 1-9.


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    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade aceita contribuições na forma de Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas (de livros, filmes, exposições, performances artísticas), Registros fotográficos e Vídeos. Os idiomas aceitos nas contribuições são português, inglês e espanhol, desde que estejam de acordo com a política editorial e as diretrizes para os autores. Para ter acesso às orientações gerais, acesse: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/about/submissions.

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    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva, Dr.
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  • CHAMADA DE TRABALHOS – DOSSIÊ TEMÁTICO “DESIGUALDADE, DIREITOS SOCIAIS E (RE)ARRANJOS INSTITUCIONAIS: IMPACTOS DA COVID-19 NA SOCIEDADE BRASILEIRA”

    2020-08-10

    CHAMADA DE TRABALHOS – DOSSIÊ TEMÁTICO “DESIGUALDADE, DIREITOS SOCIAIS E (RE)ARRANJOS INSTITUCIONAIS: IMPACTOS DA COVID-19 NA SOCIEDADE BRASILEIRA”

     

    Editoria especial

    Gabriel Borges da Silva (Universidade Estadual do Mato Grosso, Brasil)

    Marilha Gabriela Reverendo Garau (Universidade Federal Fluminense, Brasil)

     

    Em 11 de março de 2020 a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a rápida expansão da Covid-19 pelo mundo configurava estágio de pandemia. Com 57.658 óbitos e 1.345.254 casos confirmados até 29 de junho de 2020, em virtude da doença, o Brasil é atualmente um dos epicentros mundiais dessa situação de emergência na Saúde pública, o que gerou reflexos sociais e econômicos no país. As principais recomendações para conter a circulação e expansão da contaminação envolvem o reforço da higiene pessoal e o isolamento social. No entanto, a sociedade brasileira é fortemente marcada por uma desigualdade de renda que está diretamente relacionada ao acesso a direitos e serviços públicos. No que tange à desigualdade no acesso à saúde, os dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013[1] indicam que entre os 20% mais pobres da população, 94,4% não têm plano de saúde e 10,9% se autoavaliam com saúde regular, ruim ou muito ruim, mas não consultaram um médico no último ano. Entre os 20% mais ricos, esses índices são de apenas 35,7% e 2,2%, respectivamente. Dados que de pronto levam ao menos a reflexão sobre disparidades a respeito do acesso ao direito a saúde.

    A proposta de dossiê tem por objetivo reunir trabalhos que busquem refletir impactos da Covid-19 nas distintas regiões e localidades brasileiras. A ideia é considerar relações estruturais que perpassam por desigualdades sociais históricas. O olhar sobre processos de produção de cidadania é instigante ao passo que parecem intimamente relacionados com a relação de precariedade no contexto brasileiro. Pesquisas realizadas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro (Silva, 2014; 2015; Pires, 2010; 2011), apontam a prevalência da lógica da precariedade que corresponde a uma série de justificativas que vêm permitindo a manutenção das hierarquias no espaço público brasileiro, legitimando a atuação estatal arbitrária, sobretudo frente às demandas sociais daqueles considerados precários. A priori em relação aos impactos da pandemia, podemos observar as práticas que conciliam regimes desiguais de tratamento via moralidades estabelecidas ou não em lei, que permitem o controle dos sujeitos e a gestão de mercados em permanente suspeição (Silva, 2014; 2019). Ao se colocar em contraste referenciais de práticas e discursos sobre vida x morte e contaminação x isolamento social em tempos de pandemia, tais processos explicitam conflitos, em meio a perspectivas sociais e econômicas desiguais, como no exemplo da precarização de sujeitos. Produzir entendimentos, reflexões e consensos a respeito desta problemática é o que se pretende com a presente proposta.   

    A desumanização e violência simbólica disponível para camadas populares explicita um estado caótico de direitos que repercute em habitual forma controle para aqueles que não possuem tratamento igualitário. Ao refletirmos conjuntamente sobre nossas pesquisas observamos que para a manutenção da desigualdade que o Rio de Janeiro comporta, há uma distribuição de direitos a partir de uma tutela arbitrária do Estado (Garau, 2016; Silva, 2019). Então estes direitos de ordem precária, mantem as pessoas das classes que recebem um péssimo tratamento do Estado em uma condição que se “confirma”. De modo a tornar nebulosa a percepção de que estão precários devido a forma como as instituições lidam com suas vidas a partir de mercados que envolvem afeto, servidão, cuidado, desconfiança, perigo, controle e dentre outras práticas (Gomes, 2015).

    Nesse sentido, chama-se atenção para o interesse nas subjetividades dentro das corporações de controle sob a ótica dos conceitos de Michel Foucault e Gilles Deleuze, tais como “regime de poder”, “governamentalidade”, “sociedade de controle” e “modulação” e suas interferências na maneira de o indivíduo se constituir como sujeito. As observações de Deleuze acerca do poder, baseadas nas reflexões de Foucault (Deleuze, 2005), revelam que o exercício de poder aparece como um afeto. Ao passo que a própria força se define pela sua capacidade de afetar outras forças com as quais se relaciona e, por outro lado, de ser afetada por outras forças. O poder de transformar, incitar, induzir, desviar são afetos ativos, enquanto ser incitado, ser induzido ou ser desviado são afetos reativos. Toda força afeta e é afetada. Nessa perspectiva haveria, por tanto, uma resistência em toda relação de poder. A chamada espera receber e agrupar trabalhos resultantes de um empreendimento empírico e/ou etnográfico que valorize a análise dessas práticas e fenômenos sociais. Em especial, aquelas relacionadas à administração de conflitos no cenário de pandemia no Brasil. Pesquisas preocupadas em demonstrar como instituições de controle ditas formais e informais se (re)organizaram para conter localmente (ou não) a expansão do vírus, seja através de discursos sobre alcance e letalidade do vírus, seja pela intensificação das práticas de controle e produção de mortes via ações repressivas do Estado. De igual modo serão também recepcionados trabalhos que tratem da relação entre cidadania e acesso a direitos sociais como a saúde e civis como a igualdade. O dossiê irá valorizar artigos que dialoguem com áreas de conhecimento das Ciências Sociais e Ciências Sociais Aplicadas, cujas metodologias envolvam levantamentos de dados qualitativos.

    Assim, iremos receber, analisar e, oportunamente, publicar textos que 1) concentrem-se nas mais variadas associações de conflito e controle no contexto de pandemia nos mais variados seguimentos sociais orientados por relações de poder (instituições de segurança pública, movimentos sociais, mercado de trabalho formal e informal, agências consideradas ilegais e etc.); 2) analisem a mobilização de sistemas repressivos, coercitivos e mediadores na lida com conflitos no cenário de pandemia; 3) explorem o conflito entre as expectativas morais dos sujeitos e discursos oficiais, locais, científicos e normativos em disputa;  4) discutam os desafios para elaboração e implementação das recomendações da OMS para contenção da pandemia da Covid-19 na sociedade brasileira considerando os referenciais de desigualdade social; 5) discutam sobre os impactos (sociais, econômicos e jurídicos) causados pelas restrições de mobilidade impostas durante o período de isolamento social decorrente da pandemia do COVID-19.

    Por fim, pretende-se reunir trabalhos que sejam fruto de pesquisas concluídas e/ou em andamento, como pesquisas de campo, a promoção de entrevistas (formais e informais) e observação direta e participante dos fenômenos sociais. Por outro lado, serão valorizadas pesquisas que apresentem inovações e adaptações do ponto de vista metodológico, levando em consideração as limitações de circulação e respeito a saúde determinadas no momento de pandemia. O importante é que as pesquisas sejam pautadas no exercício descritivo e reflexivo para a construção dos dados. Desse modo, busca-se a verificação de como se dão os processos que se pretende observar, com foco em seu desenvolvimento, desdobramentos e relação do objeto da pesquisa com a proposta do dossiê. Espera-se evidenciar, problematizar e relativizar práticas em meio a pandemia produzindo um diálogo acadêmico para discussão e reflexão dos possíveis impactos da desigualdade econômica e social na vida dos indivíduos.

    Ao longo dos últimos meses, a pandemia produziu impactos significativos na sociedade brasileira, sobretudo na forma como as relações sociais são conduzidas. No entanto, o cenário social mostrou-se complexo de modo que tais mudanças merecem ser refletidas e analisadas por meio de pesquisas de caráter científico. Para além do fato de discursos científicos-oficiais disputarem espaço com discursos de cunho não-científico, ideológico e político, a pandemia explicitou uma forte característica da sociedade brasileira: a desigualdade jurídica e social, no que se refere ao acesso aos direitos sociais fundamentais. Nessa esteira, além do acesso à saúde ser mais ou menos restrita para os mais variados estamentos sociais, o direito/dever de isolamento social também se revelou, nesse processo como um “privilégio” de determinados segmentos da sociedade, o que colocou em cheque o argumento inicial de que o vírus é “democrático”. Compreender tais impactos, sob variados olhares empíricos nos parece de suma importância para o entendimento de consequências e clareza para adoção de futuras medidas.

    Nesse sentido, a atualidade desse tema remete à sua relevância ao passo que os impactos diretos da pandemia, resultantes na morte e contaminação de sujeitos, bem como os indiretos, tais como desemprego e impossibilidade de exercício de atividades econômicas, parecem refletir traços estruturantes da sociedade brasileira relacionados a desigualdades. Com o fim da ditadura militar e a reconstrução democrática a partir de 1985, imaginou-se um espaço de esperança e possibilidades para a promoção da cidadania e combate às desigualdades sociais, econômicas e jurídicas. Apesar da efetivação de direitos sociais e da ideia de igualdade no texto da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, as questões que tangenciam a pandemia na sociedade brasileira, parecem não confirmar o alcance dessa esperança. Fatores que explicitam a relevância de se reunir conhecimento a respeito da disseminação do vírus, assim como a respeito de seus impactos seja pela contaminação ou por acirramento de práticas de controle. Que parecem ter maior reflexo sobre camadas populares na manipulação de discursos que colocam em disputa noções sobre vida x morte e contaminação x isolamento social.

    Na sensibilidade jurídica brasileira os direitos da cidadania estão associados a bens raros, na medida em que apenas aqueles sujeitos morais dignos (Cardoso de Oliveira, 2002; Mota, 2005) são detentores legítimos do reconhecimento de seus direitos fundamentais e sociais. É por isso que a cidadania no Brasil é associada à uma dimensão regulada (Santos, 1987) e funciona como um recurso disponível para determinados níveis sociais, como no exemplo do discurso defensivo que evoca a figura do “trabalhador” em contraste a do “bandido”, por exemplo. Sendo assim, os direitos da cidadania (Mota, 2005) estão relacionados a uma concepção hierárquica na qual diferentes direitos são disponibilizados a diferentes indivíduos, a depender do lugar ocupado por cada um deles dentro da sociedade desigual (Carvalho, 2002; Da Matta, 1979; Kant de Lima, 1999; Lobão, 1998; Mota 2005).  Nessa dinâmica, a igualdade se manifesta numa distinção moral baseada em separar as pessoas que detém uma “substância moral das pessoas dignas” (Cardoso de Oliveira, 2002).

    No Brasil a pobreza decorrente da desigualdade social de índices alarmantes é vista pelas elites como produtora de consequências graves nas grandes cidades (Reis, 2004, p. 51). Nesse sentido, a sociedade brasileira valora negativamente as representações sobre “pobres”, considerando-os “violentos”, “marginais” ou simplesmente, “preguiçosos” ou “vagabundos”. Isso demonstra a existência de barreiras culturais (intolerâncias) para a efetivação de políticas de redistribuição de renda, por exemplo. No caso específico da desigualdade social brasileira há uma agravante, já que o Estado parece não desempenhar um papel considerado clássico do Estado moderno, de redistribuição de riqueza. Ao contrário, conforme demonstrado explicita a lógica da precariedade, o Estado limita-se a desempenhar uma função assistencialista e o crescimento econômico, somado ao investimento em educação, é tido pelas elites políticas e econômicas como a solução mais indicada para o problema da desigualdade social. odemos refletir, nesse sentido, o debate estabelecido no período de pandemia a respeito do que seriam “serviços essenciais” e da proteção da economia frente a necessidade de isolamento. No contexto brasileiro atividades profissionais galgaram o posto de atividade essencial como por exemplo o serviço de entrega à domicílio, portaria e limpeza. Por outro lado, serviços constitucionalmente essenciais, como aqueles relacionados ao acesso à educação e à justiça, tiveram atividades absolutamente restrita.

    Portanto, busca-se refletir particularidades próprias de uma sociedade onde o ideal liberal (Dumont, 2000) foi inserido num contexto autoritário (Schwarcz, 2019) e de tradição oligárquica (Reis, 2004). Aliás, no estado do Rio de Janeiro o primeiro registro oficial de vítima letal da doença, foi de uma empregada doméstica de 63 anos de idade que faleceu depois de contrair o vírus de sua patroa que voltara de recente viagem da Itália. Logo a perspectiva empírica fruto do trabalho das Ciências Sociais e Sociais Aplicadas, permite extrair, com originalidade, a importância e atualidade da proposta, que consiste em proporcionar ao pesquisador um exercício de observação da realidade para o enfrentamento e reflexão de uma perspectiva teórica e não o contrário. Por outro lado, para a sociedade cumpre o papel de reunir informações e reflexões a respeito dessa problemática que se expandiu a nível mundial, mas com impactos distintos dadas especificidades de nosso país e suas distintas características regionais.  

    Referências

    Benjamin, Walter (1994). A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica. In Walter Benjamin. Obras escolhidas: magia e técnica, arte e política (v. 1) (pp. 165-196). São Paulo: Brasiliense.

    Cardoso de Oliveira, Luís R. (2002). Direito legal e insulto moral – dilemas da cidadania no Brasil, Quebec e EUA. Rio de Janeiro: Relume-Dumará.

    Carvalho, Jose M. (2002). Cidadania no Brasil – o longo caminho (3a ed). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

    Da Matta, Roberto (1979). Você sabe com quem está falando? In Roberto Da Matta. Carnavais, malandros e heróis (pp. 136-193). Rio de Janeiro, Zahar.

    Deleuze, Gilles (2005). Foucault. São Paulo: Brasiliense.

    Deleuze, Gilles (1992). Conversações, 1972-1990. São Paulo: Editora 34.

    Deleuze, Gilles & Parnet, Claire (1996). Diálogos. Lisboa: Relógio D’Água.

    Dumont, Louis (2000). O individualismo. Uma perspectiva antropológica da ideologia moderna. Rio de Janeiro: Rocco.

    Foucault, Michel (1996). A ordem do discurso. São Paulo: Loyola.

    Foucault, Michel (2008). Nascimento da biopolítica. São Paulo. Martins Fontes.

    Garau, Marilha G. R. (2016). Quem sobrevive vai ao baile – uma análise etnográfica das relações entre a Polícia Militar e a comunidade em uma favela ocupada por uma UPP. Dissertação de mestrado, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil.

    Gomes, Fabio M. (2015). Amizades muito hierárquicas: direitos e emoções nas relações entre domésticas e patroas. Cadernos de Campo, 24, 290-314.

    Kant de Lima, Roberto (1999). Polícia, justiça e sociedade no Brasil: uma abordagem comparativa dos modelos de administração de conflitos no espaço público. Revista de Sociologia e Política, 13, 23-38.

    Latour, Bruno (2015). Reagregando o social: uma introdução a teoria Ator-Rede. Salvador: Edufba.

    Latour, Bruno & Woolgar, Steve (1997). A vida de laboratório: a produção dos fatos científicos. Rio de Janeiro: Relume-Dumará.

    Lobão, Ronaldo J. S. (1998). Servidor Público: a serviço do Estado ou a serviço do público? Monografia de graduação, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil.

    Mota, Fabio R. (2005). O Estado contra o Estado: direito, poder e conflitos no processo de produção da identidade “quilombola” da Marambaia. In Roberto Kant de Lima (Org.). Antropologia e direitos humanos (pp. 133-184). Niterói: EdUFF.

    Pires, Lenin (2011). Esculhamba, mas não esculacha! Uma etnografia dos usos urbanos dos trens da Central do Brasil. Niterói: EdUFF.

    Pires, Lenin (2010). Arreglar não é pedir arrego. Uma etnografia de processos de administração institucional de conflitos no âmbito da venda ambulante em Buenos Aires e Rio de Janeiro. Tese de doutorado, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil.

    Reis, Elisa (2004). A desigualdade na visão das elites e do povo brasileiro. In Celi Scalon (Org.). Imagens da desigualdade (pp. 37-73). Belo Horizonte: UFMG.

    Santos, Wanderley G. (1987). Cidadania e justiça: a política social na ordem brasileira (2a ed). São Paulo: Paulus.

    Silva, Gabriel B. (2019). “Quantos ainda vão morrer eu não sei”: o regime do arbítrio, curtição vida e morte em um lugar chamado de favela. Tese de doutorado, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil.

    Silva, Gabriel B. (2015). O desequilíbrio que se “equilibra”: reflexões acerca do regime de precariedade e seu impacto na regulação do espaço público. In O direito em movimento (pp. 261-272). Juiz de Fora: Editar.

    Silva, Gabriel B. (2014). Entre precariedades e os “direitos” que delas advém: uma etnografia do Mercado Popular da Uruguaiana. Dissertação de mestrado, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil.

    Schwarcz, Lilia M. (2019). Sobre o autoritarismo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras.

     

    Modalidades de contribuição

    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade aceita contribuições na forma de Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas (de livros, filmes, exposições, performances artísticas), Registros fotográficos e Vídeos. Os idiomas aceitos nas contribuições são português, inglês e espanhol, desde que estejam de acordo com a política editorial e as diretrizes para os autores. Para ter acesso às orientações gerais, acesse: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/about/submissions.

     

    Submissão

    Qualquer que seja a modalidade de contribuição (Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas, Registros fotográficos ou Vídeos), es autorxes devem informar o editor, no item “Comentários para o editor”, que estão submetendo especificamente para o dossiê temático “Desigualdade, direitos sociais e (re)arranjos institucionais: impactos da covid-19 na sociedade brasileira”.

     

    Prazo

    As contribuições para o dossiê temático “Desigualdade, direitos sociais e (re)arranjos institucionais: impactos da covid-19 na sociedade brasileira” se encerram impreterivelmente no dia 23 de novembro de 2020 (segunda-feira).


    Informações adicionais

    No caso de quaisquer dúvidas sobre este número especial, es editores especiais devem ser contactades: Gabriel Borges da Silva (gabrielborgesadv@yahoo.com.br) ou Marilha Gabriela Reverendo Garau (marilha_garau@hotmail.com). No caso de dúvidas sobre o periódico em si, o contato deve ser feito com a secretaria editorial (farol@face.ufmg.br).

     

     

    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva, Dr.
    Editor-chefe
    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade
    https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/index

     

    [1] Centers for Disease Control and Prevention, 2020. Preliminary Estimates of the Prevalence of Selected Underlying Health Conditions Among Patients with Coronavirus Disease 2019 United States, February 12 March 28, 2020. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2020;69:382386. Disponível em: http://dx.doi.org/10.15585/mmwr.mm6913e2

    Saiba mais sobre CHAMADA DE TRABALHOS – DOSSIÊ TEMÁTICO “DESIGUALDADE, DIREITOS SOCIAIS E (RE)ARRANJOS INSTITUCIONAIS: IMPACTOS DA COVID-19 NA SOCIEDADE BRASILEIRA”
  • DOSSIÊS TEMÁTICOS SELECIONADOS

    2020-08-10

    Prezados Colegas da Comunidade de Estudos Organizacionais,

    A editoria de Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade comunica com satisfação que, em face do grande número de submissões qualificadas à “Quinta Chamada Pública de Dossiês Temáticos” selecionou três propostas que atenderam, de forma excepcional, aos critérios de avaliação divulgados quanto à pluralidade, crítica, reflexividade e inovação. Os dossiês temáticos selecionados foram:

    DESIGUALDADE, DIREITOS SOCIAIS E (RE)ARRANJOS INSTITUCIONAIS: IMPACTOS DA COVID-19 NA SOCIEDADE BRASILEIRA

    Editoria Especial

    Gabriel Borges da Silva (Universidade Estadual do Mato Grosso, Brasil)

    Marilha Gabriela Reverendo Garau (Universidade Federal Fluminense, Brasil)

    Data limite para apresentação de contribuições: 23 de novembro de 2020 (segunda-feira).

     

    CORPORALIDADES E DIVERSIDADE DE GÊNERO/SEXUALIDADE: A GESTÃO ÉTICO-POLÍTICA ENTRE INSTITUIÇÕES, IDEOLOGIAS E SUBJETIVIDADES

    Editoria Especial

    Rafaela Vasconcelos Freitas (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil)

    Bárbara Gonçalves Mendes (Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil)

    Marco Aurélio Máximo Prado (Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil)

    Data limite para apresentação de contribuições: 8 de fevereiro de 2021 (segunda-feira).

     

    MUNDO DO TRABALHO E PLURALIDADE EPISTEMOLÓGICA

    Editoria Especial

    Elizardo Scarpati Costa (Universidade Federal de Rio Grande, Brasil)

    Pablo Emanuel Romero Almada (Universidade Estadual Paulista, Brasil)

    Data limite para apresentação de contribuições: 3 de maio de 2021 (segunda-feira).

     

    Estes dossiês temáticos contarão chamadas de trabalho específicas, bem como avaliadores e procedimentos próprios, cabendo às editorias especiais a promoção, o gerenciamento e a viabilização da publicação do seu número especial. Agradecemos à comunidade pelo grande interesse demonstrado e desejamos boa sorte aos editores especiais.

     

    Atenciosamente,

    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva, Dr.
    Editor-chefe
    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade

    https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol

    Saiba mais sobre DOSSIÊS TEMÁTICOS SELECIONADOS
  • QUINTA CHAMADA PÚBLICA DE PROPOSTAS DE DOSSIÊS TEMÁTICOS

    2020-06-06

    QUINTA CHAMADA PÚBLICA DE PROPOSTAS DE DOSSIÊS TEMÁTICOS

    Apresentação

    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade é o periódico científico do Núcleo de Estudos Organizacionais e Sociedade da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (NEOS/FACE/UFMG) que busca fomentar, propagar e contribuir para os Estudos Organizacionais em uma ótica não-funcionalista. Nesse sentido, constitui um espaço interdisciplinar, aberto para que se possa discutir e propor temáticas, abordagens críticas e inovadoras e objetos não ortodoxos nos estudos organizacionais. A ideia é que, a partir de uma perspectiva plural dos pontos de vista ontológico, epistemológico, teórico e metodológico, e não pautada pelo gerencialismo, seja possível propor, discutir, criticar e teorizar para a compreensão da complexa dinâmica da sociedade e suas interfaces com as organizações.

     

    Nesta mensagem fazemos a quinta chamada pública de propostas de dossiês temáticos, com o intuito de abrigar ideias da comunidade de Estudos Organizacionais, para o que convidamos todes es interessades, de acordo com os seguintes parâmetros:

     

    - a temática do dossiê temático deve obrigatoriamente versar sobre uma perspectiva plural e não pautada pelo gerencialismo, sendo particularmente bem-vindas abordagens críticas, reflexivas e inovadoras e sobre objetos não ortodoxos nos Estudos Organizacionais;

    - deve haver pelo menos dois e não mais do que três editores especiais, necessariamente vinculades a pelo menos duas instituições diferentes;

    - cada editore especial pode estar vinculade a, no máximo, uma proposta de dossiê temático;

    - a proposta deve conter cerca de 3.000 palavras, apresentando teoricamente a temática, seu desenvolvimento e possibilidades no campo dos estudos organizacionais, o potencial de publicação de um dossiê temático, e as possíveis linhas de contribuição, bem como os nomes propostos des editores especiais e suas instituições de vinculação.

     

    Prazo

     

    As propostas deverão ser encaminhadas impreterivelmente até 27 de julho de 2020 (segunda-feira) exclusivamente por e-mail com o assunto “Proposta de dossiê temático” para farol@face.ufmg.br.

     

    Julgamento

     

    As propostas serão julgadas considerando a qualidade editorial no que tange à pluralidade, crítica, reflexividade e inovação, bem como quanto ao potencial de publicação em um dossiê temático.

     

    Resultados

     

    Os resultados serão divulgados até o dia 17 de agosto de 2020 (segunda-feira).

     

     

     

    Prazo de publicação

     

    Este edital prevê a aprovação de um dossiê temático, a ser publicado em 2021. A depender da qualidade das propostas, pode haver mais de um dossiê temático selecionado, a critério da editoria.

     

    Informações adicionais

     

    - Todo processo editorial dos dossiês temáticos aprovados será operacionalizado por meio do Open Journal Systems, a cujo acesso es editores especiais terão quando forem credenciades pela editoria de Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade. Nesta ocasião, es editores especiais receberão instruções específicas a respeito de como proceder.

    - Es editores especiais ficarão encarregados de apresentar uma lista específica de pareceristas ad hoc com o doutorado concluído (ou em curso). Estes pareceristas atuarão especificamente na avaliação de contribuições para o dossiê temático proposto. Posteriormente, se também for sua vontade, eles poderão ser incorporados ao corpo de pareceristas regulares ad hoc de Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade.

    - Informações adicionais podem ser obtidas diretamente com a editoria da revista: saraiva@face.ufmg.br.

     

     

    Atenciosamente,

     

    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva, Dr.
    Editor-chefe
    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade
    ISSN 2358-6311                                                                                                                                                                         

     

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  • Cancelamento de dossiê temático "Relações de poder no organizar (extra)ordinário da vida cotidiana"

    2019-05-02

    Informamos o cancelamento do dossiê temático “Relações de poder no organizar (extra)ordinário da vida cotidiana, conforme solicitado pelos editores especiais e acordado com a editoria de Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade. Informamos ainda que es autores que submeterem contribuições já foram contactados pela editoria do periódico.

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  • CHAMADA DE TRABALHOS - DOSSIÊ TEMÁTICO "Trabalho sexual no Brasil: uma discussão sobre direitos, políticas e práticas"

    2019-04-27

    CHAMADA DE TRABALHOS


    DOSSIÊ TEMÁTICO

    Trabalho sexual no Brasil: uma discussão sobre direitos, políticas e práticas

    EDITORAS ESPECIAIS

    Ana Paula da Silva (UFF)
    Andreia Skackauskas Vaz de Mello (AB Gestão em Mudança)
    Clara Luisa Oliveira Silva (IFSP)
    Letícia Cardoso Barreto (UFMG)


    “Num momento em que se ataca fortemente os direitos de todas as pessoas trabalhadoras, nós seguimos na luta ainda por conquistar uns poucos direitos. Dentre eles o direito de existir para além dos guetos e das esquinas onde estivemos até aqui restritas. Neste momento, me parece que mais importante que lutar pela regulamentação da atividade, a luta contra o retrocesso é o que nos toma tempo – e neste sentido, estamos todas juntas com as outras trabalhadoras que, com a precarização dos direitos trabalhistas e a aprovação da terceirização irrestrita, estão sob o sério risco de ter quase os mesmos direitos trabalhistas que… isso mesmo, prostitutas. A luta portanto, minhas caras, não deve estar para nós como algo que acabe por nos fazer excluir umas às outras. Pelo contrário, que sigamos procurando os pontos de convergência em nossas lutas. É isso o que nos fortalecerá” (Prada, 2017).

    Avanço do conservadorismo, enfraquecimento do estado democrático de direito, retrocessos no que se refere a uma agenda de políticas sociais e trabalhistas, violação dos direitos humanos, investidas de projetos higienistas e segregadores. Este é o cenário que tem sido (re)produzido de modo mais evidente desde o ano de 2016 no Brasil.

    Nesta proposta que versa sobre o trabalho sexual, foi escolhido um trecho atribuído à Monique Prada, uma putativista, que reflete sobre os sentidos da luta pela regulamentação da prostituição nestes tempos tão difíceis. Nos interessa, de modo especial, discutir as práticas que conformam o exercício da prostituição, que politicamente, assumimos se constituir como um trabalho implicado pelas dinâmicas dos mercados do sexo e de economias sexuais, dinâmicas que, conforme Olivar e Garcia (2017, p. 147), referenciam “[...] a abrangência e não excepcionalidade dos vínculos explícitos e sistemáticos entre sexo, afetos e dinheiro”.

    Quando se fala de mercados do sexo se faz referência aos fluxos de oferta e demanda de sexo que considera intercâmbios materiais e simbólicos, e não apenas aspectos que se organizam a partir de uma noção de economia de mercado ou das relações de cosumo, aquilo comumente caracterizado como “comércio”. Este esforço analítico de compreensão das dinâmicas dos mercados do sexo abre possibilidades para considerar as diferentes nuances da prostituição, e de outros intercâmbios que não se confunde com esta (Pisicitelli, 2005; 2016).

    Tal como a noção de mercados do sexo, a ideia de economias sexuais intenta situar os intercâmbios sexuais e econômicos nos universos sociais mais amplos dos quais eles fazem parte, apesar das divergências teóricas sobre o que compõe estas economias e o alcance desses ditos universos sociais. Economias sexuais podem aduzir ao um conjunto de circulações sexuais que se vinculam a uma dimensão mais macro em emergem questões como humanitarismo, o turismo, o policiamento e o controle das fronteiras. Por outro lado, as economias sexuais podem ser discutidas em um espectro que considera um contexto de trocas de sexo por dinheiro, incluindo, por seu turno, o casamento (Pisicitelli, 2016).

    A sexualidade é política, encerra uma miríade de desigualdades e modos de opressão (Rubin, 1993). Importa destacar este pressuposto na medida em que o mesmo se opõe a uma visão do sexo como algo natural e biológico e, portanto, fora dos limites do que é construído pela intervenção humana. Sabemos que a naturalização do sexo atua de maneira a ocultar as lutas políticas que sustentam as formas institucionais concretas da sexualidade.

    Neste contexto, a sexualidade é classificada considerando um enquadramento que se baseia em um sistema hierárquico de valores sexuais. Em linhas gerais, segundo este sistema de valor sexual, que não escapa de uma lógica de funcionamento dicotômica, existe, de um lado, a sexualidade “boa”, “normal”, e “natural”, e por outro lado, a sexualidade “ruim”, “anormal” ou “não-natural”. A sexualidade associada aos adjetivos heterossexual, monogâmica, marital, reprodutiva e não-comercial é interpretada no âmbito do que é “bom”, “natural” e “normal”. De outro modo, quando se transgride estas regras e o sexo é homossexual, dito promíscuo, fora do casamento, não-reprodutivo ou comercial delineia-se aquilo que é “ruim”, “anormal” e “não-natural” (Rubin, 1993).

    “A prostituição é uma instituição que serve à regulação das relações sociais de sexo”, escreve Pheterson (2009, p. 204) defendendo que, em dado contexto, comportamentos que não se identificam com determinadas práticas convencionalmente instituídas, são comportamentos vistos como transgressores, o que contribui para que as mulheres a eles associadas sejam classificadas a partir de denominações “prostituta”, “puta”. As mulheres são, portanto, classificadas e estigmatizadas, e a elas relegado um lugar de subalternidade.

    O processo de estigmatização das prostitutas apresenta-se, portanto, como uma espécie de sanção pela transgressão de uma moralidade feminina relacionada à capacidade de reprodução, ao cuidado com a família. Além disso, a estigmatização das prostitutas cumpre uma função pedagógica na medida em que objetiva o controle das mulheres não prostitutas de modo que não se desviem da norma, e que exerçam seu papel naturalizado pelo gênero que as marcam (Juliano, 2005).

    As disputas políticas acerca do trabalho sexual acontecem em diferentes espaços sociais, e isso tem implicações na conformação do estatuto legal da atividade no país. Desde o ano de 2002, a prostituição integra a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), assim, o exercício individual da prostituição não configura um crime, apesar de o Código Penal prever a facilitação ou favorecimento da prostituição como sendo ato de natureza criminosa. No Congresso Brasileiro, se destacam dois projetos de lei que encerram posicionamentos diferentes sobre a prostituição. Citamos o projeto de lei n.377/2011 do deputado federal João Campos, atualmente no Partido Republicano Brasileiro (PRB), do estado de Goiás, projeto aquele que propõe uma modificação do Código Penal (CP) a fim de tornar crimes as contratação e aceitação da oferta de serviços sexuais. Por seu turno, Jean Wyllis, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), do Rio de Janeiro, apresentou, no ano de 2012, o projeto de lei n.4211/2012, denominado “Gabriela Leite”, projeto que visa à regulamentação da atividade.

    A discussão sobre o trabalho sexual não se faz também sem tensões no âmbito do movimento feminista. Apesar de compreendermos que o debate feminista acerca do trabalho sexual não se reduz a uma mera polarização de visões, isto é, existem muitas outras posições entre os ditos antagonismos, destacamos duas posições que influenciam em grande medida as teorias e práticas feministas. O chamado feminismo radical sustenta-se em uma perspectiva abolicionista ou neoabolicionista, que defende a ideia de que a prostituta precisa ser liberta e conscientizada sobre as práticas que a colocam em situações de violência, submissão e exploração (Wijers, 2004). Pateman (1993) e Legardinier (2009) são feministas que compartilham deste posicionamento. Outra vertente que se destaca é a que assume a prostituição como sendo um trabalho e a prostituta, neste caso, uma trabalhadora, uma sujeita política, uma sujeita de direitos, dentre estes, direitos sexuais e trabalhistas. Essa concepção laboral relaciona-se intimamente com a emergência e consolidação dos movimentos organizados de prostitutas nos últimos anos (Wijers, 2004). E para além do movimento organizado, entendo que a perspectiva laboral sustenta, em grande medida, o exercício do que Prada (2018) e Moira (2016) chamam de putafeminismo, isto é, um feminismo que não deslegitima as falas e demandas das prostitutas como historicamente alguns tipos de feminismo tem feito.

    O objetivo desta proposta é refletir sobre os aspectos concretos e simbólicos que caracterizam o trabalho sexual, e como tais aspectos se articulam a diferentes modos de se fazer política em um campo em que estão em jogo direitos trabalhistas, direitos sexuais e direitos ao corpo. Realizar esta discussão no âmbito de um periódico de Administração representa uma tentativa de evidenciar uma problemática que, apesar de ser, vez ou outra, tema de artigos em alguns eventos, ainda é pouco discutida no conjunto dos periódicos da área. É preciso dizer, por seu turno, que não obstante a vinculação do periódico com a área de Administração, buscamos refletir sobre a vida social organizada e, assim, estimulamos a realização de trabalhos demarcados por um eixo transdisciplinar, isto é, que se conforma nas intersecções entre múltiplos campos de conhecimento (Maldonado-Torres, 2016).

    Além disso, encorajamos trabalhos forjados a partir do pensamento de fronteira, uma perspectiva metafórica para delinear conhecimentos marcados pelos hibridismos, oposições e contradições, múltiplas resistências, limites, possibilidades da mudança, trânsito entre-lugares, a invenção (Anzaldúa, 1987). Desse modo, a fronteira é também o que Mignolo (2017) chama de perspectiva epistêmica, que encerra uma política de produção de um conhecimento nos interstícios das lógicas de pensamento dominante e subalterno, conhecimento que seja potência para a transformação social. A fronteira é a linha concreta e discursiva que, de modo concomitante, separa e une a modernidade e colonialidade (Mignolo, 2010).

    São bem-vindos trabalhos teóricos e empíricos que discutam:

    - as articulações entre trabalho sexual e feminismos;
    - o trabalho sexual e os usos (e não usos) dos espaços da cidade;
    - os sentidos do trabalho sexual;
    - o exercício do trabalho sexual e as diversas formas de organização política;
    - políticas e práticas de governamentalidade no trabalho sexual;
    - violências, resistências e afetividades no âmbito do trabalho sexual;
    - economias materiais e simbólicas relacionadas ao trabalho sexual;
    - aspectos ontológicos, epistemológicos e metodológicos nas pesquisas sobre o trabalho sexual.

    A intenção é que os estudos problematizem acerca do trabalho sexual realizado por sujeitas e sujeitos cisgêneros e transexuais. Além disso, recomenda-se que os trabalhos produzam reflexões sustentadas por uma abordagem interseccional (Crenshaw, 2002; Curiel, 2006), isto é, engajada na discussão do trabalho sexual e o modo como este tangencia as subordinações de gênero, raça, classe, sexualidade.

    Referências

    Anzaldúa, G. (1987). Boderlands/La fronteira: the new mestiza. San Francisco: Aunt Lute.

    Crenshaw, K. (2002). Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Estudos Feministas, 10(1), 171-188.

    Curiel, O. (2006). Los limites del género en la práctica política feminista y las visiones acadêmicas. In: El Género: ¿Una categoría útil para las ciencias sociales? Bogotá: Escuela de Estudios de Género y el Centro de Estudios Sociales de la Universidad Nacional de Colombia.

    Juliano, D. (2005). El trabajo sexual en la mira: polémicas y estereotipos. Cadernos Pagu, 25, 79-106.

    Legardinier, C. (2009). Prostituição I. In H. Hirata, F. Laborie, H. Le Doaré, & D. Senotier (Orgs.) Dicionário crítico do feminismo. São Paulo: UNESP.

    Maldonado-Torres, N. (2016). Transdisciplinaridade e decolonialidade. Sociedade e Estado, 31(1), 75-97.

    Mignolo, W. D. (2017). Desafios descoloniais hoje. Epistemologias do Sul, 1(1), 12-32.

    Mignolo, W. D. (2010). Desobediencia epistémica: retórica de la modernidad, lógica de la colonialidad y gramática de la descolonialidad. Buenos Aires: Ediciones del Signo.

    Moira, A. (2016). E se eu fosse puta? São Paulo: Hoo.

    Olivar, J. M. N. & Garcia, L. (2017). “Usar o corpo”: economias sexuais de mulheres jovens do litoral ao sertão no Nordeste brasileiro. Revista de Antropologia, 60(1), 140-164.

    Pateman, C. (1993). O contrato sexual. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

    Pheterson, G. (2009). Prostituição II. In H. Hirata, F. Laborie, H. Le Doaré, & D. Senotier (Orgs.) Dicionário crítico do feminismo. São Paulo: UNESP.

    Piscitelli, A. (2005). Apresentação: gênero no mercado do sexo. Cadernos Pagu, 25, 7-23.

    Piscitelli, A. (2016). Economias sexuais, amor e tráfico de pessoas – novas questões conceituais. Cadernos Pagu, 47, e16475.

    Prada, M. (2018). Putafeminista. São Paulo: Veneta.

    Wijers, M. (2004). Delincuente, victima, mal social o mujer trabajadora: perspectivas legales sobre la prostitución. In T. Osborne (Ed). Trabajadoras del sexo: derechos, migraciones y tráfico em el siglo XXI. Barcelona: Bellaterra.


    Modalidades de contribuição

    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade publica contribuições na forma de Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas (de livros, filmes, exposições, performances artísticas), Registros fotográficos e Vídeos. Os idiomas aceitos nas contribuições são português, inglês e espanhol, desde que estejam de acordo com a política editorial e as diretrizes para os autores. Para ter acesso às orientações gerais, acesse: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/index.

    Submissão

    Qualquer que seja a modalidade de contribuição (Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas, Registros fotográficos ou Vídeos), xs autorxs devem informar o editor, no item “Comentários para o editor”, que estão submetendo especificamente para o dossiê temático “Trabalho sexual no Brasil: uma discussão sobre direitos, políticas e práticas”.

    Prazo

    As contribuições para o dossiê temático “Trabalho sexual no Brasil: uma discussão sobre direitos, políticas e práticas” se encerram impreterivelmente no dia 16 de setembro de 2019 (segunda-feira).


    Informações adicionais

    No caso de quaisquer dúvidas sobre este número especial, as editoras especiais devem ser contactadas: Profa. Dra. Ana Paula da Silva (ana51@uol.com.br), Profa. Dra. Andreia Skackauskas Vaz de Mello (andreiaskack80@gmail.com), Profa. M.Sc. Clara Luisa Oliveira Silva (claralosilva@hotmail.com) ou Profa. Dra. Letícia Cardoso Barreto (leticiacardosobarreto@gmail.com). No caso de dúvidas sobre o periódico em si, o contato deve ser feito com a secretaria editorial (farol@face.ufmg.br).

     

    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva, Dr.
    Editor-chefe
    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade
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    Saiba mais sobre CHAMADA DE TRABALHOS - DOSSIÊ TEMÁTICO "Trabalho sexual no Brasil: uma discussão sobre direitos, políticas e práticas"
  • CHAMADA DE TRABALHOS - Dossiê Temático "Foucault e os Estudos Organizacionais"

    2019-04-01

    CHAMADA DE TRABALHOS


    DOSSIÊ TEMÁTICO

    Foucault e os Estudos Organizacionais

     

    EDITORES ESPECIAIS

    Igor Baptista de Oliveira Medeiros (UNIPAMPA)
    Claudia Simone Antonello (UFRGS)
    Rafael Diogo Pereira (UFMG)


    A proposta desse Dossiê consiste em abrir um espaço para contribuições das teorizações foucaultianas nos Estudos Organizacionais (EO). Muitas linhas de pesquisa que hoje se configuram como alternativas profícuas para a análise organizacional, como os Estudos Baseados em Práticas (EBP), a Teoria Ator-Rede (TAR), e os estudos sobre produção de subjetividade no trabalho têm amparo nas diversas teorizações elaboradas por Foucault.

    Certamente, Michel Foucault foi um filósofo que deixou sua marca em nosso pensamento contemporâneo. Não é à toa que suas teorizações perpassam a pesquisa e produção do conhecimento em diferentes áreas do conhecimento. Sua forma de teorizar a partir de problematizações, colocando em questionamento o que se revela como dado ou evidente, possibilitou a formação de uma nova corrente epistemológica, abraçada a outros autores que, assim como ele, buscaram sua base filosófica em Friedrich Nietzsche.

    Apesar de esses autores não buscarem uma definição epistemológica para si, visto que isso inibiria a própria forma movente a qual atribuíam ao pensamento, nas últimas décadas, consensuou-se chamar essa epistemologia que enfatiza as dimensões processuais, e não se centra na estrutura para explicar a produção do real e das relações sociais, de pós-estruturalismo.

    O pós-estruturalismo se configura, a partir do pensamento foucaultiano, como uma propositiva para se pensar uma outra história e forma de se fazer crítica nos EO. De fato, observamos nos últimos eventos da área (CBEO e EnANPAD) inúmeros trabalhos que buscam inspiração em Foucault para contar outras histórias que circundam os atos de organizar.

    Esse dossiê busca abrir espaço e encorajar os pesquisadores da área a explorarem uma outra noção de história, que não é hegeliana nem marxista, e que logo não imprime consigo uma crítica marxista materialista histórica. Ao contrário do pensamento marxista, e sua subsequente crítica hegemônica dentro dos EO; para Foucault, o problema não transita apenas pela exploração de classe, não podendo se resumir o mundo à luta entre aqueles que têm e os que não têm. A supressão da paixão, do desejo, em prol da eficiência denota tanto ou mais a nossa atualidade do que a exploração de classe.

    Michel Foucault dirá que a grande limitação da explicação marxista para fenômenos totalitários é ignorar justamente a dimensão do desejo. É ignorar que o sistema não é só injusto, ele também é desumano, visto que ignora aquilo que é mais intrinsecamente próprio do homem: o nosso desejo, a nossa vontade.

    Com Foucault, podemos explorar a noção do desejo a partir da constituição dos sujeitos, e do que ele veio a denominar da constituição de uma estética da existência. Para tanto, em seguindo na explicação dessa proposta de Dossiê, antes precisamos esclarecer outras teorizações foucaultianas que já introduzimos; a questão das correntes epistemológicas que frequentemente causam confusões nos pesquisadores atuais quanto ao pensamento foucaultiano: o estruturalismo e o pós-estruturalismo.

    O desenvolvimento teórico do estruturalismo, principalmente na França, ao final dos anos 1950 e durante a década de 1960, “levou à institucionalização de um ‘megaparadigma’ transdisciplinar, contribuindo para integrar as chamadas ‘humanidades’ e as ciências sociais, mas o fez sob uma forma exageradamente otimista e cientificista”, centralizando a linguagem na vida cultural e social humana a partir de um sistema semiótico ou de significação (PETERS, 2000, p. 9). Em contrapartida, o pós-estruturalismo deve ser entendido como uma resposta filosófica ao status pretensamente científico do estruturalismo e à sua aspiração a se tornar um megaparadigma para as ciências sociais. O pós-estruturalismo deve ser visto como um movimento que, inspirado em Friedrich Nietzsche, buscou descentrar as ‘estruturas’, a sistematicidade e a pretensão científica do estruturalismo, “criticando a metafísica que lhe estava subjacente e estendendo-o em uma série de diferentes direções, preservando, ao mesmo tempo, os elementos centrais da crítica que o estruturalismo fazia ao sujeito humanista” (PETERS, 2000, p. 9).

    Em se tratando de Foucault, por vezes ele se encontrou nesse limiar indecifrável entre processo e estrutura. De fato, pensando sua apropriação no campo da Administração e nos EO, em estudo realizado por Costa e Vergara (2012), dos 41 artigos publicados naquela década nos anais de dois dos mais representativos encontros científicos da área na época no Brasil (EnANPAD e EnEO) que referenciavam Michel Foucault, a grande maioria dos estudos não ‘categorizou’ o pensamento foucaultiano adotado. As pesquisadoras concluíram que as questões epistemológicas ainda não faziam parte do corpo de preocupações de grande parte dos pesquisadores brasileiros na área de Administração (COSTA; VERGARA, 2012). De lá para cá, os EO ganhou corpo e força nacionalmente, o que nos permite, em parte, corroborar com a crítica empreendida pelas autoras. Todavia, é preciso ressaltar que as ideias de Foucault não visam ser ‘categorizadas’, e nesse sentido, a falta de classificação nos artigos pode se revelar como algo benéfico em se tratando da abordagem múltipla do pensamento foucaultiano que se expandia incessantemente. Isso fica claro na fala de Deleuze (2008, p. 118), ao mencionar que um pensamento é como ventos que nos impelem, séries aleatórias de rajadas e de abalos: “Pensava-se estar no porto, e de novo se é lançado ao alto mar, como diz Leibniz. É eminentemente o caso de Foucault. Seu pensamento não cessa de crescer em dimensões, e nenhuma das dimensões está contida na precedente”. Todavia, entendemos que boa parte dessa falta de posicionamento epistemológico quando se utiliza de alguma teorização foucaultiana não se dá pelo conhecimento aprofundado do autor. Pelo contrário, há uma escassez de compreensão de todos seus vastos escritos.

    Além disso, sabemos que Foucault tinha resistências em ser classificado, pois ao fazê-lo, se veria preso a uma episteme que o limitaria de pensar diferente, ou que pudessem pensar de formas múltiplas sobre o seu pensamento. Quando entrevistado já no último mês de vida, em maio de 1984, ele diz: “é verdade que não gosto de me identificar e que me divirto com a diversidade dos julgamentos e das classificações de que fui objeto”. E “como não é possível denunciar sua distração ou seu preconceito, é preciso se contentar em ver, em sua incapacidade de me situar, alguma coisa que tem a ver comigo” (FOUCAULT, 2004b, p. 227-228).

    De fato, se há alguma invariante, ao longo de todos seus escritos, ela pode ser caracterizada com a noção de problema: tanto problematizando quanto perguntando por que algo se torna ou é declarado problemático para nós; modificando, assim, “a maneira de problematizar e mudando os próprios problemas, pode-se dizer que a invariante metodológica e temática em Foucault é a própria variação” (VEIGA-NETO, 2009, p. 91), a própria movente constituição múltipla da tripartite ontológica saber/poder/si.

    Para fins teórico-metodológicos, então, Foucault complementa que sua atitude crítica não decorre, a pretexto de um exame metódico, da recusa de todas as soluções possíveis, com a exceção de uma, que seria a boa. Sua postura é de natureza da ’problematização’: ou seja, da elaboração de um domínio de fatos, práticas e pensamentos que parecem colocar problemas para determinado objeto de estudo. Assim, encontramos razões para questioná-lo, para pensar as relações das diferentes experiências com ele, sem buscar nele o princípio constituinte dessas experiências ou a solução que regulará definitivamente seu destino (FOUCAULT, 2004b).

    Assim, pelo já exposto, um primeiro grupo de trabalhos poderia ser destinado à submissão de estudo que explorem:

    - a contribuição da analítica foucaultiana para os EO;
    - o espaço da crítica foucaultiana nos EO;
    - contando outras histórias da teoria organizacional;
    - arqueologias sobre as formações discursivas em torno dos EO e da Administração;
    - as relações do sujeito com as verdades do discurso organizacional.

    Sabemos que Foucault não falou ou problematizou sobre as organizações, contudo, o que ele faz hoje para a análise organizacional é uma propositiva de encarar a condução da vida em espaços organizacionais a partir de uma noção processualista.

    A preocupação com a estrutura organizacional esteve presente em primazia nos EO, pois, ao longo do tempo, a abordagem mais utilizada para entender as organizações foi esta; a partir da noção de estrutura, sendo que, por muito tempo, organização e estrutura foram trabalhadas como sinônimos. Uma alternativa para pensar além desse determinismo estrutural dominante nos EO é considerar o pensamento foucaultiano enquanto uma abordagem processual da subjetividade centrada nas diferentes modalidades de relação consigo, que nos permite refletir sobre novas possibilidades morfológicas em torno da noção de organização e do ato de organizar (noção de organizing conforme Cooper, 1990).

    A partir de “História da Sexualidade I: a Vontade de Saber” publicado em 1976, Foucault vai rever sua própria noção de poder disciplinar e irá imprimir uma crítica às teorias tradicionais de poder que o veem de forma puramente negativa, como algo que domina, incute, impõe e restringe. Ele elucida um caráter positivo do poder, do poder que produz a realidade, que vem de baixo e de inumeráveis lugares, por que se exerce em relações móveis e desiguais, dentro da complexa e densa teia social. Relações estas, então, de poder que se distribuem nos mais diversos pontos, atribuindo lugares desiguais e focos assimétricos de poder, fazendo-se a partir de objetivos e estratégias em conflito, no qual a subjetividade, a condição pessoal, as castas ou as classes dominantes são apenas alguns aspectos de grandes estratégias anônimas que constituem os lances de dados políticos. Enfim, ele nos revela que onde há poder, há resistência (FOUCAULT, 2009, p. 90-91).

    Foucault percebe que em certas condições a força dos indivíduos e dos grupos tem o potencial de contestar os sistemas hegemônicos de poder, seja por modificá-los num lento e tenaz movimento diário, ou abruptamente, num movimento de transformação político-social de caráter revolucionário. Esse é o problema que empolga Foucault em seus últimos anos de vida, passando a estudar o papel das resistências ao poder, em todas as suas dimensões, na trama complexa das relações de poder. Seu interesse passa a ser os combates e as lutas inerentes às relações de poder, e não apenas as grandes articulações institucionais e políticas que formam as grandes estruturas de poder que persistem num largo espaço de tempo (BRANCO, 2015).

    Assim, o estudo e a pesquisa nessa perspectiva consiste em um afastamento das explicações de ordem ideológica: é dar conta de como nos tornamos sujeitos de certos discursos, de como certas verdades se tornam naturais, hegemônicas, especificamente de como certas verdades se transformam em verdades para cada sujeito, a partir de práticas mínimas, de enunciados invisíveis, de cotidianas e institucionalizadas regras, normas e códigos. Pesquisar a partir de uma perspectiva foucaultiana denota também, e finalmente, “dar conta de possíveis linhas de fuga, daquilo que escapa aos saberes e aos poderes, por mais bem montados e estruturados que eles se façam aos indivíduos e aos grupos sociais” (FISCHER, 2012, p.112).
    A tarefa filosófica de Foucault é propositiva e consiste em lançar as bases teóricas e metodológicas para se realizar novos modos de investigação do passado e do próprio presente. Como o filósofo faz questão de repetir, ao longo de seus escritos, sua questão maior é o presente: “Que o que eu faço tenha algo a ver com a filosofia é muito possível, principalmente na medida em que, pelo menos desde Nietzsche, a filosofia tem como tarefa diagnosticar e não procura mais dizer uma verdade que possa valer para todos e para todos os tempos. Eu procuro diagnosticar, realizar um diagnóstico do presente: dizer o que somos hoje e o que significa, hoje, dizer o que nós dizemos. Esse trabalho de escavação sob os nossos pés caracteriza, desde Nietzsche, o pensamento contemporâneo, e nesse sentido eu posso me declarar filósofo” (FOUCAULT, 2014c, p. 34, grifo nosso).

    A propósito dessa função do diagnóstico sobre o que é a atualidade, Foucault analisa que ela não consiste simplesmente em caracterizar o que somos, mas, seguindo as linhas de vulnerabilidade da atualidade, “em conseguir apreender por onde e como isso que existe hoje poderia ser feito de acordo com essa espécie de fratura virtual, que abre um espaço de liberdade, entendido como espaço de liberdade concreta, ou seja, de transformação possível” (FOUCAULT, 2000, p. 325), para além dos estados de dominação. Aqui se evidencia a noção foucaultiana de poder que não se confunde com um estado de dominação em que não haveria espaço para liberdade. Segundo ele, quando um indivíduo ou um grupo social chega a bloquear um campo de relações de poder, "a torná-las imóveis e fixas e a impedir qualquer reversibilidade do movimento, por instrumentos que tanto podem ser econômicos quanto políticos ou militares, estamos diante do que se pode chamar de um estado de dominação” (FOUCAULT, 2004a, p. 266). Assim, podemos entender que, em tal estado, as práticas de liberdade não existem, existem apenas unilateralmente ou são extremamente restritas e limitadas.

    De fato, são as relações de poder, que são múltiplas e têm diferentes formas, que podem atuar nas relações familiares, no interior de uma instituição ou em uma administração, entre uma classe dominante e uma dominada, relações de poder que possuem formas que lhes são comuns. Foucault esclarece que se estuda essas relações de poder, não é visando alguma teoria do poder, mas, na medida em que problematiza sobre como estão ligados entre si a reflexividade do sujeito e o discurso da verdade, ou seja, se sua questão norteadora foi entender, como o sujeito pode dizer a verdade sobre ele mesmo, parecia-lhe que as relações de poder são um dos elementos determinantes nessa relação. Dessa forma, o poder não lhe interessava como questão isolada e se, foi levado a falar da questão do poder, é na medida em que a análise política que era feita dos fenômenos do poder não lhe parecia ser capaz de dar conta desses fenômenos mais sutis e mais detalhados ao colocar a questão do dizer verdadeiro sobre si mesmo. “Se digo a verdade sobre mim mesmo como eu o faço, é porque, em parte, me constituo como sujeito através de um certo numero de relações de poder que são exercidas sobre mim e que exerço sobre outros. [...] eu não fazia uma teoria do poder, eu fazia história, em um momento dado, da maneira pela qual foram estabelecidos a reflexividade de si sobre si e o discurso da verdade a ela ligado” (FOUCAULT, 2000, p. 327, grifo meu).

    Essas são as dimensões ampliadas no pensamento de Foucault ao final de sua vida, observando que há pontos no diagrama de poder que oferecem resistência, que dobram o poder, escapando, em parte, do processo de docilização. Há uma luta, então, uma tensão entre forças, de um lado o indivíduo que quer dar vazão ao seu desejo vivendo a sua maneira, do outro, uma série de dispositivos que tentam dobrar os indivíduos e controlar sua subjetividade e seu desejo (DELEUZE, 2013). Assim, alguns indivíduos conseguem, não menos que parcialmente, escapar das malhas assimétricas que constituem a diagramação social, pois, para Foucault, é impossível viver sem relações de poder, mas é possível aos indivíduos decidir como viver em relação a si mesmos e aos outros, levando assim a uma estetização da ética, enquanto um processo de criação e construção de técnicas singulares, em que o sujeito administre sua própria liberdade (HERMANN, 2005). Deleuze (1999) em relação a noção de dispositivo, considera-o como um conceito operatório multilinear, transversal, alicerçado nos três grandes domínios genealógicos já definidos por Foucault no conjunto de seus trabalhos: “Primeiro, uma ontologia histórica de nós mesmos em relação à verdade através da qual nos constituímos como sujeitos de saber; segundo, uma ontologia histórica de nós mesmos em relação a um campo de poder através do qual nos constituímos como sujeitos de ação sobre os outros; terceiro, uma ontologia histórica em relação à ética através da qual nos constituímos como agentes morais” (FOUCAULT, 1995, p. 262).

    Dessa forma, o sujeito é compreendido por Foucault como um “eu” ético em relação consigo mesmo, entendido como transformável, como modificável: é um sujeito que se constrói, que se dá regras de existência e conduta (GROS, 2008). A ética consiste, para Foucault, no direcionamento da própria subjetividade reflexiva para si visando formas de se reinventar, de se elaborar a própria vida.

    Portanto, o pensamento foucaultiano se aproxima mais da corrente pós-estruturalista, pois também prega o fim na dicotomia sujeito-objeto. Sendo a subjetividade descentrada e pulverizada, o sujeito não tem essência ou origem, pois, ao invés de ser origem, sua subjetividade está mergulhada em um duplo movimento de produção e efeito. O sujeito somente pode constituir-se eticamente quando há possibilidade de emergência de novas formas existenciais, denominado por Foucault de práticas de liberdade (SOUZA; SOUZA; SILVA, 2013).

    Considerando essas outras contribuições foucaltianas para os EO, outro grupo de trabalhos poderiam ser submetidos com as seguintes temáticas:

    - a noção de prática em Foucault: práticas de si, práticas de liberdade;
    - analítica do poder e da sexualidade nos EO;
    - analítica de dispositivos para compreender a realidade organizacional;
    - constituição do sujeito em organização: produção de subjetividade no trabalho.

    Referências

    Branco, G. C. (2015). Michel Foucault: filosofia e biopolítica. Belo Horizonte: Autêntica.

    Cooper, R. (1990). Organization/disorganization. In: J. Hassard & D. Pym (Orgs.) The theory and philosophy of organizations: critical issues and new perspectives (pp. 167-197). London: Routledge.

    Costa, A. S. M. & Vergara, S. C. (2012). Estruturalista, pós-estruturalista ou pós-moderno? Apropriações do pensamento de Michel Foucault por pesquisadores da área de administração no Brasil. Gestão e Sociedade, 6(13), 69-89.

    Deleuze, G. (1999). Que és un dispositivo? In: E. Balbier, G. Deleuze, H. L. Dreyfus, M. Frank, A. Glücksmann et al. Michel Foucault, filósofo (pp. 155-163). Barcelona: Gedisa.

    Deleuze, G. (2008). Michel Foucault. In: G. Deleuze. Conversações. Rio de Janeiro: 34.

    Deleuze, G. (2013). Foucault. São Paulo: Brasiliense.

    Fischer, R. B. (2012). Trabalhar com Foucault: arqueologia de uma paixão. Belo Horizonte: Autêntica.

    Foucault, M. (2009). Historia da sexualidade I: a vontade do saber. Rio de Janeiro: Graal. [1976].

    Foucault, M. (2004a). A ética do cuidado de si como prática da liberdade. In: M. Foucault. Ditos e Escritos V. Ética, Sexualidade e Política. Rio de Janeiro: Forense Universitária. [1984]

    Foucault, M. (2004b). Polêmica, política e problematizações. In: M. Foucault. Ditos e Escritos V. Ética, Sexualidade e Política. Rio de Janeiro: Forense Universitária. [1984].

    Foucault, M. (2000). Ditos e Escritos II. Arqueologia das ciências, história dos sistemas de pensamento. Rio de Janeiro: Forense Universitária.

    Foucault, M. (1995). Sobre a genealogia da ética: uma revisão do trabalho. In: H. Dreyfus & P. Rabinow. Michel Foucault, uma trajetória filosófica: para além do estruturalismo e da hermenêutica (pp. 253-278). Rio de janeiro: Forense.

    Gros, F. (2008). O cuidado de si em Michel Foucault. In: M. Rago & A. Veiga-Neto (Orgs.). Figuras de Foucault. Belo Horizonte: Autêntica.

    Hermann, N. (2005). Ética e estética: a relação quase esquecida. Porto Alegre: EDIPUCRS.

    Peters, M. (2000). Pós-estruturalismo e filosofia da diferença. Belo Horizonte: Autêntica.

    Souza, E. M., Souza, S. P., & Silva, A. R. L. (2013). O pós-estruturalismo e os estudos críticos de gestão: da busca pela emancipação à constituição do sujeito. Revista de Administração Contemporânea, 17(2), 198-217.

    Veiga-Neto, A. (2009). Teoria e método em Michel Foucault: (im)possibilidades. Cadernos de Educação, 34, 83-94.


    Modalidades de contribuição

    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade publica contribuições na forma de Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas (de livros, filmes, exposições, performances artísticas), Registros fotográficos e Vídeos. Os idiomas aceitos nas contribuições são português, inglês e espanhol, desde que estejam de acordo com a política editorial e as diretrizes para os autores. Para ter acesso às orientações gerais, acesse: http://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/about/submissions#onlineSubmissions.

    Submissão

    Qualquer que seja a modalidade de contribuição (Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas, Registros fotográficos ou Vídeos), xs autorxs devem informar o editor, no item “Comentários para o editor”, que estão submetendo especificamente para o dossiê temático “Foucault e os Estudos Organizacionais”.

    Prazo

    As contribuições para o dossiê temático “Foucault e os Estudos Organizacionais” se encerram no dia 1º de julho de 2019 (segunda-feira).


    Informações adicionais

    No caso de quaisquer dúvidas sobre este número especial, os editores especiais devem ser contactades: Prof. Dr. Igor Baptista de Oliveira Medeiros (igormedeiros@unipampa.edu.br), Profa. Dra. Claudia Simone Antonello (claudia.antonello@ufrgs.br) ou Prof. Dr. Rafael Diogo Pereira (rdp.ufmg@gmail.com). No caso de dúvidas sobre o periódico em si, o contato deve ser feito com a secretaria editorial (farol@face.ufmg.br).

     

    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva, Dr.
    Editor-chefe
    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade
    https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/index

    Saiba mais sobre CHAMADA DE TRABALHOS - Dossiê Temático "Foucault e os Estudos Organizacionais"
  • Dossiês temáticos selecionados (Quarta Chamada Pública de Dossiês temáticos)

    2018-10-30

    DOSSIÊS TEMÁTICOS SELECIONADOS


    Prezados Colegas da Comunidade de Estudos Organizacionais,

    A editoria de Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade com satisfação comunica que, em face do grande número de submissões qualificadas à “Quarta Chamada Pública de Dossiês Temáticos” selecionou quatro propostas que atenderam, de forma excepcional, aos critérios de avaliação divulgados quanto à pluralidade, crítica, reflexividade e inovação. Os dossiês temáticos selecionados foram:

    RELAÇÕES DE PODER NO ORGANIZAR (EXTRA)ORDINÁRIO DA VIDA COTIDIANA
    Editorxs especiais: Alexandre de Pádua Carrieri (UFMG), Elisa Yoshie Ichikawa (UEM) e Nathalia de Fátima Joaquim (UFLA)
    Data-limite para o encaminhamento de trabalhos: 25 de Março de 2019 (segunda-feira).

    TRABALHO, SUBJETIVIDADE E CONTEMPORANEIDADE
    Editorxs especiais: Fernando de Oliveira Vieira (UFF) e Liliam Deisy Ghizoni (UFT)
    Data-limite para o encaminhamento de trabalhos: 20 de Maio de 2019 (segunda-feira).

    FOUCAULT E OS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS
    Editorxs especiais: Igor Baptista de Oliveira Medeiros (UNIPAMPA), Claudia Simone Antonello (UFRGS) e Rafael Diogo Pereira (UFMG)
    Data-limite para o encaminhamento de trabalhos: 01 de Julho de 2019 (segunda-feira).

    TRABALHO SEXUAL NO BRASIL: DIREITOS, POLÍTICAS E PRÁTICAS
    Editoras especiais: Ana Paula da Silva (UFF), Andreia Skackauskas Vaz de Mello (AB Gestão e Mudança), Clara Luisa Oliveira Silva (UFMG) e Letícia Cardoso Barreto (UFMG)
    Data-limite para o encaminhamento de trabalhos: 16 de Setembro de 2019 (segunda-feira).


    Estes dossiês temáticos contarão chamadas de trabalho específicas, bem como avaliadorxs e procedimentos próprios, cabendo às editorias especiais a promoção, o gerenciamento e a viabilização da publicação do seu número especial.

    Agradecemos à comunidade pelo grande interesse demonstrado pela chamada de números temáticos e desejamos boa sorte axs editorxs especiais.

    Atenciosamente,

    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva
    Editor-chefe
    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade
    https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol

    Saiba mais sobre Dossiês temáticos selecionados (Quarta Chamada Pública de Dossiês temáticos)
  • QUARTA CHAMADA PÚBLICA DE PROPOSTAS DE DOSSIÊS TEMÁTICOS

    2018-07-26

    Apresentação

     

    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade é o periódico científico do Núcleo de Estudos Organizacionais e Sociedade da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (NEOS/FACE/UFMG) que busca fomentar, propagar e contribuir para os Estudos Organizacionais em uma ótica não-funcionalista. Nesse sentido, constitui um espaço interdisciplinar, aberto para que se possa discutir e propor temáticas, abordagens críticas e inovadoras e objetos não ortodoxos nos estudos organizacionais. A ideia é que, a partir de uma perspectiva plural dos pontos de vista ontológico, epistemológico, teórico e metodológico, e não pautada pelo gerencialismo, seja possível propor, discutir, criticar e teorizar para a compreensão da complexa dinâmica da sociedade e suas interfaces com as organizações.

     

    Nesta mensagem fazemos a quarta chamada pública de propostas de dossiês temáticos, com o intuito de abrigar ideias da comunidade não-funcionalista de Estudos Organizacionais, para o que convidamos todxs xs interessadxs, de acordo com os seguintes parâmetros:

     

    - a temática do dossiê temático deve obrigatoriamente versar sobre uma perspectiva plural e não pautada pelo gerencialismo, sendo particularmente bem-vindas abordagens críticas, reflexivas e inovadoras e sobre objetos não ortodoxos nos Estudos Organizacionais;

    - deve haver pelo menos três e não mais do que quatro editorxs especiais, necessariamente vinculadxs a instituições diferentes;

    - cada editorx especial pode estar vinculadx a, no máximo, uma proposta de dossiê temático;

    - a proposta deve conter cerca de 3.000 palavras, apresentando teoricamente a temática, seu desenvolvimento e possibilidades no campo dos estudos organizacionais, o potencial de publicação de um dossiê temático, e as possíveis linhas de contribuição, bem como os nomes propostos dxs editorxs especiais e instituições de vinculação de cada um delxs.

     

    Prazo

     

    As propostas deverão ser encaminhadas impreterivelmente até 1º de outubro de 2018 (segunda-feira) exclusivamente por e-mail com o assunto “Proposta de dossiê temático” para saraiva@face.ufmg.br.

     

    Julgamento

     

    As propostas serão julgadas considerando a qualidade editorial no que tange à pluralidade, crítica, reflexividade e inovação, bem como quanto ao potencial de publicação em um dossiê temático.

     

    Resultados

     

    Os resultados serão divulgados até o dia 31 de outubro de 2018 (quarta-feira).

     

    Prazo de publicação

     

    Este edital prevê, em princípio a aprovação de um dossiê temático, a ser publicado em 2019 ou 2020. A depender da qualidade das propostas, pode haver mais de um dossiê temático selecionado, a critério da editoria de Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade.

     

    Informações adicionais

     

    - Todo processo editorial dos dossiês temáticos aprovados será operacionalizado por meio do Open Journal Systems, a cujo acesso xs editorxs especiais terão quando forem credenciadxs pela editoria de Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade. Nesta ocasião, xs editorxs especiais receberão instruções específicas a respeito de como proceder.

    - Xs editorxs especiais ficarão encarregados de apresentar uma lista específica de pareceristas ad hoc com o doutorado concluído (ou em curso). Estxs pareceristas atuarão especificamente na avaliação de contribuições para o dossiê temático proposto. Posteriormente, se também for desejo dxs avaliadorxs, elxs serão incorporados ao corpo de pareceristas regulares ad hoc de Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade.

    - Informações adicionais podem ser obtidas diretamente com a editoria da revista: saraiva@face.ufmg.br.

     

     

    Atenciosamente,

     

    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva, Dr.
    Editor-chefe
    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade
    ISSN 2358-6311

    Saiba mais sobre QUARTA CHAMADA PÚBLICA DE PROPOSTAS DE DOSSIÊS TEMÁTICOS
  • Reclassificação de Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade no Qualis/CAPES

    2017-09-25

    Prezadxs Colegas da Comunidade de Estudos Organizacionais, 

    Temos o prazer de informar que Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade acaba de ser reclassificada no Qualis (Classificação de Periódicos Qualis/CAPES 2013-2016) nas seguintes áreas de avaliação:

    - Administração Pública e de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo – B4
    - Biotecnologia – C
    - Ciências Ambientais – B4
    - Comunicação e Informação – B5
    - Educação – C
    - Engenharias III – B5
    - Geografia – B4
    - Interdisciplinar – B4
    - Planejamento Urbano e Regional / Demografia – B4
    - Psicologia – B3
    - Sociologia – B5

    Estamos satisfeitos com a reclassificação, que reflete a vocação plural e multidisciplinar de nosso periódico, ao mesmo tempo em que nos voltamos ao contínuo aprimoramento de Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade.

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  • Chamada de Trabalhos - Dossiê temático "CINEMA: TRABALHO, ORGANIZAÇÕES E SOCIEDADE"

    2017-02-18

    CHAMADA DE TRABALHOS

     

     

    DOSSIÊ TEMÁTICO

     

    CINEMA: TRABALHO, ORGANIZAÇÕES E SOCIEDADE

     

     

    EDITORXS ESPECIAIS

     

    Andrea Poleto Oltramari, UFRGS

    Deise Luiza da Silva Ferraz, UFMG

    Eduardo Wannmacher, PUC RS

    Fernanda Tarabal, UFRGS

     

     

    A presente chamada versa sobre a discussão do cinema e suas possibilidades de aprendizagem e desenvolvimento. Nosso objetivo é refletir sobre o uso de filmes enquanto metodologia e ferramenta de ensino e pesquisa, fomentando assim estudos que articulem o cinema e Administração.

     

    O cinema, enquanto meio de difusão de cultura e reflexão, constitui-se num dos meios de maior e fácil acesso, pela sua abrangência e por vezes baixo custo de projeção. O cinema também se constitui como um importante meio de entretenimento e aprendizagem para as pessoas, sendo considerado um importante meio de comunicação de massa.

     

    Embora ainda embrionárias, existem discussões cinematográficas no campo da Administração que associam as representações à realidade do mundo do trabalho nas mais diversas categorias: gênero e prostituição (SOUSA, 2005); o mundo do trabalho (ESTANISLAU et al., 2012); sofrimento no trabalho e assédio moral (PANIZA; MELLO NETO, 2015; MACHADO; IPIRANGA; MATOS, 2013); as pressões vividas pelos trabalhadores e a dificuldade em equilibrar trabalho e lazer (BIZARRIA et al., 2014); empreendedorismo (PAIVA JR.; ALMEIDA; GUERRA, 2008) e análise dos discursos nas organizações (FREITAS; LEITE, 2015); relações de trabalho e classe social (OLTRAMARI; SILVA; BORTOLINI, 2016), entre outras.

     

    Mesmo que outras áreas já produzam em relativa intensidade discussões sobre análises fílmicas, cabe ressaltar que na área de Administração, objeto da presente proposta, essas discussões e pesquisas ainda se encontram embrionárias. Tal fato abre possibilidades para pensar em um diálogo entre o cinema e as temáticas relacionadas a trabalho, organizações e sociedade.

     

    Acredita-se que o cinema tem um grande potencial de reflexão e, portanto, de transformação. O uso de cinema na educação já vem sendo utilizado por outros pesquisadores tais como Mendonça e Guimarães (2008), configurando enquanto ferramenta multidisciplinar que aborda o uso de filmes como recurso didático em aulas de administração. É na sala de aula dizem os autores, que o espectador é convidado a refletir e rever seus próprios valores pessoais e experiência de vida.

     

    Cinema também é narrativa e como função dela tem-se resolver simbolicamente o que não se pode resolver na realidade (TURNER, 1997). As narrativas podem ser tanto textuais quanto sociais. Do contexto social, por exemplo, podem-se inferir ligações entre um filme e movimentos sociais. Assim, dependendo da época que o filme representa, a conclusão da narrativa pode representar a solução absolutamente simplificada para problemas pessoais ou sociais. Assim, ao projetar um filme e proceder sua análise crítica após a projeção, pode redundar em transformações nos sujeitos implicados no processo, tais como alunos, comunidade, trabalhadores etc.

     

    O cinema enquanto veículo cultural, inegavelmente atinge às massas e por isso pode inclusive projetar e ser repleto de convenções sociais, justamente como tentativa de agradar as massas. No entanto, há também o cinema que tem a intenção de realizar a crítica, como forma de reflexão sobre possibilidades outras de representação da realidade.

     

    O cinema, ao possibilitar a representação de problemas e dilemas humanos em um contexto cultural, social e temporal particular e delimitado, oferece aos espectadores a suspensão temporária de sua vivência cotidiana, para que possam vivenciar, por meio da tela, outras histórias e realidades. Assim, os filmes podem ser considerados tanto como ficções de entretenimento como reflexos da realidade, ou até mesmo como artefatos culturais que moldam e constituem nosso entendimento do social e da vida organizacional (Huczynski; Buchanan, 2004). Sendo, portanto, um produto cultural de entretenimento, o cinema captura a atenção do público ao, diversas vezes, reproduzir na tela a realidade travestida de ficção, estabelecendo uma identificação com o público e atuando como construtor e reprodutor de identidades sociais e culturais. Motivadas pela possibilidade de analisarmos a sociedade brasileira contemporânea, a partir do ponto de vista construído pelo cinema e pela encenação que o mesmo realiza a cerca da sociedade, optamos por esse recurso analítico para discutirmos sobre as relações de trabalho e de classe brasileiras.

     

    Desde a década de 1970, a utilização de filmes e de outros recursos artísticos como ferramentas didáticas e de análise tem sido tema de diversos estudos (Champoux, 1999; Huczynski; Buchanan; 2004; 2006; Suarez; Tomei, 2007; Mendonça; Guimarães, 2008; Souto, 2012; Souza, 2013; Simim, 2015). A escolha pela análise fílmica se justifica por ser um produto cultural inscrito em um contexto sócio histórico, com o diferencial de ser um produto dinâmico. Assim, ele é movimento, um fluxo de imagens, sons, sensações e experiências que precisam ser vividas como um todo, não se restringindo a uma fotografia estanque. É por isso que o filme pode ser utilizado com o intuito de se analisar uma sociedade (VANOYE, 2004).

     

    A análise fílmica se dá por meio de um processo de compreensão, de (re)constituição e interpretação do filme. Para Vanoye (2004), ela se constrói a partir de dois momentos, que se alternam de maneira anárquica e caótica: a decomposição do filme em seus elementos constitutivos, através do ato de “despedaçar, descosturar, desunir, extrair, separar, destacar e denominar materiais que não se percebem isoladamente a olho nu, uma vez que o filme é tomado pela totalidade” (VANOYE, p.15, 2004). O segundo momento exige que se reestabeleça os elos entre os elementos, chegando-se, assim, na reconstrução do filme. Entretanto, essa reconstrução não representa mais o filme por si só, se tornando uma criação daquele que fez a análise, no momento em que o analista traz algo de si para o filme, fazendo com que, a partir do seu olhar, o filme exista. A análise de dá assim por meio de dois movimentos, a desconstrução, que é também o momento da descrição, e a reconstrução, que é nada mais do que a interpretação por parte do analista.

     

    Assim, o que intentamos é propiciar aos estudiosos e interessados pelo debate Cinema e Administração, e em especial nas temáticas trabalho, organizações e sociedade, um espaço profícuo para o desenvolvimento de ideias e reflexões, e ainda, o amadurecimento de um campo de trabalho, pesquisa e estudos inovador, rico, e ainda em construção.

     

    Referências

     

    BIZARRIA, F. P. A.; TASSIGNY, M. M.; ALMEIDA, R. R. F.; BRASIL, M. V. O. Análise da atividade de consultoria com suporte na observação fílmica: o caso do filme Missão Demissão. Teoria e Prática em Administração, v. 4, n. 2, p. 49-69, 2014.

    CHAMPOUX, J. E. Film as a teaching resource. Journal of Management Inquiry, v. 8, n.2, p. 206-219, June, 1999.

     

    ESTANISLAU, C.; CASTRO, D.; VIEIRA, A. M.; RESCH, S. O mundo do trabalho visto no cinema: busca por significados no documentário peões. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, v. 6, n. 2, p. 33-49, 2012.

     

    FREITAS, A. D. G.; LEITE, N. R. P. Linguagem fílmica: uma metáfora de comunicação para a análise dos discursos nas organizações. Revista de Administração, v. 50, n. 1, p. 89-104, Mar. 2015.

     

    HUCZYNSKI, A.; BUCHANAN, D. Theory from fiction: A narrative process perspective on the pedagogical use of feature film. Journal of Management Education, v. 28, n. 6, p. 707-726, 2004.

     

    MACHADO, D. Q.; IPIRANGA, A. S. R.; MATOS, F. R. N. (2013); "Quero matar meu chefe: retaliação e ações de assédio moral". Pretexto, v. 14, n. 1, 52-70, jan./mar. 2013.

     

    MENDONÇA, J. R.; GUIMARÃES, F. P. Do quadro aos "quadros": o uso de filmes como recurso didático no ensino de administração. Cadernos EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 6, ed. esp., ago. 2008. 

     

    OLTRAMARI, A.; SILVA, C. S.; BORTOLINI, A. C. Relações de trabalho e de classe em “Que horas ela Volta?”. In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS ORGANIZACIONAIS, IX, 2016, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: ANPAD, 2016.

     

    PAIVA JR, F. G.; ALMEIDA, S. L.; GUERRA, J. R. F. O empreendedor humanizado como uma alternativa ao empresário bem-sucedido: um novo conceito em empreendedorismo, inspirado no filme Beleza Americana. Revista de Administração Mackenzie, v. 9, n. 8, nov./dez. 2008.

     

    PANIZA, M. D. R.; MELLO NETO, G. A. R. O Diabo Veste Prada - e é minha chefe: resenha fílmica sobre sofrimento no trabalho. Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, Belo Horizonte, v. 2, n. 5, p. 1137-1162, dez. 2015.

     

    SOUSA, F. I. Imagens e representações da prostituta no cinema. Revista Ciências Administrativas, v. 11, n. Especial, p. 85-90, 2005.

     

    TURNER, G. Cinema como prática social. São Paulo: Summus, 1997.

     

    VANOYE, F.; GOLLIOT-LÉTÉ, A. Ensaio sobre a Análise Fílmica. Campinas, Papirus, 2004.

     

    Modalidades de contribuição

     

    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade publica contribuições na forma de Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas (de livros, filmes, exposições, performances artísticas), Registros fotográficos e Vídeos. Os idiomas aceitos nas contribuições são português, inglês e espanhol, desde que estejam de acordo com a política editorial e as diretrizes para os autores. Para ter acesso às orientações gerais, acesse:http://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/about/submissions#onlineSubmissions.

     

    Submissão

     

    Qualquer que seja a modalidade de contribuição (Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas, Registros fotográficos ou Vídeos), xs autorxs devem informar o editor, no item “Comentários para o editor”, que estão submetendo especificamente para o dossiê temático “CINEMA: TRABALHO, ORGANIZAÇÕES E SOCIEDADE”.

     

    Prazo

     

    As contribuições para o dossiê temático “CINEMA: TRABALHO, ORGANIZAÇÕES E SOCIEDADE” se encerram impreterivelmente no dia 7 de agosto de 2017.

     

    Informações adicionais

     

    No caso de quaisquer dúvidas sobre este número especial, xs editorxs especiais devem ser contactadxs: Profa. Dra. Andrea Poleto Oltramari (andrea.oltramari@ufrgs.br ), Profa. Dra. Deise Luiza da Silva Ferraz (deiseluiza@face.ufmg.br), Prof. Dr. Eduardo Wannmacher (eduardo.wannmacher@pucrs.br), ou Profa. Dra. Fernanda Tarabal (fernanda.tarabal@ufrgs.br). No caso de dúvidas sobre o periódico em si, o contato deve ser feito com a secretaria de farol (farol@face.ufmg.br).

     

    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva, Dr.
    Editor-chefe
    Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade

    Saiba mais sobre Chamada de Trabalhos - Dossiê temático "CINEMA: TRABALHO, ORGANIZAÇÕES E SOCIEDADE"
  • Chamada de Trabalhos - Dossiê temático "ORGANIZAÇÕES ALTERNATIVAS E CONTRA HEGEMÔNICAS"

    2017-02-18

    CHAMADA DE TRABALHOS

     

     

    DOSSIÊ TEMÁTICO

     

    ORGANIZAÇÕES ALTERNATIVAS E CONTRA HEGEMÔNICAS

     

     

    EDITORES ESPECIAIS

     

    Pedro de Almeida Costa, UFRGS

    Rene E. Seifert, UTFPR

    Fábio Bittencourt Meira, UFRGS

    Antônio João Hocayen-da-Silva, UNICENTRO

     

     

    O pensamento acadêmico dominante elege a organização empresarial formal burocrática como a única forma organizacional possível. Visão que corresponde a um processo ideológico e hegemônico atrelado a uma lógica utilitarista instituída pela sociedade de mercado e institucionalizado no modo de produção capitalista. Universalizou-se, assim, um modo de organizar que nos últimos anos favoreceu o crescimento organizacional e econômico aliados à racionalidade instrumental (GUERREIRO RAMOS, 1989) e à orientação pró-mercado (POLANYI, 2000).

     

    Como argumentam Seifert e Vizeu (2015), no contexto moderno, o objetivo primeiro da organização passou a ser o crescimento visando a concentração de capital e aumento da competitividade. Entretanto, tal pressuposto incorpora um discurso ideológico, caracterizado pela elevação de interesses particulares à condição de valores universais, com a negação de contradições e a reificação do presente. A premissa fundamental de coordenação do trabalho organizacional e da própria Teoria das Organizações passa a ser a racionalidade instrumental, baseada no modelo burocrático e em suas premissas comportamentais (GUERREIRO RAMOS, 1989). Como consequência, tem-se a ratificação dos pressupostos ideológicos do mercado, a partir de um arcabouço teórico correspondente à área de Estudos Organizacionais em Administração.

     

    Face à ampla institucionalização da sociedade de mercado, a racionalidade instrumental se torna totalitária na medida em que recusa explicações ou visões alternativas acerca dos fenômenos sociais advindas de formas de conhecimento que não pactuam com seus pressupostos metodológicos e epistemológicos. Nesse sentido, o senso comum é abafado pela ciência moderna e classificado como limitado na busca pela compreensão do mundo (SANTOS, 2001). Assim sendo, qualquer outro modo de organizar é considerado inadequado ou estranho à economia de mercado e mesmo à área de Estudos Organizacionais.

     

    Entretanto, conhecer e estudar “experimentos” organizacionais alternativos pode significar o entendimento dos caminhos que trilham mudanças sociais maiores de confronto com a hegemonia da organização burocrática empresarial, ou talvez simplesmente possa levar ao entendimento de processos organizativos que vivem em permanente contradição com as práticas convencionais, tensionando-as e produzindo fenômenos difíceis de explicar por meio das perspectivas consagradas dos Estudos Organizacionais.

     

    Portanto, considerando o crescente debate sobre a legitimidade das ideias vinculadas ao modelo capitalista na determinação dos critérios de efetividade da vida organizacional, o Dossiê Temático Organizações Alternativas e Contra Hegemônicas, que, inserido na área de Estudos Organizacionais em Administração e inclinado a uma perspectiva histórico-crítica acerca de Formas Não Convencionais de Organização e Gestão, tem como propósito a promoção de reflexões acerca de organizações que se manifestem como formas de resistência ativa ao modelo de organização que se tornou hegemônico.

     

    Este Dossiê Temático constitui um espaço de discussão e reflexão sobre experiências organizacionais alternativas e contra hegemônicas, recorrentemente ignoradas pelas abordagens dominantes na pesquisa científica em Administração e Organizações. Vale notar que na literatura nacional e internacional tais experiências são referidas pelo uso de intensa adjetivação, entre elas: organizações coletivistas (ROTSCHILD-WITT, 1979), organizações substantivas (SERVA, 1993), organizações alternativas (PARKER; FOURNIER; REEDY, 2007), organizações contra-hegemônicas (SULLIVAN; SPICER; BOHM, 2011; ZILIO et al, 2012), organizações liminares (MEIRA, 2014), organizações de resistência (BARCELLOS; DALLAGNELO, 2014) e formas não convencionais de organização (VIZEU; SEIFERT; HOCAYEN-DA-SILVA, 2015).

     

    Esta proposta se justifica ao fomentar reflexões teóricas e empíricas acerca dos conceitos de organização e gestão visando romper com categorizações atualmente aceitas e reproduzidas em diferentes estudos, o que contribui para o reconhecimento da multiplicidade de formas e práticas organizacionais dotadas de singularidades que as tornam distintas. Assumir um conceito de organização não excludente acarretaria uma compreensão múltipla dos fenômenos sociais na área de Estudos Organizacionais.

     

    Como eixos de investigação, defende-se que os estudos e pesquisas submetidos tenham como norte, ainda que não limitados a estes, ensaios teóricos e estudos empíricos que contribuam para sedimentar e expandir o campo de estudo sobre Organizações Alternativas e Contra Hegemônicas, considerando aspectos como:

     

    • modos coletivistas de produção e uso de espaços e bens;
    • organizações anarquistas, autogeridas e não hierárquicas;
    • organizações conviviais, solidárias e centradas na prática da subsistência e do bem viver;
    • bases da ação social em organização não burocráticas;
    • organização de produção artesanal tradicional;
    • limites ao crescimento e ao uso de bens e recursos naturais.

    São igualmente bem-vindos estudos teórico-empíricos que reflitam sobre e/ou estejam organizados a partir de perspectivas metodológicas que se mostrem capazes de captar a complexidade das experiências de organização alternativa e contra hegemônica. Reflexões a respeito dos métodos e adequados para o entendimento das organizações alternativas e contra hegemônicas são tão importantes quanto o próprio conhecimento produzido por pesquisas neles assentados, no sentido de que ampliam os horizontes desses estudos enquanto campo nascente.

     

    Referências

     

    BARCELOS, R. M. R.; DALLAGNELLO, E. H. S. (2014). A teoria política do discurso como abordagem para o estudo das organizações de resistência: reflexões sobre o caso circuito fora do eixo. Organizações & Sociedade. Salvador, v. 21, 70, p.405-424.

     

    GUERREIRO RAMOS, A. (1989). A Nova Ciência das Organizações: uma reconceituação da riqueza das nações. Rio de Janeiro: FGV.

     

    LEOPOLDO E SILVA, F. (1997). Conhecimento e razão instrumental. Psicologia USP. v. 8, n.1, p 11-31.

     

    MEIRA, F. (2014). Liminal organization: organizational emergence within solidary economy in Brazil. Organization, v.21, n.5: 713-729.

     

    PARKER, M.; FOURNIER, V.; REEDY, P. (2007). The dictionary of alternatives: utopianism and organisation. London: Zed Books.

     

    POLANYI, K. (2000). A grande transformação: as origens de nossa época. Rio de Janeiro: Campus.

     

    ROTHSCHILD-WITT, J. (1979). The collectivist organization: an alternative to rational-bureaucratic models. American Sociological Review, v. 44, p.509-527.

     

    SANTOS, M. (2001). Por uma outra globalização: do pensamemto único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record.

     

    SEIFERT, R. E.; VIZEU, F. (2015) Crescimento organizacional: uma ideologia gerencial? Revista de Administração Contemporânea, v. 19, p. 127-141.

     

    SERVA, M. (1993). O fenômeno das organizações substantivas. Revista de administração de Empresas, v. 33, n. 2, p. 36-43.

     

    SULLIVAN, S., SPICER, A.; BOHM, S. (2011). Becoming global (un)civil society: counter-hegemonic struggle and the Indymedia Network. Globalizations. v. 8, n. 5, p. 703-717.

     

    VIZEU, F.; SEIFERT, R. E.; HOCAYEN-DA-SILVA, A. (2015) J. Non-capitalist organizations in Latin America: lessons from the Brazilian Faxinal grassroot community. Cadernos EBAPE.BR, v. 13, p. 369-389.

     

    ZILIO, L. B.; BARCELOS, R. M. B.; DELLAGNELLO, E. H. L.; ASSMANN, S. J. (2012). Organizações contra hegemônicas e possibilidade de redescoberta da política na modernidade: uma contribuição a partir do pensamento de Hannah Arendt. Cadernos EBAPE.BR, v.10, n. 4, p.789-803

     

    Modalidades de contribuição

     

    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade publica contribuições na forma de Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas (de livros, filmes, exposições, performances artísticas), Registros fotográficos e Vídeos. Os idiomas aceitos nas contribuições são português, inglês e espanhol, desde que estejam de acordo com a política editorial e as diretrizes para os autores. Para ter acesso às orientações gerais, acesse:http://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/about/submissions#onlineSubmissions.

     

    Submissão

     

    Qualquer que seja a modalidade de contribuição (Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas, Registros fotográficos ou Vídeos), xs autorxs devem informar o editor, no item “Comentários para o editor”, que estão submetendo especificamente para o dossiê temático “ORGANIZAÇÕES ALTERNATIVAS E CONTRA HEGEMÔNICAS”.

     

    Prazo

     

    As contribuições para o dossiê temático “ORGANIZAÇÕES ALTERNATIVAS E CONTRA HEGEMÔNICAS” se encerram impreterivelmente no dia 19 de junho de 2017.

     

    Informações adicionais

     

    No caso de quaisquer dúvidas sobre este número especial, os editores especiais devem ser contactados: Prof. Dr. Pedro de Almeida Costa (pacosta@ea.ufrgs.br ), Prof. Dr. Rene E. Seifert (r.e.seifert@gmail.com), Prof. Dr. Fábio Bittencourt Meira (fabio.meira@ufrgs.br), ou Prof. Dr. Antônio João Hocayen-da-Silva (hocayen@yahoo.com.br). No caso de dúvidas sobre o periódico em si, o contato deve ser feito com a secretaria de farol (farol@face.ufmg.br).

     

    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva, Dr.
    Editor-chefe
    Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade

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  • Chamada de Trabalhos - Dossiê temático “DA LAMA AO CAOS": REFLEXÕES SOBRE A CRISE AMBIENTAL E AS RELAÇÕES ESTADO-EMPRESA-SOCIEDADE

    2017-02-18

    DOSSIÊ TEMÁTICO

     

    “DA LAMA AO CAOS": REFLEXÕES SOBRE A CRISE AMBIENTAL E AS RELAÇÕES ESTADO-EMPRESA-SOCIEDADE

     

     

    EDITORXS ESPECIAIS

     

    Profa. Dra. Yuna Fontoura, FGV/EBAPE

    Prof. Dr. Armindo dos Santos de Sousa Teodósio, PUC Minas

    Profa. Dra. Flávia Naves, UFLA

    Prof. Dr. Marcus Vinicius Peinado Gomes, University of Exeter Business School

     

     CHAMADA DE TRABALHOS

     

    “Posso sair daqui para me organizar

    Posso sair daqui para desorganizar

    Da lama ao caos, do caos à lama

    Um homem roubado nunca se engana”.

    (Chico Science, Nação Zumbi)

     

    Em 2015, o rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco no município de Mariana, Minas Gerais, causou impactos socioambientais gravíssimos (SANTOS, 2016; DINIZ, 2016). Infelizmente, os desdobramentos desse triste episódio da história brasileira ainda não resultaram em projetos claros de revitalização do patrimônio socioambiental destruído, responsabilização e punição dos responsáveis no âmbito empresarial e governamental, formas de regulação e controle social pelos atores sociais sobre os territórios e na construção estratégias de desenvolvimento para espaços sociais específicos.

     

    Tais fatos trazem à tona a discussão, inclusive acadêmica, sobre as relações entre atores governamentais, organizações empresariais privadas, notadamente grandes corporações, e sociedade civil. Muitos estudos envolvendo esses temas têm aparecido no campo da Administração, porém, na maioria das vezes são desenvolvidos a partir de abordagens teórico-compreensivas pouco crítico-reflexivas e pautadas por uma ênfase economicista, gerencialista e estadocêntrica das relações entre Estado, mercado e sociedade. Além disso, multiplicam estudos a partir de epistemologias e metodologias pouco capazes de romper as fronteiras entre universidade e sociedade, pouco articulados com a práxis e eticamente questionáveis. 

     

    Acreditamos que os Estudos Organizacionais precisam aprofundar as discussões sobre as relações Estado, sociedade e mercado, problematizando de forma mais crítica e reflexiva os desdobramentos dessas interações. Sugerimos entre os temas possíveis os que seguem:

     

    • Responsabilidade Social Empresarial, ação política das empresas, controle social de atores empresariais e abordagens críticas sobre a Teoria dos Stakeholders;
    • Organizações da Sociedade Civil, Redes de Movimentos Sociais e Ambientais, Associações Locais (Grassroot Organizations);
    • Governança (local, nacional e transnaciona)l, multinacionais e demais organizações internacionais;
    • Temas contemporâneos da agenda de estudos em sustentabilidade como: transgenia, produção alimentar, mudança climática, balanço energético, energias renováveis, segurança da água e da biodiversidade etc.

     

    Referências

     

    ABRAMOVAY, R. Muito além da economia verde. São Paulo: Atlas, 2012.

     

    ACSELRAD, H. Sustentabilidade, espaço e tempo. In: HERCULANO, S. C. Meio ambiente: questões conceituais. Niterói: Ricor, 2000.

     

    BANERJEE, S. B. Corporate social responsibility: the good, the bad and the ugly’. Critical Sociology, v.34, n.1, 51-79, 2008.

     

    DE BAKKER, F. G.; DEN HOND, F.; KING, B.; WEBER, K. Social movements, civil society and corporations: Taking stock and looking ahead. Organization Studies, v. 34, n.5-6, p. 573-593, 2013.

     

    FLIGSTEIN, N. Market as politics: a political-cultural approach to market institutions. American Sociological Review, v. 61, p. 656-673, 1996.

     

    FONTOURA, Y.; NAVES, F. Movimento agroecológico no Brasil: a construção da resistência à luz da abordagem neogramsciana. Organizações & Sociedade, v. 23, n. 77, p. 181-184, 2016.

     

    GOMES, M. Econegócios: como as grandes marcas capturam a agenda da sustentabilidade. Revista de Administração de Empresas, v. 54, n. 1, p. 86-88, 2014.

     

    LEVÉSQUE, B. Contribuição da nova sociologia econômica para repensar a economia no sentido do desenvolvimento sustentável. Revista de Administração de Empresas,  v. 47, n. 2, p.49-60, 2007.

     

    LEVY, D. L.; EGAN, D. A NeoGramscian approach to corporate political strategy: conflict and accommodation in the climate change negotiations. Journal of Management Studies, v. 40, p. 803-830, 2003.

     

    OTTO, B.; BÖHM, S. “The people” and resistance against international business: The case of the Bolivian “water war”. Critical Perspectives on International Business,  v. 2, p. 299-320, 2006.

     

    VASCONCELOS, I. F. F. G.; ALVES, M. A.; PESQUEUX, Y. Responsabilidade social corporativa e desenvolvimento sustentável: olhares habermasianos. Revista de Administração de Empresas, São Paulo,  v. 52, n.2, p.148-152, 2012.

     

    WEISS, A. R. Cracks in the foundation of Stakeholder Theory. Eletronic Journal of Radical Organization Theory,  v. 1, n. 1, 1995.

     

    WILDHAGEN, R. O.; TEODÓSIO, A. S. S.; MANSUR, Y. S.; MESA, J. A. P. Novas fronteiras teóricas para a responsabilidade social empresarial: o papel das empresas no desenvolvimento sustentável dos territórios. Revista de Gestão Social e Ambiental, v. 9, p. 3-23, 2016.

     

     

    Modalidades de contribuição

     

    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade publica contribuições na forma de Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas (de livros, filmes, exposições, performances artísticas), Registros fotográficos e Vídeos. Os idiomas aceitos nas contribuições são português, inglês e espanhol, desde que estejam de acordo com a política editorial e as diretrizes para os autores. Para ter acesso às orientações gerais, acesse:http://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/about/submissions#onlineSubmissions.

     

     

    Submissão

     

    Qualquer que seja a modalidade de contribuição (Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas, Registros fotográficos ou Vídeos), xs autorxs devem informar o editor, no item “Comentários para o editor”, que estão submetendo especificamente para o dossiê temático “’DA LAMA AO CAOS’: REFLEXÕES SOBRE A CRISE AMBIENTAL E AS RELAÇÕES ESTADO-EMPRESA-SOCIEDADE”.

     

    Prazo

     

    As contribuições para o dossiê temático ’DA LAMA AO CAOS’: REFLEXÕES SOBRE A CRISE AMBIENTAL E AS RELAÇÕES ESTADO-EMPRESA-SOCIEDADE” se encerram impreterivelmente no dia 17 de maio de 2017.

     

    Informações adicionais

     

    No caso de quaisquer dúvidas sobre este número especial, xs editorxs especiais devem ser contactadxs: Profa. Dra. Yuna Fontoura (yuna.fontoura@fgv.br), Armindo dos Santos de Sousa Teodósio (armindo.teodosio@gmail.com), Profa. Dra. Flávia Naves (flanaves@dae.ufla.br) ou Prof. Dr. Marcus Vini?cius Peinado Gomes (marcus.gomes@exeter.ac.uk). No caso de dúvidas sobre o periódico em si, o contato deve ser feito com a secretaria de farol (farol@face.ufmg.br).

     

     

     

    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva, Dr.
    Editor-chefe
    Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade

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  • Reclassificação de Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade no Qualis/CAPES

    2017-01-18

    Prezadxs Colegas da Comunidade de Estudos Organizacionais,

     

    Temos o prazer de informar que Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade acaba de ser reclassificada no Qualis (Classificação de Periódicos 2015) nas seguintes áreas de avaliação:

     

    - Administração Pública e de Empresas, Contabilidade e Turismo – B4

    - Ciências Ambientais – B4

    - Engenharias III – B5

    - Geografia – B4

    - Psicologia – B2

     

    Estamos satisfeitos com a reclassificação, ao mesmo tempo em que nos voltamos ao contínuo aprimoramento do nosso periódico e à melhoria da sua avaliação, de forma que Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade possa ser, cada vez mais, um veículo legitimado pela comunidade ibero-americana de Estudos Organizacionais.

     

    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva, Dr.
    Editor-Chefe 
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  • Chamada de Trabalhos - Dossiê temático "História, Memória, Cotidiano e Administração"

    2016-07-11

    CHAMADA DE TRABALHOS

     

    Dossiê Temático

     

    História, Memória, Cotidiano e Administração

     

    Editores Especiais

     

    Alexandre de Pádua Carrieri, UFMG

    Amon Barros, FGV/EAESP

    Sergio Wanderley, UNIGRANRIO

    Alessandra de Sá Mello da Costa, PUC-Rio)

     

     

     

    O número especial tem por objetivo abrir espaço para discussões que contemplem a importância, as práticas, as contribuições e os desafios da aproximação entre história, memória, cotidiano e administração. A ideia é contribuir com o crescente esforço de pesquisadores que buscam em suas pesquisas superar o caráter ainda a-histórico da área, promovendo reflexões críticas e interdisciplinares a partir da utilização de diferentes epistemologias, metodologias e fontes documentais.

     

    No Brasil, a utilização de métodos e procedimentos analíticos históricos por pesquisadores em Administração começa a se fortalecer nas últimas duas décadas (CURADO, 2001; PIERANTI, 2008; COSTA, BARROS e MARTINS, 2010). Isso não quer dizer que trabalhos com viés analítico-histórico não permeiem o campo, notadamente trabalhos de inspiração marxista ou foucaultiana. Exemplo dos primeiros são o trabalho de Gurgel e Justen (2015) e de Faria (2009), enquanto que do segundo cita-se Carrieri, Perdigão e Aguiar (2014) e Souza et al. (2006).

     

    Por outro lado, aspectos que podem ser vistos sob o crivo histórico fazem parte das discussões do campo desde que ele se estabelece enquanto saber acadêmico. Por exemplo, disciplinas como a Teoria Geral de Administração (TGA) presentes em diversos cursos pelo país podem ser discutidas a partir da necessidade de se entender o aparecimento e desenvolvimento das diversas teorias que permeiam o (mainstream) do campo. Dessa forma, é possível também situar o conhecimento no tempo e no espaço, diminuído o risco da importação acrítica de narrativas, modelos e de modelos de narrativas que apenas reproduzem de forma acrítica uma visão (estadunidense) de como o campo se desenvolveu. Neste sentido, pode-se citar, por exemplo, os trabalhos de Curado (2001) e Barros et al. (2011) que discutem o desenvolvimento dos saberes administrativos a partir dos saberes práticos, Vizeu (2008) que discute a chegada do taylorismo no Brasil pelas mãos do Instituto de Organização Racional do Trabalho ou, mesmo, Zanetti e Vargas (2007) que problematizam a interpretação dada ao taylorismo e ao fordismo na sua chegada no país. É importante também a iniciativa da própria Farol de resgatar a história dos estudos organizacionais no Brasil a partir de depoimentos de atores partícipes do processo, como Freitas (2015), Mattos (2015) e Serva (2014).

     

    Acredita-se, entretanto, que ainda predominam visões fetichizadas do desenvolvimento da área e dos conhecimentos que a constituem e que a história é tema pouco discutido e muitas vezes tratados de forma estática, no que Üsdikem e Kieser (2004) classificariam como abordagem suplementarista. Aliás, apesar de ter cumprido importante papel na legitimação das discussões no país, entende-se que é possível colocar em questão o chamado historic turn, interrogando em que medida este efetivamente contribuiu – em toda a sua potencialidade – para transformações nos estudos organizacionais (WANDERLEY, 2015).

     

    Neste sentido, são bem vindos estudos que busquem analisar e problematizar como as fontes e os arquivos históricos podem contribuir para um melhor entendimento acerca dos fenômenos organizacionais e como a pesquisa histórica pode ser usada por pesquisadores para além de um engajamento entendido como superficial com o passado, com foco apenas em pesquisas longitudinais e uso de fontes históricas para testes e ilustrações de teorias, modelos e hipóteses originadas em contextos externos.

     

    Também são bem vindos estudos que tratem das questões da história dos pequenos e médios negócios, do cotidiano, da memória e da prática. Interessa-nos trabalhar a história, a memória e o cotidiano do pequeno negociante/comerciante, o homem comum (MARTINS, 2008), com suas relações sociais estabelecidas, sua forma de organizar seus negócios, suas estratégias de sobrevivência. Interessa ainda tentar abarcar os usos e sentidos desses espaços – de negócio e/ou de família – e a rede de relações ali tecidas por aqueles que os vivem cotidianamente. Pensar esses espaços de negócios pela cidade a partir da compreensão dessas relações significa dizer que sua força e importância histórica e sociocultural residem nos sentidos que os habitantes da cidade conferem a esses espaços e nas relações particulares que com eles estabelecem. Com base em Benjamin (2006) e Bosi (2003; 2004), a ideia é desenvolver pesquisas sobre o cotidiano dos espaços de negócio, tanto nas cidades quanto no espaço rural.

     

    Nesta mesma linha, busca-se nesta chamada estudos que abordem a investigação das instituições formais de ensino; que ampliem a pesquisa para além do eixo Rio-São Paulo; e que fomentem a interdisciplinaridade, por exemplo, com os campos de história da educação e história do pensamento econômico brasileiro. Assume-se aqui que a historiografia de algumas instituições formais de ensino foi ainda pouco explorada, notadamente aquelas fora do Rio de Janeiro e de São Paulo. Ao mesmo tempo, pode-se buscar inspiração nos ‘intérpretes do Brasil’ como Sergio Buarque de Holanda, Caio Prado Júnior, Celso Furtado, Guerreiro Ramos, Hélio Jaguaribe, Raymundo Faoro, entre outros.

     

    Estabelecidos estes aspectos, convidamos autores para a submissão de trabalhos teóricos e empíricos que enfoquem, mas não necessariamente se limitem a:

     

    • Contribuições ontológicas, epistemológicas e/ou metodológicas da perspectiva histórica para a área de Administração.
    • Gestão ordinária, memória e o cotidiano do trabalho.
    • História dos (pequenos e médios) negócios.
    • História do Management no Brasil.
    • História do Ensino de Administração no Brasil.
    • História, Administração e Guerra Fria.
    • Fontes, Arquivos e Acervos históricos para construção de historiografias na Administração.
    • Projetos empresariais de constituição de Centros de Memória e Documentação Corporativos e Museus Corporativos.
    • Empresas, Governo e Violação dos Direitos Humanos em análises históricas.
    • Empresas, Governo e Ditadura Civil-Militar Brasileira.
    • História dos conceitos

     

    Referências

     

    BARROS, A.; CRUZ, R; XAVIER, W; CARRIERI, A; LIMA, G. Apropriação dos saberes administrativos: um olhar alternativo sobre o desenvolvimento da área. Revista de Administração Mackenzie, São Paulo, v. 12, n. 5, p. 43-67, set./out. 2011.

     

    BENJAMIN, W. Passagens. Belo Horizonte, São Paulo: UFMG/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2006.

     

    BOSI, E. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

     

    BOSI, E. O tempo vivo da memória. São Paulo: Atelier, 2003.

     

    CARRIERI, A. P.; PERDIGÃO, D. A.; AGUIAR, A. R. C. A gestão ordinária dos pequenos negócios: outro olhar sobre a gestão em estudos organizacionais. Revista de Administração, São Paulo, v. 49, n. 4, p. 698-713, out./dez. 2014.

     

    COSTA, A.; BARROS, D.; MARTINS, P. E. Perspectiva histórica em administração: novos objetos, novos problemas, novas abordagens. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 50, n. 3, p. 288-299, jul./set. 2010.

     

    CURADO, I. B. O desenvolvimento dos saberes administrativos em São Paulo. 2001. 191 f. Tese (Doutorado em Administração de Empresas) – Escola de Administração de Empresas de São Paulo, Fundação Getulio Vargas, São Paulo, 2001.

     

    FARIA, J. H. Teoria crítica em estudos organizacionais no Brasil: o estado da arte. Cadernos EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 7, n. 3, p. 509-515, set. 2009.

     

    FREITAS, M. E. Meus encontros com os estudos organizacionais. Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, Belo Horizonte, v. 2, n. 3, p. 272-313, abr. 2015.

     

    GURGEL, C.; JUSTEN, A. Teorias organizacionais e materialismo histórico. Organizações & Sociedade, Salvador, v. 22, n. 73, p. 199-222, abr./jun. 2015.

     

    PIERANTI, O. A metodologia historiográfica na pesquisa em administração: uma discussão acerca de princípios e sua aplicabilidade no Brasil contemporâneo. Cadernos EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, p. 1-12, mar. 2008.

     

    MARTINS, J. S. A sociabilidade do homem simples. São Paulo: Hucitec, 2008.

     

    MATTOS, P. L. C. L. Por onde andei: administração, estudos organizacionais e algumas obsessões... Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, Belo Horizonte, v. 2, n. 4, p. 620-681, ago. 2015.

     

    SERVA, M. A trajetória do núcleo de pesquisa em organizações, racionalidade e desenvolvimento. Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, Belo Horizonte, v. 1, n. 2, p. 589-608, dez. 2014.

     

    SOUZA, E.; JUNQUILHO, G.; MACHADO, L.; BIANCO, M. A analítica de Foucault e suas implicações nos estudos, organizacionais sobre poder. Organizações e Sociedade, Salvador, v. 13, n. 36, p. 12-25, jan./mar. 2006.

     

    ÜSDIKEN, B.; KIESER, A. Introduction: history in organization studies. Business History, Cambridge, v.46, n.3, p. 321-330, 2004.

     

    VIZEU, F. Management no Brasil em perspectiva histórica: o projeto do IDORT nas décadas de 1930 e 1940. 2008. 254 f. Tese (Doutorado em Administração de Empresas) – Escola de Administração de Empresas de São Paulo, Fundação Getulio Vargas, São Paulo, 2008.

     

    WANDERLEY, S. Desenvolviment(ism)o, descolonialidade e a geo-história da administração no Brasil: a atuação da CEPAL e do ISEB como instituições de ensino e pesquisa em nível de pós-graduação. 2015. 322 f. Tese (Doutorado em Administração de Empresas) – Escola de Administração de Empresas de São Paulo, Fundação Getulio Vargas, Rio de Janeiro, 2015.

     ZANETTI, A; VARGAS, J. T. Taylorismo e fordismo na indústria paulista: o empresariado e os projetos de organização racional do trabalho, 1920 – 1940. São Paulo: Associação Editorial Humanista, 2007.

     

    Modalidades de contribuição

     

    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade publica contribuições na forma de Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas (de livros, filmes, exposições, performances artísticas), Registros fotográficos e Vídeos. Os idiomas aceitos são português, inglês e espanhol, desde que estejam de acordo com a política editorial e as diretrizes para os autores. Para ter acesso às orientações gerais, acesse: http://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/about/submissions#onlineSubmissions.

     

    Submissão

     

    Qualquer que seja a modalidade de contribuição (Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas, Registros fotográficos ou Vídeos), xs autorxs devem informar o editor, no item “Comentários para o editor”, que estão submetendo especificamente para o dossiê temático “História, Memória, Cotidiano e Administração”.

     


     

    Prazo

     

    As contribuições para o dossiê temático “História, Memória, Cotidiano e Administração” se encerram impreterivelmente no dia 16 de Novembro de 2016.

     

    Informações adicionais

     

    No caso de quaisquer dúvidas sobre este dossiê temático, os editores especiais devem ser contatados: Alexandre de Pádua Carrieri (alexandre@face.ufmg.br), Amon Barros (amon.barros@fgv.br), Sergio Wanderley (sergiow.gaz@terra.com.br) ou Alessandra de Sá Mello da Costa (alessandra.costa@iag.puc-rio.br). No caso de dúvidas sobre o periódico em si, o contato deve ser feito com a secretaria editorial (farol@face.ufmg.br).

     

     

    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva, Dr.
    Editor-chefe
    Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade

     

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  • Chamada de Trabalhos - Dossiê temático "Administração Política: Ensino, Pesquisa e Prática"

    2016-06-29

    Dossiê temático

    ADMINISTRAÇÃO POLÍTICA: ENSINO, PESQUISA E PRÁTICA

     

    Editorxs Especiais

    Reginaldo Souza Santos (UFBA)

    Elizabeth Matos Ribeiro (UFBA)

    Elinaldo Leal Santos (UESB)

    Fábio Guedes Gomes (UFAL)

     

     

    Na contramão da percepção tradicional e tecnicista dos fenômenos administrativos e organizacionais, surge no Brasil, nos anos 1990, uma linha de pensamento crítico denominada Administração Política, com fim específico de compreender a gestão das relações sociais de produção, circulação, distribuição e consumo da sociedade contemporânea. 

     

    A Administração Política, na condição de subcampo da Administração, tem por finalidade científica e profissional contribuir para que os administradores políticos e profissionais possam se capacitar para observar, descrever, explicar, evidenciar, criticar, normatizar e propor soluções administrativas e organizacionais  (no campo da gestão e da gerência) que contribuam, de forma efetiva, para articular as duas dimensões indissociáveis que envolvem o ato e fato administrativo e/ou  as práticas e saberes administrativos e organizacionais, através da  integração entre o Pensar e o Agir; entre a dimensão política da gestão e a dimensão técnica da gerência.

     

    Com esse propósito, a Administração Política busca aprofundar as pesquisas e os debates que têm se desenvolvidos nas últimas décadas sobre as contradições epistemológicas, metodológicas e praxiológicas, conforme apontadas pelas diversas correntes que integram o amplo campo de estudos da Administração (Estudos Ortodoxos, Estudos Organizacionais e Estudos Críticos).  Em linhas gerais, a Administração Política objetiva contribuir para articular relevantes estudos, desde a formação das sociedades antigas, especialmente as contribuições legadas pelas civilizações grega clássica, romana e medieval, passando pela moderna, até a compreensão das funções políticas, sociais e técnicas da administração contemporânea.  

     

    Ao assumir que os fenômenos administrativos são ‘fatos sociais’ factíveis de serem investigados cientificamente, os pesquisadores da área de estudos em Administração Política assumem a gestão e não as organizações como objeto científico próprio das ciências administrativas. Ao assumir a gestão como objeto do conhecimento, os estudiosos da Administração Política consideram a dimensão sociopolítica e cultural como fatores determinantes da concepção dos ‘atos e fatos administrativos’ e, portanto, orientadores das práticas administrativas (do fazer administrativo). Ao assumir a gestão e não as organizações como objeto científico, os administradores políticos defendem que o objeto de estudo e de práticas se amplia para além das organizações privadas e públicas, avançando, pois, para compreender o papel e funções estratégicas da Sociedade e do Estado. O que implica pressupor que para se compreender a total e complexa capacidade de Administração Política de uma dada sociedade e Estado, é fundamental integrar nesta análise como se articulam o Estado, as Corporações e a Sociedade.

     

    A partir dessa análise contextualizada, a Administração Política faz a crítica a limitação dada pelos estudos ortodoxos da administração fundados essencialmente nos princípios e critérios técnico-instrumentais, desconsiderando, portanto, o ‘papel social e político’ que os fenômenos administrativos e os administradores têm na concepção de um dado padrão de “gestão das relações sociais de produção, circulação e distribuição”, que envolve tanto a dimensão da gestão (dimensão do pensar), como também a dimensão da gerência (dimensão da práxis). Em síntese, a Administração como subcampo das Ciências Sociais Aplicadas esta desafiada a desenvolver competências cientificas e técnicas para garantir a materialidade humana e social, assim como a Economia. 

     

    Ao priorizar a perspectiva crítica dos estudos da administração, cabe destacar que este campo exige dos pesquisadores um elevado grau de generalidade e abstração, visto que integra como objetos de estudos tantos fenômenos subjetivos, que conformam a dimensão da gestão, como fenômenos objetivos, que conformam a dimensão da gerência (dimensão técnico/instrumental). Os primeiros fenômenos, vinculados ao campo da gestão, demandam, portanto, maior investimento no desenho de bases metodológicas mais qualitativas para responder às seguintes questões de partida: Como se organiza ou deve-se organizar o sistema produtivo (as relações sociais de produção, circulação e distribuição) de uma dada sociedade? Como os agentes econômicos se posicionam e agem dentro desse sistema? Qual a melhor forma para distribuir a riqueza produzida socialmente nesse sistema socioeconômico? Qual o discurso ideológico que justifica a concentração de riqueza gerada por essa sociedade? Se a administração política busca identificar e discutir as correlações de forças ideológicas, teóricas e práticas que integram um dado padrão de gestão, de modo a contribuir desvendar, evidenciar, criticar, normatizar e propor ações administrativas, cabe perguntar então: qual o papel científico, político e técnico que cabe à esta ciência? 

     

    Para tanto, temos a satisfação de convidar a comunidade científica a submetar contribuições para este dossiê temático de Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade.  Considerando a sugestão da temáticaAdministração Política: ensino, pesquisa e práticao objetivo dessa chamada é abrir espaço para que os pesquisadores críticos da área de administração difundam formas alternativas de conceber a gestão das relações sociais de produção, circulação,distribuição e consumo da sociedade contemporânea, em geral, e a brasileira, em especial. Com esse  propósito apresentamos a seguir os seis eixos temáticos que irão orientar a submissão dos trabalhos.

     

    Eixos Temáticos

     

    1. Administração Política do Capitalismo Contemporâneo -  objetiva estimular a abordagem crítica dos modelos teóricos, metodológicos e praxiológicos do capitalismo contemporâneo (Gerencialismo, Regulacionismo, Institucionalismo), evidenciando as implicações para os indivíduos, organizações e sociedade;
    2. Administração Política Keynesiana – estimula a produção de textos que possibilitem uma (re)interpretação do padrão de gestão proposto por Keynes ou críticas à leitura equivocada do pensamento do autor pelos chamados neokeynesianos, ressaltando as implicações desse padrão de administração política nas relações sociais de produção , distribuição e consumo, enfatizando as relações entre Estado, Mercado e Sociedade;
    3. Administração Política Marxista – objetiva estimular a produção e publicação de estudos que possam estabelecer um diálogo profícuo entre a teoria da administração política e as bases teórico-metodológicas que conformam os estudos marxistas, de modo a atualizar o pensamento marxiano para analisar ou orientar as transformações das relações sociais contemporâneas; 
    4. Administração Política do Desenvolvimento – objetiva abrir espaço para a apresentação de estudos voltados para a análise dos modelos de gestão do desenvolvimento de correntes teóricas diversas como o estruturalismo, o pós-estruturalismo, o multiculturalismo e o pós-colonialismo (Desenvolvimentismo Cepalino, Neoliberalismo, Novo-Desenvolvimentismo, Pós-Desenvolvimentismo, etc.), de modo a  evidenciar  as implicações dos modelos no cotidiano dos  indivíduos, das organizações e da sociedade, bem como estudos dirigidos à análise e/ou avaliação dos efeitos da Administração Política Brasileira sobre a distribuição da riqueza e da renda social;
    5. Ensino e Pesquisa em Administração Política – objetiva estimular a produção e publicação de estudos acadêmicos em Teoria e Metodologia em Administração Política; assim como estimula-se a produção de artigos que analisem experiências de ensino e formação profissional, com base na teoria da Administração Política, de modo a destacar a importância da formação crítica que ressalte o papel social e político do administrador no exercício na sua função profissional e social;
    6. Metodologias de Avaliação de Políticas Públicas à Luz da Administração Política - objetiva a produção e difusão de metodologias e instrumentos de avaliação em políticas públicas com base na teoria da administração política. Esse espaço dedica-se, pois, à publicação de estudos conjunturais em administração com ênfase na utilização das bases teóricas e metodológicas da administração política, buscando estimular, pois, o desenho de pesquisas avaliativas qualitativas que integrem as dimensões da gestão e da gerência como fenômenos administrativos integrados e indissociáveis de um mesmo processo social e técnico. 

     

    Com base nesses temas, serão considerados estudos integrados à Teoria da Administração Política os textos que enfatizem análises e discussões críticas e reflexivas sobre os fenômenos administrativos; trabalhos que rompam o foco predominante estimulado pelo mainstream, baseado nos princípios funcionalistas clássicos da administração, com ênfase nos aspectos instrumentais ou superficiais do pensar e fazer administrativo. A pretensão dos editores especiais do dossiê temático  é, portanto, possibilitar aos pesquisadores das ciências sociais aplicadas, de maneira geral com especial ênfase para o campo da  administração e da gestão (em suas diversas manifestações), assim também para os estudiosos das ciências sociais, das ciências humanas e de outras áreas do conhecimento que assumam a análise crítica sobre a realidade sócio histórica dos diversos modos de organização e administração das relações sociais como interesse.

     

    Modalidades de contribuição

     

    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade publica contribuições na forma de Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas (de livros, filmes, exposições, performances artísticas), Registros fotográficos e Vídeos. Os idiomas aceitos são português, inglês e espanhol, desde que estejam de acordo com a política editorial e as diretrizes para os autores. Para ter acesso às orientações gerais, acesse:http://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/about/submissions#onlineSubmissions.

     

    Submissão

     

    Qualquer que seja a modalidade de contribuição (Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas, Registros fotográficos ou Vídeos), xs autorxs devem informar o editor, no item “Comentários para o editor”, que estão submetendo especificamente para o dossiê temático “Administração Política: Ensino, Pesquisa e Prática”.

     

    Prazo

     

    As contribuições para o dossiê temático “Administração Política: Ensino, Pesquisa e Práticase encerram impreterivelmente no dia 14 de fevereiro de 2017.

     

    Informações adicionais

     

    No caso de quaisquer dúvidas sobre este número especial, os editores especiais devem ser contactados: Reginaldo Souza Santos (rsouza@ufba.br), Elizabeth Matos Ribeiro (ematos@ufba.br), Elinaldo Leal Santos (elinaldouesb@gmail.com) ou Fábio Guedes Gomes (fbgg30@yahoo.com.br). No caso de dúvidas sobre o periódico em si, o contato deve ser feito com a secretaria de farol (farol@face.ufmg.br).

     

    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva, Dr.
    Editor-chefe
    Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade

    Saiba mais sobre Chamada de Trabalhos - Dossiê temático "Administração Política: Ensino, Pesquisa e Prática"
  • DOSSIÊS TEMÁTICOS SELECIONADOS (2017)

    2016-06-29

    Prezados Colegas da Comunidade de Estudos Organizacionais,

     

    A editoria de Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade com satisfação comunica que, em face do grande número de submissões qualificadas à “Chamada Pública de Dossiês Temáticos (2017)” selecionou cinco propostas que atenderam, de forma excepcional, aos critérios de avaliação divulgados quanto à pluralidade, crítica, reflexividade e inovação. Os dossiês temáticos selecionados foram:

    ADMINISTRAÇÃO POLÍTICA: ENSINO, PESQUISA E PRÁTICA
    Editorxs especiais: Rginaldo Souza Santos (UFBA), Elizabeth Matos Ribeiro (UFBA), Elinaldo Leal Santos (UESB) e Fábio Guedes Gomes (UFAL)
    Data-limite para o encaminhamento de trabalhos: 14 de Fevereiro de 2017

    METAMORFOSES DO MUNDO DO TRABALHO: DO CONTROLE AO CONSENTIMENTO OPERÁRIO
    Editorxs especiais: Cleide Fátima Moretto (UPF), Jandir Pauli (IMED) e Vânia Gisele Bessi (FEEVALE)
    Data-limite para o encaminhamento de trabalhos: 03 de Abril de 2017

    “DA LAMA AO CAOS”: REFLEXÕES SOBRE A CRISE AMBIENTAL E AS RELAÇÕES ESTADO-EMPRESA-SOCIEDADE
    Editorxs especiais: Yuna Fontoura (FGV/EBAPE), Armindo dos Santos de Sousa Teodósio (PUC Minas), Flávia Naves (UFLA) e Marcus Vinicius Peinado Gomes (University of Exeter Business School)
    Data-limite para o encaminhamento de trabalhos: 17 de Maio de 2017

    ORGANIZAÇÕES ALTERNATIVAS E CONTRA HEGEMÔNICAS
    Editores especiais: Fábio Meira (UFRGS), Rene Eugenio Seifert (UTFPR), Antonio João Hocayen-da-Silva (UNICENTRO) e Pedro de Almeida Costa (UFRGS)
    Data-limite para o encaminhamento de trabalhos: 19 de Junho de 2017

    CINEMA: TRABALHO, ORGANIZAÇÕES E SOCIEDADE
    Editorxs especiais: Andrea Poleto Oltramari (UFRGS), Deise Luiza da Silva Ferraz (UFMG), Eduardo Wannmacher (PUC RS) e Fernanda Tarabal (UFRGS)
    Data-limite para o encaminhamento de trabalhos: 07 de Agosto de 2017

     

    Estes dossiês contarão chamadas de trabalho específicas, bem como avaliadores e procedimentos próprios, cabendo às editorias especiais a promoção, o gerenciamento e a viabilização da publicação do seu número especial.

     

    Agradecemos à comunidade pelo grande interesse demonstrado pela chamada de números temáticos e desejamos boa sorte aos editores dos números especiais.

    Atenciosamente,

    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva
    Editor-chefe Saiba mais sobre DOSSIÊS TEMÁTICOS SELECIONADOS (2017)
  • CHAMADA PÚBLICA DE PROPOSTAS DE DOSSIÊS TEMÁTICOS (2017)

    2016-03-27
    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade é o periódico científico do Núcleo de Estudos Organizacionais e Sociedade da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (NEOS/FACE/UFMG) que busca fomentar, propagar e contribuir para os Estudos Organizacionais em uma ótica não-funcionalista. Nesse sentido, constitui um espaço interdisciplinar, aberto para que se possa discutir e propor temáticas, abordagens críticas e inovadoras e objetos não ortodoxos nos estudos organizacionais. A ideia é que, a partir de uma perspectiva plural dos pontos de vista ontológico, epistemológico, teórico e metodológico, e não pautada pelo gerencialismo, seja possível propor, discutir, criticar e teorizar para a compreensão da complexa dinâmica da sociedade e suas interfaces com as organizações.

     

    Nesta mensagem fazemos a terceira chamada pública de propostas de dossiês temáticos, com o intuito de abrigar propostas da comunidade não-funcionalista de Estudos Organizacionais, para o que convidamos todxs xs interessadxs, de acordo com os seguintes parâmetros:

     

    - a temática do dossiê temático especial deve obrigatoriamente versar sobre uma perspectiva plural e não pautada pelo gerencialismo, sendo particularmente bem-vindas abordagens críticas, reflexivas e inovadoras e sobre objetos não ortodoxos nos Estudos Organizacionais;

    - deve haver pelo menos três e não mais do que quatro editorxs especiais, necessariamente vinculadxs a instituições diferentes;

    - cada editorx especial pode estar vinculadx a, no máximo, uma proposta de dossiê temático;

    - a proposta deve conter cerca de 3.000 palavras, apresentando teoricamente a temática, seu desenvolvimento, suas possibilidades no campo dos estudos organizacionais e potencial de publicação de um dossiê temático, bem como os nomes propostos dxs editorxs especiais e instituições de vinculação de cada um delxs.

     

    Prazo

     

    As propostas deverão ser encaminhadas impreterivelmente até 31 de maio de 2016 (terça-feira).

     

    Julgamento

     

    As propostas serão julgadas considerando a qualidade editorial no que tange à pluralidade, crítica, reflexividade e inovação, bem como quanto ao potencial de publicação em um dossiê temático.

     

    Resultados

     

    Os resultados dos dossiês temáticos aprovados serão divulgados até o dia 30 de junho de 2016 (quinta-feira).

     

    Prazo de publicação

     

    Este edital prevê, em princípio a aprovação de um dossiê temático, a ser publicado em 2017. A depender da qualidade das propostas, pode haver mais de um dossiê temático selecionado, a critério da editoria de Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade.

     

    Informações adicionais

     

    - Todo processo editorial dos dossiês temáticos aprovados será operacionalizado por meio do Open Journal Systems, a cujo acesso xs editorxs especiais terão quando forem credenciadxs pela editoria de Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade. Nesta ocasião, receberão instruções específicas a respeito de como proceder.

    - Xs editorxs especiais ficarão encarregados de apresentar uma lista de pareceristas ad hoc com o título de doutorado. Estxs pareceristas atuarão especificamente na avaliação de contribuições para o dossiê temático proposto. Posteriormente, se também for desejo dxs avaliadorxs, elxs serão incorporados ao corpo de pareceristas regulares ad hoc de Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade.

    - Informações adicionais podem ser obtidas diretamente com a secretaria da revista: farol @face.ufmg.br.

     

     

    Atenciosamente,

     

    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva, Dr.
    Editor-chefe
    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade
    ISSN 2358-6311                                                                                                                                                                       

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  • Farol incluída no Qualis

    2016-03-01

    Prezadxs Colegas da Comunidade de Estudos Organizacionais,

     

    Temos o prazer de informar que Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade acaba de ser incluída no Qualis, com as seguintes classificações:

     

    - Administração, Contabilidade e Turismo - B5

    - Direito - B3

    - Enfermagem - B4

     

    Estamos satisfeitos com a inclusão, ao mesmo tempo em que nos voltamos ao contínuo aprimoramento do nosso periódico e à melhoria da sua avaliação, de forma que Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade possa ser, cada vez mais, um veículo legitimado pela comunidade ibero-americana de Estudos Organizacionais.

     

    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva
    Editor-Chefe 
    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade 

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  • Dossiê selecionado (2016)

    2015-11-10

    Prezados Colegas da Comunidade de Estudos Organizacionais,

     

    A editoria de Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade comunica a proposta selecionada para o o Dossiê de dezembro de 2016. De acordo com a qualidade editorial, e considerando os critérios de avaliação divulgados quanto à pluralidade, crítica, reflexividade e inovação dos números especiais, será tema de um dossiê a proposta:

     

    História, Memória, Cotidiano e Administração

     

    Editores Especiais Convidados

     

    Alexandre de Pádua Carrieri (UFMG)

    Amon Barros (FGV/EAESP)

    Sergio Wanderley (FGV/EBAPE)

    Alessandra de Sá Mello da Costa (IAG/PUC Rio)

     

    Informamos ainda que este dossiê contará com uma chamada de trabalhos específica, bem como avaliadores e procedimentos próprios, cabendo aos editores especiais a promoção, gerenciamento e viabilização da publicação do seu número especial.

    Agradecemos ao interesse demonstrado pela chamada de números temáticos e desejamos boa sorte aos editores dos números especiais.

    Atenciosamente,

    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva
    Editor-chefe
    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade

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  • CHAMADA DE TRABALHOS

    2015-10-01

    Diálogos sobre o Trabalho Humano: Perspectivas Clínicas de Intervenção e Pesquisa

    Número especial a ser publicado em Dezembro/2015

     

    Editores Especiais

    Ludmila de Vasconcelos Machado Guimarães, CEFET-MG

    Fernanda Tarabal Lopes, UFRGS

    Admardo Bonifácio Gomes Júnior, UEMG

     

    O posicionamento Clínico pode ser tomado como uma démarche (maneira de caminhar) que busca compreender o que faz a singularidade radical de uma situação, problema, ou mal-estar, de grupos ou pessoa. Uma Clínica do Trabalho dirige sua atenção para dimensões, às vezes pouco visíveis, do trabalho humano. São muitas e diferenciadas as possibilidades de pesquisa e intervenção sob as orientações das abordagens que se reconhecem como “Clínicas do Trabalho”. Nossa intenção neste dossiê é de expor e colocar em debate quatro destas abordagens: a Clínica da Atividade (Yves Clot), a Psicodinâmica do Trabalho (Christophe Dejours), a Ergologia (Yves Schwartz) e a Psicanálise em Extensão. Queremos perseguir questões de como se encaminham, em cada abordagem, as pesquisas e investigações: Com que métodos? Munidos de quais conceitos e construtos teóricos? Na expectativa de que tipo de resultados?

    As possibilidades de compreensão do trabalho por meio das abordagens clínicas têm sido cada vez mais procuradas por estudiosos no campo dos Estudos Organizacionais, e mostra-se um caminho profícuo e aprofundado para se tratar as mais diversas possibilidades de relações estabelecidas do homem, com e no, trabalho. Assim, intentamos, com essa proposta, propiciar aos estudiosos de Estudos Organizacionais, que já se orientam nessas vertentes, um espaço para o debate e a reflexão, e para os leitores em geral, a possibilidade de conhecer e se aventurar nessa área de investigação.

    Em seguida, apresentamos as perspectivas teóricas contempladas:

     A Démarche Ergológica

    Buscaremos apresentar com essa perspectiva e colocar em debate alguns constructos da ergologia. Queremos trazer as contribuições desta abordagem clínica do trabalho humano focando na noção de gestão, que nesta perspectiva é tomada como um problema propriamente humano. Como nos afirma Schwartz “Toda gestão supõe escolhas, arbitragens, uma hierarquização de atos e de objetivos, portanto, de valores em nome dos quais essas decisões se elaboram”. O trabalho e sua gestão sempre põe em cena as dramáticas dos “usos de si”, ou seja, os usos de si por si e pelos outros. Usos que cada trabalhador faz de si para atender às exigências que lhe são próprias, oriundas de suas normas e valores pessoais, assim como as exigências que emanam do meio de normas e valores em que se encontra. Trabalhar é fazer uso de si, que é sempre um debate entre as normas e valores do meio e do indivíduo. Trabalhar nunca se restringe ao cumprimento das normas, pois há sempre renormalizações, mesmo que infinitesimais, que o sujeito realiza sobre as normas do meio como uma exigência vital. Toda gestão é assim um confronto de gestões sempre singulares.

    A Clínica da Atividade

    Nosso intuito é apresentar e trazer à discussão as contribuições da “Clínica da Atividade” desenvolvida por Yves Clot. Nela partimos de uma noção de trabalho como atividade para lançar luz não só sobre aquilo que se faz, mas também sobre o que não se faz e sobre o que se desejaria fazer ou ter feito. Interessa a esta clínica não só o que é realizado, pois o “real do trabalho” inclui mais do que apenas esta dimensão. A atividade realizada se difere do real do trabalho já que este inclui as atividades contrariadas, impossíveis, etc. O que a clínica da atividade visa é: dar destinos às atividades não realizadas. Nela a questão da observação é tomada no cerne de sua dicotomia com a questão da escuta, foco constante de controvérsia científica. Ou seja, o que privilegiar? O que se vê do trabalho ou o que se ouve das verbalizações do que se vê? Para a “Clínica da atividade” a pessoa observada está conversando consigo mesma, na medida em que, sabendo-se observada ela se pergunta o que mostrar e o que não mostrar e o que dizer e o que não dizer daquilo que mostra ou não. É neste campo de tensão entre o que pode e/ou não ser exposto, visto e verbalizado é que se debruçam os pesquisadores. Neste jogo o objetivo é o de submeter o entrevistado/observado a uma intensa verbalização sobre seu trabalho como forma de transformá-lo ao compreendê-lo.

    A Psicodinâmica do Trabalho

    Nosso objetivo é trazer ao debate a contribuição clínica da “Psicodinâmica do Trabalho” desenvolvida por Christophe Dejours. Nela as investigações se dirigem ao campo das relações entre subjetividade e trabalho. Baseada em algumas noções psicanalíticas suas questões são endereçadas não só ao sofrimento psíquico apresentado com o trabalho, mas sobretudo à enigmática saúde no trabalho. Sabemos que no trabalho, o indivíduo põe em cena um sofrimento que lhe é próprio, lançando mão de estratégias individuais e coletivas para atribuir sentido a atividade que realiza. O sofrimento no trabalho é, nesse contexto, uma variável (ou, um elemento) frente à qual os indivíduos apresentam saídas criativas ou patogênicas, para a produção e/ou para a própria saúde. Seu método de investigação inclui uma análise de todo o “Contexto de trabalho” entendido como a soma das condições de trabalho, das relações socioprofissionais e da organização do trabalho. As observações dos trabalhadores em atividade, as entrevistas em profundidade, assim com as conversas com os coletivos de trabalhadores são importantes métodos de pesquisa e intervenção marcando com veemência a importância tanto da observação quanto da escuta.

    A Psicanálise em Extensão no Trabalho 

    Partindo do problema da relação entre trabalho e saúde mental são várias as possibilidades de contribuição da Psicanálise no campo do trabalho humano, por exemplo, na investigação diagnóstica dos sintomas, na intervenção clínica, assim como na orientação sobre os modos de gerir o trabalho. Pensar nos sintomas com o trabalho tem a potência de dar visibilidade ao modo singular de funcionamento de cada sujeito nas dimensões de sentido e referência que o sintoma comporta frente às proposições do meio de trabalho. Se o sintoma é o que enlaça os registros real, simbólico e imaginário, nossa argumentação é que a queixa sintomática que o sujeito apresenta em sua relação com o trabalho traz o fio de onde podemos partir para tecer a trama das dimensões simbólica e imaginária que comportam o sentido atribuído ao sintoma. Não deixamos de nos ater, também, à dimensão real de gozo que o sintoma comporta e que é sua referência. Em uma leitura do sintoma como uso de si, ao mesmo tempo psicanalítica e ergológica, buscamos reconhecer tanto a determinação social dos sintomas (o uso de si pelos outros) quanto uma estratégia de ação sobre essa mesma determinação (no uso de si por si, sempre presente). Trata-se de uma aposta no sujeito, na singularidade de seu uso do sintoma como forma de fazê-lo emergir ativamente sobre a força das determinações sociais que o sobrepujariam.

    Modalidades de contribuição

    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade publica contribuições na forma de Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas (de livros, filmes, exposições, performances artísticas), Registros fotográficos e Vídeos. Os idiomas aceitos são português, inglês e espanhol, desde que estejam de acordo com a política editorial e as diretrizes para os autores. Para ter acesso às orientações gerais, acesse: http://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/about/submissions#onlineSubmissions.

    Submissão

    Qualquer que seja a modalidade de contribuição dos autores (Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas, Registros fotográficos ou Vídeos), devem informar o editor no item “Comentários para o editor” que estão submetendo especificamente para o número especial “Diálogos sobre o Trabalho Humano: perspectivas Clínicas de Intervenção e Pesquisa”.

    Prazo

    As contribuições para o número especial “Diálogos sobre o Trabalho Humano: perspectivas Clínicas de Intervenção e Pesquisa” se encerram impreterivelmente no dia 15 de novembro de 2015.

    Informações adicionais

    No caso de quaisquer dúvidas sobre este número especial, os editores especiais devem ser contactados: Ludmila de Vasconcelos Machado Guimarães (vmguimaraes@hotmail.com), Fernanda Tarabal Lopes (fernandatarabal@hotmail.com), ou Admardo Bonifácio Gomes Júnior (admardo.junior@uol.com.br). No caso de dúvidas sobre o periódico em si, o contato deve ser feito com a secretaria de farol (farol@face.ufmg.br).

     

    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva, Dr.
    Editor-chefe
    Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade

    Saiba mais sobre CHAMADA DE TRABALHOS
  • Segunda Chamada Pública de Números Especiais (2016)

    2015-09-10

    Prezadxs,

    Como é de seu conhecimento, Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade é o periódico científico do Núcleo de Estudos Organizacionais e Sociedade da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (NEOS/FACE/UFMG) que busca fomentar, propagar e contribuir para os estudos organizacionais em uma ótica não-funcionalista. Nesse sentido, constitui um espaço interdisciplinar, aberto para que se possa discutir e propor temáticas, abordagens críticas e inovadoras e objetos não ortodoxos nos estudos organizacionais. A ideia é que, a partir de uma perspectiva plural dos pontos de vista ontológico, epistemológico, teórico e metodológico, e não pautada pelo gerencialismo, seja possível propor, discutir, criticar e teorizar para a compreensão da complexa dinâmica da sociedade e suas interfaces com as organizações.

    Fazemos, nesta mensagem, a segunda chamada pública de números temáticos, com o intuito de abrigar propostas da comunidade não-funcionalista de estudos organizacionais, para o que convidamos todos os interessados, de acordo com os seguintes parâmetros:

     

    • a temática do número especial deve obrigatoriamente versar sobre uma perspectiva plural e não pautada pelo gerencialismo, sendo particularmente bem-vindas abordagens críticas, reflexivas e inovadoras e sobre objetos não ortodoxos nos estudos organizacionais;
    • deve haver pelo menos três e não mais do que quatro editores especiais, necessariamente vinculados a instituições diferentes;
    • cada editor especial pode estar vinculado a, no máximo, uma proposta de número especial;
    • a proposta deve conter cerca de 3.000 palavras, apresentando teoricamente a temática, seu desenvolvimento, suas possibilidades no campo dos estudos organizacionais e potencial de publicação de um número especial, bem como os nomes propostos dos editores especiais e instituições de vinculação de cada um deles.

    Prazo

    As propostas deverão ser encaminhadas impreterivelmente até 10 de outubro de 2015.

    Julgamento

    As propostas serão julgadas considerando a qualidade editorial no que tange à pluralidade, crítica, reflexividade e inovação, bem como quanto o potencial de publicação em um número especial.

    Resultados

    Os resultados dos números especiais aprovados serão divulgados até o dia 30 de outubro de 2015.

    Prazo de publicação

    Este edital prevê a aprovação de um número especial, a ser publicado em 2016.

    Informações adicionais

    • Todo processo editorial dos números especiais aprovados será operacionalizado por meio do Open Journal Systems, a cujo acesso os editores especiais terão quando forem credenciados pela editoria de Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade. Nesta ocasião, receberão instruções específicas da editoria a respeito de como proceder.
    • Os editores especiais ficarão encarregados de apresentar uma lista de pareceristas ad hoccom o título de doutor. Estes nomes devem ser especificamente associados ao número especial proposto. Posteriormente, se também for desejo dos avaliadores, eles serão incorporados ao corpo de pareceristas ad hoc de Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade.
    • Informações adicionais podem ser obtidas diretamente com a secretaria da revista: farol @face.ufmg.br.

     

    Atenciosamente,

     

    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva, Dr.
    Editor-chefe
    Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade
    ISSN 2358-6311

    Saiba mais sobre Segunda Chamada Pública de Números Especiais (2016)
  • Cancelamento de número especial "O organizar na América Latina"

    2015-08-05

    Informamos o cancelamento do número especial O organizar na América Latina, conforme solicitado pelos editores especiais e acordado com a editoria de Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade.

    Entramos em contato com os editores especiais do número especial agendado para 2016 e, em função de sua organização e cooperação, conseguimos adiantar os trabalhos, de maneira que o último número de 2015 contará com o número especial sobre Diálogos sobre o Trabalho Humano: perspectivas Clínicas de Intervenção e Pesquisa. Em breve, assim, lançaremos um novo edital para o número especial de 2016.

    Saiba mais sobre Cancelamento de número especial "O organizar na América Latina"
  • Números Especiais Selecionados

    2014-12-28
    Prezados Colegas da Comunidade de Estudos Organizacionais,

    A editoria de Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade comunica as propostas selecionadas para os números especiais. De acordo com a qualidade editorial, e considerando os critérios de avaliação divulgados quanto à pluralidade, crítica, reflexividade e inovação dos números especiais, foram selecionadas duas propostas, que serão publicadas como números especiais em 2015 e em 2016. São elas:

    1º lugar, a ser publicado em 2015
    Organizar desde Abajo: Reflexões e Experiências Latino-Americanas 
    Proponentes: Rafael Kruter Flores (UFRGS), Deise Luiza da Silva Ferraz (UFMG), Horacio Machado Aráoz (Universidad Nacional de Catamarca) e Guilherme Dornelas Camara (UFRGS)

    2º lugar, a ser publicado em 2016
    Diálogos sobre o Trabalho Humano: perspectivas Clínicas de Intervenção e Pesquisa
    Proponentes: Yannick Garcia (Centre ABC, Languedoc Roussillon et PACA), Giselle Reis Brandão (PUC-MG), Fernanda Tarabal Lopes (CEFET-MG) e Admardo Bonifácio Gomes Júnior (UEMG)

    Informamos ainda que cada um dos números especiais contará com uma chamada de trabalhos específica, bem como avaliadores e procedimentos próprios, cabendo aos editores especiais a promoção, gerenciamento e viabilização da publicação dos seus respectivos números especiais. Agradecemos ao interesse demonstrado pela chamada de números temáticos e desejamos boa sorte aos editores dos números especiais.

    Atenciosamente,

    Prof. Luiz Alex Silva Saraiva
    Editor-chefe
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  • Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade

    2014-07-14

    Atendendo à necessidade de mais espaços qualificados para o debate além do funcionalismo, a Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade foi criada.

    Este periódico, publicado pelo Núcleo de Estudos Organizacionais e Sociedade da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais, busca fomentar, propagar e contribuir para os estudos organizacionais em uma ótica não-funcionalista. Nesse sentido, este periódico constitui um espaço interdisciplinar, aberto para que se possa discutir e propor temáticas, abordagens críticas e inovadoras e objetos não ortodoxos nos estudos organizacionais.

    A ideia é que, a partir de uma perspectiva plural dos pontos de vista ontológico, epistemológico, teórico e metodológico, e não pautada pelo gerencialismo, seja possível propor, discutir, criticar e teorizar para a compreensão da complexa dinâmica da sociedade e suas interfaces com as organizações.

     

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